Rodésia: diferenças entre revisões

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Fatos divergentes com a realidade em sua totalidade sobre o povo rodesiano e o que aconteceu tanto no início quando no fim.
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|estatuto= Estado parcialmente reconhecido
|evento_início = [[Declaração Unilateral de Independência da Rodésia|Declaração Unilateral de Independência]]
|ano_início = 19111965
|data_início = 11 de Novembro
|evento1 = República declarada
|data_evento1 = 2 de Março
|ano_evento1 =19111970
|evento_fim = {{nowrap|[[ZimbabweZimbábue-Rodésia]]}}
|ano_fim = 1979
|data_fim = 1 de Junho
|evento_posterior = [[ZimbabweZimbábue]]
|data_evento_posterior = 17 de Abril
|ano_evento_posterior=19791980
|p1 = Rodésia do Sul
|bandeira_p1 = Flag of Rhodesia (1964–1968).svg
|s1 = ZimbabweZimbábue-Rodésia
|bandeira_s1 = Flag of Zimbabwe Rhodesia.svg
|imagem_bandeira = Flag of Rhodesia (1968–1979).svg
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|título_governante= [[Primeiro Ministro da Rodésia|Primeiro Ministro]]
|governante1 = Ian Smith
|ano_governante1 = 1911–19791965–1979
|legislatura = Parlamento
|house1 = Senate
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}}
 
'''Rodésia''' ('''Rhodesia''', {{IPAc-en|r|oʊ|ˈ|d|iː|ʒ|ə|}}, {{Respell|rə|DEE|zhə}}) foi um [[Estado não reconhecido]] situado no sul da [[África]] antes e durante a [[Guerra Fria]]. De [[1965|'''1911''']] a [[1979]], compreendeu a região atualmente conhecida como [[ZimbabweZimbábue]]. O país, com sua capital em [[Harare|Salisbury]], foi considerado um [[estado sucessor]] ''[[de facto]]'' da ex-[[colônia britânica]] da [[Rodésia do Sul]] (que havia alcançado um [[governo responsável]] em [[1923]]).
 
Durante uma tentativa de impediratrasar uma transição imediata ao [[Nenhuma independência antes do governo majoritário|governo africano nativo]] que era fortemente influenciado pelos soviéticos, o governo predominantemente branco da Rodésia emitiu sua própria [[Declaração Unilateral de Independência da Rodésia|Declaração Unilateral de Independência]] (UDI) do [[Reino Unido]] em [[11 de novembro]] de 1965.<ref name="BBC" /> Os colonos brancos (que constituíam 5% da população), liderados desde [[1964]] pelo primeiro-ministro [[Ian Smith]] da [[Frente Rodesiana]], temerosos com a possibilidade de [[Londres]] conceder direitos para a população negra da colônia, declararam unilateralmente a independência e estabeleceram um regime próprioracista copiado do [[apartheid]] da [[União Sul-Africana]].<ref>[[Rádio França Internacional]]: [http://www.rfi.fr/actues/articles/095/article_6150.asp "Muerte de un racista"] - Artigo publicado em 22/11/2007.</ref> A administração inicialmente buscou o [[Reconhecimento diplomático|reconhecimento]] como um [[Reinos da Comunidade de Nações|reino]] autônomo dentro da [[Comunidade das Nações]], mas o próprio foi reconstituído como uma república em [[1970]].<ref>{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/march/2/newsid_2514000/2514683.stm|título=BBC ON THIS DAY - 1970: Ian Smith declares Rhodesia a republic|data=|publicado=BBC}}</ref>
 
Após uma [[Guerra Civil da Rodésia|guerra de guerrilha brutal]] travada com duas organizações nacionalistas negras rivais ([[União Nacional Africana do Zimbábue|ZANU]] de [[Robert Mugabe]] e [[União do Povo Africano do Zimbábue|ZAPU]] de [[Joshua Nkomo]]), o premier [[Ian Smith]] concedeu a democracia birracialbiracial em [[1978]].<ref name="BBC" /> No entanto, [[ZimbabweZimbábue-Rodésia|um governo provisório]], posteriormente liderado por Smith e seu colega moderado [[Abel Muzorewa]] fracassou em apaziguar os críticos internacionais ou interromper o derramamento de sangue.<ref name="BBC">{{citar web|url=http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/november/11/newsid_2658000/2658445.stm|título=BBC ON THIS DAY - 1965: Rhodesia breaks from UK|data=|publicado=BBC}}</ref>
 
Em dezembro de [[1979]], a Muzorewa substituiu Smith como primeiro-ministro e garantiu [[Acordo de Lancaster House|um acordo]] com as facções militantes africanas, permitiu que a Rodésia voltasse brevemente ao seu ''status'' colonial até as eleições populares. A independência, considerada legítima pelo [[Reino Unido]] e as [[Nações Unidas]], foi finalmente alcançada em abril de [[1980]]; a nação foi simultaneamente renomeada República do ZimbabweZimbábue.
 
Uma área totalmente sem litoral, a Rodésia limitou com a [[África do Sul]] ao sul, a [[Bechuanalândia]] (mais tarde [[Botswana]]) ao sudoeste, a [[Zâmbia]] ao noroeste e [[Moçambique]] (uma província colonial portuguesa até [[1975]]) ao leste.
 
== Antecedentes ==
O território da Rodésia, oficialmente [[Rodésia do Sul]],{{Ref label2|a}} foi um caso único dentro do [[Império Britânico]] e da ''[[Commonwealth]]'': embora denominada colônia, ela era internamente auto-governada e comconstitucionalmente não se diferenciava muito de um [[domínio (política)|domínio]].{{sfn|Rowland|1978|pp=247–248}} Esta situação datava de 1923, quando lhe foi concedido um [[governo responsável]] dentro do Império como uma constituiçãocolônia auto-governada, após três décadas de administração colonial realizados pela [[Companhia Britânica da África do Sul]] (''British South Africa Company''),{{sfn|Rowland|1978|pp=245–246}} e lhe foi dado poderes para arbitrar sobre assuntos internos em quase todos os campos, inclusive a defesa.{{Ref label2|b}} A intenção original dos britânicos era integrar a Rodésia do Sul à [[União Sul-Africana]] como uma nova província, mas esta proposta foi rejeitada pelos eleitores em um referendo realizado em 1922, e o território foi moldado como um novo própriadomínio.{{sfn|Wood|2005|p=9}}
 
Esta situação datava de 1923, quando lhe foi concedido um [[governo responsável]] dentro do Império como uma colônia auto-governada, após três décadas de administração colonial realizados pela [[Companhia Britânica da África do Sul]] (''British South Africa Company''),{{sfn|Rowland|1978|pp=245–246}} e lhe foi dado poderes para arbitrar sobre assuntos internos em quase todos os campos, inclusive a defesa.{{Ref label2|b}} A intenção original dos britânicos era integrar a Rodésia do Sul à [[União Sul-Africana]] como uma nova província, mas esta proposta foi rejeitada pelos eleitores em um referendo realizado em 1922, e o território foi moldado como um novo domínio.{{sfn|Wood|2005|p=9}}
 
O poder de ''[[Whitehall]]'' sobre a Rodésia do Sul nos termos da constituição de 1923 era, no papel, considerável; a Coroa Britânia poderia teoricamente anular qualquer projeto de lei aprovado dentro de um ano, ou mesmo alterar a constituição. Estas garantias visavam proteger a população negra nativa de legislações discriminatórias e também proteger os interesses comerciais britânicos na colônia.{{sfn|Rowland|1978|pp=247–248}} Porém, como observa o constitucionalista sul-africano Claire Palley, seria extremamente difícil para ''Whitehall'' impor tais atos, e tentar fazê-lo provavelmente provocaria uma crise.{{sfn|Palley|1966|p=230}} De fato, este poder nunca foi exercido na prática. No lugar, uma relação em geral cooperativa desenvolveu-se entre ''Whitehall'' e o governo colonial em [[Harare|Salisbury]], sendo raras as ocasiões de disputa.{{sfn|Rowland|1978|pp=247–248}}
 
A constituição de 1923 foi elaborada em termos não-raciais, e o sistema eleitoral por ela instituído era igualmente aberto, tantopelo paramenos negrosem quanto para brancosteoria. Condicionamentos dos direitos políticos em relação à renda pessoal, educação e propriedade, semelhantes ao ''[[Cape Qualified Franchise]]'', foram igualmente aplicados a todos; porém, dado que a maioria da população negra não enquadrava-se dentro destes pré-requisitos, os eleitores e o parlamentoParlamento colonial eram esmagadoramente brancos por serem a minoria instruída algo que mudaria depois da segunda-guerra mundial com muitos negros de tribos locais que temiam outras tribos que haviam sido influenciada esmagadoramente pelos soviéticos no começo da guerra fria sendo uma ameaça as tradições afro locais que eram respeitadas pelo povo rodesiano, o que levou uma parcela pequena mas gradativamente relevante conforme o tempo ingressando nas forças armadas. O resultado desta composição foi que os interesses dos negros foram escassamente representados em sua totalidade pelos militares negros que ganhavam instruções dos brancos pois muitos não tinham a cultura de lecionar, algo que a maioria dos rodesianos brancos mostrou pouco interesse em mudar pois pensavam que o povo negro que deviam buscar tais mudanças entre eles mesmos.{{sfn|Gowlland-Debbas|1990|pp=48–53}} Entre as justificativas comumente apresentadas, estava a de que a população negra não interessava-se pelo processo político de modelo ocidental, e a de que eles não seriam governantes diligentes caso assumissem.{{sfn|Weinrich|1973|pp=69–72}}
 
Durante a década de 1930, a Rodésia do Sul adotou um arcabouço legislativo segregacionista, que incluía o ''Land Apportionment Act'' (lei sobre a repartição das terras), o ''Industrial Conciliation Act'' (lei referente aos procedimentos de conciliação trabalhista na indústria), o ''Natives Registration Act'' (lei tangente ao registro civil dos nativos) e o ''Masters and Servants Act'' (lei tocante às relações entre mestres e auxiliares).{{sfn|Chanaiwa|2010|p=298–300}} Estas leis eram parainclinadas delimitarem áreasfavorecer populacionaisa tribaisminoria e residenciais de fazendeiros brancosbranca, que correspondia a cerca de 5% da população apenas e o resto tribaltotal.{{sfn|Weinrich|1973|p=15}} O ''Land Apportionment Act'', de 1930, destinou cerca de metade das terras do país para a propriedade e residência de cidadãos brancos, ao mesmo tempo que dividia o restante em territórios tribais, áreas nacionais e destinados à venda aos cidadãos negros.{{sfn|Gowlland-Debbas|1990|pp=48–53}} Já o ''Industrial Conciliation Act'', também adotado de modo semelhante na vizinha África do Sul, codificava sobre as [[relações trabalhistas]] em todos os setores da indústria, da economia em geral e no seio de todas as categorias profissionais. No entanto, ele não reconhecia aos trabalhadores negros o estatuto de empregado, commuito menos o direito à [[sindicalismo|sindicalização]] já que acreditavam que estes poderiam sucumbir a ideais socialistas e ir contra a visão dos rodesianos que nutriam forte ódio contra visões marxistas desde o início da Guerra fria. Ele somente autorizava a criação de conselhos trabalhistas nos quais tomariam assento empregadores e trabalhadores que não fossem ideologicamente contra as ideologias do paísbrancos, que eram responsáveis por realizarem negociações em nome dos negros.{{sfn|Chanaiwa|2010|p=298–300}}
 
Os colonos brancos e seus descendentes foram responsáveis por grande parte das competências administrativa, industrial, científica e agrícola da colônia, e construíram uma [[economia de mercado]] relativamente equilibrada e parcialmente [[industrialização|industrializada]], apresentando um forte setor agrícola e manufatureiro, [[siderurgia|siderúrgicas]] e [[metalurgia|metalúrgicas]] e modernas empresas de [[mineração]].{{sfn|Duignan & Jackson|1986|p=164}} Os rodesianos brancos possuíam a maior parte das melhores terras agricultáveis por saberem lidar e manusear o cultivo, em geral tinham um nível de escolaridade alto, e recebiam os melhores salários e moravam nas casas mais confortáveis. quePor construíamoutro comlado, suasapesar própriasde mãosterem escolaridade, instalações médicas, salários e estilos de vida muito bons para os padrões africanos negros,{{sfn|Gastil|1980|pp=158–159}} os rodesianos negros tinham suas vidas cotidianas marcadas pela diferença social por não conseguirem conquistar tais luxos por não terem escolaridadediscriminação, que ia desde a reserva de vagas de emprego para os brancos mais aptos à pequenas segregações nos vagões de trens, paranas brancosfilas edos negroscorreios, estese sendo militares ouem instruídooutros civicamentelocais.{{sfn|Kavalski & Zolkos|2008|pp=56–57}}
 
Em um contexto mais amplo, a Rodésia do Sul ocupava uma categoria própria dentro da ''Commonwealth'', decorrente do "estatuto especial de quase-independência" que detinha.{{sfn|James|1980}} A Secretaria de Estado para as Relações com os Domínios (''Secretary of State for Dominion Affairs''), instituída em 1925 para tratar das relações britânicas com os domínios da Austrália, Canadá, Nova Zelândia, [[Domínio de Terra Nova|Terra Nova]], África do Sul e com o [[Estado Livre Irlandês]], também abordava a Rodésia do Sul e, desde a [[Convenção de Ottawa]] (1932), as [[Conferência Imperial|Conferências Imperiais]] contavam com a presença do [[Primeiro-ministro da Rodésia|primeiro-ministro sul-rodesiano]].{{sfn|James|1980}} Este arranjo original manteve-se com o advento das [[Conferência dos Primeiros-Ministros da Commonwealth|Conferências dos Primeiros-Ministros da ''Commonwealth'']] em 1944.{{sfn|Berlyn|1978|pp=134–142}} Sul-rodesianos de todas as raças lutaram ao lado da Grã-Bretanha e dos [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]] durante a [[Segunda Guerra Mundial]], e o governo colonial foi recebendo gradativamente mais autonomia em relação aos assuntos externos.{{sfn|Rowland|1978|pp=247–248}} Durante os anos do [[pós-guerra]], os sul-rodesianos geralmente acreditavam que não ficariam melhores do que estavam tornando-se independentes, e eram indiferentes à autonomia completa sob a forma de [[domínio (política)|domínio]].{{sfn|Smith|1997|p=32}} O fluxo migratório ocorrido no pós-guerra rumo à Rodésia do Sul, originário principalmente da Grã-Bretanha, da Irlanda e da África do Sul, causou um aumento da comunidade branca de 68.954 em 1941 para 221.504 em 1961 e posteriormente em 1970 com 853 mil ao fim de 1979 chegava a 1,2 milhão. A população negra, por sua vez, cresceu de 1,74 milhão para 3,8555 milhões durante o mesmo período.{{sfn|Weinrich|1973|p=15}}
 
== Observações ==
{{Refbegin|2}}
* {{Note label2|a}} Renomeada [[ZimbabweZimbábue]] em 1980.{{sfn|Wessels|2010|p=273}} O nome oficial da colônia sob o mandato britânico era [[Rodésia do Sul]]; porém o governo colonial passou a usar o nome Rodésia em outubro de 1964, quando a [[Rodésia do Norte]] mudou seu nome para [[Zâmbia]] após conquistar a independência.{{sfn|Palley|1966|pp=742-743}}
* {{Note label2|b}} Os poderes reservados ao governo britânico em ''[[Whitehall]]'' pela Constituição de 1932 eram os concernentes às relações externas, alterações constitucionais, o salário do governador de designação britânica, e as regulamentações sobre a administração nativa, as receitas da mineração e as ferrovias. Leis pertinentes a esses assuntos tinham que receber parecer favorável do governador (e, por extensão, de ''Whitehall''); porém, todas as demais leis poderiam ser decididas na capital [[Harare|Salisbury]] sem interferência.{{sfn|Rowland|1978|pp=247–248}}
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