Esquadrão de Formação em Ensaios em Voo

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Divisão de Formação em Ensaios em Voo (EFEV) sediado em São José dos Campos, São Paulo, é uma escola pertencente ao Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo, da Força Aérea Brasileira. A sua missão é formar profissionais de Ensaios em Voo (Pilotos e Engenheiros de Prova, e Insturmentadores de Ensaio), bem como Equipagens de Recebimento de Aeronaves. É a única escola do gênero no Hemisfério Sul; no mundo, existem apenas mais 5 escolas similares: United States Naval Test Pilot School, United States Air Force Test Pilot School, École du Personnel Navigant d'Éssais et de Réception, Empire Test Pilot School e International Test Pilot School. Os pilotos e engenheiros de prova formados pela EFEV têm a oportunidade de voar uma gama enorme de aeronaves, como o AT-26 Xavante, F-5, A-1 AMX, C-95 Bandeirante, C-97 Brasília, entre outras, para a modalidade Asa Fixa; na modalidade Asas Rotativas, são utilizados o H-55 Esquilo, AH-11A Super Lynx, HM-1 Pantera, H-60 Black Hawk, entre outros.

Missão editar

A missão da Divisão de Formação em Ensaios em Voo é promover o aprimoramento técnico e operacional das Forças Armadas brasileiras e de nações amigas, bem como da indústria brasileira, por meio da formação de pessoal capacitado a conduzir ensaios em voo, implementar instrumentação de aeronaves e realizar voos de recebimento.

História editar

A atividade de ensaios em voo tem, entre os brasileiros, uma história tão longa quanto a da própria aviação. Na realidade, foi Santos Dumont quem realizou o primeiro ensaio em voo, ao pendurar seu 14-Bis sob o balão de número 14. É claro que, ao longo dos tempos, métodos e equipamentos evoluíram, mas o objetivo básico da atividade de ensaios em voo permaneceu o mesmo: confirmar na prática o que a teoria indicou e explorar em voo as características de aeronaves, de sistemas e de equipamentos, determinando assim parâmetros de voo, envelopes de desempenho, limites de segurança, normas de operação e níveis de confiabilidade.

A definitiva implantação no Brasil de técnicas, práticas e normas de ensaios em voo está intimamente ligada à criação do Centro Técnico Aeroespacial - CTA que iniciou suas atividades em 1947, no Rio de Janeiro. Foi criado então o Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA ,dando início à primeira atividade do CTA, a formação acadêmica de recursos humanos especializados em aeronáutica. O ITA começou a funcionar em instalações cedidas pela então Escola Técnica do Exército (hoje Instituto Militar de Engenharia). Em 16 de janeiro de 1950, foi efetuada a transferência do CTA para São José dos Campos. Em 26 de novembro de 1953, o decreto n° 34.701 formalizou a organização do CTA, cujas atividades seriam coordenadas e supervisionadas por uma Direção Geral e executadas pelos seguintes órgãos: Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Curso de Proteção ao Voo e Curso de Preparação de Oficiais da Reserva (CPORAer).

O IPD tinha sob sua direção um Departamento de Aeronaves (PAR), um de Eletrônica (PEA), um de Materiais (PMR) e um de Motores (PMO). Dentro desse contexto, dois dos principais objetivos do IPD eram: "ensaiar e homologar novos tipos de aeronaves produzidas no país bem como aeronaves modificadas ou alteradas e fornecer os certificados de tais homologações" e "ensaiar e homologar equipamentos, componentes e materiais de interesse dos órgãos da aeronáutica, por solicitação de outros órgãos do governo ou da indústria". O primeiro voo oficial de ensaio de uma aeronave desenvolvida no Brasil ocorreu em 18 de dezembro de 1958, envolvendo o protótipo do helicóptero BF-1 Beija-Flor.

Em fins de 1961 , foi criada a Seção de Operações e Ensaios em Voo, mais tarde denominada Subdivisão de Ensaios em Voo. As primeiras aeronaves testadas pela Seção foram dois bombardeiros quadrimotores Privateer, convertidos para transporte de carga. Seguiram-se os ensaios de aceitação do Neiva XL-7 Campeiro, que resultaram várias modificações na aeronave. Nos anos de 1962 e 1963, a Seção pôde absorver um volume maior de serviços, graças ao aumento de seu quadro de pessoal. Neste período foram ensaiadas várias aeronaves, sendo todas de construção nacional. Dentre elas pode-se citar o Regente, o treinador primário T-22, o Paulistinha 56C-1 nas versões agrícola e rebocador de planadores e o Avibras Falcão.

Paralelamente, no campo dos estudos, foram feitos diversos desenvolvimentos importantes de forma a dar apoio à atividade aérea. Entre eles, merecem destaque:

  • uma fórmula empírica para exprimir a velocidade de descida em parafuso das aeronaves, obtida pelos de ensaios em voo efetuados no T-6, T-22 e L-6; e
  • uma Tabela de Correção de Altímetro que permitiu fixar a separação vertical das aeronaves voando em aerovias acima de 3.900 metros (13.000 pés).

Em 1964, além das aeronaves citadas anteriormente, outras aeronaves foram testadas:

  • Lockheed Constellation L-049 e L-149;
  • T-22 (ensaios de refrigeração, para melhorar o resfriamento do óleo do motor e ensaios de desempenho para avaliar a instalação de nova hélice);
  • Lockheed 12A (uso em aerofotogrametria);
  • Cessna 172;
  • Catalina (duas aeronaves, com aumento no peso de decolagem); e
  • Planador IPT-17 Laminar.

Ainda nesse ano, foi concebido e publicado o Manual de Voo do Paulistinha, sendo o primeiro documento de voo elaborado sob as especificações adotadas pela, já então, Subdivisão de Ensaios em Voo. Foram, também, ultimados os trabalhos de revisão e acabamento do Manual de Voo do T-22 e o Manual de Atmosfera Geral.

Nessa época, os Pilotos de Prova eram aviadores já experientes que se apresentavam como voluntários para fazer os ensaios nas aeronaves. Os Engenheiros de Prova eram normalmente graduados pelo ITA e estavam ligados à área de pesquisa e desenvolvimento e os Instrumentadores de Ensaio eram os próprios técnicos lotados no CTA, especialmente selecionados para realizar tarefas experimentais. Entretanto, já existia a preocupação em se ter pilotos, engenheiros de prova e instrumentadores especializados na atividade de ensaios em voo. Essa preocupação foi acentuada pelo acidente ocorrido em 11 de julho de 1966, durante um voo de ensaio com o helicóptero protótipo Beija-Flor. A investigação desse acidente resultou em recomendações importantes que impunham "a formação de uma equipe fixa para execução de ensaios em voo, constituída por pilotos, engenheiros e instrumentadores.

Assim, em 1967 um piloto e um engenheiro do CTA foram enviados para a EPNER - École du personnel navigant d’essais et de réception - (França) para fazerem, respectivamente, os cursos de piloto e engenheiro de prova. Com o desenvolvimento contínuo da indústria aeronáutica nacional e o consequente aparecimento de outros projetos, como o T-25 Universal, T-23 Uirapuru e principalmente o C-95 Bandeirante, sentiu-se a necessidade de aumentar o efetivo de pessoal especializado. Outras equipes de pilotos e engenheiros foram encaminhadas ao exterior para especializarem-se na área de ensaios em voo.

Foram utilizadas três escolas de formação: EPNER (França), Empire Test Pilot School (Inglaterra) e USAF Test Pilot School (Estados Unidos). Entretanto, o curso exigia grande preparo técnico e experiência de pilotagem dos candidatos. Criou-se, assim, um o Curso de Preparação de Pessoal de Ensaios em Voo (CPPEV), com a finalidade de melhor preparar instrumentadores para o cumprimento da missão e candidatos para os cursos de Piloto de Prova e Engenheiro de Prova numa das três grandes escolas mundiais.

o passar do tempo, as necessidades da Força Aérea, a evolução da indústria aeroespacial brasileira, os acordos bilaterais para homologação aeronáutica com diversos países e os projetos próprios do CTA começaram a impor uma demanda crescente de pessoal especializado em ensaios em voo. Entretanto, os custos elevados dos cursos no exterior restringiam cada vez mais as possibilidades de satisfazer a essa demanda crescente.

Assim, em 4 de outubro de 1984 , por meio do Despacho nº 223/DRH/913, o Diretor-Geral do Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento (DEPED) determinou que fossem iniciados estudos visando a implantação no CTA de um curso de ensaios em voo com o nível tão próximo quanto possível das escolas existentes no exterior. Os estudos demonstraram a capacidade de se criar o Curso de Ensaios em Voo (CEV), na modalidade de aviões(formação de pilotos e engenheiros), em 15 de setembro de 1986.

Alunos e instrutores da Divisão de Ensaios em Voo engajaram-se na tarefa de levar a bom termo o primeiro curso de ensaios em voo realizado no Brasil, objetivo este alcançado em 30 de outubro de 1987 quando, em cerimônia solene, foi encerrado o 1° CEV.

Em 2004, o Curso de Ensaios em Voo recebeu o reconhecimento internacional por parte da Society of Experimental Test Pilots. Com isso, a EFEV (que então era chamada AEV-F) passou a ser a única escola do gênero reconhecida no Hemisfério Sul.

Em fevereiro de 2006, houve a reestruturação do CTA, que criou o Grupo Especial de Ensaios em Voo. Com a ativação do Grupo, a escola, que era uma subdivisão do Instituto de Aeronáutica e Espaço, recebeu a denominação atual, EFEV.

Em abril de 2011, o Grupo Especial de Ensaios em Voo passou a se chamar Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo. Com isso, o Esquadrão de Formação em Ensaios em Voo passou a se chamar Divisão de Formação em Ensaios em Voo, mantendo, o entanto, sua sigla EFEV.

Aeronaves editar

As aeronaves utilizadas pela EFEV são:

Asa Fixa: A-29 Super Tucano (instrumentado), F-5FM (Instrumentado), T-27 Tucano (instrumentado), C-95 Bandeirante, C-97 Brasília, EMB-145. Além dessas aeronaves, são utilizadas as seguintes aeronaves externas: A-4 (Marinha do Brasil); A-1 AMX, VC-2 (EMB-190), C-105 (CASA-295), C-130, entre outras.

Asas Rotativas: H-60 Black Hawk (instrumentado). Além desta, são utilizadas as seguintes aeronaves externas: HM-1 Pantera e HM-3 Cougar (Exército Brasileiro); AH-11A Super Lynx e SH-3 Sea King (Marinha do Brasil); EC-725 Caracal, H-1H, H-50 Esquilo monomotor, H-34 Super Puma, entre outras.

Intercâmbio com outras escolas editar

A EFEV mantém intercâmbio com escolas congêneres, principalmente a US Naval Test Pilot School e a USAF Test Pilot School. Nesses intercâmbios, a EFEV apoia as atividades relacionadas ao trabalho final de curso daquela escolas; por outro lado, os pilotos e engenheiros da EFEV realizam seu trabalho final de curso em aeronaves daquelas escolas, das quais se destacam o F-18 e o F-16.

Ligações externas editar