Discussão:Brasões de antigos territórios portugueses

Brasão de Alagoas editar

Eu realmente acredito que os três peixes no brasão alagoano sejam em referência ao martírio de D. Pedro Sardinha, primeiro bispo no Brasil. O episódio, ocorrido ainda no século XVI, em litoral alagoano, serviu para iniciar verdadeira guerra entre portugueses e indígenas locais, mormente os caetés. Também, o antigo brasão alagoano lembra o brasão da família Sardinha. O nome do Estado, Alagoas, provém do antigo nome da cidade de Marechal Deodoro, que, em 1611, foi denominada Vila de Madalena, e, só em meados do século XVIII, foi elevada a Alagoas do Sul. As três lagoas citadas, Mundaú, Manguaba e Jequiá, não representavam relevância econômica à época, e em verdade subdividem-se em dezenas de lagunas e canais.

A interpretação de que os peixes seriam tainhas a representar essas três lagoas advém do período republicano, à recriação do brasão estadual. Da mesma forma que ocorreu com a bandeira nacional do Brasil, é muito provável que o significado dos símbolos tenha sido alterado. Se é certo que esse brasão já era de relevo à invasão holandesa, em meados do século XVII, decerto seu significado pouco tem a ver com o nome da região, Alagoas, e muito menos com essas três lagoas ao sul.

Outra explicação, a relação dos três peixes com as três prováveis vilas da região - Alagoas do Sul (à época, Madalena), Penedo e Porto Calvo -, também não confere. Tendo-se como referência o mesmo período da invasão holandesa, se verdade, as três cidades haviam a pouquíssimo tempo sido elevadas a vila (entre 1611 e 1630), tendo sido até então algo como freguesia, povoado ou vilarejo, o que não lhes conferiria relevância suficiente para figurar em brasão que, à época, já vigorava - até porque na altura existiam outros tantos vilarejos no entorno. --Tonyjeff ¿Uíqui-o-quê? 13h35min de 2 de Maio de 2008 (UTC)


Tonyjeff, Seria até mais romântico, mais interessante essa história do bispo Sardinha...mas é completamente sem nexo...brasões são feitos em cima de algo que indica a origem populacional do local em questão. Se fosse isso do bispo Sardinha, o brasão teria a figura de um bispo, ou coisa do tipo.

O significado é sim o das três tainhas, igual ao do atual brasão, por um motivo muito simples...quando você reforma um brasão, não se pode jogar fora o símbolo anterior...ele deve estar presente de alguma forma no novo modelo. Exemplos não faltam: o brasão de Portugal, o de Nova Iorque, o da cidade de São Luís-MA, o de Jakarta, Indonésia...observe todos eles....aquilo que aparece no núcleo de cada um deles é o brasão na sua forma inicial, primitiva. E o autor do atual brasão de Alagoas acertou, pois seguiu o mesmo raciocínio. Aqueles três peixes que aparecem no brasão atual fazem referência aos três desse brasão dos tempos coloniais. Do mesmo modo, os brasões do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Paraíba, deveriam trazer em seus brasões símbolos que lembrassem esses primeiros brasões. Não o fazem, portanto, cometem um erro de heráldica.

Quanto ao significado do brasão do estado da Bahia, aquela descrição que você apagou era a que constava do livro do qual eu tirei esta versão para a wikipédia. Mas é muito simples. Como eu expliquei acima, o brasão da cidade de Salvador está fazendo alusão a esse antigo brasão do estado. É só encontrar a descrição do brasão de Salvador, e você encontrará também a descrição deste da Bahia.

Emerson

Caro Emerson;
seria até mais fácil, mais prático, essas histórias que copia do primeiro livro de brasão que encontra nas bancas, ou no manual de educação moral e cívica que lhe entregam no pré-primário. Porém, há que se refletir sobre os símbolos. É pródigo da República aproveitar de antigos símbolos, adulterando seus significados, como no brasão baiano, no alagoano e, pasme, no brasileiro.
Se a história do bispo não faz sentido, muito menos a das "tainhas", que representavam lagoas que, misturadas a tantas outras, não se dava a mínima, ou a três aldeias que, como tantas outras, estavam perdidas no sertão, e mais ainda ao nome "Alagoas", criado séculos depois do brasão.
Se isso não faz sentido, muito menos atribuir o símbolo baiano à "pombinha da paz", visto que nada tem a ver a fundação de Salvador com o estabelecimento da paz - muito pelo contrário.
Agora, o que menos faz sentido de tudo, é atribuir "erro" à heráldica, pretendendo ser o que não é. Quanto à obrigatoriedade de figurar um "bispo" no caso alagoano, se referente ao Sardinha, isso sim, faz sentido... sentido algum. --Tonyjeff ¿Uíqui-o-quê? 00h44min de 4 de Maio de 2008 (UTC)


Bem, Tonyjeff,

O livro do qual eu tirei essa descrição do brasão baiano é do século XVIII. Se há alguma fonte melhor que essa, estou aguardando... Quanto ao brasão de Alagoas, afirmar que não davam a mínima é também desconsiderar o trabalho do autor do atual brasão, pois é o contrário do que ele pensa. Se assim não fosse, não havia de incluir as três tainhas no brasão atual...se elas estão lá, é porque importância tinham sim esses três cursos d´água...senão no aspecto de tamanho, pelo menos no aspecto do estabelecimento dos primeiros núcleos de povoação da região. E isso sim dá motivo para criação de um brasão. Um símbolo que remeta aos primeiros núcleos de povoação de Alagoas. E eu não estou falando de apropriação republicana de símbolos....essa não é a questão...estou falando de heráldica...vá em qualquer site explicando a evolução do brasão de Portugal, e você entenderá o que digo...o caso de Alagoas é exatamente o mesmo. Emerson

Emerson, poderia, por favor, dizer-me título e autor do livro de que tira o significado (e não a descrição) desses brasões coloniais? Quanto às observações que fiz, também são referentes à heráldica, da qual me considero, ao mínimo, entusiasta. Veja que mesmo o brasão português, inserido em ordem política relativamente estável nos últimos 500 anos, possui divergências quanto a seus significados. --Tonyjeff ¿Uíqui-o-quê? 20h59min de 4 de Maio de 2008 (UTC)


Tonyjeff, Eu lhe asseguro que sou mais que entusiasta de heráldica. E quanto ao brasão de Portugal, me refiro a TODA evolução do brasão, desde os tempos de criação do estado português, quando o brasão do condado portucalense consistia apenas dos escudos com as quinas em campo branco (prata). Alagoas segue o mesmo raciocínio. A bibliografia é a mesma que consta no registro de criação das versões aqui da Wikipédia: Afonso Dornellas, Brasões das Villas e Cidades de Portugal, circa fins do século XVIII, e Almeida Langhans, in "Armorial do Ultramar Português; Agência Geral do Ultramar, 2 vols. 1966;
Nos dois livros você encontra as imagens e descrições que venho adicionando aqui. Os mais antigos estão no livro referenciado no brasão do Brasil (Estado do Brasil). Emerson

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