Mexilhão-zebra
Dreissena polymorpha, conhecido pelo nome comum de mexilhão-zebra,[2] é um molusco bivalve de água doce nativo dos lagos do sudeste da Rússia, dos mares Negro, Cáspio e de Azov. Seu nome é devido à presença comum de listras em sua concha, embora não seja um padrão universal, pois o padrão de cor pode variar entre o preto, cores claras e nenhuma listra.[3] É frequentemente encontrado fixado em objetos, superfícies e até mesmo em outros mexilhões.[4] Foi descrita pelo zoologista russo Pallas em 1771, a partir de um espécime coletado no rio Ural em 1769.[5]
mexilhão-zebra Dreissena polymorpha | |
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Classificação científica | |
Nome binomial | |
Dreissena polymorpha Pallas, 1771[1] | |
Distribuição geográfica | |
Esta espécie foi introduzida acidentalmente em diversos países e é considerada uma espécie invasora que causa prejuízos à economia e à biodiversidade.
Características morfológicas
editarOs indivíduos são pequenos com tamanho variando entre 0,5 - 2,8 cm aproximadamente, sua concha tem o formato da letra D e a parte inferior achatada, além de ser extremamente afiada.[6] É capaz de fixar em várias superfícies, sendo comumente encontrado fixado em outros indivíduos formando grandes colônias de mexilhões.[4][7]
Ecologia
editarO Ciclo de vida é de cinco anos e a maturidade sexual é atingida aos dois anos em média. Sua reprodução é extremamente rápida, uma única fêmea é capaz de produzir entre 100000 e 500000 ovos, os quais se desenvolvem como forma de vida livre antes de formarem conchas. Após duas semanas desenvolvem filamentos, permitindo sua fixação em superfícies.[4] São excelentes filtradores, cada mexilhão-zebra é capaz de filtrar um litro de água por dia, removendo até partículas muito pequenas e com isso melhorando o aspecto geral da água.[8] Outra característica é a capacidade de sobreviver fora da água por dias, contanto que o ambiente seja úmido e frio.[9]
Espécie Invasora
editarO mexilhão-zebra já era uma espécie com grande sucesso reprodutivo em seu local de origem e não foi diferente nas localidades onde ele foi introduzido acidentalmente. Acredita-se que a introdução acidental tenha ocorrido nos lastros e cascos dos navios transatlânticos.[9][7] A grande capacidade de colonização de novos ambientes deve-se ao seu ciclo de vida curto e alta variabilidade genética.Sua introdução é extremamente prejudicial a ecossistemas já estabelecidos, uma vez que começa a competir com as espécies nativas, sendo que muitas dessas espécies não tem a condições de se adaptar as mudanças provocadas.[8]
Principais problemas
editarAs populações dessa espécies costumam ser numerosas, isso se deve muitas vezes a ausência de predadores nos ambientes colonizados. Mas também é resultante de características intrínsecas a espécie como taxas de crescimento e fecundação elevadas, além de uma grande tolerância a uma ampla variedade de condições ambientais.[10] Dessa forma é possível encontrar mexilhões-zebra encrustado nos motores e cascos das embarcações, rochas, boias, tubulações e qualquer outra superfície. Os barcos com mexilhões aderidos tem sua velocidade e manobrabilidade reduzidas, além de um acréscimo no consumo de combustível. Devido ao fato da concha do mexilhão ser bastante afiada muitos banhistas são feridos ao adentrar na água.[6]
Atualmente diversos países enfrentam problemas em seus sistemas de distribuição de água devido a aglomeração de mexilhões-zebra nos sistemas de captação de água para uso humano ou irrigação. Tamanha é a quantidade de indivíduos nos dutos, que os mesmos entopem frequência, o que tem causando prejuízos na casa dos milhões de dólares todos os anos.[11][12]
Localidades onde a espécie é encontrada
Principais formas de controle
editarOxidação Química
editarUso de compostos oxidantes como cloro, bromo, permanganato de potássio e ozônio. São extremamente eficientes, mas exigem reaplicações frequentes e causam dano em todo o ecossistema por não serem específicos à espécie.[13]
Remoção Mecânica
editarPode ser feita por raspagem, jatos de alta pressão ou jateamento de areia.[13]
Tratamento Térmico
editarÁgua aquecida a 35°C por duas horas possui uma taxa de remoção elevada, beirando os 100%. No entanto, a água aquecida afeta todo o ecossistema.[13]
Anti-incrustante
editarPigmentação anti-incrustante impede a adesão dos mexilhões na superfície, mas reduz a resistência da superfície.[13]
Magnetismo de Baixa Frequência
editarO magnetismo de baixa frequência impede a formação da concha do mexilhão-zebra. Devido a uma rápida perda de cálcio, o mexilhão morre devido a exposição.[13]
Pulsos Acústicos
editarAs vibrações causam stress aos mexilhões juvenis, além de impedirem a fixação na superfície.[14]
Luz UV
editarA luz ultra-violeta é recomendada para sistemas médios e pequenos. Causa a morte de mexilhões juvenis e também de mexilhões adultos desde que o tempo de exposição seja suficiente. Em aproximadamente duas horas 85% dos mexilhões são removidos. Apesar da eficiência possui custos elevados e caso a lâmpada se quebre ocorre a liberação de mercúrio na água.[15]
Tecnologia | Vantagens | Desvantagens |
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Oxidação Química | Amplamente utilizado na industria, facilidade de acesso. | Difícil utilização e monitoração, não seletivo, danoso a diversas
espécies marinhas. |
Remoção Mecânica | Simples e fácil de administrar, energeticamente eficiente. | Trabalho exaustivo, precisa ser executado com frequência para
manutenção dos resultados. |
Tratamento Térmico | Simples e de fácil implementação. | Causa danos ao ecossistema, precisa ser repetido duas vezes
ao ano. |
Anti-incrustante | Durabilidade, diversidade de opções para as mais diversas
superfícies. |
Em metais reduz a resistência a abrasão e corrosão. |
Magnetismo de baixa frequência | Grande eficiência, baixo custo de manutenção. Não causa
danos ao ecossistema. |
Dificuldade de implementação, alto consumo de energia, custos
elevados. |
Pulsos acústicos | Grande eficiência, não danoso ao ecossistema. | Dificuldade de implementação, alto consumo de energia, custos
elevados. |
Luz UV | Eficiente no controle. Alto nível de segurança. | Funcional apenas em sistemas menores, e em água com baixa
turbidez. |
Ligações externas
editarReferências
- ↑ «Dreissena polymorpha at Word Register of Marine Species (Em Inglês)». World Register of Marine Species. Consultado em 24 Fevereiro 2017
- ↑ Infopédia. «mexilhão-zebra | Definição ou significado de mexilhão-zebra no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 24 de junho de 2021
- ↑ «Mexilhão-zebra (Em Inglês)». Consultado em 25 de Fevereiro de 2017
- ↑ a b c «Dreissena polymorpha at NAS - Nonindigenous Aquatic Species (Em Inglês)». Consultado em 25 de Fevereiro de 2017
- ↑ «Dreissena polymorpha na Irlanda (Em Inglês)». Consultado em 25 de Fevereiro de 2017
- ↑ a b «Center for Invasive Species Research (Em Inglês)». Consultado em 26 de Fevereiro de 2017
- ↑ a b «Dreissena polymorpha at Department of Natural Resources (Em Inglês)». Consultado em 25 de Fevereiro de 2017
- ↑ a b «Hudson River Valley» (PDF). Consultado em 26 de Fevereiro de 2017
- ↑ a b Molloy, Daniel P.; Karatayev, Alexander Y.; Burlakova, Lyubov E.; Kurandina, Dina P.; Laruelle, Franck. «Natural enemies of zebra mussels: Predators, parasites, and ecological competitors». Reviews in Fisheries Science (em inglês). 5 (1): 27–97. doi:10.1080/10641269709388593
- ↑ Molloy, Daniel P.; Karatayev, Alexander Y.; Burlakova, Lyubov E.; Kurandina, Dina P.; Laruelle, Franck. «Natural enemies of zebra mussels: Predators, parasites, and ecological competitors». Reviews in Fisheries Science (em inglês). 5 (1): 27–97. doi:10.1080/10641269709388593
- ↑ Zebra mussels a 'threat to the water system' (em inglês), 1 de setembro de 2014, consultado em 1 de março de 2017
- ↑ «Water treatment plants battle zebra mussels» (em inglês). Consultado em 3 de março de 2017. Arquivado do original em 4 de março de 2017
- ↑ a b c d e f Davey, Peter (9 de maio de 2016). «How to effectively control zebra mussels». Environmental Science & Engineering Magazine (em inglês)
- ↑ Legg, M.; Yücel, M. K.; Garcia de Carellan, I.; Kappatos, V.; Selcuk, C.; Gan, T. H. (15 de julho de 2015). «Acoustic methods for biofouling control: A review». Ocean Engineering. 103: 237–247. doi:10.1016/j.oceaneng.2015.04.070
- ↑ «Zebra mussel (Dreissena polymorpha) control handbook for facility operators, first edition». acwc.sdp.sirsi.net (em inglês). Consultado em 3 de março de 2017