Diocese do Egito

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A Diocese do Egito foi uma diocese do período final do Império Romano que abrangia as províncias do Egito e Cirenaica. Ela estava subordinada à prefeitura pretoriana do Oriente e sua capital era Alexandria. Ao contrário das demais dioceses, que eram governadas por um vigário, no Egito o governador tinha o título único de prefeito augustal (praefectus augustalis, um homem espectável). Originalmente parte da Diocese do Oriente, o Egito foi separado em 381 e assim permaneceu até 535, quando a diocese foi abolida por Justiniano I. A região foi toda foi perdida definitivamente durante a conquista muçulmana do Egito na década de 640.

Dioecesis Aegypti
Διοίκησις Αἰγύπτου
Diocese do Egito
Diocese do(a) Império Romano
 
 
 
381535

Dioecesis Aegypti 400 AD-pt.svg
Diocese do Egito por volta de 400
Capital Alexandria
Líder Prefeito augustal

Período Antiguidade Tardia
381 Separada da Diocese do Oriente
535 Abolida por Justiniano I
640 Conquista muçulmana do Egito

SubdivisõesEditar

O Egito foi organizado como uma diocese separada em 381[1]. De acordo com a Notitia Dignitatum, que, no que se refere à porção oriental do império, data de c. 401, ela passou a ser governada por vigário da Prefeitura pretoriana do Oriente que tinha o título de prefeito augustal e incluía seis províncias:[2][3]:

Os atributos Jóvia (Iovia; "de Júpiter") e Hercúlia (Herculia; "de Hércules") eram referências aos tetrarcas Diocleciano e Maximiano respectivamente e foram posteriormente abandonados por causa de suas conotações pagãs.

Similar ao que ocorreu na administração civil, o exército romano no Egito também foi submetido a um único duque (dux Aegypti et Thebaidos utrarumque Libyarum) durante a Tetrarquia. Logo depois da criação da diocese (entre 384 e 391), posto já havia evoluído para o conde do limite do Egito (comes limitis Aegypti), diretamente responsável pelo Baixo Egito, enquanto que o seu subordinado, o duque da Tebaida (dux Thebaidis), estava encarregado do Alto Egito (Tebais). Na metade do século V, porém, este último foi também promovido ao cargo de conde (comes Thebaici limitis)[4]. Os dois eram responsáveis pelas tropas limítanes ("de fronteira") estacionadas na província e a situação perdurou até pelo menos o reinado de Anastácio, quando os comitatenses passaram para o comando do mestre dos soldados do Oriente (magister militum per Orientem) e os palatinos passaram a responder para dois mestres dos soldados na presença (magistri militum praesentales) em Constantinopla[5].

O conde do limite do Egito detinha grande poder e influência na diocese, rivalizando com o do próprio prefeito augustal. A partir do século V, o conde aparece exercendo também algumas funções civis também e, a partir de 470, os cargos de conde e prefeito augustal eram por vezes acumulados por uma mesma pessoa[6].

Esta tendência de unir a autoridade civil e militar foi finalmente formalizada por Justiniano (r. 527–565) em sua reforma da administração do Egito em 535. A diocese foi abolida e os ducados regionais, estabelecidos. O duque e augustal (dux et augustalis) assumiu definitivamente a autoridade civil e militar[6][7]:

  • Duque e augustal do Egito (dux et augustalis Aegypti), controlando Egito I e Egito II.
  • Duque e augustal da Tebaida (dux et augustalis Thebaidis), controlando Tebais Superior e Tebais Inferior
  • Augustâmica I e Augustâmica II provavelmente - a porção relevante do édito tem lacunas - também foram colocadas sob o comando de um único duque e augustal
  • As duas províncias Líbias, os governos civis foram simplesmente subordinados aos seus respectivos duques.
  • A Arcádia permaneceu governada por seu presidente, provavelmente subordinado ao duque e augustal da Tebaida. Um duque e augustal da Arcádia (dux et augustalis Arcadiae) só aparece depois da ocupação persa entre 619 e 629.

Ver tambémEditar

Referências

  1. Palme 2007, p. 245.
  2. Palme 2007, pp. 245–246.
  3. Notitia Dignitatum, in partibus Orientis, I
  4. Palme 2007, p. 247.
  5. Palme 2007, pp. 247–248.
  6. a b Palme 2007, p. 248.
  7. Hendy 1985, pp. 179–180.

BibliografiaEditar

  • Hendy, Michael F. (1985). Studies in the Byzantine Monetary Economy c. 300–1450. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press. ISBN 0-521-24715-2 
  • Palme, Bernhard (2007). «The Imperial Presence: Government and Army». In: Bagnall, Roger S. Egypt in the Byzantine World, 300-700. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 244–270. ISBN 0521871379