Mente: diferenças entre revisões

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Etimologicamente, o termo vem da raiz verbal [[protoindo-europeia]] ''*men-'', que tem o significado de "''pensar'', ''lembrar"'', dando origem ao [[sânscrito]] ''[[manas]]'' "mente", ao grego μένος e ao [[latim]] ''mens'', ''mèntem'', este último verbo para "''pensar'', ''conhecer'', ''entender"'' e significa também ''[[medir]]'', visto que alguém que pensa não faz outra coisa senão medir, ponderar as ideias.<ref>PIANIGIANI, Ottorino. '''[http://www.etimo.it/?term=mente Vocabolario etimologico della lingua italiana]'''. Roma: Albrighi, Segati e C., 1907.</ref> Os gregos utilizavam o termo ''[[nous]]'' para indicar a mente, a razão, o pensamento e a intuição.<ref>ROMIZI, Renato. Greco antico. 3.ed. Bolonha: Zanichelli, 2007. ISBN 978-88-08-06793-7.</ref>
 
O conceito de mente é entendido de muitas maneiras diferentes por diversas tradições culturais, [[FilosofiaFilosofía|filosóficas]] e [[Religião|religiosas]]. Alguns veem a mente como uma propriedade exclusiva dos seres humanos, enquanto outros atribuem propriedades mentais a todo universo e a entidades não-vivas (por exemplo, [[idealismo]] e [[panpsiquismo]]<ref>Weisberg, John. ''[https://www.iep.utm.edu/hard-con/ Hard Problem of Consciousness]''. [[Internet Encyclopedia of Philosophy]].</ref>), a animais e a [[divindade]]s. Uma questão em aberto sobre a natureza da mente é o [[problema mente-corpo]], que investiga a relação da mente com o [[cérebro]] físico e o [[sistema nervoso]].<ref name=":1">Clark, Andy (2014). ''Mindware''. 198 Madison Avenue, New York, 10016: Oxford University Press. pp. 14, 254–256. ISBN <bdi>978-0-19-982815-9</bdi>.</ref> Visões modernas geralmente se concentram no [[fisicalismo]] e no [[Funcionalismo (filosofia da mente)|funcionalismo]], que sustentam que a mente é ,a grosso modo, idêntica ao cérebro ou redutível a fenômenos físicos, como a [[Neurónio|atividade neuronal]],<ref>{{Citar web|titulo=The Mind/Brain Identity Theory|url=https://plato.stanford.edu/archives/fall2011/entries/mind-identity/|obra=plato.stanford.edu|acessodata=2020-01-11|lingua=en|primeiro=J. J. C.|ultimo=Smart}}</ref> enquanto outros sustentam por exemplo o [[problema difícil da consciência]], em que os [[qualia]] mentais possuem propriedades intrínsecas distintas e não explicáveis pela estrutura química ([[lacuna explanatória]]).<ref>{{Citar periódico|ultimo=Tye|primeiro=Michael|data=2018|editor-sobrenome=Zalta|editor-nome=Edward N.|titulo=Qualia|url=https://plato.stanford.edu/archives/sum2018/entries/qualia/|publicado=Metaphysics Research Lab, Stanford University}}</ref> Outros pensadores defendem pontos de vista mais antigos, incluindo o [[Dualismo mente-corpo|dualismo]] e [[idealismo]], que consideravam a mente de alguma forma não-física.<ref name=":1" /><ref>Calef, Scott. ''[https://www.iep.utm.edu/dualism/ Dualism and Mind]''. [[Internet Encyclopedia of Philosophy]].</ref>
 
Algumas das primeiras especulações registradas ligavam a mente (às vezes descrita como idêntica à [[alma]] ou [[espírito]]) a teorias relativas à [[vida após a morte]] e à ordem [[Cosmologia|cosmológica]] e natural, por exemplo, nas doutrinas de [[Zoroastro]] (veja o conceito de [[Vohu Mana]]), [[Buda]] ([[cinco agregados]], [[Seres sencientes (budismo)|senciência]] e [[Natureza de Buda]]), [[Platão]] e [[Aristóteles]] (''Nous''), e outros [[Filosofia da Grécia Antiga|filósofos antigos gregos]], [[Filosofia indiana|indianos]] e, mais tarde, [[Filosofia islâmica|islâmicos]] e europeus medievais. No [[budismo]] e [[filosofia do processo]], a mente também é retratada em seu aspecto como [[Fluxo de consciência (psicologia)|fluxo da consciência]], no qual as impressões sensoriais e os fenômenos mentais estão mudando constantemente<ref>Karunamuni N, Weerasekera R (Jun 2017). [http://mindrxiv.org/mfs63/ "Theoretical Foundations to Guide Mindfulness Meditation: A Path to Wisdom"]. ''Current Psychology'' (Submitted manuscript). '''38''' (3): 627–646. doi:10.1007/s12144-017-9631-7.</ref><ref>Karunamuni N.D. (May 2015). "The Five-Aggregate Model of the Mind". ''SAGE Open''. '''5''' (2): 215824401558386. doi:10.1177/2158244015583860.</ref> (ver [[Filosofia do si]]). Filósofos importantes da mente incluem [[Platão]], [[Patanjali]],<ref>Bryant, Edwin. [https://www.iep.utm.edu/yoga/ The Yoga Sutras of Patanjali]. [[Internet Encyclopedia of Philosophy]].</ref> [[Descartes]], [[Leibniz]], [[Locke]], [[George Berkeley|Berkeley]], [[Hume]], [[Kant]], [[Hegel]], [[Schopenhauer]], [[Searle]], [[Daniel Dennett|Dennett]], [[Jerry Fodor|Fodor]], [[Thomas Nagel|Nagel]] e [[David Chalmers|Chalmers]].<ref>"[http://leiterreports.typepad.com/blog/2016/01/20-most-important-philosophers-of-mind-since-wwii.html 20 "Most Important" Philosophers of Mind since WWII]".</ref> Psicólogos como [[Sigmund Freud|Freud]] e [[William James|James]] e cientistas da computação como [[Alan Turing|Turing]] e [[Hilary Putnam|Putnam]] também desenvolveram teorias influentes sobre a natureza da mente.
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Em seus primórdios, a descrição da mente é estreitamente relacionada à [[alma]]. Na [[Grécia Antiga]], esse conceito foi chamado de ''[[psique]]''. [[Heráclito]] formou uma das correntes de sábios que buscava uma compreensão cosmológica criacionista, e considerou no problema das naturezas do Ser e do Devir o papel cósmico da mente, por exemplo no princípio que ele chamou de [[Logos]].<ref name="heraclito"/> [[Anaxágoras]] definia ''[[Nous]]'' (Mente) como uma substância criadora universal. Nessa mesma vertente, [[Platão]]<ref name="platao">''Republica'', Platão. Edipro, 2006.</ref> considerou a mente como fundamental na divisão do mundo [[perfeito|inteligível]] e [[percepção|perceptível]], na formulação de suas [[Teoria tripartite da alma de Platão|teoria da alma]], [[Teoria das ideias|Teoria das Ideias]] e dos conhecimentos (p. ex. na [[Alegoria da Caverna]]), e a investigação dos [[fenômenos]] mentais foi seguida de forma mais empírica por [[Aristóteles]], particularmente em suas obras [[Metafísica]] e [[Da Alma|Sobre a Alma]]. É marcante da posição platônica a questão da [[interpretação]] que influenciaria nos [[conceito]]s humanos, ou seja, a interpretação do perceptível favorecida pelo inteligível, segundo Platão, está de acordo com as capacidades da mente humana. Por isso, existem várias posições sobre a realidade e a existência, desde das mais absurdas ou imaginárias até as mais [[cético|céticas]] ou [[radical|radicais]], de acordo com a visão particular e receptiva de cada mente.{{Carece de fontes|data=fevereiro de 2020}}
 
Há também o surgimento de correntes [[materialismo|materialistas]] na filosofia entre os gregos e [[Filosofia antiga|hindus antigos]], por exemplo.{{Carece de fontes|data=fevereiro de 2020}} Na [[Idade Moderna]], diversas interpretações materialistas surgiram no [[Iluminismo]], por exemplo com [[La Mettrie]]. Na [[Idade Contemporânea]], foi inspirada por conceitos do século XIX de [[Karl Marx]], [[Charles Darwin]] e [[Sigmund Freud]], entre outros, além do [[cientificismo]] pelos avanços da biologia moderna. Esta visão focou em concepções que limitaram o significante "natureza" a um sujeito material, determinado por um contexto estrutural de seu meio social, histórico e biológico, alegando facilidade e coerência com os instrumentos científicos.<ref>Ruiz, João Alvaro. ''MetodologiaMetodología Científica''. Editora Atlas, 1978.</ref>
 
=== Na psicologia ===