Domingos Ribeiro Cirne

Dr. e reverendo Domingos Ribeiro Cirne ( - Lisboa, 7 de Março de 1616) foi um clérigo e desembargador português.

Foi prior da Colegiada de Santarém e arcipreste da Sé de Braga.[1][2]

Terá sido nomeado Arcebispo de Goa que recusou e depois aceite o de Bispo de Elvas mas terá morrido antes de chegar a bula para a sua condução a esse lugar.[3]

Biografia editar

Em 1595, enquanto conservador das Ordens militares chegou a ser excomungado por D. Teotónio de Bragança, arcebispo de Évora, pois este considerava que as igrejas das Ordens também deviam contribuir com verbas para o seminário tridentino.[4]

Em 1606, é nomeado para cobrar as dívidas aos credores das monjas, comendadeiras espatárias (da Ordem de Santiago da Espada), de forma a garantir financiamento para a obra do seu novo recolhimento, o Mosteiro de Santos-o-Novo.[5]

Foi um dos deputados da Mesa da Consciência e Ordens que fez parte de uma junta que, em 24 de Outubro de 1612, se debruçou sobre o requerimento do Cabido de Lisboa para apurar se certos cavaleiros das ordens teriam de pagar ou não os dízimos por se dizerem isentos perante uma antiga regalia.[6]

Com ele terá surgido aquele que muitos anos mais será chamado Palácio Vila Flor, construído a partir das suas casas na Costa do Castelo, em Lisboa, que ele vinculou, por escritura de 8 de Janeiro de 1615, com reserva de usufruto e «Cabeça de morgado», para andarem unidas em tombo ao morgadio da Quinta da Caparica.[7] O seu conjunto passou a ser designado por "Morgado dos Peixotos Cirnes".[8]

Faleceu nesse seu palácio e foi sepultado na capela mor da Igreja de São Cristóvão, em Lisboa[9].

Era irmão de Lourenço Peixoto Cirne, capitão do Rio Grande, no Brasil.[10] Ambos filhos de Gaspar Rocha Peixoto, agente de D. João III de Portugal a Roma ao Papa Paulo III, que jaz na Colegiada de Viana do Castelo e de D. Maria Ribeiro Cirne, filha de Diogo Álvares Moniz e de Maria Álvares da Rua ou de Elena Cirne e João Ribeiro, o Velho.[2]

Referências

  1. Archivo e supplemento, por Augusto Romano Sanches de Baena e Farinha de Almeida Sanches de Baena (Visconde de), Typographia universal de T.Q. Antunes, 1873, pág. 121
  2. a b Felgueiras Gayo, «Nobiliário das Famílias de Portugal», Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989, vol. X, pg. 280 (Vilarinhos & 4 N 5)
  3. Collecciao dos Documentos, Estatutos, e Memorias da Academia Real da Historia Portugueza, Volume 2, P. da Sylva, 1722
  4. «As Ordens Militares e o clero secular no Sul de Portugal», por Fernanda Olival, Universidade de Évora, 15 de Julho de 2008[ligação inativa]
  5. Mosteiro de Santos-o-Novo / Recolhimento de Santos-o-Novo, SIPA
  6. Indice chronologico remissivo da legislação Portugueza: posterior à publicaçã̧o do codigo Filippino com hum appendice. Pt. 4, por João P. Ribeiro, 1807, p. 145
  7. Ali vivia já em 1612 e nesse prédio faleceu a 7 de Março de 1616 - in As Antigas Portas de S. Lourenço, da Alfofa e de S.to André, por Ferreira de Andrade, boletim Olisipo, ano III, n.º 89, Janeiro de 1960, Lisboa, pág. 33
  8. in Ação cível de libelo em que é autor Sebastião Pereira Cirne de Castro e ré Ana Joaquina de Abreu, O autor era "administrador do Morgado dos Peixotos Cirnes", instituído por Domingos Ribeiro Cirne, deputado da Mesa da Consciência e Ordens. - Cota: Feitos Findos, Correição Cível da Corte, mç. 11, n.º 2, cx. 11, ano 1800, Código de ref.: PT/TT/CCVC/C/0011/00002, Arquivo Nacional da Torre do Tombo
  9. As Antigas Portas de S. Lourenço, da Alfofa e de S.to André, por Ferreira de Andrade, boletim Olisipo, ano III, n.º 89, Janeiro de 1960, Lisboa, pág. 27, nota 55
  10. As Antigas Portas de S. Lourenço, da Alfofa e de S.to André, por Ferreira de Andrade, boletim Olisipo, ano III, n.º 89, Janeiro de 1960, Lisboa, pág. 33