Cabôco Mamadô é um personagem caricatural do quadrinista Henfil, protagonista de um cemitério de mortos-vivos em que eram enterrados os adversários intelectuais e morais de Henfil, acusados por ele de colaborarem com a ditadura militar.[1][2][3][4] O Cabôco Mamadô foi lançado na edição 129 do jornal O Pasquim, na última semana de dezembro de 1971.[5][6][7] À época causou polêmica por enterrar personalidades como Carlos Drummond de Andrade e Elis Regina.[8]

O personagem é uma referência à folclórica entidade da umbanda e do catimbó chamada de "caboclo mamador", espírito de uma pessoa que morreu ainda criança, em idade de amamentação. Para fazer os trabalhos espirituais o médium tem que satisfazer o desejo do espírito, que é mamar nos seios das frequentadoras do terreiro. Os próprios umbandistas e catimbozeiros consideram que este argumento é apenas um pretexto para charlatões e vigaristas se aproveitarem e abusarem sexualmente de mulheres incautas.[9][10]

Primeira aparição do Cabôco Mamadô no jornal O Pasquim, dezembro de 1971

Referências

  1. Luz, Sérgio (dezembro de 2004). «Elis: do inferno ao paraíso». Continente Multicultural (48): 67-72. ISSN 1518-5095. Consultado em 3 de abril de 2018 
  2. Paulo Petrini (2012). Gêneros discursivos iconográficos de humor no jornal O Pasquim': uma janela para a liberdade de expressão (Tese de Mestrado em Comunicação). Londrina: UEL. Consultado em 28 de setembro de 2015 
  3. Meireles, Maurício (3 de fevereiro de 2014). «Criador do bordão 'Diretas já', Henfil faria 70 anos esta semana». O Globo. Consultado em 24 de setembro de 2015. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2015 
  4. «Cabôco Mamadô». Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. ISBN 978-85-7979-060-7. Consultado em 30 de abril de 2018. Cópia arquivada em 4 de abril de 2018 
  5. Pires, Maria da Conceição Francisca. «Cultura e política nos quadrinhos de Henfil». História (São Paulo). 25 (2): 94-114. ISSN 0101-9074. doi:10.1590/S0101-90742006000200005 
  6. Moraes, Dênis de (1997). O rebelde do traço: a vida de Henfil. Rio de Janeiro: José Olympio Editora. ISBN 9788503006033 
  7. Moraes, Dênis de (1999). «Humor de combate: Henfil e os 30 anos do Pasquim». Ciberlegenda. 2. ISSN 1519-0617 
  8. Caetano, Maria do Rosário (27 de fevereiro de 2015). «Como se faz humor político?». Brasil de Fato. Consultado em 4 de abril de 2018. Cópia arquivada em 15 de maio de 2015 
  9. Amorim, João Siqueira de. «O reino do catimbó e o caboclo mamador». Cordelteca do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. Fortaleza: Tipografia Real. Consultado em 3 de abril de 2018 
  10. Jotacê Freitas [José Carlos de Freitas] (2005). «PANVERMINA E ZABELÊ NAS QUEBRADAS DO SERTÃO, QUATRO ESTÓRIAS POPULARES. O TRAMBIQUE DO CABLOCO MAMADOR!». Cordelteca, Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. pp. 22–30. Consultado em 24 de setembro de 2015