Cromoblastomicose

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Cromoblastomicose (também conhecida como cromomicose,[1] cladosporiose,[1] doença de Fonseca,[1] doença de Pedroso,[1] feosporotricose,[1] ou dermatite verrucosa[1]) é uma infecção fúngica de longa duração da pele[2] e do  tecido subcutâneo[3] A infecção ocorre mais comumente em climas tropicais e subtropicais, normalmente na zona rural. Ela pode ser causada por diversos tipos de fungos, que implantam-se abaixo da pele, frequentemente após lesões com farpas e espinhos. A cromoblastomicose espalha-se lentamente, é raramente fatal e geralmente apresenta um bom prognóstico, mas pode ser de difícil cura. O efeito estético da doença também é relevante, podendo afetar as relações sociais do paciente.

Cromomicosis
Cromoblastomicose
Cultivo de Fonsecae pedrosoi extraído de uma cromomicose subcutânea.
Sinónimos Cromoblastomicosis
Especialidade infecciologia, dermatologia
Classificação e recursos externos
CID-10 B43
CID-9 117.2
CID-11 1438584733
DiseasesDB 29799
eMedicine 1092695
MeSH D002862
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Causas editar

A cromoblastomicose tem origem em pequenos traumas na pele, normalmente por materiais "vegetativos", como farpas e espinhos, que implantam o fungo no tecido subcutâneo. Em diversos casos, o paciente não percebe nem lembra o trauma inicial, devido à evolução lenta dos sintomas. Os fungos que causam mais frequentemente cromoblastomicose são: 

Sinais e sintomas editar

 
As blastomicoses podem formar placas verrugosas, escamosas, avermelhadas ou roxas ou grandes nódulos com cicatrizes amareladas.

Meses ou anos após a infecção inicial uma pápula avermelhada aparece na pele no local de inoculação, podendo se espalhar pelo sangue ou via linfática. Múltiplos nódulos podem aparecer no mesmo membro ou pode formar uma grande placa roxa áspera e irregular. Infecções bacterianas secundárias podem também ocorrer, causando, as vezes, obstrução linfática. Dependendo do fungo causador a lesão pode gerar cicatrizes, úlceras ou verrugas, atróficas, assimétricas, branco-amareladas com aparência de "couve-flor". São resistentes a vários antibióticos e antifúngicos e podem se espalhar para os ossos deformando os membros.[9]

Diagnóstico editar

O teste mais informativo fazer um raspado e adicionar Hidróxido de Potássio (KOH), observando sob o microscópio (Raspados em KOH são frequentemente utilizados para analisar infeccções fúngicas), com identificação de Corpos Escleróticos ou Corpos Fumagoides. O raspado pode ser também cultivado em Ágar Sabouraud para identificação do organismo envolvido.

Fonsecaea sp - tipo cladospório, rinocladiela / fialófora

Cladosporium sp - conidiação acrógena, conídios em cadeia

Rhinocladiella sp - conidiação acropleurótica

Phialophora sp - conidiação a partir de conidióforo em forma de “vaso”

Histologicamente, a cromoblastomicose manifesta-se como leveduras pigmentadas semelhantes a "moedas de cobre". Colorações especiais, como o uso de ácido periódico de Schiff ou a coloração de Gomori-Grocott de impregnação por prata podem ser usados para elucidar o microorganismo envolvido.

Epidemiologia editar

É mais comum em áreas tropicais e subtropicais, em ambientes rurais, afetando geralmente os pés ou pernas de pessoas que andam sobre a terra e plantas sem calçado rotineiramente. F. pedrosoi é comum em florestas úmidas e C. carrionii em climas secos. Quase todos os casos são na América, sendo endêmica no Brasil e Caribe, e raro em outros continentes.[10]

Tratamento editar

A cromoblastomicose é de difícil cura. Os tratamentos de escolha primários são[11]:

Outras opções de tratamento são a droga antifúngica terbinafina,[12] a droga experimental posaconazol, e terapia de calor.

anfotericina B pode, eventualmente, ser usada também.[13]

História editar

O agente causador da cromomicose mais comum, o fungo Fonseca pedrosoi, foi descrito em 1922 em São Paulo por Fonseca Pedroso, após 10 anos acompanhando casos da doença.[14]

Notas

Referências

  1. a b c d e f Rapini, Ronald P.; Bolognia, Jean L.; Jorizzo, Joseph L. (2007). Dermatology: 2-Volume Set. St. Louis: Mosby. ISBN 1-4160-2999-0 
  2. chromoblastomycosis em Dicionário Médico de Dorland
  3. López Martínez R, Méndez Tovar LJ (2007). «Chromoblastomycosis». Clin. Dermatol. 25 (2): 188–94. PMID 17350498. doi:10.1016/j.clindermatol.2006.05.007 
  4. Bonifaz A, Carrasco-Gerard E, Saúl A (2001). «Chromoblastomycosis: clinical and mycologic experience of 51 cases». Mycoses. 44 (1-2): 1–7. PMID 11398635. doi:10.1046/j.1439-0507.2001.00613.x [ligação inativa]
  5. de Andrade TS, Cury AE, de Castro LG, Hirata MH, Hirata RD (março de 2007). «Rapid identification of Fonsecaea by duplex polymerase chain reaction in isolates from patients with chromoblastomycosis». Diagn. Microbiol. Infect. Dis. 57 (3): 267–72. PMID 17338941. doi:10.1016/j.diagmicrobio.2006.08.024 
  6. Park SG, Oh SH, Suh SB, Lee KH, Chung KY (março de 2005). «A case of chromoblastomycosis with an unusual clinical manifestation caused by Phialophora verrucosa on an unexposed area: treatment with a combination of amphotericin B and 5-flucytosine». Br. J. Dermatol. 152 (3): 560–4. PMID 15787829. doi:10.1111/j.1365-2133.2005.06424.x [ligação inativa]
  7. a b http://www.guia.reviberoammicol.com/Capitulo2.pdf
  8. Attapattu MC (1997). «Chromoblastomycosis--a clinical and mycological study of 71 cases from Sri Lanka» (PDF). Mycopathologia. 137 (3): 145–51. PMID 9368408. doi:10.1023/A:1006819530825 
  9. http://emedicine.medscape.com/article/1092695-clinical#b4
  10. BURSTEIN A, Zuño. Cromomicosis: Clínica y tratamiento; situación epidemiológica en Latinoamérica. Rev. perú. med. exp. salud publica [online]. 2004, vol.21, n.3 [citado 2015-09-17], pp. 167-175 . Disponible en: <http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1726-46342004000300008&lng=es&nrm=iso>. ISSN 1726-4634.
  11. http://emedicine.medscape.com/article/1092695-treatment
  12. Bonifaz A, Saúl A, Paredes-Solis V, Araiza J, Fierro-Arias L (fevereiro de 2005). «Treatment of chromoblastomycosis with terbinafine: experience with four cases». J Dermatolog Treat. 16 (1): 47–51. PMID 15897168. doi:10.1080/09546630410024538 
  13. Paniz-Mondolfi AE, Colella MT, Negrín DC; et al. (março de 2008). «Extensive chromoblastomycosis caused by Fonsecaea pedrosoi successfully treated with a combination of amphotericin B and itraconazole». Med. Mycol. 46 (2): 179–84. PMID 18324498. doi:10.1080/13693780701721856 
  14. http://www.emedicine.com/derm/topic855.htm