Thomas Sankara: diferenças entre revisões

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|preposição =de
|país =BurquinaBurkina FassoFaso
|ordem_presidente =1
|mandato_início =[[4 de agosto]] de [[1984]]
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|antes =''ele mesmo'' <small>(como Presidente de Alto Volta)</small>
|depois =[[Blaise Compaoré]]
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}}
'''Thomas Isidore Noël Sankara''' ([[Yako]], [[21 de dezembro]] de [[1949]] &mdash; [[Ouagadougou]], [[15 de outubro]] de [[1987]]) foi um militar, revolucionário [[Marxismo|marxista]], [[Pan-africanismo|pan-africanista]] e líder político de [[Burquina Fasso|Burkina Faso]]. Foi um popular [[capitão]] e o [[primeiro-ministro]] quando o país ainda se chamava [[República do Alto Volta]]. Logo depois, tornou-se o [[Lista de presidentes de Burquina Fasso|quinto presidente voltense]] desde a libertação do jugo [[França|francês]] e o primeiro de BurquinaBurkina FassoFaso.
 
Ele também enunciou os objetivos da "revolução democrática e popular" com as tarefas de erradicar a corrupção, a luta contra a degradação ambiental, o empoderamento das mulheres, e aumentar o acesso à educação e cuidados de saúde, com o objetivo maior de eliminar resquícios da dominação colonial francesa. Durante o curso de sua presidência, Sankara implementou com sucesso programas que muito reduziram a mortalidade infantil, aumentaram as taxas de alfabetização e freqüência escolar, aumentaram o número de mulheres que ocupam cargos governamentais.<ref name=BRITANNICA-SANKARA>Ray, 2013</ref> Seu governo tentou abolir também os privilégios tribais e baniu as mutilações genitais, os casamentos forçados e a poligamia. Além disso, foi bem sucedido em promover campanhas contraceptivas e vacinações infantis. Na frente ambiental, somente no primeiro ano de sua presidência, 10 milhões de árvores foram plantadas, em um esforço para combater a desertificação. No primeiro aniversário da revolução que o havia levado ao poder, ele mudou a bandeira, o hino e o nome de [[República do Alto Volta]] para [[Burquina Fasso|Burkina Faso]], o que significa aproximadamente "terra de pessoas honestas (ou íntegras)" em mossi e diúla, duas línguas indígenas mais faladas do país.<ref name=LA-GUIA-DEL-MUNDO-pp.171>Enciclopédia do Mundo Contemporâneo, 2000, p.171</ref><ref name=AJ-31-OUT-2014>Kobo, 31 de outubro de 2014</ref> Ao longo de seus quatro anos no poder, Sankara pregou auto-suficiência econômica de Burquina Fasso.<ref name=GUARDIAN-15-OUT-2008>Jacobs, 15 de outubro de 2008</ref>
 
Apesar dos grandes avanços que foram feitos, houve forte oposição interna, em parte por causa dos problemas econômicos e às políticas sociais mais progressistas do governo que desagradavam os setores mais conservadores, e também de países vizinhos, especialmente [[Costa do Marfim]] e [[Togo]], além de [[França]] e [[Estados Unidos]].<ref name=BRITANNICA-SANKARA>Ray, 2013</ref><ref name=FSP-05-JAN-1986>Castilho, 5 de janeiro de 1986, p. 10.</ref> Sua administração foi perdendo apoio popular e também cresceram conflitos internos dentro de seu governo, até que em 15 de outubro de 1987, Sankara foi assassinado em um [[golpe de Estado]] liderado pelo aliado [[Blaise Compaoré]] e dois outros ex-colaboradores. Esta versão também foi confirmada por outros testemunhos liberianos que acusam também os serviços secretos franceses e a CIA pela morte de Thomas Sankara. <ref name=BRITANNICA-SANKARA>Ray, 2013</ref>
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Em 1974, ele tornou-se conhecido nacionalmente por sua atuação heróica na [[Guerra da Faixa de Agacher|guerra de fronteira com o Mali]]. Durante os combates, ele era um jovem tenente que aos gritos fez com que sua unidade conseguisse romper com onze homens, quase sem munição, uma guarnição inimiga que durava uma semana, na fronteira com o [[Mali]], e acabou vitorioso.<ref name=FSP-13-AGO-1984>Castilho, 1984, p. 11.</ref> Ele foi praticamente o único militar voltense que saiu com glórias desta guerra.<ref name=FSP-06-AGO-1983-RETRANCA>Castilho, 1983, p .6.</ref> Anos mais tarde, o próprio Sankara condenou à guerra como algo inútil e injusto.<ref name=BRITANNICA-SANKARA>Ray, 2013</ref>
 
Dois anos depois do conflito, Sankara foi comandar uma unidade isolada na cidade de [[Pô]], onde, além de chefe, ele era o guitarrista de um e líder de uma banda composta por soldados e cabos chamada "Jazz Tout -à- Coup".<ref name=FSP-06-AGO-1983-RETRANCA>Castilho, 1983, p. 6.</ref> Foi dele também a ideia de usar seus subordinados em tarefas agrícolas, ajudando camponeses pobres da região que estavam morrendo de fome, após quatro anos consecutivos de seca. Os mutirõesmovimentos populares organizados por Sankara lhe valeram muita popularidade.<ref name=FSP-06-AGO-1983-RETRANCA>Castilho, 1983, p. 6.</ref>
 
No mesmo ano, ele conheceu [[Blaise Compaoré]] em Marrocos. Durante a presidência do coronel [[Saye Zerbo]], um grupo de jovens oficiais formou uma organização secreta chamada "Consolidação de Oficiais Comunistas'" (Regroupement des officiers communistes, ou ROC), cujos membros mais proeminentes eram Henri Zongo, Jean-Baptiste Boukary Lingani, Blaise Compaoré e Sankara.
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Em 1982, ele participou da conspiração que derrubou Zerbo e colocou no poder o major [[Jean-Baptiste Ouédraogo]]. Na época, Sankara recusou a promoção de general, afirmando que no seu país o generalato era sinônimo de preguiça e corrupção.<ref name=FSP-13-AGO-1984>Castilho, 1984, p. 11.</ref>
 
Em janeiro de 1983, Sankara foi nomeado o primeiro-ministro do recém-formado Conselho para a Salvação do Povo (CSP), um cargo que lhe deu abertura para a política internacional e oportunidade para se reunir com líderes do movimento de países não-alinhados, incluindo o cubano [[Fidel Castro]], o moçambicano [[Samora Machel]] e o granadino [[Maurice Bishop]].<ref name=BRITANNICA-SANKARA>Ray, 2013</ref> Ele aproveitou para exacerbar as contradições durante as reuniões públicas nas quais ele denunciava os “inimigos do povo” e o “imperialismo”, o que tencionava as divisões internas entre os militares que desejavam a continuidade institucional e os oficiais revolucionários reunidos junto ao jovem capitão.<ref name=LMD-2011>Jaffré, setembro de 2011</ref> Sua postura antiimperialistaanti-imperialista juntamente com sua popularidade colocaram Sankara cada vez mais em desacordo com elementos conservadores dentro do CSP, incluindo o próprio presidente Ouédraogo.<ref name=BRITANNICA-SANKARA>Ray, 2013</ref><ref name=FSP-06-AGO-1983-RETRANCA>Castilho, 1983, p. 6.</ref> No dia 17 de maio de 1983, enquanto Guy Pennem, conselheiro de Negócios Africanos de [[François Mitterrand]], aterrissava em Uagadugu, Sankara foi destituído do cargo de primeiro-ministro e teve sua prisão decretada.<ref name=HDBF/2013>Rupley, Bangali e Diamitani, 2013, p. 67.</ref>
 
Por ser um militar muito popular em Alto Volta, a prisão de Thomas Sankara provocou protestos massivos envolvendo estudantes, trabalhadores e oficiais. <ref name=FSP-13-AGO-1984>Castilho, 13 de agosto de 1984, p. 11.</ref> As organizações de esquerda clandestinas, o PAI e a União das Lutas Comunistas Reconstruída (ULC-R) se manifestaram pedindo a sua libertação. <ref name=LMD-2011>Jaffré, setembro de 2011</ref> Em resposta às manifestações populares exigindo a libertação de Sankara, o major Ouédraogo permitiu que Sankara ficasse sob prisão domiciliar na capital Uagadugu.<ref name=HDBF/2013-LII>Rupley, Bangali e Diamitani, 2013, lii.</ref>
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Com o fim do regime Ouédraogo em 4 de agosto de 1983, formou-se o Conselho Nacional da Revolução, que teve Sankara como seu presidente.<ref name=FSP-06-AGO-1983-ABRE>Agências Internacionais, 6 de agosto de 1983, p. 6.</ref> Uma de suas primeiras medidas foi estabelecer uma nova divisão político-administrativa em 30 províncias, sob altos comissários, e 250 departamentos, sob prefeitos, com governo local dividido entre distritos e vilas.<ref name=HDBF/2013-LIII>Rupley, Bangali e Diamitani, 2013, liii.</ref> Também foram implementados os chamados Comitês de Defesa da Revolução (CDR, inspirados no modelo cubano), comitês populares que assumiram responsabilidades numerosas como a formação política, o saneamento dos bairros, a segurança pública, o desenvolvimento da produção e do consumo de produtos locais, a participação no controle orçamental nos ministérios, entre outros.<ref name=LMD-2011>Jaffré, setembro de 2011</ref> Sankara determinou a venda da frota de veículos oficiais [[Mercedes Benz]], incluindo o automóvel presidencial, e a substituiu por modelos [[Renault 5]], então o carro mais barato vendido no país.<ref name=TAP-15-OUT-2012>Dörrie, 15 de outubro de 2012</ref><ref name=EFE-12-NOV-2014>Martorell, 12 de novembro de 2014</ref> A tarefa era imensa, já que o Alto Volta estava entre os países mais pobres do mundo, com uma taxa de mortalidade infantil estimada em 180 para 1 mil, esperança de vida de 40 anos, taxa de analfabetismo de até 98%, taxa de escolarização de 16%.<ref name=LMD-2011>Jaffré, setembro de 2011</ref> Sankara propôs que cada habitante tivesse no mínimo duas refeições e dez litros de água ao dia.<ref name=LA-GUIA-DEL-MUNDO-pp.171>Enciclopédia do Mundo Contemporâneo, 2000, p.171</ref><ref name=PAMBAZUKA-03-SET-2009>Montanaro, 3 de setembro de 2009</ref> Tido inicialmente pelas potências ocidentais como pró-[[Líbia]] e adepto de soluções revolucionárias radicais, Sankara adotou uma postura considerada moderada no primeiro ano de governo. Sua primeira preocupação foi em fortalecer laços com [[Jerry Rawlings]], de [[Gana]], e depois neutralizar a oposição do octogenário [[Félix Houphouët-Boigny]], que governava a [[Costa do Marfim]], e praticamente controlava todo o comércio exterior do Alto Volta, um país sem acesso ao mar. Embora conduzisse um governo de esquerda, fugiu aos alinhamentos com a [[União Soviética]] ou a [[China]], bem como rejeitou uma aproximação do regime nacionalista de [[Muammar al-Gaddafi]].<ref name=FSP-13-AGO-1984>Castilho, 1984, p. 11.</ref><ref name=FSP-05-JAN-1986>Castilho, 5 de janeiro de 1986, p. 10.</ref>
 
Em abril de 1984, o capitão determinou uma distribuição de terras para a construção de habitação popular.<ref name=HDBF/2013-LIV>Rupley, Bangali e Diamitani, 2013, liv</ref> No mês seguinte, ele foi vítima de uma fracassada conspiração militar apoiada por Costa do Marfim, Togo, França e Estados Unidos.<ref name=HDBF/2013-LIV>Rupley, Bangali e Diamitani, 2013, liv</ref> Os conspiradores foram parar em um pelotão de fuzilamento em 12 de junho.<ref name=FSP-13-AGO-1984>Castilho, 1984, p. 11.</ref> Durante as comemorações do primeiro aniversário da revolução, Sankara instituiu um novo nome para o país - [[Burquina Fasso|Burkina Faso]], junção das palavras [[língua more|more]] "Burkina" ("''homens dignos''", "''homens íntegros''", "''homens honestos''") e [[Língua diúla|diúla]] ''Faso'' ("''terra natal"'')<ref name=FSP-13-AGO-1984>Castilho, 1984, p. 11.</ref> -, uma nova bandeira e um [[Une Seule Nuit|novo hino]] nacionais e uma nova lei de [[reforma agrária]], que nacionalizava todas as terras e riquezas naturais.<ref name=AJ-31-OUT-2014>Kobo, 31 de outubro de 2014</ref><ref name=DM-05-NOV-2013>Davis, 15 de outubro de 2012</ref><ref>Lentz, 2013, p. 106.</ref><ref>Schaaf, 2008, p. 55.</ref> Ainda naquele ano, Sankara lançou o Programa de Desenvolvimento Popular (PDP), adotado depois de um processo participativo e democrático que incluiu as aldeias mais remotas e que resultou, em 14 meses, na construção de 250 reservatórios e na perfuração de 3 000 poços artesianos, além de outras realizações nas áreas de saúde, habitação, educação e produção agrícola, e autorizou uma campanha de vacinação de 15 dias, que resultou na imunização de mais de 2,5 milhões de crianças contra a [[meningite]], a [[febre amarela]] e o [[sarampo]].<ref name=AJ-31-OUT-2014>Kobo, 31 de outubro de 2014</ref><ref name=PAMBAZUKA-23-OUT-2013>Dembélé, 23 de outubro de 2013</ref> Ele ainda aboliu impostos de longo prazo na zona rural, anunciou a gratuidade por doze meses de todos os alugueis residenciais e o início de um programa massivo de construção de habitação financiada com recursos públicos - medidas estas interpretadas pela elite econômica do país como uma afronta, já que o ramo imobiliário (terras, moradias e propriedades de aluguel, etc) era, desde os tempos da dominação francesa, uma das principais fontes de renda de um grupo minoritário de políticos e aliados que compartilhavam as melhores terras das grandes cidades e tinham construído casas e edifícios que lhes trouxeram numerosos recursos<ref name=DALPHINE-JUN-2013>Nebié, Raffinot, Loada e Koussoubé, 2013, p.2-22</ref><ref name=TAP-15-OUT-2012>Dörrie, 15 de outubro de 2012</ref><ref name=HDBF/2013-LV>Rupley, Bangali e Diamitani, 2013, lv</ref>}} - e estimulou a incipiente indústria têxtil do país, os funcionários públicos eram obrigados a usar roupas feitas localmente durante o horário de expediente para aumentar a demanda.<ref name=TAP-15-OUT-2012>Dörrie, 15 de outubro de 2012</ref> Para viabilizar todos esses projetos, o capitão, que recusava submeter o país a empréstimos junto a organismos como [[Fundo Monetário Internacional]] e [[Banco Mundial]], decretou a composição de um fundo público feito a partir da contribuição anual de um salário inteiro de militares e funcionários públicos de alto escalão mais metade de uma salário de outros servidores.<ref name=NAP-2009>Mwakikagile, 2009, p.37-41</ref> Dentro de sua luta anti-imperialista, pronunciou em 4 de outubro de 1984<ref>{{Citar periódico|ultimo=X|primeiro=Mr|data=2007-02-15|titulo=Discours de Sankara devant l'assemblée générale de l'ONU le 4 octobre 1984 (texte intégral) - Thomas Sankara|jornal=Thomas Sankara|url=http://thomassankara.net/discours-de-sankara-devant-lassemblee-generale-de-lonu-le-4-octobre-1984-texte-integral/|idioma=fr-FR}}</ref> um discurso frente ao parlamento da ONU onde defendeu, entre outras coisas, o direito dos povos ao alimento, à água e à educação.
 
Em 1985, diversos grandes sindicados atacavam políticas socioeconômicas do Conselho Nacional da Revolução, que retaliou com a suspensão dos empregos de vários líderes sindicais. Além desses, outros dois setores demonstravam certa insatisfação com Sankara: as elites rurais, descontentes com a pretensão de Sankara de modernizar a arcaica estrutura agrícola do país controlada por segmentos praticamente feudais, e parcela significativa do [[servidor público|funcionalismo público]], tanto pelo combate do capitão à pesada burocracia estatal que, em sua maior parte, ainda funciona segundo os moldes implantados pelo colonialismo francês, como pelo drástico arrocho salarial que compunha os planos de austeridade para reduzir o endividamento externo, calculado em US$ 350 milhões.<ref name=FSP-05-JAN-1986>Castilho, 5 de janeiro de 1986, p. 10.</ref> Sankara engajou-se em campanhas para o plantio de 10 milhões de árvores para combater a [[desertificação]] no [[Sahel]]<ref name=BRITANNICA-SANKARA>Ray, 2013</ref> e a "Batalha pela estrada de ferro", onde convidava voluntários a trabalhar na colocação de trilhos sobre o leito da estrada entre [[Uagadugu]] e [[Kaya (Burquina Fasso)|Kaya]].<ref name=HDBF/2013-LV/> Para fortalecer a mulher na sociedade voltense, o capitão tomou uma série de medidas em seu governo, como a proibição da mutilação genital feminina, dos casamentos forçados e a poligamia, além de fomentar a nomeação de mulheres para os altos cargos governamentais.<ref name=TAP-15-OUT-2012>Dörrie, 15 de outubro de 2012</ref><ref name=EFE-12-NOV-2014>Martorell, 12 de novembro de 2014</ref><ref name=EA-05-ABR-2013>Serugo, 5 de abril de 2013</ref><ref name=kasuka/2003>Kasuka, 2013, pp.293-303</ref> No plano internacional, Sankara sofreu uma tentativa de assassinato, quando um explosivo destruiu o quarto de hotel no qual o capitão ficaria hospedado em [[Yamoussoukro]], onde participaria da reunião anual de estados do Conselho da Entente (formado por [[Costa do Marfim]], [[Togo]], [[Benin]], [[Níger]] e [[Burquina Fasso|Burkina Faso]]).<ref>The Associated Press, 1985, p.11</ref><ref>Handloff, 1988</ref> Para piorar, houve uma nova [[Guerra da Faixa de Agacher|escalada militar na disputa territorial]] com o vizinho Mali no final daquele ano,<ref>Reuters, 26 de dezembro de 1985</ref><ref>Reuters, 18 de janeiro de 1986</ref> que serviu de pretexto para os governos vizinhos rivais aumentar as dificuldades com as quais se defrontava o regime de cunho nacionalista e socialista de Sankara.<ref name=FSP-05-JAN-1986>Castilho, 5 de janeiro de 1986, p. 10.</ref>
 
Ao longo de 1986, Sankara determinou a execução de uma campanha nacional de alfabetização em nove línguas nativas que envolveu 35 mil instrutores, aboliu todas as restrições que existiam para [[Contracepção de barreira|contraceptivos]], tornando BurquinaBurkina FassoFaso a primeira nação africana a reconhecer a epidemia de [[Aids]] como uma ameaça ao continente, e anunciou um plano quinquenal para a auto-suficiência econômica do país.<ref name=AJ-31-OUT-2014>Kobo, 31 de outubro de 2014</ref><ref name=HDBF/2013-LVI>Rupley, Bangali e Diamitani, 2013, lvi</ref><ref name=GUARDIAN-15-OUT-2008>Jacobs, 15 de outubro de 2008</ref><ref name=kasuka/2003>Kasuka, 2013, pp.293-303</ref> Mantendo sua postura [[pan-africanismo|pan-africana]], o capitão constrangeu o presidente [[François Mitterrand]], em visita oficial a BurquinaBurkina FassoFaso, pelo apoio da [[França]] ao [[apartheid]] da [[África do Sul]].<ref name=MILITANT-28-FEV-2005>Koppel e Cornejo, 28 de fevereiro de 2005</ref><ref name=GUARDIAN-15-OUT-2008>Jacobs, 15 de outubro de 2008</ref><ref name=HARVARD-31-OUT-2014>Azébazé, 31 de outubro de 2014</ref><ref name=CSIS-26-JAN-1987>Kitchen Jr, 26 de janeiro de 1987</ref> Sankara acusou o líder francês de cumplicidade com o regime racista, ao permitir que o então presidente sul-africano [[Pieter Willem Botha|Pieter Botha]] visitasse e fosse recebido pela França.<ref name=HAPJ-31-OUT-2014>Azébazé, 31 de outubro de 2014</ref><ref name=CSIS-26-JAN-1987>Kitchen Jr, 26 de janeiro de 1987</ref>
 
Com o recrudescimentorenovar da oposição ao regime em 1987, a figura carismática de Sankara sofria certo desgaste, em especial por diversos setores sindicais, descontentes com as perseguições de suas lideranças, e pela elite econômica, que controlava a maior parte da terra arável e imobiliário naquele momento e jamais concordaram com a reforma agrária que culminou com a melhoria da produção agrícola e tornou o país praticamente auto-suficiente em alimentos básicos.<ref name=TAP-15-OUT-2012>Dörrie, 15 de outubro de 2012</ref><ref name=AJ-31-OUT-2014>Kobo, 31 de outubro de 2014</ref> O regime sofria com os excessos e falhas do Comitês de Defesa da Revolução, ainda que o próprio Sankara fosse o primeiro a denunciar os diversos abusos dos CDR.<ref name=LMD-2011>Jaffré, setembro de 2011</ref>
 
===Assassinato===
Com o apoio dos governos [[Costa do Marfim|marfinense]], [[França|francês]] e [[Líbia|líbio]], umuma complôconspiração lideradoliderada por [[Blaise Compaoré]], número dois do regime, tomou de assalto a sede da presidência em 15 de outubro, resultando na morte de Sankara e outros militares leais.<ref name=FSP-16-OUT-1987>Agências Internacionais, 16 de outubro de 1987, p. 11.</ref><ref>Los Angeles Times, 17 de outubro de 1987</ref> Os [[golpe de estado|golpistas]] alegaram ter colocado "fim ao regime autocrático de Thomas Sankara", que teria desviado o rumo da revolução de 1983, e que o líder carismático conduzia o país para um processo de restauração neocolonial.<ref name=FSP-16-OUT-1987>Agências Internacionais, 16 de outubro de 1987, p. 11.</ref><ref name=FSP-17-OUT-1987>Agências Internacionais, 17 de outubro de 1987, p. 8.</ref>
 
==Legado==