Camellia sinensis é uma espécie da família Theaceae, popularmente conhecida como chá e chá-da-índia.[1] Foi, originalmente, descrita por Lineu como Thea sinensis, mas este nome caiu em desuso quando se notou que os gêneros Thea e Camellia não apresentavam diferenças significativas entre si. É uma árvore de até 15 metros de altura, nativa das florestas do nordeste da Índia e sul da China.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCamellia sinensis
Arbusto de Camellia sinensis
Arbusto de Camellia sinensis
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Clado: asterídeas
Ordem: Ericales
Família: Theaceae
Género: Camellia
Espécie: C. sinensis
Nome binomial
Camellia sinensis
(L.) Kuntze
Distribuição geográfica

Camellia sinensis - MHNT

Apesar da altura máxima elevada, as podas constantes evitam que ultrapasse 1,5 metros, e os indivíduos cultivados desta maneira raramente florescem. Possui folhas oblongas, escuras, lustrosas, com nervuras bem-marcadas nas superfícies, de margem inteiramente denteada, e as folhas mais novas são cobertas de pequenos tricomas brancos. As flores surgem solitárias ou aos pares nas axilas das folhas. São pequenas, com pétalas brancas e perfumadas, possuem muitos estames e um pistilo com 3 estigmas.

Os frutos são cápsulas pequenas, globosas, com 1 a 3 sementes também globosas. É possível produzir óleo para o consumo humano a partir das sementes desta planta. Existem variedades, como a C. sinensis var. assamica, comum na Índia, que produz as árvores mais altas e com as maiores folhas, além de um chá preto com enorme concentração de cafeína. A variedade sinensis é a mais comumente cultivada.

Etimologia

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"Chá" é originário do termo chinês chá.[1]

Áreas de cultivo no mundo

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Camellia sinensis Tiếng Việt: Cây chè; Chinês: 綠茶 - lǜchá

Esta espécie é extensivamente cultivada no mundo, particularmente em Sri Lanka, Índia, China, Japão, Taiwan, Quênia, Camarões, Tanzânia e Malawi.[2]

No Brasil

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Flor de Camellia sinensis

No Brasil há poucas plantações, mas já foram observados exemplares crescendo na mata sem a interferência humana, o que mostra que o clima deste país é muito favorável à plantação de chá em larga escala. Frequentemente, o cultivo da Camellia sinensis no Brasil está associado a colônias japonesas, como ocorre no município de Registro, localizado na região sul-atlântica, no interior do estado de São Paulo.

Portugal

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No arquipélago dos Açores esta planta é cultivada em algumas plantações, sobretudo na ilha de São Miguel e essas são as únicas plantações de chá de Camellia sinensis conhecidas em toda a Europa.

Solo e clima

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Seu cultivo depende de solo fértil, ácido e bem irrigado, sob sol pleno ou luz solar filtrada. Necessita de calor moderado, por isso tem sido plantada nos trópicos junto a montanhas e planaltos com até 1.600 metros de altitude. É produzido em maior ou menor escala em todas as áreas tropicais e semitropicais do mundo.[3]

Tipos de chá

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Esta mesma espécie dá origem a milhares de chás diferentes, de acordo com as condições de cultivo, coleta, preparo e acondicionamento das folhas. No entanto, todos esses produtos podem ser divididos em cinco categorias distintas: chá branco (0% oxidado, produzido com o broto e as mais tenras folhas, mais raro e caro), chá verde (0% oxidado), chá amarelo (com processo semelhante ao do chá verde, mas com uma etapa a mais, de amarelamento das folhas), chá oolong (com oxidação entre 15 e 85%, basicamente ficando entre o chá verde e o preto), chá escuro (o único que passa por um processo de fermentação) e chá preto (100% oxidado).[4][5]

Uso medicinal

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O chá verde (綠茶 Lǜ Chá), produzido a partir das folhas da planta Camellia sinensis, é tradicionalmente usado como medicamento na China há milhares de anos. De acordo com o trabalho clássico de Li Shizhen (李時珍 Lǐ Shí Zhēn) da dinastia Ming, “o chá é frio e diminui o fogo”. Como o fogo (inflamação) causa muitas doenças, o chá poderia ser eficaz na prevenção de muitas doenças?[6] Na medicina tradicional chinesa e indiana, os praticantes usavam o chá verde como estimulante, diurético (para promover a excreção de urina), adstringente (para controlar o sangramento e ajudar a curar feridas) e para melhorar a saúde do coração. Outros usos tradicionais do chá verde incluem tratar a flatulência (gás), regular a temperatura corporal e o açúcar no sangue, promover a digestão e melhorar os processos mentais.[7]

Esta espécie tem sido estudada por farmacólogos e bioquímicos pelas propriedades observadas no chá. Descobriram-se substâncias nesta planta capazes de combater úlceras, espasmos musculares, hipertensão, apatia, certas infecções bacterianas, e bloquear a replicação do vírus Influenza Humano tipo A e do HIV-1.[8] Uma das razões para a incapacidade de demonstrar um efeito preventivo do chá, evidenciado por alguns estudos epidemiológicos, se realizados a partir de estudos experimentais com animais é a menor quantidade de consumo de chá em humanos.[6]

 
Aspecto arbustivo da Camellia sinensis

Senger et al destacam ainda que apesar da possibilidade de o chá verde ser capaz de contribuir para a redução do risco de doenças cardiovasculares e algumas formas de câncer, bem como promover outros benefícios à saúde, é ressaltar que o chá verde também pode apresentar efeitos adversos tipo: problemas gastrointestinais como obstipação e irritação gástrica, diminuição do apetite, insônia, hiperatividade, nervosismo, hipertensão entre outros.[9]

Planta ornamental

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Há uma variedade com flores rosadinhas destinada à ornamentação de jardins.

Referências

  1. a b FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 387.
  2. The Global Story of Tea. Legends, traditions, & history of tea around the world. The Tea Spot Aces. Feb. 2020
  3. LIMA, Juliana Domingues et al . Chá: aspectos relacionados à qualidade e perspectivas. Cienc. Rural, Santa Maria , v. 39, n. 4, p. 1258-1266, July 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782009000400049&lng=en&nrm=iso>. access on 02 Feb. 2020. Epub Mar 06, 2009. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782009005000026.
  4. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas
  5. NISHIYAMA, Márcia Fernandes et al . Chá verde brasileiro (Camellia sinensis var assamica): efeitos do tempo de infusão, acondicionamento da erva e forma de preparo sobre a eficiência de extração dos bioativos e sobre a estabilidade da bebida. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas , v. 30, supl. 1, p. 191-196, May 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612010000500029&lng=en&nrm=iso>. access on 02 Feb. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-20612010000500029.
  6. a b Yang CS, Chen G, Wu Q. Recent scientific studies of a traditional chinese medicine, tea, on prevention of chronic diseases. J Tradit Complement Med. 2014;4(1):17–23. doi:10.4103/2225-4110.124326
  7. Chopade, Vitthal & Phatak, Atul & Upaganlawar, Aman & Tankar, Anil. (2008). Green tea (Camellia sinensis): Chemistry, traditional, medicinal uses and its pharmacological activities - A review. Phcog Rev. 2. 157-162. PMC Ace. Feb. 2020
  8. Nance CL, Siwak EB, Shearer WT. Preclinical development of the green tea catechin, epigallocatechin gallate, as an HIV-1 therapy. J Allergy Clin Immunol. 2009;123(2):459–465. doi:10.1016/j.jaci.2008.12.024 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19203663
  9. SENGER, A. E.V.; SCHWANKE, C.H. A.; GOTTLIEB, M.G.V. Chá verde (Camellia sinensis) e suas propriedades funcionais nas doenças crônicas não transmissíveis. Scientia Medica. v. 20, n. 4, p. 292-300, 2010.

Ligações externas

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