Cuberdon, também conhecido como neuzeke, tsoepke, tjoepke, Gentse neus ou topneus, é uma bala em formato de cone típica do Flandres Oriental, na Bélgica.

Cuberdon
Cuberdon
Categoria Bala
País Bélgica
Região Flandres Oriental
Ingrediente(s)
principal(is)
Goma arábica, açúcar, aroma de framboesa
Receitas: Cuberdon   Multimédia: Cuberdon

Na Bélgica francófona, o doce também é conhecido como chapeau de curé ("chapéu de pastor"). As balas tem uma cor arroxeada, cerca de 2,5cm de largura e um peso de 10 a 18 gramas. O exterior é duro, mas o recheio é gelatinoso. O cuberdon tem um prazo de validade que dura cerca de três semanas, após as quais o açúcar do interior começa a cristalizar. Devido a essa vida útil limitada, o cuberdon não é exportado e, portanto, está disponível quase que exclusivamente na Bélgica.[1]

História editar

 
Um cuberdon cortado ao meio.

Segundo a tradição, a receita do cuberdon foi descoberta por acidente pelo farmacêutico de Gante De Vynck, em 1873.[2][3] Para aumentar a vida útil dos medicamentos, muitos medicamentos eram transformados em xarope no final do século XIX. Quando o farmacêutico examinou uma preparação falhada após alguns dias, ele descobriu que ela havia formado uma crosta no exterior, mas o interior ainda estava líquido. Com essa descoberta, surgiu a idéia de comercializar o preparado na forma de um bombom.[4][5]

Um episódio jurídico envolvendo o cuberdon ocorreu em Gante, no início de 2015, e ficou conhecido pelo nome neuzekesoorlog (guerra dos neuzekes). Dois vendedores de cuberdon da cidade, que já tinham tido suas licenças para a venda do produto suspensas em 2011, entraram em conflito judicial quando um deles chamou o produto do concorrente de "gosma química". O juiz condenou o infrator a uma multa de 1000 euros por violação encontrada.[6] Em 2017, este mesmo vendedor foi filmado por turistas enquanto insultava racialmente seu concorrente. Como resultado, ele foi condenado a dois meses de prisão por racismo.[7]

A receita é reconhecida como um produto típico pelo governo do Flandres.

Características editar

 
Cuberdons em diversos sabores, à venda em um mercado no Brabante Valão.

Os cuberdons são preparados com goma arábica. Durante a Segunda Guerra Mundial, esse produto parou de estar disponível na Europa, e os cuberdons foram esquecidos. Somente em 1946, após o fim da guerra, o produto foi reintroduzido na Bélgica, o que permitiu que a produção do cuberdons fosse retomada por vários confeiteiros no país. A confeitaria reconhecida por produzir os cuberdons há mais tempo iniciou a confeccionar a receita em 1954.[4]

A versão clássica tem sabor de framboesa. Entretanto, hoje em dia existem dezenas de variações de sabores disponíveis no mercado, que se baseiam em outros xaropes e aromatizantes. Entre esses sabores, há morango, limão, anis e zimbro.[8][9]

Ao longo das décadas, os cuberdons passaram a também serem utilizados como ingredientes na preparação de receitas, como bolos, flans e sorvetes, e até mesmo como aromatizantes para bebidas alcóolicas.[10][11]

Preparação editar

O ingrediente base da receita é a goma arábica. São adicionados açúcar e xarope de framboesa, que pode ter aroma natural ou artificial.[12][13] O xarope é preparado e despejado em fôrmas cobertas com uma camada de amido; essas formas são levadas ao forno onde são assadas em baixa temperatura por um longo período de tempo, que pode durar até uma semana.[12]

Referências

  1. «De cuberdon en ander Gentse snoepen». Knusse Huis (em neerlandês). 9 de dezembro de 2018. Consultado em 25 de junho de 2020 
  2. «TV-Review: Drie generaties». HUMO. 26 de outubro de 2011 
  3. «Drie Generaties». Canvas.be. Consultado em 25 de junho de 2020 
  4. a b «Cuberdons». www.streekproduct.be (em neerlandês). Consultado em 25 de junho de 2020 
  5. Vissers, Bret (28 de janeiro de 2018). «Cuberdon of Gentse neus». streekproduct.streekmarkt.be. Streekmarkt. Consultado em 25 de junho de 2020 
  6. de Troyer, Erik (28 de março de 2015). «Verwijt kost geuzenverkoper 1000 euro». HLN.be. Consultado em 25 de junho de 2020 
  7. Terryn, Lieselot (14 de março de 2019). «Gentse "neuzekesoorlog" leidt tot celstraf met uitstel». vrtnws.be (em neerlandês). VRT News. Consultado em 25 de junho de 2020 
  8. «Cuberdons». Confiserie Geldhof (em neerlandês). Consultado em 25 de junho de 2020 
  9. Bex, Stephanie (10 de janeiro de 2016). «We doen van neuzeneuzeke!». Koken op hakken (em neerlandês). Consultado em 25 de junho de 2020 
  10. «Cuberdon jenever zelf maken». Ongewoon Lekker. 19 de dezembro de 2019 
  11. «Cuberdonijs met gelei van framboos en blanc manger met citroen». www.streekproduct.be (em neerlandês). Consultado em 25 de junho de 2020 
  12. a b «Het geheime recept». HLN. 16 de agosto de 2014. Consultado em 25 de junho de 2020 
  13. «Wat geeft cuberdons die typische smaak?». Dagelijkse Kost (em neerlandês). Consultado em 25 de junho de 2020