Epifitismo é uma relação de inquilinismo entre duas plantas ou algas, na qual uma planta (epífita) vive sobre a outra (forófito), utilizando-se apenas de apoio e sem dela retirar nutrientes e sem estabelecer contato com o solo.[1] O epifitismo é muito comum nas florestas tropicais[2] e abundante em comunidades de algas. Nas florestas, sua evolução teve como característica marcante a conquista de melhores espaços, em termos de insolação, acompanhada por condições de maior estresse para aquisição de água e nutrientes.[3] Em ambientes aquáticos, deve-se apenas a existência de substrato sólido e fixo disponível para colonização. Disitinguem-se das hemiepífitas por terem um ciclo de vida que não inclui em qualquer das suas etapas o enraizamento no solo.

Árvore suportando, sobre seu tronco e ramos, numerosas plantas epífitas, no Parque Santa Elena, na Costa Rica.

Etimologia

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O termo epífito foi cunhado em 1815 por C.F. Mirbel[4] e vem da junção dos termos gregos epí (sobre) e phyto (planta), significando, portanto "sobre planta".[1] Tornou-se mais conhecido com as obras de Andreas Franz Wilhelm Schimper sobre epífitas das "índias ocidentais"[5] e das américas.[6]

O termo forófito, por sua vez, é utilizado em oposição a hospedeiro pois este denota relação parasítica. Provém da junção das palavras foro (sustentar) e fito (planta), podendo ser substituído por árvore-suporte.

Epífitas aquáticas

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A ecologia das epífitas aquáticas difere das registradas em ambientes terrestres. Em ambientes aquáticos, especialmente os marinhos as epífitas são espécies de algas e bactérias, e mais raramente macrófitas.[7] Alguns pesquisadores também incluem nesta categoria organismos como fungos, esponjas, briozoários, ascidias, protozoários, crustáceos, moluscos assim como qualquer organismos séssil que cresce na superfícies de plantas,[8][9] tipicamente ervas marinhas e árvores de mangue, ou em algas. Elevadas abundâncias de epífitas podem afetar negativamente as plantas-suporte causando danos físicos ou levando a morte, particularmente das ervas marinhas. Isto deve-se ao fato de que, em elevadas densidades, as epífitas podem chegar a bloquear a luz solar impedindo a fotossíntese do hospedeiro. Epífitas em ambientes marinhos conhecidamente crescem em velocidades altas e se reproduzem com facilidade. 

Epífitas terrestres

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O Bialbero di Casorzo, Itália

Epífitas são plantas que, sem contato com o solo, necessitam do suporte fornecido por árvores para seu desenvolvimento. Nos ambientes florestais podem ser divididas em epífitas avasculares, formadas principalmente por hepáticas e musgos, e vasculares, que incluem principalmente pteridófitas e angiospermas e, mais raramente, gimnospermas.

Suas raízes se fixam externamente nos troncos ou galhos e nunca emitem estruturas haustoriais, nem ocorre contato com o xilema ou floema dos forófitos. Plantas com estas habilidades são denominadas hemiparasitas, quando invadem o xilema, ou parasitas quando invadem o floema. As epífitas podem estar expostas a elevados índices de insolação, extremos de temperatura e umidade além de variações na quantidade de água disponível. Para sobreviver necessitam de adaptações, tanto nos aspectos morfológicos quanto fisiológicos.[1]

Em geral, as epífitas vicejam sobre o tronco das árvores e dispõe de raízes superficiais que se espalham pela casca e que absorvem a matéria orgânica em decomposição disponível. Muitas vezes, as raízes são acompanhadas por um fungo microscópico que faz uma associação mutualística conhecida como micorriza, que se encarrega de transformar a matéria orgânica morta em sais minerais, facilitando a sua absorção pela planta. Por vezes, o epífito não absorve matéria prima da superfície da árvore ou arbusto, e suas raízes podem ser atrofiadas ou ausentes, de modo que o epífito utiliza seu hospedeiro apenas como suporte para alcançar seu ambiente ideal nos estratos da floresta.

 
Bromélia

As epífitas jamais buscam alimento nos organismos hospedeiros. Suas raízes superficiais não absorvem a seiva da planta hospedeira, não há qualquer relação de parasitismo. Ou seja, a presença de epífitas não prejudica a árvore ou arbusto onde elas vegetam. A incidência de espécies epífitas diminui à medida que se aumenta a distância para a Linha do Equador, ou afasta-se das florestas úmidas para áreas mais secas. Alguns exemplos de epífitas são as polipodiáceas (fetos ou samambaias); cactáceas (flor-de-maio); as bromeliáceas (bromélias ou gravatás); as orquidáceas (orquídeas).

Espécies epífitas são particularmente comuns entre as Bryophyta, Pteridophyta, Orchidaceae, Gesneriaceae, Begoniaceae, Bromeliaceae e Araceae. Há também certas algas verdes que vivem sobre árvores em terra firme.

 
Orquídea

No caso das bromélias, existem as epífitas e as não epífitas: todas têm seu cálice em forma de rosa no ponto onde as folhas se juntam, numa chamada "disposição rosácea"; este mecanismo faz com que recebam água da chuva, poeira e pequenos insetos mortos, que, decompostos pela água e misturados à poeira, serão aproveitados em sua nutrição.

As orquídeas têm cerca de 800 gêneros, quase 35 000 espécies já catalogadas e aproximadamente 5 000 em processo de catalogação até 2004. Estão presentes em todos os continentes, menos nas áreas polares. Têm as raízes revestidas com uma espécie de velame: um tecido formado por células mortas que atuam como uma esponja, absorvendo a umidade e nutrientes.

Referências

  1. a b c Kersten, Rodrigo de Andrade (março de 2010). «Epífitas vasculares: histórico, participação taxonómica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica». Hoehnea. 37 (1): 09–38. ISSN 2236-8906. doi:10.1590/s2236-89062010000100001 
  2. Madison, Michael (1977). «VASCULAR EPIPHYTES: THEIR SYSTEMATIC OCCURRENCE AND SALIENT FEATURES». Selbyana. 2 (1): 1–13. doi:10.2307/41759613 
  3. BENZING, DAVID, H. (1990). Vascular epiphytes: their systematic occurrence and salient features. Cambridge: Cambridge University Press 
  4. MIRBEL, C.F.B (1815). Élements de Physiologie Végétale et Botanique. Paris: Magimel 
  5. Schimper, Andreas Franz Wilhelm (1884). «Ueber Bau und Lebensweise der Epiphyten Westindiens» (PDF). Botanisches Centralblatt. 17: 192-389 
  6. Schimper, Andreas Franz Wilhelm (1888). Die epiphytische vegetation Amerikas. [S.l.]: Gustav Fischer 
  7. «Epiphytes» (PDF). Martha's Vineyard Commission. Fevereiro de 2009. Consultado em 17 de outubro de 2017 
  8. «Epiphytes». Long Island`s seagrass conservation website. 2017. Consultado em 17 de outubro de 2017 
  9. Larkum, A.W.D., Orth, R.J., Duarte. C.M. (Editors). (2006). Seagrasses: Biology, Ecology and Conservation. [S.l.]: Springer 

Ver também

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Ligações externas

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