Giuseppe Piero Grillo, mais conhecido como Beppe Grillo[nota 1] (Gênova, 21 de julho de 1948), é um comediante, blogueiro e político italiano.[1] Fundou em 2009 o Movimento 5 Estrelas, que se transformou na terceira maior força política italiana — e no maior partido individualmente considerado — após as eleições gerais de 24 e 25 de fevereiro de 2013.[2]

Beppe Grillo
Beppe Grillo
O comediante e político italiano Beppe Grillo em 2012.
Nome completo Giuseppe Piero Grillo
Nascimento 21 de julho de 1948 (75 anos)
Gênova, província de Gênova
Nacionalidade Itália italiano
Ocupação comediante, blogueiro e político

Carreira artística e vínculo com o Brasil editar

Grillo começou a atuar na televisão italiana na década de 1970 a convite do apresentador Pippo Baudo. Nos anos 1980, tornou-se célebre graças a série humorística em que apresentava aos italianos aspectos da realidade quotidiana nos Estados Unidos e no Brasil.

Os episódios sobre o Brasil (Te lo do io il Brasile[nota 2]), exibidos originalmente na RAI em 1984, estão repletos de imprecisões (por exemplo, cena externa do Shopping Eldorado de São Paulo abre sessão sobre os hábitos de consumo dos "cariocas"[3]), mas projetaram imagem favorável do País com um humor relativamente ingênuo e ênfase na música popular brasileira.[4]

Carreira política editar

Em 2009, após frustrada tentativa de se filiar ao Partido Democrático de Pier Luigi Bersani, Grillo fundou com seu sócio no blog beppegrillo.it, Gianroberto Casaleggio, o Movimento 5 Estrelas, com plataforma populista de protesto à classe política tradicional, à política econômica dos Governos de Silvio Berlusconi e Mario Monti, e às diretrizes de austeridade da União Europeia.

Beneficiado pelo agravamento da crise na Eurozona, Grillo obteve histórico resultado nas eleições italianas de fevereiro de 2013, garantindo a seu movimento 25,5% dos votos e 108 cadeiras na Câmara dos Deputados e 23,7% dos votos e 54 cadeiras no Senado.[5] Seu êxito afetou o desempenho esperado dos democratas de Bersani, e deixou a Itália, uma vez mais, em impasse político-administrativo.[6]

Por meio de post em seu blog no dia 27 de fevereiro de 2013, Grillo afastou qualquer possibilidade de participar de governo de coalizão com o Partido Democrático, tendo chamado Pier Luigi Bersani de "morto que fala" (morto che parla) - referência irônica ao filme 47 morto che parla (1950), estrelado pelo grande comediante italiano Totò.[7] Grillo, por sua vez, foi chamado de "palhaço" pelo político alemão Peer Steinbrück, líder do Partido Social-Democrata, alinhado com o grupo de centro-esquerda de Bersani.[8] O epíteto "palhaço" foi igualmente utilizado pela revista britânica The Economist em relação a Grillo - e também a Sílvio Berlusconi - na capa de suas edições europeia e americana de 2 de março de 2013 ("Que venham os palhaços: como a desastrosa eleição italiana afeta o futuro do euro").[9]

Notas

  1. "Beppe" é o hipocorístico italiano mais comum para "Giuseppe" (José), o equivalente em português a "Zé" ou "Zeca"
  2. em tradução aproximada para o português: "Eu que te mostro o Brasil"

Referências

  1. «Profile: Beppe Grillo» (em inglês). BBC. 26 fevereiro 2013. Consultado em 26 fevereiro 2013 
  2. «Elezioni 2013 Dati definitivi» (em italiano). "La Stampa". 26 fevereiro 2013. Consultado em 26 fevereiro 2013 
  3. Os episódios do "Te lo do io il Brasile" estão disponíveis no Youtube
  4. Beppe Grillo. Por Glauco Ferrari. Life in Italy, 18 de setembro de 2012.
  5. 10,54% Speciale Elezioni 2013. Corriere della Sera.
  6. Italy election: Europe jitters over result deadlock. BBC News Europe, 26 de fevereiro de 2013.
  7. Bersani, morto che parla. Blog de Beppe Grillo, 27 de fevereiro de 2013.
  8. Italiens Präsident Napolitano sagt Treffen mit Steinbrück ab. Frankfurter Allgemeine Zeitung, 27 de feveriro de 2013.
  9. Send in the clowns The Economist, 2 de março de 2013.

Ligações externas editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Beppe Grillo