Coroça
A coroça era um gorro de papel ou cartão pintado em forma cónica que se punha aos condenados pela Inquisição espanhola e pela Inquisição portuguesa e que servia de complemento ao sambenito. A função de ambos era identificar o réu no auto de fé por ter atentado contra Deus e contra a sua Igreja, pelo que eram símbolos da infâmia.
História
editarAs coroças, tal como os sambenitos, variavam segundo o delito e a sentença. Os condenados à morte (os relaxados ao braço secular) levavam uma coroça vermelha junto com um sambenito negro com chamas e, por vezes, também demónios, dragões ou serpentes, símbolos do Inferno. Os reconciliados com a Igreja católica, porque tinham reconhecido a sua heresia e se tinham arrependido, levavam uma coroça similar ao sambenito, amarela com duas cruzes diagonais pintadas sobre ele[2] ou com duas cruzes de Santiago com as chamas orientadas para abaixo, o que simbolizava que se tinham livrado da fogueira. Os sentenciados a receber chicotadas levavam uma corda ao pescoço com uns nós que indicavam as centenas de chicotadas que deviam receber.[3]
As diferentes coroças (ou "carapuças") e sambenitos estão descritas no seguinte relato da procissão da Cruz Branca que iniciou o auto de fé celebrado em Madrid em 1680:[4]
A cerimónia durou até às nove horas da noite e, terminada a celebração da missa, o rei retirou-se e os criminosos que tinham sido condenados a serem queimados foram entregues ao braço secular e, sendo montados em jumentos, foram retirados pela porta chamada Foncaral e, perto deste lugar, à meia-noite foram todos executados.
Não se sabe ao certo se os reconciliados, que estavam obrigados a usar o sambenito durante o tempo que durasse a condenação, como sinal da sua infâmia, eram também obrigados a usar a coroça. O que parece certo é que, uma vez cumprida a sentença, não se penduravam na igreja paroquial junto com os sambenitos ad perpetuam rei memoriam.[2] A Inquisição considerava que tinha que perpetuar a lembrança da infâmia de um herege, infâmia essa que se estendia aos seus familiares e descendentes.[5]
Referências
editar- ↑ ẒEBI B. MORDECAI
- ↑ a b Kamen 2011, p. 195.
- ↑ Pérez 2012, p. 147.
- ↑ Kamen 2011, p. 203.
- ↑ Pérez 2012, p. 145.