Cristina Munk (em dinamarquês: Kirsten Munk; Nørlund Slot, 6 de julho de 1598 - Holckenhavn, 19 de abril de 1658) foi uma nobre dinamarquesa, a segunda esposa do rei Cristiano IV da Dinamarca e mãe de doze dos seus filhos.

Cristina Munk
Cristina Munk
Pintura de Jacob Van Doort, 1623.
Nascimento 6 de julho de 1598
Nørlund Slot, Ravnkilde, Dinamarca
Morte 19 de abril de 1658 (59 anos)
Holckenhavn, Nyborg, Dinamarca
Nacionalidade Dinamarquesa
Parentesco Luís Munck
Ellen Marsvin
Cônjuge Cristiano IV da Dinamarca

Família editar

Cristina Munk era filha de Luís Munck (1537-1602) e Ellen Marsvin (1572-1649), membros da nobreza menor dinamarquesa que, apesar de serem abastados, não tinham títulos. A sua mãe, que ficou viúva pela segunda vez em 1611, era uma grande proprietária de terras em Funen.

Casamento morganático editar

Antes de ceder Cristina aos evidentes desejos do rei Cristiano IV da Dinamarca, a sua mãe negociou a natureza da relação que os dois poderiam ter, dando como condição obrigatória um casamento em vez de simplesmente entregar a sua filha para ser amante real do rei. Como garantia de que as intensões do rei eram nobres, Ellen Marsvin também exigiu receber propriedades da coroa em seu nome. Assim, a 31 de Dezembro de 1615, Cristina casou-se com o rei viúvo morganaticamente.[1] O casamento não foi sequer realizado em uma igreja. Em 1627, Cristina recebeu o título de "Condessa de Schleswig-Holstein".[1]

O casal teve doze filhos juntos, incluindo a famosa condessa Leonora Christina Ulfeldt.

Filhos editar

Cristina teve doze filhos com o rei Cristiano, embora houvesse rumores de que a sua filha mais nova era, na verdade, filha do seu amante.

Os seus filhos casaram com membros da nobreza dinamarquesa, sendo os mais conhecidos e poderosos Corfitz Ulfeldt e Hannibal Sehested. Desde a morte do rei em 1648 até 1652, os maridos das suas filhas eram conhecidos como o "Partido dos Genros", e tornaram-se na força política mais poderosa dentro do Rigsråd. Antes, o filho de Cristina, o conde Valdemar de Schleswig-Holstein, tinha sido um trunfo promissor, já que tinha ficado noivo da grã-duquesa Irina Mikhailovna Romanova, a primeira filha do czar russo Miguel I da Rússia. No entanto, o Governo da Dinamarca impediu a união por ser contra a conversão do conde à Igreja Ortodoxa Russa. Muitos acreditam que foi a desilusão do rei por não ver o casamento foi grande.

Uma das filhas de Cristina, a condessa Leonora Christina, ficou conhecida por levar um dia a dia aventuroso por todo o mundo, tendo acabado por ficar presa durante décadas. A publicação póstuma das suas memórias contribuiu ainda mais para a sua lenda e a obra é considerada um dos primeiros exemplos de prova escandinava e de literatura feminista. Apesar da agitação no casamento dos pais e dos conflitos com os seus irmãos e cunhados, segundo as suas memórias, a infância, juventude e primeiros anos de casada de Leonor foram felizes.

Separação editar

 
Ellen Marsvin, mãe de Cristina.

Quando a saúde do rei começou a piorar em 1625, o casamento foi piorando.

Em 1627, Cristina apaixonou-se por um capitão de cavalaria alemão que estava ao serviço do seu marido chamado Otto Ludwig von Salm-Kyrburg. O casal alegadamente encontrava-se em Funen , Kronborg e Copenhaga. Eventualmente o rei descobriu que a sua esposa estava a ter um caso amoroso e não aceitou a filha mais nova dela como sua, chamando-lhe “Senhora dos Restos”. Acusou Cristina de adultério, bruxaria e de manter contacto com um feiticeiro em Hamburgo.[2]

A mãe de Cristina tentou acalmar a indignação do seu genro para impedir que ele tivesse alguma atitude vingativa que pusesse em causa a influência da sua família na corte e uma das suas sugestões foi a de que Cristiano tivesse uma aventura com Vibeke Kruse, uma dama-de-companhia da sua filha. Apesar do rei ter tido filhos com Vibeke (que mais tarde se tornariam adversários políticos dos filhos e genros de Cristina), Cristiano acabou mesmo por se divorciar de Cristina em 1629, dando como motivo adultério, e exilou-a na Jutlândia.

Cristina recusou-se a admitir que tinha cometido adultério. Depois de um interrogatório foi presa em Stjernholm e, em 1637, passou a estar sob prisão domiciliária em Boller até 1646. Terá sido Vibeke Kruse a encorajar o rei a ser tão severo com a sua antiga esposa. Contudo, Cristina nunca passou por nenhum julgamento, apesar de o rei ter ameaçado várias vezes fazê-lo. Tinha uma boa relação com os seus filhos e com os genros que tentaram por várias vezes interceder em seu favor junto do rei. Em 1647 conseguiram convencê-lo a acabar com a sua prisão domiciliária.

Últimos Anos editar

No seu leito de morte em 1648, Cristiano mandou-a chamar, mas quando Cristina chegou ele já estava morto. Após a morte do rei, Cristina e os seus filhos conseguiram banir Vibeke Kruse da corte e também conseguiram legalizar o casamento, fazendo assim com que os filhos do rei e Cristina se tornassem legítimos.

O Partido dos Genros falou em seu nome em questões políticas entre 1648 e 1651 e, quando caíram do poder, Cristina apoiou o seu genro Corfitz Ulfeldt. Ulfeldt e a esposa apoiaram a Suécia e acredita-se que Cristina terá financiado a invasão do rei Carlos X da Suécia à Dinamarca. Morreu durante a ocupação sueca e recebeu um funeral pomposo em Odense.

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Cristina Munk

Referências

  1. a b Huberty, Michel; Alain Giraud, F. and B. Magdelaine (1994) (em francês). L'Allemagne Dynastique Tome VII Oldenbourg. França. pp. 54–55. ISBN 2-901138-07-1.
  2. Alf Henrikson: Dansk historia (História da Dinamarca) 1989 (em sueco)
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Kirsten Munk», especificamente desta versão.