Leonel Brizola: diferenças entre revisões

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[[Imagem:João Goulart e Leonel Brizola.jpg|thumb|Brizola abraçando seu cunhado, o presidente da República [[João Goulart]], na década de 1960.]]
 
Por meio de suas políticas internas e externas, Brizola tornou-se uma figura importante na política brasileira, eventualmente desenvolvendo ambições presidenciais que não poderia cumprir devido às leis da época; a legislação brasileira não permitia que parentes próximos do presidente em exercício concorressem na eleição seguinte.{{sfn|Braga, Souza, Dioni e Bones|2004|p=77}}<ref>{{Citar web |url=https://jornalggn.com.br/documento/cunhado-nao-e-parente-brizola-pra-presidente |título=Cunhado não é parente, Brizola pra Presidente |publicado=GGN |autor=Lincoln Barros |data=23 de agosto de 2015 |acessodata=27 de dezembro de 2017}}</ref> Entre 1961 e 1964, Brizola atuou na ala radical da esquerda independente, onde pressionou por uma agenda de reformas sociais e políticas radicais e por uma mudança na legislação eleitoral que permitisse sua candidatura na [[Eleição presidencial no Brasil em 1965|eleição presidencial de 1965]]. Brizola foi visto como autoritário e briguento, capaz de lidar com seus inimigos usando a agressão física; por exemplo, agrediu o jornalista de direita [[David Nasser]] no aeroporto do Rio de Janeiro.{{sfn|Braga, Souza, Dioni e Bones|2004|p=78}}{{harvy|d|Maklouf|2001|p=424}}{{harvy|e|Aveline|1999|p=131}} Brizola atuou como um aventureiro no jogo político em torno do governo Goulart, sendo temido e odiado pelos políticos moderados da esquerda e da direita. Este papel foi especialmente visível quando mudou o seu domicílio eleitoral para um centro político nacional. Se optasse por se candidatar ao Legislativo pelo Rio Grande do Sul, ganhandoteria umaque vitóriarenunciar esmagadoraao (269governo estadual seis meses antes da eleição.384 votosOptou, ouentão, umpor quartoaceitar doo eleitoradoconvite estadual)feito napelo PTB carioca de se candidatar a deputado federal, ganhando a [[Eleições estaduais na Guanabara em 1962|eleição de 1962]] paracom ouma Congressovitória noesmagadora (269.384 votos, ou um quarto do eleitorado do estado dade [[Guanabara]], a atual cidade do [[Rio de Janeiro]]).{{sfn|Braga, Souza, Dioni e Bones|2004|p=77}}{{sfn|Osório|2005|p=77}}{{sfn|Braga, Souza, Dioni e Bones|2004|p=77}}{{sfn|Osório|2005|p=97}}
 
Em janeiro de 1963, um [[Plebiscito sobre a forma e o sistema de governo do Brasil (1963)|plebiscito]] redefiniu o sistema de governo como presidencialista, um resultado que foi visto por Brizola como um "voto de confiança" dado pelo povo para que Goulart prosseguisse com as [[reformas de base]].{{sfn|Braga, Souza, Dioni e Bones|2004|p=78}}{{harvy|a|Black|1977|p=24}} Ao mesmo tempo, em uma movimento para competir com o presidente pela liderança política, Brizola iniciou um programa semanal na rádio carioca [[Rádio Mayrink Veiga|Mayrink Veiga]], que costumava usar para transmitir para todo o país, e planejava constituir uma rede de células políticas composta por pequenos grupos de homens armados, os [[Grupos dos Onze]].{{sfn|Filho & Moreira|2008|p=251}}{{sfn|Skidmore|1982|pp=340-341}} Os grupos deveriam atuar como organizações de base que "defenderiam e difundiriam" os principais pontos de uma agenda reformista que teria que ser alcançada "na lei ou na marra."{{sfn|Ridenti|1993|p=26}} De acordo com jornalista da época [[Edmar Morel]], para fazer com que todo o espectro político temesse suas pretensões, "Brizola estava disposto a pagar qualquer preço para ser o dono da bola."{{sfn|Morél|1965|p=64}} O ministro dos Negócios Estrangeiros de Goulart e líder da esquerda moderada, [[San Tiago Dantas]], rotulou Brizola como um exemplo de uma "esquerda negativa" que, na sua intransigente e ideológica defesa da reforma social, abandonou qualquer compromisso com instituições democráticas.{{sfn|Onofre|2010|p=}} Apesar de seu suposto radicalismo, Brizola não era um ideólogo ou doutrinário.{{sfn|Skidmore|1982|p=304}} Geralmente, representava um extremo [[nacionalismo]] de esquerda, apoiando a reforma agrária, a extensão do direito ao voto para analfabetos e suboficiais, e controles rigorosos sobre investimentos estrangeiros que fizeram com que o embaixador [[Lincoln Gordon]] não gostasse de Brizola e comparasse suas técnicas de propaganda com as de [[Joseph Goebbels]], um rumor também compartilhado pela maioria da mídia norte-americana.{{sfn|Stédile & Estevam|2005|p=81}}{{sfn|Skidmore|1982|p=304}}