Discussão:Cabril (Montalegre)

A Freguesia de Cabril é actualmente constituída por 15 aldeias, de povoamento concentrado onde habitam aproximadamente 900 habitantes. É uma das mais belas inserida no parque nacional do Gerês. Fica situada nas margens do cávado, albufeira de verde azul de Salamonde e no sopé das fragosas penedias da serra do Gerês. Freguesia antiga, mediaval, com pequenas aldeias de uma vida pastoril sossegada, tem também uma riqueza multifacetada. A paisagem oferece aos olhos os mais belos quadros... Aqui também se verificou, inevitavelmente, o êxodo rural, umbilicalmente ligado à procura de melhores condições de vida. No início desta freguesia, permanece o rasto histórico da existência de povoamentos pré-romanos como os Turodos, Esquesos e Nemetanos, povos que se dedicavam quase exclusivamente à pastorícia com a criação de cabras, o que daria o nome a Cabril.

Assim sendo, e segundo os historiadores, era o gado que abastecia toda esta região, continuando ainda nos dias de hoje a existir. Com a derrota dos Lusitanos (povos que habitavam a Península Ibérica sob o comando do pastor Viriato), Roma conseguiu o domínio total da Península Ibérica e de todos os povos e povoados Os habitantes das "tribos" derrotadas, foram escravizados e integrados no Império Romano, apesar de terem tentado resistir aos senhores do Universo. Cabril não foi excepção e podemos ainda encontrar um dos vestígios mais visíveis dessa data, "a ponte velha" agora de difícil visibilidade visto que se encontra a maior parte do tempo submersa pela barragem de Salamonde.A ponte foi construída com o intuito de permitir a passagem entre as duas margens que se encontravam separadas por um riacho, mas que em dias de Inverno chegava a não permitir a passagem dado o caudal gerado. Importa pois, realçar o facto de que foram os Romanos os primeiros a unir a Freguesia de Cabril, povo este que era exímio na construção de vias terrestres, ligando assim todo o seu império.

A 8 Km de Cabril podemos encontrar um vestígio de grande importância, a "Ponte da Misarela", onde as tropas francesas de Napoleão em 1809, tiveram inúmeros problemas com os Barrosões. Encontra-se também neste local a estrada que ligava em tempos, Bracara Augusta a Áqua Flávia. Com o fim do Império em 476 D.C., Cabril continuou a ser ocupado, pois existem marcos dessa ocupação, a "cilha dos ursos". Construção circular em pedra que servia para pôr a salvo as colmeias de abelhas do ataque dos ursos. Esta construção tem muitos séculos, pois os ursos foram extinguidos do Gerês há quase 800 anos. Mais recentemente no século XVI, Cabril lançou para o mundo uma figura notável, João Rodrigues Cabrilho, natural do lugar de Lapela da casa do Americano que em 1542 ao serviço da armada Espanhola, comandou os navios "San Salvador" e "Victória", saindo do porto de Navidade em Espanha e descobrindo então a costa da Califórnia. Presentemente a vida rural ainda permanece bem enraizada, as vezeiras e as manadas de vacas, a vegetação sempre verde dos medronhos, azevinhos e teixos, fetos, lírios do Gerês, as suas fragas enormes de figuras ciclópicas, desafiando aventuras de águias, os corços, javalis e os garranos, saltando e correndo, disputam o território sagrado de uma serra que jura perpétuar a sua pureza ecológica… Cabril oferece-nos tudo isto, horas de regalar e comer com os olhos este misto de humano, animal e divinal da mãe natureza.

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