Eddie Barclay (Paris, 26 de janeiro de 1921Boulogne-Billancourt, 13 de maio de 2005) foi um produtor musical francês que trabalhou com vários artistas, dentre eles Jacques Brel, Dalida e Charles Aznavour Ele fundou a Barclay Records.

Eddie Barclay
Eddie Barclay.jpg
Nome completo Édouard Ruault
Nascimento 26 de janeiro de 1921
Paris,  França
Morte 13 de maio de 2005 (84 anos)
Boulogne-Billancourt,  França
Nacionalidade francês
Ocupação produtor musical

Biografia editar

Com o nome Édouard Ruault, filho de um garçom e de uma funcionária de correio, Barclay nasceu em Paris em 26 de janeiro de 1921,[1] ele passou muito de sua infância com a avó em Taverny (atual Val-d'Oise). Seus pais compraram o Café de la Poste na região central de Paris quando ele ainda era criança e aos 15 anos ele deixou os estudos para trabalhar no café. Ele não teve proveito nos estudos, tornando-se autodidata no piano. Ele gostava do jazz americano e se envolveu com a música de Fats Waller. Frequentemente visitava o Hot Club de France para ouvir o quinteto de Stéphane Grappelli e Django Reinhardt.

Édouard tornou-se pianista no "L'Étape" na rua Godot-de-Mauroy, em Paris, onde números de meia hora alternavam-se com o jovem Louis de Funès, também em início de carreira. Quando os alemães baniram o jazz, ele passou a fazer soirées clandestinas com outros zazous em sua casa para ouvir discos de jazz e estações ilegais de rádio. Pierre-Louis Guérin empregou-o como pianista em sua primeira casa noturna, "Le Club".[1]

Após a guerra Ruault mudou seu nome para Eddie Barclay e abriu o "Eddie's Club" em Paris. Em 1947 iniciou uma banda da qual sua então esposa, Nicole, participava, sob o nome artístico Eve Williams. Barclay e sua esposa iniciaram a "Blue Star Records", usando o apartamento do casal para armazenar discos de 78 rotações por minuto, enquanto o próprio Barclay fazia as entregas. Os músicos do selo incluíam Don Byas e Eddie Constantine. Barclay compôs canções com Charles Aznavour e Boris Vian, sendo que com este último Barclay editou a revista Jazz.[2]

Em 1952 Alan Morrison, um visitante ao clube Barclay, convidou-o a visitar os Estados Unidos para ver a nova tecnologia que permitia a produção de elepês de 33 rotações por minuto e discos de 45 rpm. Em 1955 Barclay concordou em fabricar e distribuir os discos da Mercury Records na Europa. Tomou 60 masters da fábrica da Pathé-Marconi em Paris e começou a promover o novo formato de microrranhuras (microgroove) no mercado francês. Assim como lançou discos americanos com artistas do quilate de Ray Charles, Dizzy Gillespie, Sammy Davis Jr. e Duke Ellington, Barclay contratou Gerhard Lehner, um engenheiro de som alemão, para fazer discos originais na avenida Hoche, em Paris. Após vender um milhão e meio de cópias com o sucesso do the Platters', "Only You", a Barclay Records cresceu até se tornar a maior companhia produtora fonográfica na França. Seu sucesso levou-o a receber o apelido de émpereur du microsillon ("imperador da microrranhura").

Suas descobertas francófonas incluem Hugues Aufray, Michel Delpech, Dalida (descoberta por ele em 1956), Mireille Mathieu, Claude Nougaro e Eddy Mitchell. Os artistas que trabalhavam com Barclay apreciavam a liberdade que ele lhes dava e a confiança que ele lhes oferecia. Aznavour juntou-se ao elenco da Barclay em 1956, mesmo já sendo amigo de seu fundador há mais de uma década à época. Eles mantiveram intensa colaboração artística. O faro Barclay para o sucesso não era infalível, no entanto. Ele recusou-se a contratar Bob Marley, encerrou sua colaboração com Pierre Perret e dispensou Michel Sardou, quatro anos após tê-lo descoberto, dizendo-lhe: "colega, escreva as canções que quiser, mas não as cante. Você não tem qualquer talento!"

No início da década de 1980, recuperando-se de um câncer de garganta diagnosticado em 1979, ele vendeu 80% de seu selo à Polygram,[1] e retirou-se para Saint-Tropez, onde passou 25 anos construindo uma casa chamada Maison du Cap, Ramatuelle, desde que Brigitte Bardot o persuadiu a comprar um lote na região no final da década de 1950. Sua marca registrada era o terno branco e suas festas em Saint-Tropez, nas quais todos os convidados se vestiam de branco, tornando-se grandes eventos na mídia francesa. Ele brevemente deixou a aposentadoria com um novo selo, mas não obteve o sucesso que desejava. Sua casa depois foi vendida.[3]

Em março de 1994, Barclay passou por uma cirurgia de ponte de safena quádrupla após um ataque cardíaco. Em 29 de abril de 2005, deu entrada no hospital Ambroise-Paré em Paris com infecções urinárias e pulmonares. Faleceu ali na noite de 12 de maio de 2005 e teve a morte anunciada de manhã. Deixou um filho, Guillaume, de seu terceiro casamento com Marie-Christine Steinberg.

Casamentos e uniões editar

Barclay ficou famoso por seus muitos relacionamentos, ao ponto que alguns jornalistas o apelidaram "Barba Azul". Ao longo de sua vida, ele teve os seguintes relacionamentos

  • Michele: (2 anos) casou-se em 1945;
  • Nicole: (14 anos), cantora de jazz sob o nome artístico Eve Williams;
  • Marie-Christine: (4 anos);
  • Béatrice: (1 ano e meio) - depois ela se casou com Guy Marchand;
  • Michele: (menos de 1 ano);
  • Danielle Mauroy: (1 ano );
  • Cathy: (3 anos);
  • Caroline: (11 anos) casamento em 1988;
  • Tiara: casamento em junho de 2002 na ilha de Moorea.

Ver também editar

Referências

  1. a b c O'Connor, Patrick (16 de maio de 2005). «Obituary: Eddie Barclay». The Guardian. Consultado em 10 de outubro de 2010 
  2. «French record producer who signed Aznavour and Brel». Irish Times. 21 de maio de 2005. Consultado em 7 de agosto de 2016 
  3. http://www.thesundaytimes.co.uk/sto/style/article114286.ece

Informações adicionais editar

  • Associated Press release 12:34 May 14, 2005;
  • Sleeve notes, Charles Aznavour: Je M'Voyais Deja CD (EMI, 1995);
  • Barclay, Eddie. Que la Fête Continue (Paris: Robert Laffont, 1988)
  • O'Connor, Patrick. 'Obituary: Eddie Barclay', The Guardian, 16 de maio de 2005.

Ligações externas editar