Na filosofia, o Emotivismo é uma visão metaética que reclama que as frases éticas não expressam proposições mas atitudes emocionais. Trata-se de uma forma de não cognitivismo ou expressivismo. Está em oposição a outras formas de não cognitivismo (quasirrealismo e perspectivismo universal), assim como todas as formas de cognitivismo (incluindo o realismo moral e o subjetivismo ético).

Influenciado pelo crescimento da filosofia analítica e do positivismo lógico no século XX, a teoria foi expressa vivamente por A. J. Ayer no seu livro de 1936 Language, Truth and Logic, mas o seu desenvolvimento deveu-se mais a C. L. Stevenson. [1][2]

Teses editar

O Emotivismo está inserido em debates filosóficos mais amplos acerca da relação entre a moral e os sentimentos humanos, e possui perceptível influência humeana. Neste sentido, ele pode ser concebido como aceitando a tese do "emocionismo epistemológico", que afirma que nossos juízos morais estão essencialmente relacionados à emoções, rejeitando a tese do "emocionismo metafísico", que afirma que propriedades morais reais são essencialmente relacionadas à emoções. Assim, configura-se como uma forma de não-cognitivismo e uma variante do antirrealismo moral.

 
Alfred Jules Ayerfoi um dos pioneiros do Emotivismo na Filosofia Analítica.

No sistema emotivista, a frase "Matar é errado", por exemplo, trata-se apenas de uma expressão de sentimentos pessoais acerca de "matar", como um grito de horror ou uma vaia, e não uma proposição. A sentença portanto não possui nenhum valor-verdade. Não existiriam quaisquer fatos morais, e todo o discurso ético se resumiria em expressões de emoções pessoais diferentes.

Para argumentar a favor do Emotivismo, uma das possíveis vias é citar descobertas da neurociência que parecem demonstrar uma ligação forte entre julgamento moral e sentimentos; ou invocar o Argumento da Questão Aberta para questionar a plausibilidade de fatos morais decorrerem de fatos empíricos. [3][4]

Críticas editar

O Emotivismo enfrenta críticas pesadas de seus oponentes cognitivistas, que apontam uma suposta desconexão entre suas doutrinas e o uso cotidiano dos raciocínios éticos, que eles dizem ser proposicionais (cognitivos).

Uma grande dificuldade técnica para o emotivismo é o Problema de Frege-Geach, que trata da aparente incapacidade deste explicar usos mais complexos de sentenças morais, como em argumentos modus ponens do tipo:

P1: Se matar é errado, então persuadir uma pessoa a matar é errado. .

P2: Matar é errado.

C: Persuadir uma pessoa a matar está errado/

O Emotivismo parece implicar que a afirmação "matar é errado" na condicional P1 não pode ter o mesmo sentido de "matar é errado" em P2, já que P1 não expressa uma desaprovação direta do homicídio. Mas se os significados destes juízos não forem iguais, acabamos com a conclusão absurda de que a conclusão não segue das premissas. [4]

Referências

  1. Garner and Rosen, Moral Philosophy
  2. Brandt, Ethical Theory
  3. BORGES, Maria de Lourdes (2014). «Ética e emoções». Manual de Ética. [S.l.]: Editora Vozes. pp. 11–14. ISBN 978-85-326-4826-6 
  4. a b Silva, Rui (2014). «Distinção Facto/Valor». In: Branquinho, João; Santos, Ricardo. Compêndio em Linha de Problemas de Filosofia Analítica. Lisboa: [s.n.] pp. 6–8. ISBN 978-989-8553-22-5 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Emotivism», especificamente desta versão.