O Castelo de Mesía situa-se no lugar da Pobra, da paróquia de San Cristovo de Mesía, no concelho corunhês de Mesía, a meio caminho entre as cidades da Corunha e Santiago de Compostela dentro da rota do Caminho Inglês do Caminho de Santiago, na Comunidade Autônoma da Galiza, (Espanha), na ribeira esquerda do rio Samo, afluente do Tambre.

Castelo de Mesía

História

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Provavelmente as origens desta fortificação remontam ao século XIII. Porém, as primeiras notícias documentais que se conservam datam-se no século XV, em 1401. Neles afirma-se que foi construída ou reconstruída por Gonzalo Dias de Mesia, nobre pertencente aos partidários trastamaristas na guerra civil que enfrentou a Pedro I, apelidado o Cruel, e o vencedor Henrique de Trastâmara, o que após a sua vitória beneficiou com múltiplas propriedades e favores para os seus aliados, e entre eles, poderia figurar a torre e terras de Mesía em favor de Gonçalvo Dias.

De Gonçalvo passou ao seu filho Garcia Díaz,[1] e deste à sua filha Constança. Quando esta faleceu, o seu marido, Álvaro de Castro, tentou tomar posse da Casa e jurisdição, feito que impediu o primo de Garcia Díaz, Ares Pardo das Marinhas, sitiando o castelo e tomando-o pela força.

Já no século XV, em 1430 produz-se o matrimônio entre a filha de Ares Pardo, Dona Berenguela e Alonso de Mendoza, sobrinho do arcebispo compostelano, e esta recebe como dote[2] o senhorio de Mesía, que renderam preito de homenagem sobre o castelo ao arcebispo Rodrigo de Luna. Tempo depois herdou o senhorio o filho destes, Lope Pérez de Mendoza, ao que Rodrigo de Luna tentou disputar a propriedade num escrito do 29 de Março de 1457.

Morto Lope em 1462 herda as suas posses o seu tio Gómez Pérez das Marinhas, que não pôde evitar que em 1467 seja tomado e posteriormente derrubado quase completamente pelos irmandinhos levantados em armas durante a Grande Revolta Irmandinha.

Uma vez sufocada a revolta, o arcebispo de Santiago Alonso II de Fonseca toma posse da jurisdição e ordena a reconstrução do castelo. Permanecerá em mãos do senhorio de Santiago até a Batalha de Altamira, com cuja derrota os senhores feudais recuperaram as posses que lhes foram usurpadas por Fonseca. Deste jeito jurisdição e o castelo, após três meses de resistência ao sitio levantado Por Gómez Pérez das Mariñas, voltou às mãos de Gómez Pérez.

De Gómez Pérez das Mariñas passou à sua filha Dona Ginebra, e desta a sua filha Catalina, à que de novo lha usurpa Alonso II de Fonseca, tornando-se parte do patrimônio do arcebispado desde 1523.

Dona Ginebra casara com o nobre castelhano Luis Azevedo, o que implicou a sua marcha a Salamanca. Aproveitaram a sua ausência os nobres do contorno, que ocuparam o castelo, pelo qual se queixam à rainha Isabel a Católica, que atendeu as suas demandas em Valladolid em 1476, ordenando aos justiças da Galiza que impedissem a edificação de quaisquer outras fortificações na jurisdição de Mesia.

O Cardeal Hoyo em 1608, quando visitou esta diocese deixou a seguinte descrição do castelo: "La fortaleza de Mesía está a siete leguas de la ciudad de Santiago hacia Betanzos. Tiene las paredes fuertes y unos derrumbaderos por toda ella, Alrededor y por la parte Oriente y del Septentrión, la cerca un río [o Samo] y sólo la entrada por la puerta tiene llana. Tiene algunos aposentos y razonable vivienda, pero muy lóbrega y melancólica. En la fortaleza y juzgado de Mesía, que tiene 2000 vasallos, pone [o Arcebispo] un juez, el cual asimismo es alcaide de dicha fortaleza."

A torre manteve-se em pé até meados do século XIX em que foi derrubada pelos vizinhos para reaproveitar as suas pedras em construções na zona. De acordo com o autor Carré Aldao, ainda podia ver-se o lintel da porta de entrada com uma inscrição na qual assinalava a Gonçalvo Dias de Mesia e a sua esposa Maria Peres como os que ordenaram levantar o castelo: ( ESTA CASA FEZO D. GONÇLAVO (Gonçalvo) DIAS DE MESIA E SUA MOLER M (Maria) PRES (Peres).. Também se conservava uma pedra armeira com as armas da linhagem, composta por três faixas de azure em campo de ouro.

Em 1858 o conjunto conservava-se em bom estado, sendo a data provável do desabamento da torre o ano de 1859.

A jurisdição regida pelo prefeito deste castelo, no nome do arcebispo de Santiago de Compostela, compreendia 48 paróquias, muitas delas pertencentes a atuais concelhos limítrofes.

As ruínas foram declaradas Bem de Interesse Cultural em 1994.

Características

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A planta das ruínas desta pequena fortificação é em nossos dias apenas perceptível.

Rodeava-se com uma muralha circular de forma ovóide, por sua vez rodeado por um fosso, com três torreões semicirculares acaroados.

Os muros conservados das defesas estão feitos de alvenaria xistosa e alcançam os 2 metros e meio de grossura, e em alguns lugares conserva até 18 metros de altura. Conserva também duas seteiras de mais de dois metros de altura e amplo derrame interior no lado que olha para o rio.

Também fazia parte da muralha a torre de menagem de planta quadrada e que sobressaía em altura sobre a muralha. Em nossos dias são perceptível os alicerces da sua possível planta quadrada.

Nos lados norte e leste, a forte pendente que baixa para o rio Samo facilita a defesa.

Sua função primariamente militar marca a austeridade das construções. No interior conservam-se diversos muros divisórios de difícil interpretação. Diferentes dependências formavam o conjunto: cortes, adega, forno, moinho, chaminé, ponte levadiça…

Perto do castelo, no lugar de Torre encontram-se os restos de uma fortificação relacionada com o castelo e no qual entre outros elementos conserva-se uma pedra armeira dos Mesia.

A lenda da Infançona de Mesía

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Conta esta lenda que a dona do castelo estava namorada de um trovador que se entendia com uma donzela do seu séquito. Despeitada, a dona mandou a um parente seu que lhe trouxesse a cabeça daquela donzela. O que não pôde suspeitar a Infançona foi que a cabeça que trouxeram foi a da sua própria filha.

Outras lendas relacionadas com o castelo falam de passadiços segredos e da construção do castelo por parte dos “mouros”.

Notas

  1. De ele diz- Vasco da Ponte “Garci Díaz que fue caballero muy esforzado, tenía cuarenta lanzas y buenos mil y cien hombres, contando algunas veetrías: fue muy valiente, y esforzado, y muy gran guerrero, y con sus cuarenta lanzas se defendió veinte años del Duque de Arjona, andando de día y de noche en el campo sin que todo este tiempo quisiese entrar por sus puertas: si le mataban un hombre, él mataba dos y si se lo prendían, eso mismo”.
  2. Mediante escritura de 1430.

Bibliografia

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  • (em galego) BOGA MOSCOSO, Ramón (2003). Guía dos castelos medievais de Galicia, págs. 74-76. Guías Temáticas Xerais. Edicións Xerais de Galicia, S.A. [S.l.: s.n.] ISBN 84-9782-035-5 

Ver também

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Ligações externas

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