Ernesto de Vasconcelos

Ernesto Júlio de Carvalho e Vasconcelos (Almeirim, 17 de setembro de 1852Lisboa, 15 de novembro de 1930), mais conhecido por Ernesto de Vasconcelos, foi um militar da Armada Portuguesa, onde atingiu o posto de vice-almirante, engenheiro hidrógrafo, explorador e geógrafo, presidente e secretário perpétuo da Sociedade de Geografia de Lisboa. Foi autor de numerosas obras de temática colonial e sobre os Descobrimentos Portugueses. Foi membro da Maçonaria.

Ernesto de Vasconcelos
Ernesto de Vasconcelos
Ernesto Júlio de Carvalho (1887)
Nascimento 17 de setembro de 1852
Almeirim
Morte 15 de novembro de 1930
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação geógrafo, explorador, cartógrafo

Biografia editar

Nasceu em Almeirim, onde o seu pai exercia clínica, filho do médico-cirurgião António Germano Falcão de Carvalho e de sua mulher, Maria Amália Lobão de Vasconcellos.

Neto de um oficial da Armada, pois seu avô materno fora capitão-de-fragata, resolveu seguir a vida militar e depois de estudos preparatórios em Almeirim e Santarém, em 1863, aos 11 anos de idade, assentou praça na Armada Portuguesa. Em 1879, com 23 anos de idade, foi promovido ao posto de guarda-marinha. Especializou-se então com o curso de engenheiro hidrógrafo, colaborando em diversos levantamentos hidrográficos na costa portuguesa, entre os quais os das barras do Tejo e do Guadiana.

Nos seus períodos de embarque visita as costas das então colónias portuguesas de África, colaborando em diversos trabalhos hidrográficos e de elaboração de cartografia. Coordenou o levantamento hidrográfico da foz do rio Zaire, tendo em 1886 descoberto a existência de um vale submarino no prolongamento daquele rio[1].

Ganhou renome na área da cartografia e da geografia, sendo nomeado para várias comissões de delimitação de fronteiras nas colónias africanas e no Timor Português, entre as quais a que resolveu a questão do Barotze, em Angola, a que renegociou o convénio fronteiriço com a África do Sul, modificando o de 1909, e a que estabeleceu as fronteiras de Timor, da qual fez também parte Hermenegildo Capelo.

Em 1887, sendo primeiro-tenente, elaborou um projecto de uniformização internacional dos serviços de farolagem, documento que foi enviado a todos os países marítimos.

Interessou-se pelas questões geográficas da história dos Descobrimentos Portugueses. Foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, desde os 25 anos de idade, à qual chegou a presidir e de que foi secretário perpétua. Também presidiu à Comissão de Cartografia do Ministério da Marinha e Ultramar e foi professor da Escola Naval e da então fundada Escola Colonial, depois Instituto de Altos Estudos Ultramarinos. Esta última instituição foi fundada por iniciativa do então Ministro da Marinha e Ultramar, Dr. Manuel António Moreira Júnior, de quem Ernesto de Vasconcelos era chefe de gabinete.

Para além das questões navais e de geografia, também se interessou pela política. Foi deputado às Cortes, vice-presidente da Câmara de Deputados e chefe de gabinete de vários ministros. Exerceu o ainda as funções de Director-Geral no Ministério das Colónias. Foi agraciado com a carta de conselho pelo rei D. Carlos I de Portugal.

Após a proclamação da República Portuguesa manteve a sua acção na Sociedade de Geografia e na Escola Colonial, aderindo à Maçonaria. Quando o Governo Provisória da República decidiu rescindir o contrato de 25 de Novembro de 1905 que havia sido celebrado com a Empresa Nacional de Navegação para as ligações com as colónias de África, já no posto de capitão-de-mar-e-guerra foi escolhido para presidir à comissão criada para encontrar uma solução alternativa.

Em 3 de abril de 1911 foi novamente nomeado por Bernardino Machado para integrar a comissão criada para estudar os interesses de Macau. Era então presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa. Também presidiu à comissão formada em 1912 para estudar a reorganização do Colégio das Missões Ultramarinas. Foi secretário do Comité Permanente a Favor do Desenvolvimento das Colónias, presidida pelo general Joaquim José Machado.

Para além da Sociedade de Geografia de Lisboa, foi sócio de múltiplas agremiações culturais e científicas, nacionais e estrangeiras. Foi ainda director da Revista Portuguesa Colonial e Marítima e colaborador sobre temas portugueses da Enciclopédia Britânica e da The International Geography. Também se encontra colaboração da sua autoria na Gazeta das colónias [2] (1924-1926).

Principais obras publicadas editar

Deixou uma extensa bibliografia, com mais de 50 obras publicadas, de entre as quais se destacam[3]:

  • Astronomia Fotográfica (1884 e 1886);
  • Uniformidade Internacional de Bóias e Balizas Marítimas (1887);
  • Relação dos Mapas, Cartas, Plantas e Vistas Pertencentes ao Ministério da Marinha e Ultramar, com Algumas Notas e Notícias (1892;
  • Subsídios para a História da Cartografia Portuguesa nos sécs. XVI, XVII e XVIII (1916).

Notas

  1. Teixeira da Silva et al., A Marinha na Investigação do Mar. 1800-1999. Lisboa : Instituto Hidrográfico, 2001.
  2. Pedro Mesquita (12 de Junho de 2014). «Ficha histórica: Gazeta das colonias : semanario de propaganda e defesa das colonias (1924-1926)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de Outubro de 2014 
  3. "Bibliografia do almirante Ernesto de Vasconcelos". Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 48, pp. 305-310. Lisboa, 1930.

Ligações externas editar