TAC - Teoria da Absorção do Conhecimento: diferenças entre revisões

livro de Bruno Borges de 2017
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TAC - Teoria da Absorção do Conhecimento[a] é um livro de não ficção escrito por Bruno Borges e publicado em 20 de julho de 2017 através da Arte e Vida e da Infinity Editora. O livro descreve uma teoria desenvolvida pelo autor para a "potencializar a absorção de conhecimentos". Foi escrito como parte de seu "projeto", que inclui 14 livros no total e era produzido desde 2013. No dia 27 de março de 2017, Bruno Borges desapareceu, deixando seu quarto com mensagens criptografadas, uma estátua e os 14 livros, também criptografados e escritos a mão, sendo que um deles era Teoria da Absorção do Conhecimento.

TAC - Teoria da Absorção do Conhecimento
TAC - Teoria da Absorção do Conhecimento
Capa da 1.ª edição
Autor(es) Bruno Borges
País Brasil
Assunto Teoria para "potencializar a absorção de conhecimentos"
Gênero Não ficção
Série O Alquimista do Acre
Editora Arte e Vida, Infinity Editora
Editor Renata Carvalho
Formato físico e digital
Lançamento 21 de julho de 2017
Páginas 192 (1.ª edição)
68 (e-book)
ISBN 978-8569359043

O livro foi lançado enquanto ainda estava desaparecido. Apesar de ser um dos mais vendidos de sua categoria na época, teve recepção negativa, com muitas críticas em relação aos erros de português e à fraca argumentação do autor. Após seu retorno em 11 de agosto, Bruno passou a reescrever o livro, alegando que partes dele estavam erradas.

Antecedentes

Bruno Borges gostava de ler livros "mais densos" desde sua adolescência.[2] A partir de 2014, ele passou a se interessar por filosofia.[3] Nessa época, Bruno falou para sua mãe, Denise Borges, que necessitava de dinheiro para um projeto. A mãe rejeitou, pois Bruno não revelou sobre o que era esse projeto. Eduardo Veloso, primo, transferiu 20 mil reais para Bruno pois acreditava nesse projeto. A produção iniciou em 2013, e a finalização passou a ocorrer a partir de 2016. Segundo Bruno, ele "esta[ria] escrevendo 14 livros que iriam mudar a humanidade de uma forma boa." Para finalizar, Bruno pediu um ano sem trabalhar para terminar e, orientada por um médico, Denise permitiu.[2]

No dia 1 de março de 2017, os pais de Bruno viajaram. Até aquela data, Bruno já havia escrito cinco livros, e queria patentear um deles.[2] Depois que voltaram de viajem no dia 27, Bruno desapareceu. No dia seguinte, o G1 publicou a notícia "Família procura por jovem desaparecido há mais de 24 horas em Rio Branco". O pai, Athos Borges, relatou na matéria que seu filho, Bruno Borges, estava desaparecido desde as 14h do dia anterior.[4]

No início de abril, foi revelado que o quarto de Borges havia mensagens criptografadas. Athos Borges disse que, preocupado com o desaparecimento do filho, decidiu entrar no quarto dele, que sempre estava trancado. Além de mensagens criptografadas e uma estátua do filósofo Giordano Bruno, Bruno também deixou 14 livros escritos à mão, todos criptografados e identificados por números romanos.[2] O livro identificado pelo número I era Teoria da Absorção do Conhecimento.[3] Para ajudar a decifrar os códigos, Bruno deixou chaves num lugar visível,[5] que estavam dentro de um canudo, onde normalmente se guardariam diplomas.[3]

Resumo

Em seu site, Bruno descreve a Teoria da Absorção do Conhecimento como "uma metodologia capaz de potencializar a absorção e a criação de conhecimentos."[1] A Folha de S. Paulo descreve a teoria como "[adquirir] muitas informações, [incorporar] essa massa de informações às suas próprias ideias e, com isso, [criar] algo novo."[6] O G1 descreve como "[...] absorver e acumular conhecimento [através de] "sábios" [e] com esse conhecimento [criar] algo novo. Há uma fórmula no livro sobre isso: "AB1 + CAB = ABT", sendo que AB1 é a "Absorção de Conhecimento Novo", CAB é o "Conjunto de Conhecimento Absorvido" e ABT é a "Absorção Total".[7] Para a aplicação da teoria, a pessoa teria que deixar de fazer relações sexuais, fazer uma dieta vegetariana, dormir o menos possível, isolar-se do mundo[6][8] por longos períodos e se tornar ambidestro.[8] Baseando-se nisso, Bruno fez em seu livro listas de sábios "assexuados", "vegetarianos/veganos", "do sono polifásico", "que se isolavam" e "ambidestros".[9] O livro também discute sobre a pseudociência e a autoajuda.[8] Em seu livro, Bruno diz que o processo da Teoria da Absorção do Conhecimento é composto por seis fatores, citados a seguir:[10]

  1. Investigar o desconhecido por meio da absorção de conhecimentos de natureza sensível, até que este se torne conhecido.
  2. Impor repetição rítmica daquilo que é conhecido, para expandí-lo e conhece-lo em sua plenitude, por meio da Absorção Contínua.
  3. Variar essa repetição de todas as maneiras possíveis e imagináveis, utilizando-se da teoria multifocal e método dialético aos olhos da TAC.
  4. Selecionar as variações mais satisfatórias para desenvolvê-las à custa dos outros, descartando, como bem dito, os aspectos negativos e saber reconhece-los, afim de não tornarse prepotente.
  5. Combinar essas variações entre si de todas as formas possíveis, através da egrégora acumulada ao longo da vida.
  6. Levar até a ideia e gerar algo novo.

Lançamento

No dia 18 de junho, a família de Bruno fechou um acordo com uma editora para publicar os livros de Bruno, o primeiro sendo TAC - Teoria da Absorção do Conhecimento, em formatos e-book e físico,[11] com previsão de lançamento para "entre os dias 5 e 7 do próximo mês".[12] Grandes editoras tiveram interesse em comprar o conteúdo cifrado, mas o pai Athos disse que percebeu que "o negócio deles era simplesmente dinheiro". Pré-vendas estavam previstas para abrir em 7 de julho através da Infinity Editora.[13] A introdução do primeiro livro de Bruno foi divulgada no dia 5 de julho. A coaching literária Renata Carvalho disse que 15 mil leitores baixaram a introdução naquele dia.[14] Teoria da Absorção do Conhecimento foi lançado como e-book no dia 21 de julho e na versão física seis dias depois, através da Arte e Vida.[15]

Bruno retornou no dia 11 de agosto e, logo após, passou a corrigir o livro, alegando que o mesmo foi publicado com trechos traduzidos erroneamente.[16] Em seu site, Bruno lista o livro com uma capa diferente, e o título é grafado como TAC - Teoria da Absorção de Conhecimentos.[1] Esta versão conta com apenas 68 páginas.[17] Três dias depois que um amigo de Bruno, Márcio Gaiote, processou-o no dia 9 de janeiro de 2018 alegando que não recebeu o dinheiro de lucro do livro previamente estabelecido em contratos,[18] Bruno enviou mensagens a seu pai, dizendo que errou ao vender Teoria da Absorção do Conhecimento e que gostaria que seus futuros livros fossem gratuitos.[19] A versão digital do livro, disponível no site de Bruno Borges, diz: "são permitidas divulgações gratuitas e impressões físicas, deste livro, sem fins lucrativos, para fins de propagação de conhecimentos."[20]

Recepção

Teoria da Absorção do Conhecimento foi o vigésimo livro mais vendido da categoria não ficção na semana dos dias 24 a 30 de julho.[21] Apesar disso, a recepção dos críticos foi negativa. Os críticos notaram que o livro tinha vários erros de escrita.[7][22][23] A Folha de S. Paulo disse: "Basta ler meia página para se dar conta de que Borges, 25, fala idioma que se parece vagamente com o português."[6] Carlos Orsi à Gazeta do Povo disse que Bruno "tropeça na sintaxe e na pontuação, além de usar palavras estranhamente fora de contexto, como se as escolhesse apenas pela sonoridade e pelo número de sílabas." Ele acusou ainda que "a correção ortográfica do original foi mínima, e provavelmente feita de modo automático", o que poderia explicar a palavra "picanha" aparecer no lugar de "picana", adjetivo para se referir a Giovanni Pico della Mirandola, no contexto.[8]

A Folha de S. Paulo e Rodrigo Casarin, ao UOL, disseram que Teoria da Absorção do Conhecimento conta com "obviedades".[6][22] Rodrigo acrescentou ainda que "a argumentação de Bruno beira o cômico".[22] Maicon Tenfen disse à Veja que o livro é uma "xaropada repleta de redundâncias", e criticou "a megalomania das questões propostas" e os "cansativos clichês de autoajuda".[23] O G1 criticou que Bruno utilizou a definição da Wikipédia sobre "ciência" no livro.[7] Sobre a aparição no Fantástico de Bruno, Carlos Orsi disse: "Num comentário que pode soar involuntariamente irônico, dado o número de conhecimentos falhos presente no livro, o autor acrescenta: 'E à medida que a gente vê muitas pessoas começarem a buscar conhecimento a partir disso, podemos ver que deu tudo certo.'"[8]

Rodrigo Casarin concluiu sua análise dizendo: "[Teoria da Absorção do Conhecimento] é péssimo, um volume completamente dispensável, uma prova de que às vezes é melhor não ler nada. É triste que isso tenha ido parar até em listas dos mais vendidos. Em dez anos trabalhando com livros e literatura, jamais havia resenhado algo tão ruim."[22] Maicon Tenfen escreveu que "existe um movimento espontâneo de valorização da leitura que nasceu com a internet e está gerando frutos através de blogs, vlogs, fóruns e painéis dedicados à discussão de livros [...] [Bruno] perdeu uma excelente oportunidade de colaborar com esse movimento. Tudo o que tinha a fazer era não misturar os livros com o seu narcisismo."[23]

Notas

  1. Esta é a grafia da primeira edição. No site oficial de Bruno Borges, o título do livro é grafado como TAC - Teoria da Absorção de Conhecimentos.[1]

Referências

  1. a b c «Livros». Bruno Borges. Consultado em 30 de março de 2021 
  2. a b c d Fulgêncio, Caio (3 de abril de 2017). «Jovem deixou 14 livros escritos à mão e criptografados antes de sumir, diz mãe». G1. Consultado em 28 de março de 2021 
  3. a b c Dourado, Jefson (5 de abril de 2017). «Polícia do AC investiga sumiço de um jovem que escrevia de forma cifrada». Jornal Hoje. Consultado em 28 de março de 2021 
  4. Melo, Quésia (28 de março de 2017). «Família procura por jovem desaparecido há mais de 24 horas em Rio Branco». G1. Consultado em 27 de março de 2021 
  5. Fulgêncio, Caio (5 de abril de 2017). «Jovem desaparecido deixou 'chave' para decifrar livros criptografados, diz família». G1. Consultado em 28 de março de 2021 
  6. a b c d «Obviedade e erros marcam obra 'filosófica' do 'menino do Acre'». Folha de S.Paulo. 6 de janeiro de 2018. Consultado em 29 de março de 2021 
  7. a b c Muraro, Cauê (8 de agosto de 2017). «Livro do menino do Acre: quais os ensinamentos de Bruno Borges em 'TAC: Teoria da Absorção do Conhecimento'?». G1. Consultado em 31 de março de 2021 
  8. a b c d e Orsi, Carlos (23 de agosto de 2017). «O que há por trás do livro escrito pelo Menino do Acre?». Gazeta do Povo. Consultado em 29 de março de 2021 
  9. Borges, p. 28, 32, 34, 36, 37.
  10. Borges, p. 60.
  11. Fulgêncio, Caio; Muniz, Tácita (18 de junho de 2017). «Família de Bruno Borges fecha acordo com editora para publicação de livros». G1. Consultado em 28 de março de 2021 
  12. Fulgêncio, Caio (20 de junho de 2017). «Primeiro livro de Bruno Borges deve ser lançado no início de julho, diz empresa literária». G1. Consultado em 28 de março de 2021 
  13. Dias, Tiago (22 de junho de 2017). «Mistério do Acre: Na espera da volta do filho, pai lança livro cifrado». Entretenimento UOL. Consultado em 29 de março de 2021 
  14. Muniz, Tácita (5 de julho de 2017). «Site divulga trechos do primeiro livro decodificado de Bruno Borges». G1. Consultado em 28 de março de 2021 
  15. Rodrigues, Marcelo (25 de julho de 2017). «Sucesso ou armação? Família lança 1º livro decodificado do menino do Acre». TecMundo. Consultado em 31 de março de 2021 
  16. «Após volta, Bruno Borges se tranca em quarto para fazer correções em livro, diz mãe». G1. 16 de agosto de 2017. Consultado em 29 de março de 2021 
  17. Borges, p. 68.
  18. Melo, Quésia (9 de janeiro de 2018). «Amigo processa Bruno Borges e alega não ter recebido dinheiro de lucro de livros estabelecido em contrato». G1. Consultado em 29 de março de 2021 
  19. Rodrigues, Iryá (12 de janeiro de 2018). «Após ser processado por amigo, Bruno Borges decide publicar obras de graça: 'dinheiro nenhum vale a pena'». G1. Consultado em 29 de março de 2021 
  20. Borges, p. 2.
  21. Fulgêncio, Caio (4 de agosto de 2017). «Livro de Bruno Borges entra para lista dos mais vendidos e volume 2 já tem data de lançamento». G1. Consultado em 28 de março de 2021 
  22. a b c d Casarin, Rodrigo (16 de agosto de 2017). «Presunçoso, tolo e mal escrito, livro do "menino do Acre" é um horror». Página Cinco. Consultado em 29 de março de 2021 – via UOL 
  23. a b c Tenfen, Maicon (16 de agosto de 2017). «Menino do Acre prestou um desserviço ao conhecimento». O Leitor. Consultado em 29 de março de 2021 – via Veja 
Bibliografia

Ligações externas

  • TAC no site oficial de Bruno Borges