Cornucópia (doce)

As cornucópias são muito conhecidas na cidade de Alcobaça, na região centro de Portugal continental, e em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores. O formato de ambas é bastante semelhante mas o sabor é um pouco diferente.[1]

Origem editar

 
Cornucópia, doce

A sua origem é um pouco incerta, a única coisa que se tem por garantido é que foram criadas no século XIII[2], no Mosteiro de Coz, fundado no século XII e dependente do Mosteiro de Alcobaça[3]; são uma das inúmeras relíquias da doçaria conventual portuguesa, também associadas a tradições de Natal. O seu nome deve-se ao vaso que tem a forma de um corno, daí a designação de cornucópia. No seu interior, depositavam-se flores e frutos, o que, antigamente, simbolizava abundância e fertilidade . Agora, o cone é recheado com um doce.[4]

Depois de habitual, nas cozinhas dos monges e das monjas de Cister, os fiéis depositários deste legado ancestral, algumas pessoas decidiram começar a confeccionar para vender. Uma das primeiras foi Joaquina Conceição Crespo, natural de Leiria, mas, em 1928, foi viver para Alcobaça. Teve dois filhos e as suas três netas acompanhavam todo o processo de confecção dos doces.[5]

Receita editar

Uma cornucópia é feita de farinha, manteiga, banha e açúcar, sendo recheada com ovos-moles depois de fria. A sua forma deve-se à utilização de formas metálicas em cone.[6] A preparação tradicional da massa consiste em colocar em um alguidar a farinha, a manteiga, a banha e o açúcar, de seguida amassar tudo com as mãos, indo juntando aos poucos a água quente até que a massa forme uma bola e se despegue do alguidar. A preparação tradicional do recheio integra colocar em um tacho de cobre a água e o açúcar e levar ao lume até que atinja o ponto pérola. Deixar que arrefeça um pouco, de seguida passar as gemas por um coador para uma tigela e por fim voltar a ligar o lume (médio) e ir deitando as gemas em fio, mexendo continuamente até que os ovos engrossem.[7]

Prémios editar

A pastelaria Alcôa, uma das pastelarias portuguesas mais conhecidas, ganhou dois prémios com este Doce:

2005 – VII Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais Menção- Honrosa

2013 – XV Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais- 1º Prémio[8][9]

Referências editar

  1. Boro, Rafael (28 de julho de 2020). «Os maravilhosos doces de Portugal com ovos». Cultuga. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  2. «Doce Alcobaça». Centro de Portugal. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  3. «Confeitaria Portuguesa de 25 out 2018 - RTP Play - RTP». RTP Play. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  4. Ruthia (25 de novembro de 2022). «Doces portugueses tradicionais, região a região». O Berço do Mundo. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  5. «Cornucópia é rainha na mostra de doces conventuais». Jornal de Leiria. Consultado em 23 de dezembro de 2023 
  6. foodwithameaning (1 de abril de 2014). «Cornucópias com ovos moles … um doce tradicional». Food With A Meaning. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  7. «Cornucópias (Angra do Heroísmo)». Doces Conventuais e Licores. 3 de maio de 2011. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  8. «Pastelaria Alcoa». www.pastelaria-alcoa.com. Consultado em 23 de dezembro de 2023 
  9. «Concurso elege cornucópia de amêndoa caramelizada como melhor doce conventual». Diário de Leiria. Consultado em 23 de dezembro de 2023