Dinastia Shilahara

dinastia medieval do norte do Concão, Índia

A dinastia Shilahara, também conhecida como Silhara, Sinhara, Shilahara, Shailahara, Shrilara e Silara, foi um clã feudal de rajaputes que governou o o Concão e o sul de Maarastra, nomeadamente a região onde se situa atualmente a cidade de Bombaim, na costa noroeste da Índia, entre 810 e 1240, segundo outros autores). Estabeleceram-se na região durante o período Rastracuta, tornando-se depois independentes.

Dinastia Shilahara

Shilahara • Silhara • Sinhara • Shilahara • Shailahara • Shrilara • Silara

c. 800 — c. 1265 
Continente Ásia
Região Norte do Concão
País atual  Índia

Forma de governo monarquia
Rei
• c. 800  Kapardin I

Período histórico Idade Média
• c. 800  Fundação
• c. 1265  Dissolução

Estava dividida em três ramos, um que reinou no norte do Concão, outro no sul do Concão (entre 765 e 1029) e um terceiro que reinou no que são atualmente os distritos de Satara, Colhapur e Belgaum entre 940 e 1215, tendo sido conquistado pelos Chaluquias ocidentais.[1][necessário esclarecer][nt 1]

História editar

Todos os ramos se reclamavam descendentes de um personagem da mitologia hindu - Jimutavana, um príncipe Vidyadhara. Jimutavana sacrificou-se a si próprio para resgatar um dragão (naga) das garras de Garuda. O nome de família Shilahara, que significa "comida de pico de montanha" em sânscrito), supostamente tem origem neste incidente lendário. O nome aparece sob várias formas e há inclusivamente inscrições em que é usada mais do que uma; uma inscrição apresenta três: Silara, Shilara e Shrillara.[carece de fontes?]

Segundo alguns autores,[quem?] os Shilaharas seriam de origem afegã, pois até hoje subsiste no Afeganistão uma etnia com nome semelhante, os Silar Cafires, mas o termo "Ayya" usado nos nomes de quase todos os ministros Shilahara e os nomes não-sânscrito de alguns dos chefes,[2] como Vappuvanna, podem suportar a teoria de que eram de origem canada.[3]

A dinastia começou por ser vassala do Império Rastracuta que reinou no planalto do Decão entre os séculos VIII e X. O rei Rastracuta Govinda II (r. 774–780) deu a Kapardin I, o fundador da dinastia Shilahara, os territórios do norte do Concão (os atuais distritos de Tana, Bombaim e Raigad). Desde então o Norte do Concão passou a ser conhecido como Kapardi-dvipa or Kavadidvipa. Kapardin I, cujo nome significa "usar kaparda", um tipo peculiar de tranças ou caracóis do cabelo que também é uma designação do deus hindu Xiva, teve a sua capital em Puri, atualmente chamada Rajapur, no distrito de Raigad. A dinastia ostentou o título de Tagara-puradhishvara, o que indica que era originária de Tagara, a moderna Ter do distrito de Osmanabad.[carece de fontes?]

Aproximadamente em 1343, a ilha de Salsete e depois todo o arquipélago de Bombaim passou para as mãos dos Muzafáridas.[carece de fontes?]

Os Shilaharas do sul de Maarastra, em Colhapur, foram o último ramo a ser fundado, aproximadamente na época da queda do Império Rastracuta. Governaram entre 765 e 1020.[2]

Monarcas Shilahara do norte do Concão (ramo de Tana) editar

Após o enfraquecimento do poder dos rastracutas, o último governante conhecido desta família, Rataraja, declarou a sua independência. No entanto, Chaluquia Jaiasima, o irmão mais novo de Vikramaditya, derrubou-o e apropriou-se das suas possessões. O Concão do Norte foi conquistado pelo rei Rastracuta Dantidurga, no segundo quartel do século VIII.[4]

  • Kapardin I (800–825)
  • Pullashakti (825–850)
  • Kapardin II (850–880)
  • Vappuvanna (880–910)
  • Jhanjha (910–930)
  • Gogiraja (930–945)
  • Vajada I (945–965)
  • Chadvaideva (965–975)
  • Aparajita (975–1010)
  • Vajada II (1010–1015)
  • Arikesarin (1015–1022)
  • Chitaraja (1022–1035)
  • Nagarjuna (1035–1045)
  • Mumuniraja (1045–1070)
  • Ananta Deva I (1070–1127)
  • Aparaditya I (1127–1148)
  • Haripaladeva (1148–1155)
  • Mallikarjuna (1155–1170)
  • Aparaditya II ( 1170–1197)
  • Ananta Deva II (1198–1200)
  • Keshideva II (1200–1245)
  • Ananta Deva III (1245–1255)
  • Someshvara (1255–1265)

Monarcas Shilahara do sul do Concão editar

A história deste ramo da dinastia é conhecido através de um registo nas placas de Kharepatan de Rataraja, datadas de 1008. Rataraja foi o último governante da dinastia. Aquele documento é muito importante pois não só informa sobre a genealogia dos dez antecessores de Rataraja mas também relata os seus feitos. O fundador do ramo, Sanaphulla (ou Sana-phulla),era vassalo do imperador Rastracuta Krishna I (r. ca. 756–774), que tinha estabelecido o seu domínio sobre o Concão em 765, que possivelmente entregou a Sanaphulla. As placas de Kharepatan relatam que Sanaphulla recebeu a suserania sobre os territórios entre o monte Sahya (Gates Ocidentais) e o mar como favor de Krisnaraja.[carece de fontes?]

Sabe-se que filho de Sanaphulla, Dhammayira, construiu um forte em Vallipattana, na costa ocidental. Aiyaparaja venceu uma batalha em Chandrapuri (Chandor, Goa). Durante o reino de Avasara I não ocorreu qualquer acontecimento digno de nota. O seu filho Adityavarman, descrito como "brilhante como o sol" em valentia, ofereceu ajuda aos reis de Chandrapuri e Chemulya (moderna Chaul), 45 km a sul de Bombaim, o que indica que a influência dos Shilaharas se tinha expandido por todo o Concão. Nesta altura, Laghu Kapardi, o monarca do ramo de Tana, era apenas uma criança e a ajuda dada ao governante de Chaul deve ter sido financiada por ele. Avasara II continuou a política do se pai.[carece de fontes?]

Bhima, filho de Indraraja, é apresentado como Rahuvadgrasta Chandramandala por ter derrubado o governante titular de Chandor. Nesse tempo, o soberano Sasthadeva, da dinastia Cadamba, e o seu filho Chaturbuja tentavam derrubar o domínio Rastracuta. Isto explica a oposição de Bhima a Chandor. Avasara III reinou num período turbulento, mas não parece ter sido interventivo. Por fim, Rataraja, leal aos Rastracutas, foi compelido a mudar a sua aliança para Tailapa II.[carece de fontes?] Pouco depois das placas terem sido escritas, em 1008, o domínio do Concão passou para os Chaluquias ocidentais.[5]

  • Sanaphulla (765–795)
  • Dhammayira (795–820)
  • Aiyaparaja (820–845)
  • Avasara I (845–870)
  • Adityavarma (870–895)
  • Avasara II (895–920)
  • Indraraja (920–945)
  • Bhima (945–970)
  • Avasara III (970–995)
  • Rataraja (995–1020)

Shilaharas do sul de Maarastra (ramo de Colhapur) editar

A família Shilahara de Colhapur foi a última das três a formar-se, aquando da queda do Império Rastracuta. Governou sobre o sul de Maarastra, naquilo que atualmente são os distritos de Satara, Colhapur e Belgaum. A deusa da família era Mahalakshmi, cuja benção clamavam ter assegurado nas ofertas de placas de cobre (Mahalakshmi-labdha-vara-prasada). Como os seus familiares do norte do Concão, os Shilaharas de Colhapur reclamavam-se descendentes de Vidiadara Jimutavana e usavam um estandarte com um Garuda dourado. Um dos muitos títulos que usaram foi Tagarapuravaradhisvara (soberano supremo de Tagara).[6]

A primeira capital destes Shilaharas foi provavelmente em Karad, durante o reinado de Jatinga II.[4] Por isso são também referidos como Shilaharas de Karad.> Mais tarde a capital foi transferida para Colhapur, mas algumas inscrições mencionam Valavada e o forte de Pranalaka ou Padmanala (Panhala) como locais da residência real. Apesar de ter deixado de ser capital, Karad continuou a ser uma cidade importante durante o período Shilahara.[carece de fontes?]

Este ramo da família ascendeu ao poder durante a última parte do período rastracuta e por isso, ao contrário dos reis dos outros ramos, os reis Shilaharas de Colhapur não mencionam na sua genealogia a dos Rastracutas, nem sequer nas inscrições mais antigas. Mais tarde reconheceram a suserania dos Chaluquias ocidentais durante algum tempo. Usaram o canarês como língua oficial, como se pode ver nas suas inscrições. Este ramo da dinastia governou o sul de Maarastra aproximadamente entre 940 e 1220.[carece de fontes?]

Aparentemente, Boja II, o último monarca da sua família, foi derrubado pelo rei Iadava Singana II em 1119, 1120 ou pouco depois disso, conforme consta numa inscrição de Singhana datada de 1160.[7]

  • Jatiga I (940–960)
  • Naivarman (960–980)
  • Chandra (980–1000)
  • Jatiga II (1000–1020)
  • Gonka (1020–1050)
  • Guhala I
  • Kirtiraja
  • Chandraditya
  • Marsimha (1050–1075)
  • Guhala II (1075–1085)
  • Boja I (1085–1100)
  • Ballala (1100–1108)
  • Gonka II
  • Gandaraditya I (1108–1138)
  • Vijayaditya I (1138–1175)
  • Boja II (1175–1212)

Monumentos editar

Notas editar

  • Texto inicialmente baseado na tradução do artigo «Shilahara» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).
  1. É comum considerar-se que as dinastias chaluquias desapareceram no século VIII (ou, no caso dos Chaluquias ocidentais ou de Vengi, no final do século XII), o que contradiz esta afirmação de que os Shilahara foram derrotados pelos chaluquias depois de 1215.

Referências

  1. «History – ancient period» (em inglês). Nasik District Gazetteers. Gazetteers Department, Government of Maharashtra. 2000. Consultado em 17 de dezembro de 2016. Cópia arquivada em 24 de fevereiro de 2011 
  2. a b Tahne District Gazetteers (em inglês), Gazetteers Department, Government of Maharashtra, 1982 
  3. Narasimhacharya, Ramanujapuram (1990), History of Kannada Language, ISBN 9788120605596 (em inglês), Asian Educational Services, pp. 46–49, consultado em 17 de dezembro de 2016 
  4. a b Gazetteers Department, Government of Maharashtra (em inglês), 2002 
  5. Kolaba District Gazetteers (em inglês), Gazetteers Department, Government of Maharashtra, 1964 
  6. Bhandarkar, R. G. (1957), Early History of Deccan (em inglês), Calcutá: Sushil Gupta Pvt 
  7. Fleet, J. F. (1896), The Dynasties of the Kanarese District of The Bombay Presidency (em inglês), Bombay Gazetteer 
  8. «Banganga, Shri Walkeshwar temple» (em inglês). www.gsbkonkani.net. Consultado em 17 de dezembro de 2016 
  9. «Worship of Lord Brahma, Part 34» (em inglês). www.harekrsna.com. Consultado em 17 de dezembro de 2016 
  10. «प्राचीन श्रीस्थानक ते आधुनिक ठाणे शहर» (em marata). Thane Municipal Corporation. Consultado em 17 de dezembro de 2016 

Bibliografia editar

  • Bhandarkar R.G. (1957): Early History of Deccan, Sushil Gupta (I) Pvt Ltd, Calcutta.
  • Fleet, J.F. (1896): "The Dynasties of the Kanarese District of The Bombay Presidency", written for The Bombay Gazetteer.
  • Department of Gazetteer, Govt of Maharashtra (2002): Itihaas : Prachin Kal, Khand -1 (Marathi)
  • Department of Gazetteer, Govt of Maharashtra (1960): Kolhapur District Gazetteer
  • Department of Gazetteer, Govt of Maharashtra (1964): Kolaba District Gazetteer
  • Department of Gazetteer, Govt of Maharashtra (1982): Thane District Gazetteer
  • A.S. Altekar (1936): The Silaharas of Western India.