Egídio Boccanegra

Egídio Boccanegra (em italiano: Egidio Boccanegra) foi um almirante da República de Gênova do século XIV, irmão do primeiro doge de Gênova, Simão Boccanegra.

Egídio Boccanegra
Nascimento século XIV
  Gênova
Morte setembro de 1367
  Sevilha
Pai Tiago de Lanfranco
Mãe Ginevra Saraceni
Religião Cristianismo

Vida editar

Egídio nasceu no início do século XIV e era filho de Tiago de Lanfranco e Ginevra Saraceni. Seu irmão, Simão Boccanegra, tornar-se-ia o primeiro doge de Gênova. Em 1341, tornou-se almirante da Coroa de Castela sob Afonso XI‎‎ (r. 1312–1350) e ajudou na luta contra o Reino Nacérida de Granada. Esteve no Cerco de Algeciras (1342–1344)[1][2] e em agosto de 1343 foi enviado junto de navios aliadas contra Ceuta, no Magrebe, para infligir derrota à frota do Império Merínida que pretendia ajudar a cidade, mas seu plano foi descoberto pelos inimigos e a missão foi abortada.[3] Nos meses subsequentes, ameaçou largar o cerco se não recebesse o pagamento devido do rei. Nesse tempo, os genoveses estavam lutando há quatro meses sem seus salários, que consistiam em 800 florins por cada navio, mais 1 500 florins pela capitânia.[4]

Por seus serviços ao longo do cerco, Afonso concedeu-lhe o feudo de Palma do Rio, na confluência do Guadalquivir e do Genil sob o título de senhor do Estado da Palma.[5] Após o fim do cerco em março de 1344, recebeu o Alcácer de Manifle, um castelo com jardins em Algeciras, e uma residência em Sevilha. Em 1 de setembro, o rei da Inglaterra Eduardo III (r. 1327–1377) enviou-lhe carta de agradecimento por ter transportado para Algeciras o conde de Derby e sugeriu que o servisse, com o traficante genovês Nicolau Fieschi  servindo de intermediário. Com a queda de seu irmão Simão em 23 de dezembro, que foi obrigado a se refugiar em Pisa, decidiu ficar definitivamente na Península Ibérica, vivendo de seus bens e ofícios.[1]

Três atos do notário Tomásio de Casanova de 29 de dezembro de 1344, seis dias após a queda de Simão, indicam que Egídio regulou seus interesses em Gênova antes de viver definitivamente na Península. A primeira coisa que fez foi conceder uma procuração geral a Aimão Cantello para administrar seu patrimônio genovês, e então nomeou Cantello, seu sogro Percival Riccio e sua esposa Richetta como seus procuradores gerais. Segundo escritura datada de 3 de fevereiro de 1345, venderam a certo Ingão Gentil e seus sócios três dos quatro quintos de uma cocca e baonesca adquiridas por Egídio em Algeciras sob o valor de 1 700 liras genovesas. Por fim, num ato de 27 de setembro de 1347, Ginevra, mãe do almirante, vendeu em nome dele a casa do exilado doge Simão e outra menor.[1]

Em 1350, possivelmente Egídio fazia parte do Conselho de Regência de Castela enquanto Afonso estava conduzindo o Quinto Cerco de Gibraltar, onde morreu de peste. Em 1357, serviu Pedro, o Cruel e ajudou a deter a marcha de Luís de la Cerda sobre Sevilha, fazendo-o prisioneiro. Em 1359, comandou a frota castelhana enviada contra Barcelona, ​​capital de Pedro IV de Aragão, junto de seus filhos Ambrósio e Lançarote, seu irmão Bartolomeu e seu sobrinho Bernardo. Em 1366, no contexto da guerra civil entre Pedro e seu meio-irmão Henrique, debandou para o lado do último quando foi coroado em Burgos. Em 17 de julho do mesmo ano, recebeu a cidade de Utiel. Quando foi forçado a fugir para Portugal, Pedro tentou levar seu tesouro guardado em Sevilha, mas este foi tomado por Egídio e dado a Henrique. Depois da Batalha de Nájera de 3 de abril de 1367, Pedro entrou vitorioso em Sevilha em maio e condenou Egídio à morte. Sua execução ocorreu em setembro. Em 1369, aquando da morte de Pedro e a tomada definitiva do poder por Henrique, este devolveu os bens e o cargo de Egídio a seu filho Ambrósio.[1]

Referências

Bibliografia editar

  • Crônica de Afonso Onceno. Madri: Imprensa de Dom Antônio de Sancha (Francisco Cerdá y Rico Second edition). 1787 
  • Mensayas, Emilio Santacana y (1901). Antiguo y moderno Algeciras. Algeciras: Tipografía El Porvenir. ISBN 84-88556-21-7 
  • Ortega, José Manuel Calderón (2001). «Los almirantes del "siglo de oro" de la Marina castellana medieval». España Medieval. 24. ISSN 0214-3038 
  • Ortiz de Zúñiga, Diego (1795). Anales eclesiásticos y seculares de la muy noble y muy leal ciudad de Sevill. Madri: Imprenta Real