Boi de máscara (também conhecido como boi-tinga) é um tipo de boi folclórico da cidade de São Caetano de Odivelas, no Pará.

Histórico editar

É uma manifestação cultural iniciada na década de 1930, quando dois grupos de boi foram criados atrelados aos clubes da cidade: o Boi Faceiro e o Boi Tinga.[1]

O Boi Tinga foi apadrinhado pelo Clube Marítimo em sua fundação[2] e nunca seguiu a estrutura narrativa do Boi-Bumbá.[1]

O Boi Faceiro foi fundado pelo Sr. Epaminondas de Souza Chagas (conhecido como Palmira) e apadrinhado pelo Clube Progresso.[2] Iniciou com as características do Boi-Bumbá, seguindo o auto do boi. Mas ocorreram brigas que levaram a seu término na década de 1940. Em 1947, o Sr. Palmira tenta resgatá-lo em sua estrutura tradicional de Boi-Bumbá. Mas a população preferia o boi Tinga. Então o Boi Faceiro só foi reativado em 1997 com o formarto não-tradicional.[1]

De acordo com a primeira versão, o Boi Faceiro teria sido criado em 1935 e, dois anos depois, ou seja, em 1937, teria sido criado o Tinga. Já na segunda versão, o Faceiro teria surgido em 1937 e o Tinga em 1939. O fato histórico que é usado como referência para esta segunda é a data de casamento do Maestro Silvano, mestre muito conhecido e respeitado em São Caetano e municípios vizinhos.[2]

Personagens editar

Nem sempre o boi é a figura principal desse folguedo, que também é composto por:[1][2][3][4][5]

  • pierrôs com máscara com nariz proeminente, macacão e adornos de cabeça. Nos intervalos entre as músicas, corteja as moças solteiras da plateia;
  • cabeçudos (ou preás) com cabeças enormes de papel machê de onde saem mãos e braços falsos. A indumentária cobre o brincante até a cintura. Eles se vestem de terno preto ou azul. Nos intervalos entre as músicas, executam coreografias entre si;
  • buchudos usam indumentária engraçada em formato de diversos seres, como bruxas, dinossauros, fadas ou zebras,
  • vaqueiros que, nos intervalos entre as músicas, lutam com o boi;
  • e outros animais.

Os brincantes são acompanhados de uma orquestra, que toca marchinhas e sambas.[1]

Folguedo editar

Duas características do Boi de máscara de São Caetano de Odivelas são marcantes: 1. o boi é quadrúpede e composto de dois brincantes (chamados de tripas, que carregam a fantasia de 80 quilos)[6][1] e 2. não há enredo pré-estabelecido para a brincadeira. O boi de máscaras não é uma competição e as apresentações são feitas no improviso durante as festas juninas, tendo início às 16 horas e encerrando-se por volta das 23 horas.[1]

Uma semana antes das apresentações, os organizadores fazem o “carteado”: entregam cartas nas casas, pedindo autorização para realizar uma apresentação em frente aos domicílios. Os moradores geralmente autorizam a apresentação de seu boi favorito e, assim, pagam um valor em dinheiro para ajudar nos custos do folguedo. O restante dos custos é coberto pelos próprios brincantes.[1]

Os moradores e foliões enfeitam suas casas para receber seu boi favorito, preparam comidas e vestem suas roupas mais bonitas.[1]

Grupos de boi editar

Os grupos de bois de máscara mais famosos de São Caetano de Odivelas são o Mascote, o Tinga e o Faceiro.[1]

Curiosidades editar

  • No início, as máscaras eram utilizadas pelos pescadores e brincantes para que não fossem reconhecidos.[1][7]
  • Nos últimos anos, os bois de máscara também têm saído no carnaval, quando são acompanhados pelos trios elétricos e blocos de Carnaval em seus abadás.[1][6][8]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l Júlia Morim. Boi de Máscaras de São Caetano de Odivelas. 03-06-2022 .Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/boi-de-mascaras-de-sao-caetano-de-odivelas/. Acesso em: 29-04-2023.
  2. a b c d ALMEIDA, Ivone M. X. de Amorim; OLIVEIRA DOS SANTOS, Jorge Luiz. É dia de folia: o folguedo do Boi de máscara em São Caetano de Odivelas/PA. Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v.43, n.2, 2012, p. 117-136.
  3. VELOSO, Graça. O boi e a máscara: Imaginário, Contemporaneidade e Espetacularidade nas brincadeiras de Boi de São Caetano de Odivelas – Pará, de Sílvia Sueli S. da Silva. Repertório, Salvador, nº 17, p.210-214, 2011.2
  4. SILVA, Sílvia Sueli S. O boi e a máscara: Imaginário, Contemporaneidade e Espetacularidade nas brincadeiras de Boi de São Caetano de Odivelas – Pará. 2011. Tese (Doutorado - Artes Cênicas) Universidade Federal da Bahia / Universidade Federal do Pará, Belém, 2011.
  5. Boi de Máscaras | Brinquedonautas | TV Brasil | Infantil, 14 de maio de 2020, consultado em 30 de abril de 2023 
  6. a b «Bois mascarados voltam às ruas de São Caetano de Odivelas». O Liberal. Consultado em 30 de abril de 2023 
  7. «No interior do Pará, festejo do boi tem que ter máscara». Folha de S.Paulo. 14 de novembro de 2018. Consultado em 30 de abril de 2023 
  8. «Festa do Boi de Máscaras, em São Caetano de Odivelas (PA)». Fotografia - Folha de S.Paulo. 14 de novembro de 2018. Consultado em 30 de abril de 2023