A baixa tecnologia (do inglês: low tech) é uma tecnologia simples, oposta à obsessão da alta tecnologia.[1]

A baixa tecnologia pode ser praticada ou fabricada com o mínimo de investimento de capital por parte de um indivíduo ou pequeno grupo. Como também, o conhecimento por trás da prática pode ser completamente compreendido por um só indivíduo, livre da intensificação das especializações e compartimentalizações. Em algumas definições, as técnicas e designs de baixa tecnologia caem em desuso em razão das mudança das condições ou prioridades socio-econômicas. Em geral, essas tecnologias são facilmente fabricáveis, adaptáveis e reparáveis, e usam pouca energia e recurso (que são preferencialmente locais), em coerência com os princípios de forte sustentabilidade e resiliência coletiva.[1]

Baixas tecnologias estão presentes na vida cotidiana. Por exemplo, utilizar bicicletas para locomoção ou reparar independentemente sua própria casa, ao invés de terceirizar essas responsabilidades, corresponde à filosofia da baixa tecnologia.

História

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Origem histórica

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Em tecnologias primitivas como o Bushcraft, ferramentas que usam pedra, madeira, tecido, etc. podem ser vistas como baixa tecnologias, como também as máquinas pré-revolução industrial como os moinhos de vento e barcos à vela[2]

Década de 70

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A expansão econômica do pós-guerra resultou em uma dúvida sobre o progresso, tecnologia e crescimento infinito no começo da década de 70, notavelmente através do report Os Limites do Crescimentos (1972). Muitos buscaram definir o que tecnologias leves seriam, levando ao movimento da baixa tecnologia. Essas tecnologias tem sido descritas como 'intermediárias' (E.F. Schumacher),[3] "liberatórias" (M. Bookchin),[4] ou mesmo democráticas. Assim, uma filosofia advogando um uso ampliado de tecnologias leves se desenvolveu no Estado Unidos, e muitos estudos foram conduzidos ao longo dos anos, em particular por pesquisadores como Langdon Winner.[5]

Anos 2000 e depois

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O termo "Baixa Tecnologia" tem sido mais e mais utilizado na literatura científica, em particular na análise do trabalho de alguns autores da década de 1970: como por exemplo Hirsch ‐ Kreinsen,[6] o livro High tech, low tech, no tech (Alta tecnologia, baixa tecnologia, nenhuma tecnologia) [2] ou Gordon.[7]

Recentemente, a perspectiva de escarcez de recursos [8] - especialmente minerais - levou à uma crítica crescente da alta tecnologia.

As várias definições

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Definições binárias

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De acordo com o Cambridge International Dictionary of English, o conceito de baixa tecnologia é simplesmente um técnica que não é recente, ou que usa de materiais antigos.[9]

Crítica da técnica

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A baixa tecnologia é por vezes descrita como um "movimento anti-alta tecnologia", enquanto uma renúncia deliberada de uma tecnologia complicada e cara. Esse tipo de protesto social critica qualquer tecnologia desproporcional: uma comparação com o movimento neo-luddista é portanto possível. Essa parte crítica do movimento baixa tecnologia pode também ser chamada de tecnologia nenhuma.

Atualmente: uma abordagem ampliada e balanceada

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Uma segunda, e mais sútil definição de baixa tecnologia toma como referências aspectos filosóficos, ecológicos e sociais. A baixa tecnologia não se restringe mais à velhas técnicas, mas é também estendida às novas, técnicas orientadas para o futuro, mais ecológicas e pretendendo a recriação dos laços sociais. Uma inovação de baixa tecnologia é portanto possível.[10] Contrariamente a primeira definição, esta é muito mais otimista, e tem uma conotação positiva. Se oporia à obsolescência programada dos objetos, e questionaria a sociedade do consumo, como também seus valores implícitos. Com essa dfinição, o conceito de baixa tecnologia implicaria que qualquer um poderia fazer objetos com sua inteligência, e compartilhar seu saber prático para popularizar sua criação. Uma baixa tecnologia deve portanto ser acessível a todos, e poderia consequentemente ajudar à reduzir as desigualdades.[10]

Referências

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  1. a b Alexis Bernigaud. «Low-Tech is the new High-Tech». climateforesight.eu. Consultado em 16 de abril de 2020 
  2. a b Falk, William W.; Lyson, Thomas A. (1988). High tech, low tech, no tech: recent industrial and occupational change in the South. [S.l.]: SUNY Press. ISBN 9780887067297 
  3. Ernst Friedrich Schumacher (2010). Small is beautiful : economics as if people mattered. [S.l.]: HarperPerennia. 324 páginas. ISBN 978-0-06-199776-1 .
  4. Murray Bookchin (1971). Post-Scarcity Anarchism (PDF) (em inglês). [S.l.]: Ramparts Press. 288 páginas 
  5. Winner, Langdon (2016). «Mythinformation in the high-tech era». Bulletin of Science, Technology & Society. 4 (6): 582–596. ISSN 0270-4676. doi:10.1177/027046768400400609 
  6. Hirsch‐Kreinsen, Hartmut (2008). «"Low‐Tech" Innovations». Industry and Innovation. 15 (1): 19–43. ISSN 1366-2716. doi:10.1080/13662710701850691 
  7. Gordon, Uri (2009). «Anarchism and the Politics of Technology». WorkingUSA. 12 (3): 489–503. ISSN 1089-7011. doi:10.1111/j.1743-4580.2009.00250.x 
  8. Richard Heinberg (2007). Peak Everything - Waking Up in the Century of Decline (em inglês). [S.l.]: Ramparts Press. ISBN 978-0-86571-598-1 
  9. «Low tech definition». Cambridge International Dictionnary (em inglês). Consultado em 1 de abril de 2018 
  10. a b Philippe Bihouix (2014). L'âge des low tech (em francês). [S.l.]: Editions du Seuil. 330 páginas. ISBN 978-2-02-116072-7