Carnaval Eletrônico

Carnaval Eletrônico é o sétimo álbum de estúdio da artista musical brasileira Daniela Mercury, lançado em 15 de fevereiro de 2004 pelas gravadoras BMG e Ariola Records. Como o próprio título já sugere, o álbum é um registro das experimentações que a cantora fez com a música eletrônica. A canção "Maimbê Dandá" fez enorme sucesso pelo país, enquanto o álbum vendeu cerca de 190 mil cópias no Brasil. Além disso, o disco foi responsável pela primeira indicação da musicista ao Grammy Latino, onde concorreu ao prêmio de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa.

Carnaval Eletrônico
Carnaval Eletrônico
Álbum de estúdio de Daniela Mercury
Lançamento 15 de fevereiro de 2004
Gênero(s) Electro-axé
Duração 58:23
Formato(s)
Gravadora(s)
Produção
Cronologia de Daniela Mercury
MTV ao Vivo: Eletrodoméstico
(2003)
Clássica
(2005)
Singles de Carnaval Eletrônico
  1. "Maimbê Dandá"
    Lançamento: 2004
  2. "Vou Batê Pá Tu"
    Lançamento: 2004

Antecedentes editar

"Convidei alguns dos Djs e produtores de música eletrônica mais importantes do Brasil, além de Gilberto Gil, Carlinhos Brown e Lenine, para comemorarmos juntos os cinco anos de surgimento do Trio Techno, o primeiro trio elétrico de música eletrônica que desfila no carnaval da Bahia. Como no trio eletrônico, estamos fundindo Drum'n'Bass, House, Techno, Lounge, Dub com ritmos brasileiros e com nossas vozes e criando faixas originais".

Mercury sobre Carnaval Eletrônico no encarte do álbum.[1]

Em 2000, Mercury saiu com um trio elétrico que promoveu axé e música eletrônica no Carnaval da Bahia. Apesar de ter arrancado com boa recepção dos foliões, a cantora foi vaiada por duas vezes. A primeira vaia aconteceu já depois da metade do trajeto. A cantora retrucou: "A gente está inventando. Vai atrás quem quer, o Carnaval é democrático". O público respondeu com sinais para que o trio passasse mais rápido. A segunda vaia aconteceu na grande concentração popular do final do percurso. Recebendo olhares de incompreensão e corpos parados, a cantora respondeu: "Faço Carnaval há 20 anos, posso inventar alguma coisa? A rua é de todo mundo. Se vocês podem sair vestidos de mulher, por que não posso sair com tecno?", perguntou. Alguns foliões na multidão se viraram de costas. Mercury falou sobre a experiência: "Já passei por algumas situações bem esquisitas no Carnaval, quando era iniciante, mas como esta nunca. Pensei que fosse ser mais simples. Adoro tecno, se não adorasse não entraria nessa barca louca. Achei divertidas as reações, sabia que iam acontecer. Reagi às vaias porque você não pode deixar de enfrentar, no bom sentido".[2] Passados quatro anos do trio eletrônico, Mercury lançou Carnaval Eletrônico, um resultado de experimentações com vários DJs de música eletrônica do Brasil.[3]

Análise da crítica editar

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
AllMusic      [4]
Carnasite     [5]
Folha de S. Paulo     [6]
Istoé positiva[7]
Istoé Gente     [8]
Jornal do Brasil mista[9]

Ivan Claudio da revista Istoé deu uma crítica positiva, dizendo que "acompanhada de alguns dos melhores DJs do País, a cantora baiana segue com sua mistura de ritmos brasileiros e música eletrônica, receita que não enguiçou em cinco anos de sucesso do seu Trio Techno no circuito carnavalesco de Salvador", completando que os momentos mais inspirados acontecem em "Quero Ver o Mundo Sambar" e "Que Baque é Esse?".[7] O jornalista Mauro Ferreira, escrevendo para Istoé Gente, também deu uma crítica positiva, afirmando que o resultado do disco era "revigorante para Daniela e para a desgastada axé music. A união do baticum baiano com os grooves dos DJs renova um gênero agonizante". No entanto, o jornalista disse que o único ponto negativo em Carnaval Eletrônico eram as músicas assinadas por Mercury, que sempre soava sem inspiração como compositora para ele. Ferreira terminou sua revisão comentando que "a folia eletrônica da cantora é coerente com o sotaque globalizado de seu CD anterior, Eletrodoméstico MTV ao Vivo. Daniela Mercury quer, e já consegue, soar universal".[8]

Tárik de Souza do Jornal do Brasil deu uma crítica mista, comentando que "a volúpia das fusões nem sempre engrena", com a "fuzilaria eletrônica" deixando a cantora com "papel de coadjuvante"; no entanto, frisou que "entre os altos e baixos deste elevador Lacerda desplugado, sobressai a audácia da cantora ao arriscar a travessia que atinge o ponto ótimo" em faixas como "Por Trás da Fantasia".[9] Dando duas estrelas ao álbum, Pedro Alexandre Sanches da Folha de S. Paulo disse que "fosse feito por volta de 96 ou 97, "Carnaval Eletrônico" poderia ter redefinido rumos drásticos no pop de massa do Brasil. Mas Daniela era então refém da indústria, e teve de se conformar ao óbvio". Afirmando que com o álbum a cantora se sentia exilada musicalmente, terminou dizendo: "No todo, o caldeirão de Daniela continua soando desconjuntado. Retrata um Brasil que já podia ter deixado de ser, mas ainda é: exilado, discriminado, autopiedoso".[6] O website Wilson & Alroy's Record Reviews também deu uma crítica negativa, dizendo, "Se você é uma dessas pessoas que usam "insistente" e "irritante" como atributos positivos, esta viagem em eletrônica pode ser o álbum para você. Para o resto de nós, é um teste de resistência doloroso: uma procissão de faixas longas, com baixo sintetizante de 4/4 e refrões de vocais repetitivos". A crítica acabou dizendo que em algumas canções "Mercury nem sequer se preocupa em cantar, apenas falando as linhas" e que todos os produtores soam praticamente o mesmo.[10]

Carnaval Eletrônico foi ainda indicado ao Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro em 2004, mas perdeu para Carlinhos Brown com o álbum Carlinhos Brown é Carlito Marrón.[11]

Promoção editar

Para promover o lançamento do disco, Mercury apresentou-se com sua Turnê Eletrodoméstico no Festival de Verão Salvador em 1° de fevereiro de 2004, cantando todas as músicas do álbum, com a participação de quatro DJs que participaram da produção do álbum, Ramilson Maia, Zé Pedro, Memê e Xerxes.[12] A Turnê Carnaval Eletrônico começou em 5 de junho de 2004 no Rock in Rio Lisboa, percorrendo vários países da Europa e América.[13] Mercury ainda divulgou o disco em vários programas de televisão, incluindo Bem, Amigos!,[14] Domingão do Faustão,[15] além de divulgar na televisão portuguesa, nos programas A Vida é Bela, Olá Portugal e Às Duas Por Três.[16]

Faixas editar

CD
N.º TítuloCompositor(es)Produtor(es) Duração
1. "Maimbê Dandá" (com Carlinhos Brown)Carlinhos Brown, Mateus AleluiaCarlinhos Brown 5:25
2. "Quero Ver o Mundo Sambar"  Daniela MercuryRenato Lopes 6:33
3. "Vou Batê Pá Tu"  Orlandivo, Arnaud RodriguesZé Pedro 4:19
4. "Que Baque é Esse?" (com Lenine)LenineMarcelinho da Lua 4:29
5. "A Tonga da Mironga do Kabuletê"  Vinícius de Moraes, ToquinhoRamilson Maia 4:35
6. "O Canto da Rainha"  Daniela Mercury, DJ MemêDJ Memê 7:25
7. "Amor de Carnaval"  Gilberto GilBid 3:42
8. "Por Trás da Fantasia"  Marcelo QuintanilhaZé Pedro 3:31
9. "Preto e Branco"  Dudu Fagundes, Santos DinizXRS 5:35
10. "Charles Ylê"  Carlinhos BrownCarlinhos Brown 4:39
11. "Ago Lonan"  Daniela MercuryAnderson Noise 4:51
12. "Quero Voltar Pra Bahia"  Paulo Diniz, OdibarHugh 3:16
Duração total:
58:23

Desempenho nas paradas musicais editar

Tabela musical (2005) Melhor
posição
Espanha (PROMUSICAE)[17] 79

Histórico de lançamento editar

País Data Formato Gravadora
Brasil[18] 15 de fevereiro de 2004 BMG
Estados Unidos[19] 1 de novembro de 2004
França[20] 8 de agosto de 2007 Slidepac

Referências

  1. (2004) Créditos do álbum Carnaval Eletrônico por Daniela Mercury. BMG (8287658708 2).
  2. Sanches, Pedro Alexandre (6 de março de 2000). «"Trio tecno" de Daniela Mercury é vaiado». Folha de S. Paulo. Consultado em 8 de maio de 2017 
  3. http://www.carnaxe.com.br/history/2004/jan_52.htm
  4. «Daniela Mercury - Carnaval Eletrônico». AllMusic. Consultado em 8 de maio de 2017 
  5. Melo, Érick (13 de abril de 2004). «Carnaval Eletrônico». Carnasite. Consultado em 24 de fevereiro de 2018 
  6. a b Sanches, Pedro Alexandre (23 de fevereiro de 2004). «Daniela Mercury abriga seu exílio na eletrônica». Folha de S. Paulo. Consultado em 7 de maio de 2017 
  7. a b Claudio, Ivan (10 de março de 2004). «Discos». Istoé. Consultado em 8 de maio de 2017 
  8. a b Ferreira, Mauro (1 de março de 2004). «Carnaval Eletrônico». Istoé Gente. Consultado em 8 de maio de 2017 
  9. a b de Souza, Tárik (26 de fevereiro de 2004). «Bloco plugado». Jornal do Brasil. Consultado em 23 de setembro de 2021 
  10. «Daniela Mercury». Wilson & Alroy's Record Reviews. Consultado em 27 de maio de 2017 
  11. «Lista dos brasileiros indicados aos prêmios Grammy Latinos». Los Angeles: UOL. 14 de julho de 2004. Consultado em 27 de maio de 2017 
  12. «Daniela Mercury aposta na música eletrônica». Terra Networks. 2 de fevereiro de 2004. Consultado em 2 de setembro de 2016 
  13. Pereira, Silvia (6 de junho de 2004). «Rock In Rio: desilusão Britney, festa Black Eyed Peas e... samba no pé». Público. Consultado em 26 de agosto de 2015 
  14. http://www.carnaxe.com.br/history/2004/set_36.htm
  15. "Daniela Mercury - Maimbê Dandá", Domingão do Faustão, 3 de outubro de 2004
  16. http://www.carnaxe.com.br/history/2004/jul_32.htm
  17. «DANIELA MERCURY - CARNAVAL ELECTRÔNICO». spanishcharts.com. Consultado em 7 de maio de 2017 
  18. «Daniela Mercury vence batalha e lança CD eletrônico». Folha de S. Paulo. 2 de fevereiro de 2004. Consultado em 27 de maio de 2017 
  19. «Carnaval Eletrônico - Daniela Mercury». iTunes Store. Consultado em 8 de maio de 2017 
  20. «Carnaval Electronico [Slidepac». Amazon.fr. Consultado em 8 de maio de 2017