Sônia de Moraes Angel: diferenças entre revisões

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→‎Biografia: Dados pessoais.
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==Biografia==
Filha de João Luiz Moraes (um oficial Coronel do [[Exército Brasileiro]]) e de Cléa Lopes de Moraes, Sônia estudounasceu em 9 de novembro de 1946, em Santiago do Boqueirão (RS). Estudou no [[Colégio de Aplicação]] da antiga [[Faculdade Nacional de Filosofia]] e, posteriormente, na [[Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (UFRJ)|Faculdade de Economia e Administração da UFRJ]], de onde foi desligada pelo [[Decreto-lei Federal do Brasil 477 de 1969|Decreto nº 477]], de [[24 de setembro]] de [[1969]], antes de se formar, por participar de atividades subversivas.<ref name="catole">{{citar web|url=http://www.catolenews.com.br/noticias/catoledorocha/p2_articleid/5464|titulo=A história de Sônia Moraes Angel Jones, militante da ALN|acessodata=16/06/2011}}</ref> Para se sustentar, trabalhava como [[professor]]a de [[língua portuguesa|português]], no Curso Goiás, no [[Leblon]], na [[Rio de Janeiro (cidade)|cidade do Rio de Janeiro]], de propriedade de sua família.
 
Casou-se, em 18 de agosto de 1968, com [[Stuart Angel Jones]], militante do [[Movimento Revolucionário 8 de Outubro]] (MR-8), que conheceu nas manifestações e reuniões de militantes de esquerda.<ref name="catole" /> Foi presa pela primeira vez em [[1 de maio]] de 1969, quando das manifestações de rua na [[Praça Tiradentes (Rio de Janeiro)|Praça Tiradentes]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], e primeiro levada para o [[DOPS]] para interrogatório e em seguida para o presídio feminino São Judas Tadeu.<ref name="gtnm">{{citar web|url=http://www.torturanuncamais-rj.org.br/medalhaDetalhe.asp?CodMedalha=86|titulo=Sônia Maria de Moraes Angel Jones|publicado=Grupo Tortura Nunca Mais|acessodata=16/06/2011}}</ref> Foi solta apenas em [[6 de agosto]] de 1969, após ser absolvida pelo [[Superior Tribunal Militar]], por unanimidade, passando à clandestinidade com o nome de ''Esmeralda Siqueira Aguiar''.
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Com [[Antônio Carlos Bicalho Lana]], outro integrante da ALN com quem se unira, foi morar em [[São Vicente (São Paulo)|São Vicente]], onde alugou um apartamento em [[15 de novembro]] de 1973. No mesmo mês, ela e Lana foram presos por agentes do [[DOI-CODI]] de São Paulo, denunciados pelo médico João Henrique Ferreira de Carvalho, apelidado pelo DOI-CODI de "Jota", um infiltrado nas organizações clandestinas responsável pela denúncia e morte de cerca de vinte militantes da luta armada.<ref>{{citar web|url=http://comissaodaverdade.al.sp.gov.br/mortos-desaparecidos/sonia-maria-de-moraes-angel-jones|título=SÔNIA MARIA DE MORAES ANGEL JONES|publicado=Comissão da Verdade do Estado de São Paulo|acessodata=8 de agosto de 2017}}</ref> Foi noticiado pelo [[II Exército]] em versão oficial, publicada nos jornais ''[[O Globo]]'' e ''[[O Estado de S. Paulo]]'' de 1 de dezembro de 1973, que ela morrera, após combate, a caminho do hospital, num tiroteio com agentes de segurança no bairro de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo.<ref name="catole" />
 
Existem, na verdade, duas versões posteriores para a tortura e morte de Sônia: a primeira delas, dada pelo próprio tio da militante, [[coronel]] Canrobert Lopes da Costa, ex-comandante do [[DOI-CODI]] de [[Brasília]] e irmão do pai dela, que diz que "depois de presa, do DOI-CODI de São Paulo foi mandada para o DOI-CODI do Rio de Janeiro, onde foi torturada, estuprada com um cassetete e mandada de volta a São Paulo, já exangue, onde recebeu dois tiros." A segunda versão, do ex-sargento Marival Chaves, ex-membro do DOI-CODI/SP e do [[Centro de Informações do Exército|CIEx]], em Brasília, dada à revista [[Veja]] em 1992, afirma que "Sônia e Antônio Carlos foram presos e levados para um sítio na Zona Sul de São Paulo onde ficaram de cinco a dez dias sendo torturados, até morrerem, dia 30 de novembro de 1973, com tiros pelo corpo, sendo colocados, no mesmo dia, à porta do DOI-CODI/SP, para servir de exemplo. Ao mesmo tempo, foi montado um “teatrinho” para justificar a versão oficial de que foram mortos em consequência de tiroteio, no mesmo dia 30 (metralharam com tiros de festim um casal e os colocaram imediatamente num carro)".<ref name="catole" /> O local da tortura e assassinato de Sônia e seu companheiro foi identificado como [[Fazenda 31 de Março]], nome dado pelos militares em homenagem à data do [[golpe militar de 1964]], um sítio localizado na região de [[Parelheiros]], na zona sul de São Paulo. Dos muitos subversivos para ali levados pelos agentes da repressão, apenas um escapou com vida, o ex-[[deputado estadual]] fluminense Affonso Celso Nogueira Monteiro, em 1975, após denúncias de seu desaparecimento na [[Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro]] e no [[Congresso Nacional]].<ref>{{citar web|url=http://apublica.org/2011/08/o-sitio-da-tortura/|titulo=O sítio da tortura|ultimo=Viana|primeiro=Natália|data=8 de agosto de 2011|publicado=A Pública|acessodata=16/07/2014}}</ref>
 
Durante quase vinte anos, a família de Sônia investigou os fatos relativos à sua morte e a de seu companheiro Lana. O resultado destas investigações foi transformado no vídeo ''Sônia Morta e Viva'', dirigido por Sérgio Waismann. Ela foi enterrada como indigente no [[Cemitério de Perus]], em São Paulo, sob o nome de ''Esmeralda Siqueira Aguiar'', mesmo depois de identificada como Sônia Angel. Através de um processo na 1ª Vara Cível de São Paulo, seu pai, [[tenente-coronel]] da reserva João Luiz de Morais, conseguiu a correção do certificado de óbito e a verdadeira identificação da filha. Com Sônia oficialmente morta, seus supostos restos, encontrados em Perus, foram transladados para o Rio em 1981, oito anos após sua morte.<ref name="dossie">{{citar web|url=http://www.dhnet.org.br/dados/dossiers/dh/br/dossie64/br/dossmdp.pdf|titulo=SÔNIA MARIA LOPES DE MORAES|publicado=DOSSIÊ DOS MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS A PARTIR DE 1964|acessodata=16/06/2011}}</ref>