Batalha de Marcela

 Nota: Não confundir com Batalha de Marcela (756).

A Batalha de Marcela (em búlgaro: Битката при Маркели; em grego: Μάχη των Μαρκελλών; em latim: Marcellae) foi um conflito ocorrido em 792 em Marcela, próximo da moderna cidade de Karnobat no sudeste da Bulgária. Não deve ser confundido com a batalha que havia ocorrido anteriormente no mesmo local. Uma arma chamada arcanos (arkani) foi usada pelos búlgaros nesta batalha: o arcanos consistia de uma longa vara com um anexo semelhante a um laço em uma extremidade. Foi uma excelente arma contra cavalaria podendo um guerreiro habilidoso facilmente puxar o cavaleiro de sua sela.

Batalha de Marcela
Guerras bizantino-búlgaras
Data 792
Local Marcela, próximo de Karnobat, Bulgária
Coordenadas 42° 38' 15.48" N 26° 53' 47.48" E
Desfecho Vitória búlgara
Beligerantes
Primeiro Império Búlgaro Primeiro Império Búlgaro Império Bizantino Império Bizantino
Comandantes
Primeiro Império Búlgaro Cardamo Império Bizantino Constantino VI
Forças
Desconhecido Desconhecido
Baixas
Desconhecidas Pesadas
Marcela está localizado em: Bulgária
Marcela
Localização de Marcela no que é hoje a Bulgária

Prelúdio editar

No final do século VIII, a Império Búlgaro superou uma crise interna após o fim do reinado do clã Dulo. Os cãs Telerigue e Cardamo conseguiram consolidar a autoridade central e colocar um fim nas disputas entre a nobreza.[1] Os búlgaros finalmente tinham a oportunidade de intensificar suas campanhas na Macedônia e anexar a região e a população eslava de seus estados. Em 789, eles penetraram profundamente no vale do Estrimão e pesadamente derrotaram os bizantinos, matando o estratego da Trácia Filites. A fim de distrair a atenção búlgara da Macedônia, o imperador bizantino Constantino VI começou uma campanha no nordeste da Trácia em abril de 791. Os exércitos encontraram-se próximo da fortaleza de Provat (20 km a leste de Adrianópolis e as forças bizantinas foram forçadas a se retirar mas sua derrota não foi decisiva e no ano seguinte a campanha foi renovada.[2]

Batalha editar

No verão do mesmo ano, Constantino VI liderou seu exército ao norte e em 20 e julho foi confrontado pelos búlgaros comandados por Cardamo próximo da castelo fronteiriço de Marcela. Os búlgaros tinham construído muralhas bloqueando as estradas da passagem Rish e da capital Plisca. Por vários dias o imperador não se atreveu a atacar, mas pelo final de julho foi convencido por "astrólogos falsos" (de acordo com o cronista bizantino Teófanes, o Confessor) que as estrelas prognosticavam vitória.[3][4] Antes do começo da batalha, enquanto esperavam o assalto bizantino, o governante búlgaro secretamente colocou parte de sua cavalaria atrás das colinas que circundavam o campo de batalha.[5]

Devido ao terreno acidentado, o exército bizantino quebrou a formação. Tomando vantagem deste erro, Cardamo ordenou um contra-ataque que trouxe aos búlgaros um grande sucesso. A cavalaria búlgara circundou os bizantinos e cortou seu caminho de volta ao seu acampamento fortificado e a fortaleza de Marcela.[5] Os búlgaros pegaram os suprimentos, o tesouro e a tenda do imperador. Eles perseguiram Constantino VI para Constantinopla matando um grande número de solados. Muitos comandantes bizantinos e oficiais pereceram na batalha.[6]

Rescaldo editar

Após a derrota, Constantino VI concluiu paz com Cardamo garantindo-lhe pagamento de tributo. Quatro anos depois (em 796) o imperador interrompeu os pagamentos e liderou uma nova guerra na Trácia que terminou sem nenhuma batalha decisiva.[7] As hostilidades entre o Império Búlgaro e o Império Bizantino continuaram sob o sucessor de Cardamo, Crum.

A vitória teve grande significado político. Décadas de crise havia sido superadas e os bizantinos foram novamente forçados a pagar tributo. O Império Búlgaro entrou no século IX consolidado, forte e unido o que foi um fator importante para a sequência de vitórias de Crum contra os bizantinos.

Referências

  1. Zlatarski 1971, p. 320-321.
  2. Zlatarski 1971, p. 315-316.
  3. Zlatarski 1971, p. 316.
  4. Teófanes, o Confessor 1960.
  5. a b Shikanov 2006, p. 48.
  6. Zlatarski 1971, p. 317.
  7. Zlatarski 1971, p. 317-321.

Bibliografia editar

  • Shikanov, V. N. (2006). Byzantium. Eagle and Lion: Bulgarian-Byzantine Wars 7th-13th centuries. São Petersburgo: Shaton. ISBN 5-94988-022-6