Instituto Militar de Engenharia

faculdade pública federal em Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

O Instituto Militar de Engenharia (IME) é uma instituição de ensino superior pública vinculada ao Exército Brasileiro, subordinada ao Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT). Localizado no bairro da Urca, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, o IME oferece cursos de graduação e pós-graduação em diversas áreas da Engenharia, destacando-se por sua tradição e desempenho acadêmico. Fundado em sua origem como a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho em 1792, é considerado uma das primeiras escolas de engenharia das Américas.[2]

Instituto Militar de Engenharia

Instituto Militar de Engenharia
País Brasil
Estado Rio de Janeiro
Corporação Exército Brasileiro
Subordinação Departamento de Ciência e Tecnologia
Missão Formar engenheiros militares da ativa e da reserva do Exército Brasileiro
Unidade Instituição de Ensino Superior
Sigla IME
Criação 17 de dezembro de 1792 (232 anos) (Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho)
Patrono Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra
Insígnias
Brasão do Instituto
Comando
Comandante General de Divisão Juraci Ferreira Galdino[1]
Sede
Sede Rio de Janeiro

O IME é reconhecido por seu vestibular altamente competitivo e pela formação rigorosa, que combina excelência intelectual e condicionamento físico.[3] Além de formar engenheiros militares, a instituição contribui para o avanço tecnológico do país por meio de parcerias com a indústria de defesa e pesquisas inovadoras, alinhando-se ao conceito da tripla hélice (defesa, indústria e academia).[4]

História

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Origens e Período Colonial

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O IME tem suas raízes na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, criada em 17 de dezembro de 1792 por decreto da Rainha Maria I de Portugal, sendo instalada na Casa do Trem de Artilharia (atual Museu Histórico Nacional), no Rio de Janeiro.[2] Considerada a primeira escola de engenharia das Américas e a sétima do mundo, surgiu em um contexto de fortalecimento das defesas coloniais portuguesas.[5] Antes disso, o ensino de engenharia militar no Brasil teve antecedentes como as "Aulas Militares" instituídas por Pedro II de Portugal em 1699, com destaque para a aula inaugural de fortificações ministrada por Gregório Gomes Henriques no Rio.[6]

Período Imperial

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Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil em 1808, a instituição foi sucedida pela Academia Real Militar, criada em 1810 por João VI de Portugal.[7] Seu curso de oito anos formava oficiais de artilharia e engenharia, abrangendo disciplinas como cálculo, física e topografia, além de engenharia civil. Após a independência, em 1822, passou a se chamar Imperial Academia Militar, sendo renomeada "Academia Militar da Corte" em 1832 e, posteriormente, "Escola Militar" em 1840.[2] Em 1858, transferida para o Forte da Praia Vermelha, tornou-se a "Escola Central", única escola de engenharia do Brasil na época, formando tanto civis quanto militares.[8] Em 1874, a Escola Central foi desvinculada do Exército, dando origem à Escola Politécnica da UFRJ.[2]

Período Republicano

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Após a Proclamação da República em 1889, o ensino militar passou por reorganizações. Em 1905, o Decreto nº 1.348 criou a Escola de Artilharia e Engenharia, seguida pela Escola Militar do Realengo em 1913.[9] Em 1928, o Decreto-Lei nº 5.632 instituiu a Escola de Engenharia Militar, que em 1933 tornou-se a Escola Técnica do Exército.[10] Durante a Segunda Guerra Mundial, sob influência dos Estados Unidos, foi criado o Instituto Militar de Tecnologia em 1941. Finalmente, em 1959, a fusão da Escola Técnica do Exército com o Instituto Militar de Tecnologia deu origem ao IME como é conhecido hoje.[2]

Estrutura

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O IME ocupa uma área de aproximadamente 90.000 m² na Praia Vermelha, com infraestrutura que inclui salas de aula, laboratórios especializados (ex.: robótica, nuclear, materiais), biblioteca com mais de 50.000 volumes, ginásio poliesportivo e alojamentos.[11] A instituição conta com cerca de 600 alunos de graduação e 300 de pós-graduação, além de 150 docentes, entre militares e civis.[12]

Processo Seletivo

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O ingresso na graduação ocorre pelo Concurso de Admissão ao Curso de Formação e Graduação (CA/CFG), realizado anualmente, com cerca de 100 vagas.[13] Os candidatos escolhem entre a carreira da ativa (permanente no Exército) ou da reserva. O vestibular é composto por provas de Matemática, Física, Química, Português e Inglês, além de exames físicos e médicos. Oficiais da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) podem ingressar via Concurso de Admissão ao Curso de Graduação (CA/CG).[14]

Cursos

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O IME oferece sete cursos de graduação em Engenharia: Civil, Elétrica, Eletrônica, Mecânica, Química, Cartográfica e de Computação, com duração de cinco anos.[15] Na pós-graduação, disponibiliza mestrado e doutorado em áreas como Defesa, Sistemas e Computação, e Engenharia de Materiais.[16]

Laboratórios e Pesquisa

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Os laboratórios do IME, como o de Instrumentação e Detecção Nuclear, são acreditados por órgãos governamentais e destacam-se em pesquisa.[17] A instituição também mantém parcerias com a indústria de defesa, alinhando-se ao modelo da tripla hélice.[4]

Desempenho Acadêmico

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O IME obteve destaque no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) de 2005, sendo classificado como a melhor faculdade de engenharia do Brasil, com primeiro lugar em oito de seus nove cursos avaliados.[18] Seus alunos frequentemente conquistam prêmios em competições nacionais e internacionais, como a RoboCup.[19]

Atividades Extracurriculares

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Quadro de Engenheiros Militares (QEM)

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O QEM reúne os oficiais formados pelo IME, tendo como patrono o Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra. Seu aniversário é celebrado em 11 de agosto.[20]

RoboIME

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A equipe RoboIME compete na categoria Small Size League de futebol de robôs, com conquistas como o 1º lugar na Competição Latino-Americana de Robótica (LARC) em 2017.[19]

Zéfiro

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A equipe Zéfiro participa da SAE AeroDesign Brasil, projetando aeromodelos e competindo em São José dos Campos.[21]

Fundação Ricardo Franco

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Criada em 1997, a Fundação Ricardo Franco (FRF) apoia o IME com bolsas de iniciação científica e eventos acadêmicos.[22]

Ver também

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Referências

  1. «Comandante do IME». Instituto Militar de Engenharia. Consultado em 10 de abril de 2025 
  2. a b c d e «Histórico». Instituto Militar de Engenharia. Consultado em 10 de abril de 2025 
  3. «Instituto Militar de Engenharia (IME)». Brasil Escola. Consultado em 10 de abril de 2025 
  4. a b Passos, Aderson Campos; Magno Neto, Waldemar Barroso; Dias, Maurício Henrique Costa (2018). «O processo de transformação do Instituto Militar de Engenharia no contexto do Sistema Defesa, Indústria e Academia». Cereus. 10 (2): 137-141. doi:10.18605/2175-7275/cereus.v10n2p137-141 
  5. Lucena, Luiz Castelliano de (2006). Um Breve Histórico do Instituto Militar de Engenharia - IME (PDF). [S.l.]: AHIMTB. Consultado em 10 de abril de 2025 
  6. «História da Engenharia Militar». Departamento de Engenharia e Construção. Consultado em 10 de abril de 2025 
  7. Pacitti, Tércio (1998). Construindo o Futuro Através da Educação: do Fortran à Internet. [S.l.]: Campus. ISBN 9788535203073 
  8. Lucena, Luiz Castelliano de (2006). Um Breve Histórico do Instituto Militar de Engenharia - IME (PDF). [S.l.]: AHIMTB. Consultado em 10 de abril de 2025 
  9. Brasil, Decreto nº 1.348 de 12 de julho de 1905.
  10. Brasil, Decreto-Lei nº 5.632 de 31 de dezembro de 1928.
  11. «Instituto Militar de Engenharia». IME. Consultado em 10 de abril de 2025 
  12. «Dados do IME». QEdu. Consultado em 10 de abril de 2025 
  13. «Vestibular». IME. Consultado em 10 de abril de 2025 
  14. «Vestibular». IME. Consultado em 10 de abril de 2025 
  15. «Cursos de Graduação». IME. Consultado em 10 de abril de 2025 
  16. «Pós-Graduação». IME. Consultado em 10 de abril de 2025 
  17. Oliveira, João Victor de (2018). «Modelagem computacional do laboratório de instrumentação e de detecção nuclear do Instituto Militar de Engenharia». Cereus. 10 (2): 142-150. doi:10.18605/2175-7275/cereus.v10n2p142-150 
  18. «IME é destaque no ENADE 2005». IME. 15 de dezembro de 2005. Consultado em 10 de abril de 2025 
  19. a b «RoboIME». IME. Consultado em 10 de abril de 2025 
  20. «Quadro de Engenheiros Militares». Exército Brasileiro. Consultado em 10 de abril de 2025 
  21. «Zéfiro IME». IME. Consultado em 10 de abril de 2025 
  22. «Fundação Ricardo Franco». IME. Consultado em 10 de abril de 2025 

Ligações externas

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