Carneiro (sobrenome)

sobrenome

Carneiro é um sobrenome ou apelido de família de origem portuguesa.

Brasão de armas

Origens editar

Há diferentes teorias para a origem dos primitivos portadores do sobrenome Carneiro. Segundo Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, em sua obra "Nobiliário de Famílias de Portugal", os Carneiros são descendentes de Monsieur Joani Mouton, cavaleiro natural da França, que veio na Armada dos Gascoens, no ano de 980 d.C, tomar dos mouros a Cidade do Porto, e as terras entre Tâmega e Douro. Na língua francesa, a palavra Mouton quer dizer o mesmo que Carneiro, portanto, dela se derivaria o sobrenome português. Era Joani Mouton descendente dos Duques de Mouton na França.

Para o renomado historiador português José Pedro Machado (em "Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa)", e talvez a mais provável de todas as teorias, trata-se de um apelido de família originado como alcunha para uma família de pastores de carneiros/ovelhas em Portugal. Como sobrenome, está atestado, pelo menos, desde o século XIII.

Outro conhecido historiador, Manuel de Sousa, em "As Origens dos Apelidos das Famílias Portuguesas", dá como incerta a proveniência do apelido: portuguesa, devido a um lugar chamado Carneiro, em Gestaçô (no Norte de Portugal); e espanhola ou francesa. Manuel de Sousa indica que a mais antiga referência deste apelido é a um Pedro Carneiro, senhor das terras de Valdevez (hoje, no distrito de Viana do Castelo), no tempo de Conde D. Henrique.

Tem, portanto, cabimento a hipótese de o apelido derivar de um topônimo do Norte de Portugal. Note-se, porém, que as localidades conhecidas por Carneiro nem sempre devem este nome ao animal assim designado. Há povoações galegas chamadas Carneiro, nome que, segundo Fernando Cabeza Quiles (em "Os Nomes de Lugar – Topónimos de Galicia: a súa orixe e o seu significado"), tem origem num radical indo-europeu *carn-, com o sentido genérico de «pedra». Carneiro pode, portanto, ser também um "lugar onde (só) existem pedras".

Ao contrário do que diz o mito brasileiro, não se trata de sobrenome exclusivamente de origem cristã velha, mas também de cristã-nova, sendo comprovadamente existente e usado por Cristãos-velhos e Cristãos-novos de Portugal desde, pelo menos, o século XIII[1]. Um exemplo de cristão-velho com este sobrenome foi D. Melchior Carneiro, ilustre bispo jesuíta português. Segundo Anita Novinsky uma pesquisadora e historiadora, especializada na Inquisição portuguesa no Brasil e os costumes dos cripto-judeus, essa confusão se dá pelo fato de que os sobrenomes adotados pelos cristãos-novos eram os mesmos usados por cristãos-velhos. Entretanto isso não invalida o fato que alguns ramos desta e outras famílias são de origem judaica. O mesmo ocorre com judeus, tanto da Europa oriental, quanto ocidental, muitos não judeus dividem sobrenomes com judeus de mesma pátria de origem.

Brasão de armas editar

De vermelho, com banda de azul, perfilada de ouro, carregada de três flores-de-lis do mesmo e acompanhada de dois carneiros de prata, armados de ouro. Timbre: um dos carneiros do escudo.

Bibliografia editar

  • GAIO, Manuel José da Costa Felgueiras. Nobiliário de Famílias de Portugal, Braga, Carvalhos de Basto, 1989
  • ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins. Armorial Lusitano - Genealogia e Heráldica, Lisboa, Editorial Enciclopédia, 1961
  • SOUSA, Manuel de. As Origens dos Apelidos das Famílias Portuguesas, Lisboa, Correio da Manhã, 2001
  • MACHADO, José Pedro. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Lisboa, Livros Horizonte, 1981
  • CABEZA QUILES, Fernando. Os Nomes de Lugar - Topónimos de Galicia: a súa orixe e o seu significado, Vigo, Edicións Xerais, 1992

Referências

  1. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Lisboa, Livros Horizonte, 1981

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