Bispo

membro ordenado ou consagrado do clero cristão
 Nota: Para outros significados, veja Bispo (desambiguação).

Um bispo (do grego antigo επίσκοπος ou episcopos; e do latim episcopus: "inspetor", "diretor", "superintendente" ou, literalmente, "supervisor", de ἐπί (epi), sobre/super + σκοπος (skopos), vista, ou seja, "aquele que vê por cima, pelo alto, que supervisiona") é um título religioso presente em diversas confissões cristãs, tendo cada uma o seu conceito e suas tradições específicas. Antes do cristianismo, o termo era utilizado para designar todo tipo de administrador (melhor tradução) nos domínios civil, financeiro, militar e judiciário. Uma mulher é uma episcopisa, embora no Brasil seja popularmente chamada de bispa.

Batismo de Agostinho de Hipona por Ambrósio, bispo de Milão. (pintura de Gozzoli, século XV)

Igreja Latina editar

 
Modelo do brasão de armas de um Bispo Católico
 
Bispo católico romano.

O apóstolo Pedro, para o cristianismo católico, foi o primeiro bispo e primeiro Papa da igreja em Roma. Os bispos católicos são os sucessores dos apóstolos, recebendo com a ordenação episcopal a missão de santificar, ensinar e governar, a eles confiada no âmbito de uma circunscrição definida (diocese, arquidiocese ou prelazia).

O episcopado é o último e supremo grau do sacramento da ordem. O bispo é também a autoridade máxima da igreja particular local em jurisdição e magistério.

 
Bispos Católicos Romanos utilizando a tradicional veste coral violácea.

Aos bispos compete ministrar o sacramento da ordem de modo exclusivo e também, na Igreja Latina, o sacramento do crisma. Ordenar presbíteros e diáconos, bem como conferir ministérios são funções exclusivas do bispo.

Conforme o Código de Direito Canônico, "os bispos que, por divina instituição, sucedem aos apóstolos, são constituídos, pelo espírito que lhes foi conferido, pastores na Igreja, a fim de serem também eles mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros do governo." (Cân. 375 §1)

Os bispos católicos apõem ao respectivo brasão de armas a cruz episcopal e o capelo verde de 12 borlas. Além disso, em suas dioceses é comum ao presidirem missas a utilização do báculo (popular cajado do bispo católico que representa sua função de pastor perante ao rebanho que são os fiéis), da mitra (popular chapéu do bispo que representa o capacete contra os adversários da verdade) e do solidéu.

Os pré-requisitos para um padre ser bispo são: fé sólida eminente; piedade; zelo; boa reputação; ao menos 35 anos de idade; sacerdote ao menos há cinco anos; e mestrado ou doutorado em área teológica.

Tornar-se bispo, porém, ocorre com uma minoria, escolhida, na atual disciplina da Igreja, pelo Papa com auxílio da Congregação para os Bispos.

Igrejas Orientais editar

 
Bispos ortodoxos concelebrando.

As igrejas orientais, quer as católicas (ligadas ao papa) quer as ortodoxas, possuem exatamente o mesmo conceito de episcopado que a Igreja Católica. O bispo que governa uma diocese é chamado de eparca. As Igrejas ortodoxas orientais não reconhecem as ordenações da Igreja Católica Romana como válidas.

Igreja Anglicana editar

 
Bispo Trevor Williams com vestes episcopais anglicanas.

A Igreja Anglicana manteve as ordens históricas da Igreja Cristã Católica, antes da separação do século XVI: diáconos, presbíteros e bispos. Um novo bispo é sagrado por imposição de mãos de outros três bispos, cuja sucessão apostólica pode ser traçada de forma similar aos das igrejas Católica e Ortodoxas, embora a primeira não reconheça as ordens anglicanas, por entender que o Ordinal Eduardiano não conservou a forma devida e a sucessão se quebrou a partir do Revmo. Matthew Parker. Os anglicanos alegam que, mais importante que a rubrica, é o ato da imposição de mãos por outros bispos com sucessão apostólica, e que as palavras ditas na cerimônia de sagração mudaram tanto ao longo dos tempos que a alegação dos católicos não procede. No entanto, os Ortodoxos concordam com os católicos quanto à invalidade das ordenações anglicanas, por corrupção do ritual. A maioria dos anglicanos veem a sucessão apostólica como uma sucessão de pastores principais num padrão de liderança que remota ao tempo dos apóstolos e que evoluiu através dos séculos até atingir a sua forma atual.

O episcopado, adaptado à sua realidade histórica, com parte integrante da Tradição apostólica, faz parte da essência da Igreja, sendo um dos seus fundamentos juntamente com as Escrituras, o credo e os sacramentos.

Para os anglicanos o bispo é o pastor principal da Igreja, exercendo sua atividade na jurisdição de uma diocese (menor expressão da Igreja), tendo como seu papel apostólico a proclamação e o ensino, o provimento dos Sacramentos e a supervisão e liderança administrativa da Igreja.

O bispo é também símbolo de unidade, entre as comunidades de uma diocese e entre a diocese e toda a Igreja.

Na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil os bispos são eleitos pelo clero e povo. Nas dioceses autônomas a eleição acontece na assembleia máxima diocesana - o concílio, nas dioceses missionárias, a eleição ocorre na reunião da igreja a nível nacional que acontece de três em três anos, chamada de sínodo. Com o propósito de manter a unidade, os bispos eleitos em concílios necessitam da aprovação da maioria dos bispos e dioceses.

Igreja Luterana editar

Na Igreja Luterana da Alemanha, Suécia, Dinamarca, Noruega, Polônia, Finlândia o regime episcopal foi mantido. Homens e mulheres são eleitos pelos sínodos e aprovados pelo parlamento (no caso da Dinamarca, Noruega, Finlândia e até recentemente Suécia) e são sagrados bispos. Uma lista de bispos luteranos pode ser encontrada aqui [1]. As denominações luteranas do Brasil não possuem bispos.

Igreja Batista editar

Embora quase toda a maioria das igrejas batistas sigam um regime congregacional, existe a Igreja Batista Episcopal na África, concentrada na República Democrática do Congo, Angola e Zâmbia.

Igreja Metodista editar

A Igreja Metodista, assim como as Igrejas Anglicanas, também é Episcopal em sua forma de governo. No entanto os bispos não são uma ordem especial ou diferente da ordem presbiteral. O bispo é apenas "primus inter pares". No metodismo, o episcopado surgiu na Conferência de Natal de 1784, que fundou a Igreja Episcopal Metodista, em Baltimore, nos Estados Unidos. No Brasil, o primeiro bispo só foi eleito em 1930, ano da autonomia da Igreja Metodista do Brasil e em 1934 foi eleito o primeiro bispo metodista brasileiro, Revmo. César Dacorso Filho. Atualmente, os bispos compõem o chamado Colégio Episcopal. O episcopado na Igreja Metodista brasileira não é vitalício.

Igrejas Neopentecostais editar

Algumas igrejas neopentecostais no Brasil também possuem em sua hierarquia a posição episcopal. Em algumas igrejas, o bispo é o representante máximo. Podemos citar o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus; o bispo Robson Rodovalho, líder da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra. Há também outras que possuem a posição bispo como um representante, da própria igreja, que administra alguma região, podemos citar a Igreja Apostólica Renascer em Cristo que possui vários bispos que administram as chamadas "regionais", mas não são independentes, estão subordinados ao líder, no caso o Apóstolo,no entanto os bispos não são uma ordem especial ou diferente da ordem presbiteral. O bispo é apenas "primus inter pares", não possuindo qualquer origem ou sucessão apostólica.

Igrejas Pentecostais editar

Podemos citar denominações pentecostais no Brasil quais possuem em sua hierarquia a posição episcopal. Uma delas é a Igreja do Evangelho Quadrangular, onde o bispo é um cargo qual um Ministro do Evangelho (pastor) recebe para reger uma ou mais regiões, estando ciente de que pode ser retirado do cargo de bispo, o que não acontece com qualquer um. Este cargo na Igreja é concedido pelo Conselho Nacional de Diretores e os bispos são também chamados superintendentes.[1]

A denominação Assembleia de Deus usa o cargo bispo mas possui duas referências, por assim dizer, dentro de suas ramificações. Na grande maioria dos campos e congregações das Assembleias de Deus no Brasil, o cargo de bispo é chamado de "Presbítero", (sendo o terceiro degrau da hierarquia ministerial, após Cooperadores e Diáconos, e antes de Evangelistas e Pastores). Estes então, exercem funções como ensinadores e administradores de igrejas locais. No entanto, dentro da Convenção Nacional das Assembleias de Deus Ministério Madureira, o cargo de bispo tem seu significado ligado ao da Igreja Primitiva, sendo de certa forma atribuído a Pastores que exercem função de superintendentes em grandes regiões. Atualmente o Ministério de Madureira possui 5 Bispos e 1 Bispo Primaz (ou seja, o primeiro dos Bispos).

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias editar

Em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cada unidade eclesiástica (denominada ala) é presidida por um bispo (pequenas unidades, denominadas ramos, não possuem um bispo, sendo presididas por presidentes de ramo). Os bispos são iguais entre si, não havendo nenhuma prelazia em sua ordem, sendo "primus inter pares". Cada bispo mórmon tem funções muito semelhantes às de um padre católico, ou seja, administrar espiritualmente e temporalmente sua unidade eclesiástica. As alas de uma mesma região são unidas em estacas, lideradas por um presidente de estaca (este tem aproximadamente as mesmas funções que um bispo católico). Os bispos das alas dentro de uma estaca formam um "conselho de bispos" que ajuda o presidente da estaca em seus afazeres e definem políticas temporais comuns em todas as alas da estaca, observadas as normas da Igreja. Um bispo não tem poder para oficiar fora de sua ala, mas é a autoridade presidente em sua unidade. Além de bispo, o líder de uma ala é presidente do Quórum de Sacerdotes da ala.

O chamado de bispo na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ocorre por indicação da presidência da estaca (composta pelo presidente da estaca e por seus dois conselheiros). Estes indicam o novo oficial à presidência de área sem que o indicado saiba. A seguir, a presidência de área envia os papéis à Primeira Presidência da Igreja (formada pelo profeta e seus dois conselheiros) que, por inspiração do Senhor, aprovarão ou não a indicação daquele membro para o cargo de bispo. Uma vez aprovado, o bispo é entrevistado pelo presidente da estaca alguns dias antes do chamado oficial ser efetuado numa Reunião Sacramental (culto dominical) onde toda a congregação está presente para um voto de apoio.

Quando um membro da Igreja torna-se bispo, ele é ordenado ao ofício de Bispo no Sacerdócio Aarônico (o Sacerdócio Aarônico é formado pelos ofícios de Diácono, Mestre, Sacerdote e Bispo). Ele também é ordenado Sumo Sacerdote no Sacerdócio de Melquisedeque (o Sacerdócio de Melquisedeque é formado pelos ofícios de Élder, Setenta, Sumo Sacerdote, Patriarca e Apóstolo). Suas principais designações são cuidar das viúvas e pobres da ala, dos jovens e das crianças. Ele é também a autoridade administrativa superiora da ala e a ele compete, ouvidas as normas da Igreja, optar por decisões administrativas e financeiras, inclusive de ajuda aos necessitados.

Um bispo SUD serve, normalmente, por um período de cinco a sete anos. Ao ser desobrigado, ele perde seu chamado de bispo, mas mantém os ofícios de Bispo no Sacerdócio Aarônico e Sumo Sacerdote no Sacerdócio de Melquisedeque.

Outras igrejas dissidentes do mormonismo também possuem o cargo episcopal mais ou menos de forma inalterada.

Ver também editar

Referências

  1. Lisbôa, Elaine (3 de fev. de 2011). «Praticando o Ide: Sistema de Governo da Igreja do Evangelho Quadrangular». Praticando o Ide. Consultado em 24 de março de 2021 

Ligações externas editar

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