Escobedia grandiflora

Escobedia grandiflora (L.f.) Kuntze é uma planta da família Orobanchaceae. Entre seus nomes comuns estão: açafrão-da-raiz, açafrão-de-barba, palillo, açafrão-andino, color, no Peru é chamada de açafrão-da-montanha, especiaria-da-montanha e condimento-da-montanha.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaEscobedia grandiflora

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Subclasse: Asteridae
Família: Orobanchaceae
Género: Escobedia
L.F.Kuntze
Espécie: Escobedia grandiflora

Descrição editar

Erva ereta, hemiparasita obrigatória das raízes de uma variedade de plantas, incluindo as famílias Asteraceae, Cyperaceae, Melastomataceae, mas com preferência especial por espécies da família Poaceae.[1] Apresenta folhas opostas, sésseis, lanceoladas com ápice agudo e de consistência áspera. As flores são axilares, longamente pediceladas, grandes e brancas. Suas raízes nascem da base do caule, são cilíndricas e de cor alaranjada. Por ser uma planta hemiparasita, forma haustórios para se fixar em seus hospedeiros.

Existem registros históricos que descrevem uma alta abundância dessa espécie no trópico americano quando os colonizadores chegaram; também há registros do uso como corante alimentar e planta medicinal. Esse uso prevaleceu em comunidades rurais até o final do século passado, quando foi substituído por corantes sintéticos e outras plantas mais abundantes. Atualmente, as populações naturais de E. grandiflora diminuíram drasticamente, e é considerado necessário avaliar seu status de conservação.[2]

Distribuição editar

E. grandiflora está distribuída na América, nos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, México, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela[3].

Componentes editar

A raiz contém um princípio ativo, a azafrina, um carotenoide com grande poder vitamínico (Vit. A), que produz a cor alaranjada, além de possuir taninos.[4] Infelizmente, embora esta espécie tenha sido de importância ancestral no continente americano, não foi bem estudada em seus requisitos ecológicos, composição química, uso medicinal, entre outros.[5]

Usos editar

As comunidades americanas utilizam as raízes como condimento, para dar cor aos alimentos e como medicamento. Esta espécie é frequentemente confundida com a cúrcuma (Curcuma longa), que é uma espécie introduzida no continente americano e que se adaptou bem. Na indústria, é usada para dar cor a queijos, margarinas e manteigas. Popularmente, é usada contra icterícia, hepatite e doenças do fígado.

Ecologia editar

Um estudo realizado em campos no Brasil[6] revelou disparidades significativas na composição de espécies, com quadrantes habitados por Escobedia grandiflora apresentando uma maior riqueza de espécies, aumento na diversidade de Shannon e maior uniformidade de Pielou, estendendo-se por vários grupos funcionais. Além disso, a presença de Escobedia grandiflora correlacionou-se com uma notável redução no percentual de dominância de espécies vegetais nos campos observados. Esses achados destacam uma associação discernível entre o hemiparásito neotropical e a dinâmica estrutural das comunidades de plantas campestres, indicando uma maior diversidade de plantas e mudanças na dominância em sua presença.

Referências editar

  1. Medina, Edison Cardona; Ruíz, Sandra Bibiana Muriel (junho de 2017). «New records of parasitized plants by Escobedia grandiflora (Orobanchaceae) in natural habitats». Rodriguésia (2): 791–795. ISSN 2175-7860. doi:10.1590/2175-7860201768230. Consultado em 13 de novembro de 2023 
  2. Muriel Ruiz, Sandra Bibiana; Cardona-Medina, Edison; Arias-Ruiz, Edwin; Gómez-Gómez, Alejandra (2015). «https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5294438». Etnobiología. 2 (13): 85-93. Consultado em 13 de novembro de 2023  Ligação externa em |título= (ajuda)
  3. «Escobedia grandiflora (L.f.) Kuntze». Kew Science, Plantas of the World Online. Consultado em 15 de Julho de 2021 
  4. Castro-Restrepo, D.; Arredondo, J. A.; Jaramillo, D. A. (2012). «Propagación in vitro del azafrán de raíz (E. grandiflora L.f.) Kuntze.». Revista UCO (33): 22-39 
  5. «PLANTAS MEDICINALES Y FITOMEDICAMENTOS». doi:10.26820/plantas-medicinales-y-fitomedicamentos. Consultado em 13 de novembro de 2023 
  6. Cardona Medina, Edison; Sühs, Rafael Barbizan; de Barcellos Falkenberg, Daniel; Joner, Fernando; Nodari, Rubens Onofre (novembro de 2021). Ward, David, ed. «Effects of root hemiparasite Escobedia grandiflora (Orobanchaceae) on southern Brazilian grasslands: Diversity, composition, and functional groups». Journal of Vegetation Science (em inglês) (6). ISSN 1100-9233. doi:10.1111/jvs.13088. Consultado em 13 de novembro de 2023