Carlos Luís do Nascimento

pintor brasileiro

Carlos Luís do Nascimento (Rio de Janeiro, 1812 - idem, 1876) foi um pintor e restaurador brasileiro, ativo no século XIX. Formado pela Academia Imperial de Belas Artes, foi o primeiro conservador e restaurador da Pinacoteca Pública, permanecendo no cargo por muitos anos.[1][2]

Retrato do Visconde do Rio Branco (1875). Obra de Carlos Luís do Nascimento, em colaboração com Antônio de Sousa Lobo. Acervo do Museu Imperial, Petrópolis.

Vida e obra editar

Carlos Luís do Nascimento ingressou na Academia Imperial de Belas Artes em 1829. Foi aluno do pintor Jean-Baptiste Debret e do arquiteto Grandjean de Montigny,[2] ambos integrantes da Missão Artística Francesa, estabelecida em 1816 no Rio de Janeiro por ordem de Dom João VI. Em 1830, integrou a segunda exposição de mestres e alunos da Academia, organizada por Debret. Em 1835, conquistou a medalha de ouro no Salão Nacional de Belas Artes e, em 1845, a mesma premiação na VI Exposição Geral de Belas Artes.[1]

Em 1852, passou a exercer o cargo de conservador e restaurador da Academia Imperial. Dois anos depois, foi nomeado restaurador da Pinacoteca Pública, tornando-se o primeiro a desempenhar tal função, por indicação de Manuel de Araújo Porto-Alegre. Como restaurador, foi responsável pela recuperação de obras como Retrato de D. Pedro I, pintado por Simplício Rodrigues de Sá[2] e Retrato de Gomes Freire de Andrade, de Manuel da Cunha.[1]

Não obstante sua boa formação acadêmica e reconhecida competência no desenho, Carlos Luís do Nascimento tornou-se mais conhecido por suas atividades como restaurador, não tendo deixado uma produção pictórica notável.[1] Em crítica publicada em fevereiro de 1865, Machado de Assis afirma que "o Sr. Nascimento tem um pincel especial e inteligente para este gênero de trabalhos", referindo-se à restauração de obras de Lesueur, Campora e de três artistas anônimos.[3] Tomás Gomes dos Santos destaca seus "relevantes serviços à arte brasileira, restaurando com suma felicidade os quadros dos grandes mestres que adornam a Pinacoteca e que, por certo, não existiram hoje sem sua admirável perícia". Santos, no entanto, também elogia sua habilidade como pintor, nomeadamente o acabamento do desenho e a suavidade do colorido, que julga característicos de um "mestre experimentado".[4]

Em 1864, Carlos Luís do Nascimento voltou a conquistar a medalha de ouro na XVI Exposição Geral de Belas Artes. Por ocasião da mostra, foi agraciado com a Ordem de Cristo e com a Ordem da Rosa. Em 1867, montou ateliê na cidade de Niterói, onde lecionou pintura. Em 1870, participou pela última vez das Exposições Gerais. Entre seus últimos trabalhos encontra-se o Retrato do Visconde de Rio Branco, pintado a quatro mãos, em colaboração com Antônio de Sousa Lobo.[1][2]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e «NASCIMENTO, Carlos Luís do». Dicionário de Artistas do Brasil. Consultado em 29 de setembro de 2011 
  2. a b c d «Nascimento, Carlos Luís do (1812 - 1876) - Histórico». Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Consultado em 29 de setembro de 2011 
  3. «Rio, 21 de fevereiro de 1865». Crônicas e Cronistas. Consultado em 29 de setembro de 2011 
  4. «Nascimento, Carlos Luís do (1812 - 1876) - Textos críticos». Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Consultado em 29 de setembro de 2011 

Bibliografia editar

  • CAVALCANTI, Carlos & AYALA, Walmir (org.) (1973–1980). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Brasília: MEC/INL 
  • LEITE, José Roberto Teixeira (1988). Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre 
  • PONTUAL, Roberto (1969). Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira