Utilitarismo: diferenças entre revisões

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== O cálculo utilitarista ==
Um dos traços importantes do utilitarismo é seu [[racionalismo]]. A moralidade de um ato é ''calculada'', ela não é determinada a partir de princípios diante de um valor intrínseco. Este cálculo leva em conta as consequências do ato sobre o bem-estar do maior número de pessoas. Ele supõe, então, a possibilidade de se calcular as consequências de um ato, e avaliar seu impacto sobre o bem-estar dos indivíduos.
 
Para alguns utilitaristas, como o filósofo [[Peter Singer]], o cálculo utilitarista de prazer e dor deve incluir todos os "seres dotados de sensibilidade", sendo legítimo assim incluir os animais no cálculo da moralidade de um ato. Singer se refere ao cálculo utilitarista que sejacomo exclusivo para odo [[homo sapiens sapiens|ser humano]], como uma forma de "especismo", ou seja, [[preconceito]] de [[espécie]].
 
== Influência do utilitarismo no direito penal ==
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O conceito de [[Pena (direito)|pena]] nos século XVIII e século XIX estava muito relacionado ao caráter retributivo, ou seja, se alguém cometesse certa [[infração penal]], o agente deveria receber determinada [[sanção jurídica]], encerrando a punição no próprio [[delito|delituoso]].
 
Pelo cálculo utilitarista, essa concepção retributiva do Direito só traria consequências ao criminoso em si. Com base no princípio máximo do utilitarismo - segundo o qual uma ação deve trazer felicidade ao maior número de pessoas - Bentham desenvolve o caráter preventivo da [[lei]]. Assim, a [[punição]] de um crime não termina no delituoso, mas em toda a [[sociedade]], uma vez que a pena deve coibir futuras ações ilícitas. Destaca-se, ainda, a famosa ideia do [[pan-óptico]], que consiste numa [[arquitetura]] [[penitenciária]], que buscava disciplinar o detento.
 
=== Lei da selva ===
Os ideólogos do utilitarismo são acusados de promover sem justificativa uma [[desigualdade econômica|sociedade superior]], ou de apoiar a «lei da selva» na [[economia]]. Para seus críticos, a ciência econômica utilitarista reduz o indivíduo a um objeto [[racionalismo|racional]] autossuficiente (quando na verdade os indivíduos são interdependentes com os demais), e se esquece das ligações [[sentimento|sentimentais]] dos indivíduos entre si. Em sua defesa, os utilitaristas, entretanto, podem indagar se tais críticas não seriam fruto de um profundo desconhecimento da filosofia utilitarista, indevidamente associada a uma apologia do [[capitalismo selvagem]].
 
=== Incalculabilidade das consequências ===
Os que se opõe ao pensamento utilitarista veem diversos problemas no cálculo utilitarista que mede a [[moralidade]] por suas consequências., a saber:
 
* '''[[Incerteza]]''' – Para os críticos, as consequências exatas de um ato não são determináveis até que ele aconteça de fato. Dentro desta visão, jamais teremos a certeza de que as supostas consequências de um ato serão suas consequências reais. Assim, um ato aparentemente [[inocência|inocente]] poderá então se mostrar imoral à vista de suas consequências reais, assim como um ato supostamente malvado poderá se revelar moral.