Psicopatia: diferenças entre revisões

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{{Psicologia}}
A '''psicopatia''', às vezes considerada [[sinônimo]] de<!-- NOTA: Ver quais ligações de "sociopatia" estão abaixo no artigo; nem sempre se distingue da "psicopatia". Não remova o termo "sociopatia". --> '''sociopatia''', é caracterizada por [[comportamento antissocial]] persistente, [[empatia]] e [[remorso]] prejudicados e traços [[Ousadia|ousados]], [[Desinibição|desinibidos]] e [[Egoísmo|egoístas]].<ref name="triarchic model" /><ref name="Without Conscience"/><ref>{{citar livro|primeiro1=Michael H.|último1=Stone|primeiro2=Gary|último2=Brucato|título=The New Evil: Understanding the Emergence of Modern Violent Crime|publicado=[[Prometheus Books]]|local=Amherst, New York|data=2019|isbn=978-1633885325|páginas=48–52}}</ref> Diferentes concepções de psicopatia têm sido usadas ao longo da [[História da psocopatia|história]], que são apenas parcialmente sobrepostas e às vezes podem ser [[Contradição|contraditórias]].<ref name="gap">{{citar periódico|primeiro1=Jennifer L.|último1=Skeem |primeiro2=Devon L.L.|último2=Polaschek |primeiro3=Christopher J.|último3=Patrick |primeiro4=Scott O.|último4=Lilienfeld |título=Psychopathic Personality: Bridging the Gap Between Scientific Evidence and Public Policy |periódico=[[Psychological Science in the Public Interest]] |publicado=[[SAGE Publishing]]|local=Thousand Oaks, California|volume=12 |número=3 |data=15 de dezembro de 2011|páginas=95–162 |url=http://www.psychologicalscience.org/index.php/publications/journals/pspi/psychopathy.html |urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160222023333/http://www.psychologicalscience.org/index.php/publications/journals/pspi/psychopathy.html |arquivodata=22 de fevereiro de 2016 |doi=10.1177/1529100611426706 |pmid=26167886 |s2cid=8521465 }}</ref>
'''Psicopata''' é a designação atribuída a um indivíduo com um padrão comportamental e/ou traço de personalidade, caracterizada em parte por um comportamento antissocial, diminuição da capacidade de empatia/remorso e baixo controle comportamental ou, por outro, pela presença de uma atitude de dominância desmedida. Esse tipo de comportamento agonista é relacionado com a ocorrência de delinquência, crime, falta de remorso e dominância, mas também é associado com competência social e liderança. A psicopatia, descrita como um padrão de alta ocorrência de comportamentos violentos e manipulatórios, é frequentemente considerada uma expressão patológica da agressão instrumental, além da falta de remorso e de empatia.<ref name=":0">{{citar periódico|ultimo = de Almeida|primeiro = Rosa M M|titulo = Behavioural, hormonal and neurobiological mechanisms of aggressive behaviour in human and nonhuman primates|jornal = Physiology & Behavior|doi = 10.1016/j.physbeh.2015.02.053|url = http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0031938415001316|acessadoem = 2015|coautores = Cabral, J C; Narvaes, R}}</ref>
 
[[Hervey M. Cleckley]], um [[Psiquiatria|psiquiatra]] [[Povo dos Estados Unidos|americano]], influenciou os critérios [[diagnóstico]]s iniciais para reação/[[Tumulto|distúrbio]] de [[personalidade]] antissocial no ''[[Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders|Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais]]'' (DSM), assim como o psicólogo americano [[George E. Partridge]].<ref name="Partridge1930">{{citar periódico|primeiro=George E.|último=Partridge|autorlink=George E. Partridge|título=Current Conceptions of Psychopathic Personality|periódico=[[The American Journal of Psychiatry]]|publicado=[[American Psychiatric Association]]|local=Philadelphia, Pennsylvania|volume=1|número=87|data=julho de 1930|páginas=53–99|doi=10.1176/ajp.87.1.53}}</ref> O DSM e a ''[[Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde|Classificação Internacional de Doenças]]'' (CID) introduziram posteriormente os diagnósticos de [[transtorno de personalidade antissocial]] (TPAS) e transtorno de personalidade dissocial (TPD), respectivamente, afirmando que esses diagnósticos foram referidos (ou incluem o que é referido) como psicopatia ou sociopatia. A criação do TPAS e do TPD foi impulsionada pelo fato de que muitos dos traços clássicos da psicopatia eram impossíveis de medir objetivamente.<ref name="gap" /><ref name="Semple">{{citar livro|primeiro=David |último=Semple |ano=2005 |título=The Oxford Handbook of Psychiatry |publicado=[[Oxford University Press]] |local=Oxford, England|páginas=448–9 |isbn=978-0-19-852783-1}}</ref><ref name="Handbook of Psychopathy" /><ref name="Hare1996">{{citar periódico|primeiro=Robert D. |último=Hare|autorlink=Robert D. Hare|url=http://www.psychiatrictimes.com/dsm-iv/content/article/10168/54831 |título=Psychopathy and Antisocial Personality Disorder: A Case of Diagnostic Confusion |periódico=[[Psychiatric Times]] |publicado=MJH Associates|local=New York City|volume=13 |número=2 |data=1 de fevereiro de 1996 |urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130528053223/http://www.psychiatrictimes.com/dsm-iv/content/article/10168/54831 |arquivodata=28 de maio de 2013 }}</ref><ref name="HareHarpur">{{citar periódico|doi=10.1037/0021-843X.100.3.391 |título=Psychopathy and the ''DSM-IV'' criteria for antisocial personality disorder |ano=1991 |último1=Hare |primeiro1=Robert D. |author-link1=Robert D. Hare |último2=Hart |primeiro2=Stephen D. |último3=Harpur |primeiro3=Timothy J. |periódico=[[Journal of Abnormal Psychology]] |volume=100 |número=3 |páginas=391–8 |pmid=1918618 |url=https://philpapers.org/rec/HARPAT-27 |acessodata=2018-10-02 |arquivodata=2020-08-06 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20200806172317/https://philpapers.org/rec/HARPAT-27 |urlmorta= não}}</ref> O [[Psicologia|psicólogo]] [[Canadenses|canadense]] [[Robert Hare|Robert D. Hare]] mais tarde repopularizou a construção da psicopatia na [[criminologia]] com seu [[Psychopathy Checklist]].<ref name="gap" /><ref name="Handbook of Psychopathy" /><ref name="aspd statement">{{citar livro|último=Andrade |primeiro=Joel |data=23 de março de 2009 |título=Handbook of Violence Risk Assessment and Treatment: New Approaches for Mental Health Professionals |url=https://books.google.com/books?id=_zxz3XqE8MkC |local=New York City |publicado=[[Springer Publishing]] Company |isbn=978-0-8261-9904-1 |acessodata=5 de janeiro de 2014 |arquivodata=25 de janeiro de 2021 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20210125181730/https://books.google.com/books?id=_zxz3XqE8MkC |urlmorta= não}}</ref><ref name="Hare Psychopathy Checklist">{{citar enciclopédia|url=http://www.minddisorders.com/Flu-Inv/Hare-Psychopathy-Checklist.html |título=Hare Psychopathy Checklist |enciclopédia=Encyclopedia of Mental Disorders |acessodata=4 de setembro de 2013 |urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130904123901/http://www.minddisorders.com/Flu-Inv/Hare-Psychopathy-Checklist.html |arquivodata=4 de setembro de 2013 }}</ref>
De maneira geral, nos homens, o transtorno tende a ser mais evidente antes dos 15 anos de idade, e nas mulheres pode passar despercebido por muito tempo, principalmente porque as mulheres psicopatas parecem ser mais discretas e menos impulsivas que os homens.<ref>Clark Mickson (2011). ''Female Psychopathy Diagnostic''. NewYork, NY, USA</ref> Por se tratar de um [[transtorno de personalidade]], o distúrbio tem eclosão evidente no final da [[adolescência]] ou começo da idade adulta, por volta dos 18 anos e geralmente acompanha por toda a vida.
 
Embora nenhuma organização psiquiátrica ou [[Psicologia|psicológica]] tenha sancionado um diagnóstico intitulado "psicopatia", as avaliações de características psicopáticas são amplamente utilizadas em ambientes de [[justiça criminal]] em alguns países e podem ter consequências importantes para os indivíduos. O estudo da psicopatia é um ativo campo de pesquisa. O termo também é usado pelo público em geral, [[imprensa]] popular e em retratos [[Ficção|ficcionais]].<ref name="Hare Psychopathy Checklist" /><ref name="LecterMyth">{{citar periódico|doi=10.1007/s10862-009-9147-z |título=The Hannibal Lecter Myth: Psychopathy and Verbal Intelligence in the MacArthur Violence Risk Assessment Study |ano=2009 |último1=Delisi |primeiro1=Matt |último2=Vaughn |primeiro2=Michael G. |último3=Beaver |primeiro3=Kevin M. |último4=Wright |primeiro4=John Paul |periódico=[[Journal of Psychopathology and Behavioral Assessment]] |publicado=[[Springer Science+Business Media]]|local=New York City|volume=32 |número=2 |páginas=169–77|s2cid=16184054 }}</ref> Embora o termo seja frequentemente empregado no uso comum junto com "[[louco]]", "psico" insano e "[[Transtorno mental|doente mental]]", há uma diferença categórica entre [[psicose]] e psicopatia.<ref>{{citar livro|último=Hare |primeiro=Robert D. |autorlink=Robert D. Hare |título=Without Conscience: The Disturbing World of the Psychopaths Among Us |publicado=[[Guilford Press]] |local=New York City |ano=1999 |página=[https://archive.org/details/withoutconscienc00hare/page/22 22] |isbn=978-1-57230-451-2 |url=https://archive.org/details/withoutconscienc00hare/page/22 }}</ref>
== Diagnóstico ==
A [[psicopatia]] é um conceito controverso, e diferentes grupos e associações têm proposto critérios diferenciados de diagnóstico. Seus aspectos mais característicos foram identificados primeiramente em prisioneiros e pacientes de manicômios judiciários, mas mais tarde se ampliou o escopo da avaliação para todos os tipos de população, uma vez que alguns traços de psicopatia podem ser encontrados em qualquer indivíduo.<ref name="Hauck">Hauck Filho, Nelson; Teixeira, Marco Antônio Pereira; Dias, Ana Cristina Garcia. [http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712009000300006 "Psicopatia: o construto e sua avaliação"]. In: ''Avaliação Psicológica'', 2009; 8 (3) </ref> Critérios diagnósticos pelo DSM-IV-TR para [[transtorno de personalidade antissocial]] (F60.2/301.7) <ref>American Psychiatric Association (APA). Psychiatric Diagnosis and the Diagnostic Statistical Manual of Mental Disorders (Fourth Edition – DSM-IV). Fact Sheet. 1997;1-4.</ref>:
 
== História ==
* A. Um padrão pervasivo de desrespeito e violação aos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
=== Etimologia ===
** 1. Fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção;
A palavra psicopatia é uma junção das palavras gregas ''psyche'' (ψυχή; "alma") e ''pathos'' (πάθος; "[[sofrimento]], [[sentimento]]").<ref name=":12">[http://www.etymonline.com/index.php?search=psychopathy&searchmode=phrase "Psychopathy", Online Etymology Dictionary] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120113063202/http://www.etymonline.com/index.php?search=psychopathy&searchmode=phrase |date=2012-01-13 }} Retrieved August 1st 2011</ref> O primeiro uso documentado é de 1847 na [[Alemanha]] como ''psychopatisch'',<ref>[http://www.etymonline.com/index.php?term=psychopathic&allowed_in_frame=0 Online Etymology Dictionary: Psychopathic] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120823172832/http://www.etymonline.com/index.php?term=psychopathic&allowed_in_frame=0 |date=2012-08-23 }} Retrieved January 21st 2012</ref> e o substantivo ''psychopath'' já era utilizado em 1885.<ref name=":13">[http://www.etymonline.com/index.php?term=psychopath&allowed_in_frame=0 Online Etymology Dictionary: Psychopath] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20130920110336/http://www.etymonline.com/index.php?term=psychopath&allowed_in_frame=0 |date=2013-09-20 }} Retrieved January 21st 2012</ref> Na [[medicina]], ''patho-'' tem um significado mais específico de [[doença]] (portanto, ''[[patologia]]'' significa o estudo da doença desde 1610, e a ''[[psicopatologia]]'' significou o estudo do transtorno mental em geral desde 1847. Um sentido de "um sujeito de patologia, [[Morbidade|mórbido]], excessivo" é atestado a partir de 1845,<ref name=":14">[http://www.etymonline.com/index.php?term=pathological&allowed_in_frame=0 Online Etymology Dictionary: Pathological] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120823140630/http://www.etymonline.com/index.php?term=pathological&allowed_in_frame=0 |date=2012-08-23 }} Retrieved January 21st 2012</ref> incluindo a frase ''[[Mitomania|mentiroso patológico]]'' de 1891 na literatura médica).
** 2. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro;
** 3. Irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas; porém, paradoxalmente, têm fama e geralmente agem de forma bem comportada.
** 4. Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;
** 5. Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras;
** 6. Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa.
** 7. Comportamento sexual exacerbado e inadequado, via de regra com vários parceiros, sem nenhuma ligação afetiva;
** 8. Agressividade contra animais domésticos;
** 9. Desrespeito e desprezo por ambientes familiares;
* B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
* C. Existem evidências de Transtorno de Conduta com início antes dos 15 anos de idade.
* D. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.
 
O termo ''psicopatia'' inicialmente tinha um significado muito geral referindo-se a todos os tipos de transtornos mentais e aberrações sociais, popularizado a partir de 1891 na Alemanha pelo conceito de "[[inferioridade]] psicopática" de [[Julius Ludwig August Koch|Koch]] (''psychopathische Minderwertigkeiten''). Alguns [[dicionário]]s médicos ainda definem psicopatia em sentido estrito e amplo, como o [[MedlinePlus]] da [[Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos]].<ref name=":15">Medlineplus [http://www.merriam-webster.com/medlineplus/psychopath Psychopath] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20140106031526/http://www.merriam-webster.com/medlineplus/psychopath |date=2014-01-06 }} or [http://www.merriam-webster.com/medlineplus/psychopathy Psychopathy] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20140106031759/http://www.merriam-webster.com/medlineplus/psychopathy |date=2014-01-06 }} Retrieved January 21st 2012</ref> Por outro lado, o ''[[Stedman's Medical Dictionary]]'' define "psicopata" apenas como uma "designação anterior" para uma pessoa com um tipo antissocial de transtorno de personalidade.<ref name=":16">Medilexicon powered by Stedman's, part of Lippincott Williams & Wilkins [http://www.medilexicon.com/medicaldictionary.php?t=73686 Psychopath] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20130404194127/http://www.medilexicon.com/medicaldictionary.php?t=73686 |date=2013-04-04 }} Retrieved January 21st 2012</ref>
Na [[CID|Classificação Internacional de Doenças]], este transtorno é denominado por [[Transtorno de Personalidade Dissocial]] (Código: F60.2).<ref name="OMS">ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS) (Ed.). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID -10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.</ref> Na população em geral, as taxas dos transtornos de personalidade podem variar de 0,5% a 3%, subindo para 45-66% entre presidiários.<ref>Marcos Hirata Soares. Estudos sobre transtornos de personalidade Antissocial e Borderline. Acta Paul Enferm 2010;23(6):852-8.</ref>
 
O termo ''psicose'' também foi usado na Alemanha a partir de 1841, originalmente em um sentido muito geral. O sufixo -ωσις (-osis) significava neste caso "condição [[Anormalidade|anormal]]". Este termo ou seu adjetivo psicótico viria a se referir aos distúrbios mentais mais graves e depois especificamente aos estados ou distúrbios mentais caracterizados por [[Alucinação|alucinações]], [[delírio]]s ou em algum outro sentido marcadamente fora de contato com a [[realidade]].<ref name=Burgy>{{citar periódico|doi=10.1093/schbul/sbm136 |título=The Concept of Psychosis: Historical and Phenomenological Aspects |ano=2008 |último1=Burgy |primeiro1=M. |periódico=Schizophrenia Bulletin |volume=34 |número=6 |páginas=1200–10 |pmid=18174608 |pmc=2632489}}</ref>
:''[[Transtorno de personalidade]] caracterizado pelo sentimento de desprezo por obrigações sociais ou falta de [[empatia]] para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas. O comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas, inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade.''<ref name="OMS" />
 
A [[gíria]] ''psycho'' (''psico'') foi atribuído a uma abreviação do adjetivo ''psychopathic'' (''psicopático'') de 1936, e a partir de 1942 como abreviação do substantivo ''psychopath'' (''psicopata''),<ref>{{Citar web|url=https://www.etymonline.com/word/psycho|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120823143514/http://www.etymonline.com/index.php?term=psycho&allowed_in_frame=0|urlmorta= sim|título=psycho &#124; Origin and meaning of psycho by Online Etymology Dictionary|arquivodata=23 de agosto de 2012|website=etymonline.com}}</ref> mas também é usado como abreviação de psicótico ou enlouquecido.<ref name=":18">{{Citar web|url=http://dictionary.reference.com/browse/psycho |publicado=Dictionary.com |título=Psycho |acessodata=7 de setembro de 2013 |arquivodata=19 de setembro de 2020 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20200919225646/https://www.dictionary.com/browse/psycho |urlmorta= não}}</ref>
No entanto, outros autores distinguem a psicopatia do transtorno de personalidade antissocial.<ref>Morana, Hilda C. P.; Stone, Michael H.; Abdalla-Filho, Elias. [http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28s2/04.pdf "Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers"]. In: In: ''Revista Brasileira de Psiquiatria'', 2006; 28 (Supl II):S74-9 </ref> A psicopatia parece estar relacionada a algumas importantes disfunções cerebrais, sendo importante considerar que um só único fator não é totalmente esclarecedor para causar o distúrbio; parece haver uma junção de componentes. Embora alguns indivíduos com psicopatia mais branda não tenham tido um histórico traumático, o transtorno - principalmente nos casos mais graves, tais como sádicos e ''[[assassinos em série]]'' - parece estar associado à mistura de três principais fatores: disfunções cerebrais/biológicas ou traumas neurológicos, predisposição genética e traumas sócio psicológicos na infância (ex, abuso emocional, sexual, físico, negligência, violência, conflitos e separação dos pais etc.). Todo indivíduo antissocial possui, no mínimo, um desses componentes no histórico de sua vida. Entretanto, nem toda pessoa que sofreu algum tipo de abuso ou perda na infância tornar-se-á um psicopata sem ter uma certa influência genética ou distúrbio cerebral; assim como é inadmissível afirmar que todo indivíduo com pré disposição genética se tornará psicopata apenas por essa característica. Portanto, a junção dos três fatores torna-se essencial; há de se considerar desde a genética, traumas psicológicos e disfunções no cérebro (especialmente no lobo frontal e sistema límbico).<ref name=":0" />
 
A mídia geralmente usa o termo ''psicopata'' para designar qualquer [[criminoso]] cujas ofensas são particularmente abomináveis ​​e não naturais, mas esse não é seu significado psiquiátrico original ou geral.<ref name=lykken>{{citar livro|último=Lykken |primeiro=David T. |título=The Antisocial Personalities |ano=1995 |isbn=978-0-8058-1941-0}}{{Page needed|date=September 2010}}</ref>
Segundo Hauck, Teixeira & Dias, "é importante ressaltar que a criminalidade não é um componente essencial da definição da psicopatia, mas sim o comportamento antissocial. O comportamento antissocial pode incluir crimes ou a infração das leis, mas não se resume a isto. Abrange comportamentos de exploração nas relações interpessoais que não chegam a ser considerados infrações penais. Por isso, as concepções modernas de psicopatia consideram fundamental a inclusão das características de personalidade que estão na base do comportamento antissocial de tipo psicopático. [...] O estudo da psicopatia na população geral é empiricamente justificado, uma vez que os traços que definem a psicopatia são, em tese, compartilhados por toda a população em maior ou menor grau. [...] Psicopatia é um construto psicológico complexo que envolve múltiplos comportamentos e disposições de personalidade. Esses múltiplos comportamentos e disposições, por sua vez, podem se manifestar em diversos contextos sociais específicos. Assim, é extremamente difícil conseguir itens que representem a totalidade de significados compreendidos por um construto como a psicopatia".<ref name="Hauck"/>
 
==== Sociopatia ====
O psicólogo português [[Armindo Freitas-Magalhães]] é o autor do projeto científico pioneiro "Psicopatia e Emoções em Portugal" (2010)<ref>{{Citar web |url=http://www.cienciapt.net/pt/index.php?option=com_content&task=view&id=100403&Itemid=359 |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2010-03-10 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110203055806/http://www.cienciapt.net/pt/index.php?option=com_content&task=view&id=100403&Itemid=359 |arquivodata=2011-02-03 |urlmorta=yes }}</ref> com o objectivo de compreender os processos cerebrais envolvidos nas reações neuropsicofisiológicas da expressão facial da emoção, conhecer a razão pela qual o padrão de emocionalidade negativa é recorrente na psicopatia, se há diferenças de género e idade e procurar os motivos orgânicos e ambientais envolvidos e estabelecer um padrão que permita o tratamento e a profilaxia do crime. Para verificar e analisar o cérebro dos psicopatas e a relação correspondente à expressão facial, será utilizada a imagiologia de ressonância magnética funcional (fMRI), a psicometria neurofuncional e as plataformas informáticas que estimulam os sistemas cerebrais, particularmente o límbico.
A [[palavra]] elemento ''socio-'' tem sido comumente usada em [[Composição (linguística)|palavras compostas]] desde por volta de 1880.<ref name="sociopathy" /><ref name="socio">{{Citar web|url=https://www.etymonline.com/word/socio-|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120822024149/http://www.etymonline.com/index.php?term=socio-&allowed_in_frame=0|urlmorta= sim|título=socio- &#124; Origin and meaning of prefix socio- by Online Etymology Dictionary|arquivodata=22 de agosto de 2012|website=etymonline.com}}</ref> O termo ''sociopathy'' pode ter sido introduzido pela primeira vez em 1909 na Alemanha pelo [[Psiquiatria|psiquiatra]] [[Biologia|biológico]] [[Karl Birnbaum]] e em 1930 nos EUA pelo psicólogo educacional [[George E. Partridge]], como alternativa ao conceito de psicopatia.<ref name="sociopathy">{{citar livro|último=Rutter |primeiro=Steve |título=The Psychopath: Theory, Research, and Practice |ano=2007 |publicado=Lawrence Erlbaum Associates |local=New Jersey |isbn=978-0-8058-6079-5 |página=37}}</ref> Foi usado para indicar que a característica definidora é a violação de [[Norma social|normas sociais]], ou comportamento antissocial, e pode ser de origem [[Sociedade|social]] ou [[Biologia|biológica]].<ref>[http://ajp.psychiatryonline.org/article.aspx?articleid=140325 Current Conceptions of Psychopathic Personality] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20181116230533/https://ajp.psychiatryonline.org/action/cookieAbsent |date=2018-11-16 }} G. E. Partridge, The American Journal of Psychiatry. 1930 July; 1(87):53–99</ref><ref name=":17">[https://books.google.com/books?id=C-fXBNTlk7wC International Handbook on Psychopathic Disorders and the Law] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170103004702/https://books.google.com/books?id=C-fXBNTlk7wC |date=2017-01-03 }}, Volume 1, Alan Felthous, Henning Sass, 15 Apr 2008</ref><ref>[https://books.google.com/books?id=BKKwZgFHC78C Psychopathy in the Treatment of Forensic Psychiatric Patients: Assessment, Prevalence, Predictive Validity, and Clinical Implications] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170404072931/https://books.google.com/books?id=BKKwZgFHC78C |date=2017-04-04 }} Martin Hildebrand, Rozenberg Publishers, 16 Jun 2005</ref><ref>[http://bjp.rcpsych.org/content/76/315/838.1.extract Epitome of Current Literature: Current Conceptions of Psychopathic Disorder by Partridge, G.E.] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20151001022408/http://bjp.rcpsych.org/content/76/315/838.1.extract |date=2015-10-01 }}, M. Hamblin Smith, The British Journal of Psychiatry (1930) 76: 838</ref>
 
O termo é usado de várias maneiras diferentes no uso contemporâneo. Robert Hare afirmou no popular livro de ciência ''[[Snakes in Suits]]'' que a sociopatia e a psicopatia são frequentemente usadas de forma intercambiável, mas em alguns casos o termo sociopatia é preferido porque é menos provável que a psicopatia seja confundida com psicose, enquanto em outros casos os dois termos pode ser usado com diferentes significados que refletem a visão do usuário sobre suas origens e determinantes. Hare sustentou que o termo sociopatia é preferido por aqueles que vêem as causas como devidas a fatores sociais e ao ambiente inicial, e o termo psicopatiapreferido por aqueles que acreditam que existem fatores psicológicos, biológicos e genéticos envolvidos, além dos fatores ambientais.<ref name="Without Conscience"/> Hare também fornece suas próprias definições: ele descreve a psicopatia como falta de senso de empatia ou [[moral]]idade, mas a sociopatia como diferente da pessoa média apenas no sentido de certo e errado.<ref>{{citar livro|último=Hare|primeiro=Robert|título=Snakes in Suits: When Psychopaths Go To Work|ano=2006|publicado=HarperCollins Publishers|local=New York, NY|isbn=978-0-06-083772-3}}</ref><ref>{{citar periódico|último=Skilling|primeiro=TA|autor2=GT Harris |autor3=ME Rice |autor4=VL Quinsey |título=Identifying persistently antisocial offenders using the Hare Psychopathy Checklist and DSM antisocial personality disorder criteria|periódico=Psychological Assessment|volume=14|número=1|páginas=27–38|data=março de 2002|pmid=11911046|doi=10.1037/1040-3590.14.1.27}}</ref>
== História ==
O conceito de psicopatia surgiu dentro da [[medicina legal]], quando médicos identificaram o fato de que muitos criminosos agressivos e cruéis não apresentavam os sinais clássicos de loucura. Descrições desses pacientes e tentativas de criar categorias são o momento inicial da chamada tradição clínica da psicopatia, fundamentada em estudo de casos, entrevistas e observações, interpretadas sob a óptica da hermenêutica clínica. [[Philippe Pinel]] é considerado o pioneiro neste campo, introduzindo descrições científicas de padrões comportamentais e afetivos que se aproximam do que hoje se entende em linhas gerais como psicopatia, articulando o conceito de "mania sem delírio" para descrever pacientes que, embora exibissem comportamentos violentos, tinham entendimento do caráter irracional de suas ações, mas não podiam ser considerados delirantes. Nas décadas seguintes o estudo do tema se aprofundou e até a década de 1940 formou-se um amplo consenso entre os especialistas no tocante à sua definição, mas o quadro estabelecido para o diagnóstico ainda carecia de uma especificidade consistente.<ref name="Hauck"/>
 
=== Precursores ===
Nesta época surgiu o estudo fundamental de [[Hervey Cleckley]], ''The Mask of Sanity'' (A Máscara da Sanidade), que sistematizou o conhecimento até a data e delimitou 16 características da psicopatia, ressalvando que elas não necessitavam estar todas presentes para o diagnóstico ser possível. Além disso, o autor procurou separar a psicopatia da esfera da pura criminalidade e a associou ao estudo do comportamento e da personalidade, enfatizando os aspectos interpessoais e afetivos. Depois dele iniciaram-se estudos empíricos para definir níveis diferenciados de psicopatia, acumulando-se grosso corpo de conhecimento que em parte suplantou a definição inicial de Cleckley, embora ela ainda seja um parâmetro importante.<ref name="Hauck"/>
[[Literatura antiga|Escritos antigos]] que foram conectados a traços psicopáticos incluem [[Deuteronômio]] 21:18-21,<ref>{{Citar web|url=https://mechon-mamre.org/p/pt/pt0521.htm#18|titulo=Deuteronomy 21|acessodata=2022-10-29|website=mechon-mamre.org}}</ref> que foi escrito por volta de 700 a.C., e uma descrição de um homem sem escrúpulos pelo [[filósofo]] grego [[Teofrasto]] por volta de 300 a.C.<ref name=":1" />
 
O conceito de psicopatia foi indiretamente ligado ao trabalho do início do século XIX de [[Philippe Pinel|Pinel]] (1801; "mania sem delírio") e [[James Cowles Prichard|Pritchard]] (1835; "[[insanidade moral]]"), embora os historiadores tenham desacreditado amplamente a ideia de uma equivalência direta.<ref>{{citar periódico|doi=10.1177/0957154X9901003706 |pmid=11623816 |título=Classic Text No. 37: J. C. Prichard and the concept of 'moral insanity' |ano=1999 |último1=Berrios |primeiro1=G.E. |periódico=History of Psychiatry |volume=10 |número=37 |páginas=111–26|s2cid=144068583 }}</ref> A ''psicopatia'' originalmente descrevia qualquer doença da mente, mas encontrou sua aplicação a um subconjunto estreito de condições mentais quando foi usada no final do século XIX pelo psiquiatra alemão Julius Koch (1891) para descrever várias disfunções comportamentais e morais na ausência de uma doença mental óbvia ou [[deficiência intelectual]]. Ele aplicou o termo inferioridade psicopática (''psychopathischen Minderwertigkeiten'') a várias condições crônicas e transtornos de [[caráter]], e seu trabalho influenciaria a concepção posterior do transtorno de personalidade.<ref name="gap" /><ref>{{citar periódico|doi=10.1016/0010-440X(93)90031-X |pmid=8425387 |título=European views on personality disorders: A conceptual history |ano=1993 |último1=Berrios |primeiro1=G.E. |periódico=Comprehensive Psychiatry |volume=34 |páginas=14–30 |número=1}}</ref>
== Psicopatia e Sociopatia ==
Existem infinitas dúvidas referente às diferenças entre o termo "[[psicopatia]]" e "[[sociopatia]]". O fato é que, atualmente, ambos termos se referem ao indivíduo com [[transtorno de personalidade antissocial]], embora não se deva confundir uma classificação médica (i.e., TPA) com um padrão comportamental e/ou traço de personalidade (i.e., psicopatia). Para alguns especialistas, como [[Robert Hare]], a diferença entre a psicopatia e a sociopatia consiste basicamente na origem do transtorno. Assim como sociólogos, especialistas de crimes e alguns psicólogos acreditam que o distúrbio, quando originado a partir do próprio meio social, é denominado como sociopatia. Por exemplo, aquele indivíduo que "aprendeu" a cometer atitudes antissociais no próprio meio em que vivia, tal como um ambiente com baixo nível socioeconômico e pais violentos. Já o psicopata consiste na combinação de fatores como biológicos, genéticos e socioambiental. Por exemplo, o indivíduo que aparentemente "nasce" psicopata, independentemente de ter vivido num ambiente com baixo nível socioeconômico.
 
O termo ''psicopata'' passou a ser usado para descrever uma gama diversificada de comportamentos disfuncionais ou antissociais e desvios mentais e sexuais, incluindo na época a homossexualidade. Era frequentemente usado para implicar uma origem "constitucional" ou genética subjacente. Descrições iniciais díspares provavelmente prepararam o cenário para controvérsias modernas sobre a definição de psicopatia.<ref name="gap"/>
Para outros especialistas, a psicopatia e a sociopatia são duas manifestações diferentes do transtorno de personalidade antissocial. Tais raciocínios acreditam que os psicopatas nascem com características básicas como impulsividade e ausência de medo, o que faz com que busquem condutas de riscos e perigo, terminando muitas vezes em atitudes antissociais, uma vez que são incapazes de se estabelecerem corretamente nas normas sociais. Já o sociopata, nesta visão, apresenta um temperamento um pouco mais "normal" que os psicopatas.
 
=== Século XX ===
Em suma, referente ao termo, essas duas variantes da personalidade antissocial têm como causa uma interação variada entre fatores genéticos/biológicos e fatores ambientais, mas a psicopatia tende para fatores genéticos, enquanto que a sociopatia, para o lado socioambiental.Não existe nenhuma diferença entre psicopata e sociopata, pois os dois termos são sinônimos para um tipo específico de transtorno de personalidade. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o termo oficial para designar um psicopata ou sociopata é personalidade dissocial ou antissocial. <ref>{{citar web|ultimo=Scott O. Lilienfeld|primeiro=Hal Arkowitz|url=http://saudemental.psc.br/materias/esclarecendo/527-como-reconhecer-um-psicopata|titulo=Como reconhecer um psicopata|website=Saúde Mental}}</ref>
[[Imagem:Bundesarchiv Bild 102-13774, Adolf Hitler.jpg|thumb|180px|O psicanalista Walter C. Langer descreveu Adolf Hitler como um "psicopata neurótico"]]
Uma figura influente na formação das conceituações americanas modernas de psicopatia foi o psiquiatra americano [[Hervey Cleckley]]. Em sua [[monografia]] clássica, ''[[The Mask of Sanity]]'' (1941), Cleckley baseou-se em uma pequena série de [[Caso de estudo|estudos de caso]] vívidos de pacientes psiquiátricos em um [[hospital]] da [[Departamento dos Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos|Administração de Veteranos]] na [[Geórgia (Estados Unidos)|Geórgia]] para fornecer uma descrição da psicopatia. Cleckley usou a metáfora da "[[máscara]]" para se referir à tendência dos psicopatas de parecerem [[Confiança|confiantes]], apresentáveis ​​e bem ajustados em comparação com a maioria dos [[paciente]]s psiquiátricos, ao mesmo tempo em que revelam a patologia subjacente por meio de suas ações ao longo do tempo. Cleckley formulou dezesseis critérios para psicopatia.<ref name="gap"/> O psiquiatra escocês [[David Henderson]] também foi influente na [[Europa]] a partir de 1939 no estreitamento do diagnóstico.<ref>{{citar periódico|doi=10.1136/bmj.309.6958.826 |título=Who's psychopathic now? A recent report has few new solutions and calls for more research |ano=1994 |último1=Bluglass |primeiro1=R |periódico=BMJ |volume=309 |número=6958 |páginas=826 |pmid=7950601 |pmc=2541046}}</ref>
 
A categoria diagnóstica de personalidade sociopática nas primeiras edições do ''Manual Diagnóstico e Estatístico'' (MDE)<ref name="DSM-IV-TR">[http://www.behavenet.com/capsules/disorders/antisocialpd.htm Antisocial personality disorder] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120211144219/http://www.behavenet.com/capsules/disorders/antisocialpd.htm |date=2012-02-11 }} – [[Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders]] Fourth edition Text Revision (DSM-IV-TR) [[American Psychiatric Association]] (2000) pp. 645–650</ref> tinha algumas semelhanças importantes com as ideias de Cleckley, embora em 1980, quando renomeado "transtorno de personalidade antissocial", alguns dos pressupostos de personalidade subjacentes tenham sido removidos.<ref name="Handbook of Psychopathy"/> Em 1980, o psicólogo canadense Robert D. Hare introduziu uma medida alternativa, a "Psychopathy Checklist" (PCL) baseada em grande parte nos critérios de Cleckley, que foi revisado em 1991 (PCL-R),<ref name="pcl-r">{{citar livro|último=Hare |primeiro=R. D. |ano=2003 |título=Manual for the Revised Psychopathy Checklist |edição=2nd |local=Toronto, ON, Canada |publicado=Multi-Health Systems}}{{page needed|date=September 2013}}</ref><ref>{{citar jornal|url=https://www.independent.co.uk/life-style/health-and-families/psychopathic-traits-cultures-different-psychopath-personality-us-america-netherlands-a8206221.html|título=Psychopathic traits differ between cultures, experts claim|data=2018-02-12|obra=The Independent|acessodata=2018-02-16|língua=en-GB|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180216090626/http://www.independent.co.uk/life-style/health-and-families/psychopathic-traits-cultures-different-psychopath-personality-us-america-netherlands-a8206221.html|arquivodata=2018-02-16}}</ref> e é a medida de psicopatia mais utilizada.<ref>{{citar livro|primeiro1=Leam |último1=Craig |primeiro2=Kevin |último2=Browne |primeiro3=Anthony R. |último3=Beech |ano=2008 |título=Assessing Risk in Sex Offenders |página=117 |publicado=John Wiley and Sons |isbn=978-0-470-01898-9}}</ref> Existem também vários testes de [[autorrelato]]s, com o Inventário de Personalidade Psicopática (IPP) usado com mais frequência entre eles na pesquisa adulta contemporânea.<ref name="gap" />
== Teoria ==
Segundo a [[teoria]] pela qual uma pessoa psicopata é uma pessoa perversa, supõe-se que nesta classe de [[doença]], o [[doente]] é um [[sujeito]] que se mantém a par da realidade, mas que carece de [[Superego]]. Isto faz com que a pessoa psicopata possa cometer [[crime|atos criminosos]] sem sentir [[culpa]].
 
Indivíduos famosos às vezes são diagnosticados, ainda que à distância, como psicopatas. Como um exemplo de muitos possíveis da história, em uma versão de 1972 de um relatório secreto originalmente preparado para o [[Escritório de Serviços Estratégicos]] em 1943, e que pode ter sido destinado a ser usado como [[propaganda]],<ref>[https://archive.org/details/shadowwarriorsos00smit The Shadow Warriors: OSS and the Origins of the CIA] Bradley F Smith. Times Books. 1983</ref><ref name="Spark">[http://kuscholarworks.ku.edu/dspace/bitstream/1808/5160/1/STARV22N1-2A5.pdf Klara Hitler's Son: Reading the Langer Report on Hitler's Mind] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20200806184801/https://kuscholarworks.ku.edu/bitstream/handle/1808/5160/STARV22N1-2A5.pdf;jsessionid=0A0594A705BD3202193128FB1F6555E0?sequence=1 |date=2020-08-06 }} Spark, Clare L. Social Thought and Research, Volume 22, Number 1&2 (1999), pp. 113-137</ref> não médico o [[Psicanálise|psicanalista]] [[Walter Charles Langer|Walter C. Langer]] sugeriu que [[Adolf Hitler]] era [[Psicopatografia de Adolf Hitler|provavelmente um psicopata]].<ref name="psycho" >{{citar livro|último= Langer |primeiro= Walter C. |título= The Mind of Adolf Hitler: The Secret Wartime Report |ano= 1972 |anooriginal= 1943 |publicado= Basic Books |local= New York | isbn = 978-0-465-04620-1 |página= [https://archive.org/details/mindofadolfhitle00lang/page/126 126] |títulolink= The Mind of Adolf Hitler }}</ref> No entanto, outros não chegaram a esta conclusão; psicólogo forense clínico [[Glenn Walters]] argumenta que as ações de Hitler não justificam um diagnóstico de psicopatia, pois, embora ele tenha apresentado várias características de criminalidade, ele nem sempre foi [[Egocentrismo|egocêntrico]], insensivelmente desconsiderando sentimentos ou sem controle de impulsos, e não há provas de que ele não pudesse aprender com os erros.<ref>{{citar livro|primeiro=Glenn D. |último=Walters |ano=2006 |capítulo=Hitler the Psychopath |capítulourl=https://books.google.com/books?id=wNcshqJlms0C&pg=PA42 |título=Lifestyle Theory: Past, Present, and Future |páginas=42–3 |publicado=Nova Publishers |isbn=978-1-60021-033-4 |acessodata=2016-02-03 |arquivodata=2017-03-23 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20170323221245/https://books.google.com/books?id=wNcshqJlms0C&pg=PA42 |urlmorta= não}}</ref>
A noção, cada vez mais reforçada de que as personalidades psicopatas são quase-psicóticas, enquadra-as dentro das estruturas de personalidades borderline (importante ressaltar que a estrutura borderline é diferente do [[transtorno de personalidade limítrofe|transtorno de personalidade borderline]]). Não obstante, as pessoas psicopatas têm condutas criminais sem nenhum sentimento de culpa, mantendo plena [[consciência]] dos seus crimes ou das suas intenções criminais.
 
==Diagnóstico==
A natureza do superego, enquanto introjeção das regras sociais e as formas de conduta que são apreendidas e interiorizadas pelos indivíduos no processo de socialização tem sido revisto a partir de várias concepções psicossociais em especial as noções de self de Mead e as concepções de desvio - outsiders de Goffman e Parker as denominadas teorias sociológicas da [[psicologia social]]
 
===Ferramentas===
== Assassino em série ==
Uma personalidade psicopata não se restringe ao [[assassino em série]]. Um psicopata pode ser uma pessoa simpática e de [[expressão|expressões]] sensatas que, não obstante, não vacila ao cometer um [[crime]] quando lhe convém e, tal como explicado acima, fazê-lo sem sentir culpa pela sua ação.
 
====Psychopathy Checklist====
O contexto social em que é interpretado o ato [[Agressão|agressivo]] forma o criminoso ou o justiceiro social, o policial autorizado a cometer crimes (soldado mandado). Contudo na agressividade psicopatológica dos denominados [[sociopatas]] há sempre de se identificar as [[Sadismo|pulsões sádicas]] que caracterizam o instinto de morte da espécie humana.
A psicopatia é mais comumente avaliada com o ''Psychopathy Checklist, Revised'' (PCL-R), criado por Robert D. Hare com base nos critérios de Cleckley da década de 1940, conceitos criminológicos como os de William e [[Joan McCord]], e sua própria pesquisa sobre criminosos e encarcerados infratores no [[Canadá]].<ref name="HareNeumann2008">{{cite journal |doi=10.1146/annurev.clinpsy.3.022806.091452 |title=Psychopathy as a Clinical and Empirical Construct |year=2008 |last1=Hare |first1=Robert D. |last2=Neumann |first2=Craig S. |journal=Annual Review of Clinical Psychology |volume=4 |pages=217–46 |pmid=18370617 |url=http://www.hare.org/references/HareandNeumannARCP2008.pdf |issue=1 |url-status=live |archive-url=https://web.archive.org/web/20130914041634/http://hare.org/references/HareandNeumannARCP2008.pdf |archive-date=2013-09-14 }}</ref><ref name=Blackburn2005>[https://books.google.com/books?id=clrGnwE8mrIC Handbook of Personology and Psychopathology] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170404064119/https://books.google.com/books?id=clrGnwE8mrIC |date=2017-04-04 }} Stephen Strack, John Wiley & Sons, 21 Jan 2005. Chapter 15: Psychopathy as a Personality Construct (Ronald Blackburn).</ref><ref>[https://books.google.com/books?id=NBC0jOMVmIYC Thinking about Psychopaths and Psychopathy: Answers to Frequently Asked Questions] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20170404021833/https://books.google.com/books?id=NBC0jOMVmIYC |date=2017-04-04 }} "What are the differences between the psychopathy definitions designed by Hare and by Cleckley?" Editor: Ellsworth Lapham Fersch. iUniverse, 30 Oct 2006</ref> O PCL-R é amplamente utilizado e é referido por alguns como o "[[padrão-ouro]]" para avaliar a psicopatia.<ref name="kiehlhistoryneuroscience">{{cite journal|last1=Kiehl|first1=Kent A.|title=The Criminal Psychopath: History, Neuroscience, Treatment, and Economics|last2=Hoffman|first2=Morris B.|journal=Jurimetrics|date=1 January 2011|volume=51|issue=4|pages=355–397|pmid=24944437|pmc=4059069|issn=0897-1277}}</ref> No entanto, existem inúmeras críticas ao PCL-R como uma ferramenta teórica e em uso no mundo real.<ref name="Minkel">{{cite web |last=Minkel |first=JR |url=http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=critique-of-forensic-psychopathy-scale-delayed-by-lawsuit |title=Fear Review: Critique of Forensic Psychopathy Scale Delayed 3 Years by Threat of Lawsuit |date=June 17, 2010 |work=Scientific America |url-status=live |archive-url=https://web.archive.org/web/20120318155851/http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=critique-of-forensic-psychopathy-scale-delayed-by-lawsuit |archive-date=March 18, 2012 }}</ref><ref name="ReferenceA">{{cite journal |doi=10.1177/0306624X03259472 |title=The Trouble with Psychopathy as a General Theory of Crime |year=2004 |last1=Walters |first1=Glenn D. |journal=International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology |volume=48 |issue=2 |pages=133–48 |pmid=15070462|s2cid=40939723 }}</ref><ref name="jaapl.org">[[Dorothy Otnow Lewis]], MD, Catherine A. Yeager, MA, Pamela Blake, MD, Barbara Bard, PhD, and Maren Strenziok, MS [http://jaapl.org/content/32/4/408.full.pdf Ethics Questions Raised by the Neuropsychiatric, Neuropsychological, Educational, Developmental, and Family Characteristics of 18 Juveniles Awaiting Execution in Texas] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20201123041218/http://jaapl.org/content/jaapl/32/4/408.full.pdf |date=2020-11-23 }} J Am Acad Psychiatry Law 32:408–29, 2004</ref><ref name="Franklin 2011">{{cite web |url=http://www.psychologytoday.com/blog/witness/201104/psychopathy-rorschach-test-psychologists |title=Psychopathy: A Rorschach test for psychologists? |year=2011 |first=Karen |last=Franklin |work=Witness}}</ref><ref name="ReferenceB">{{cite journal |doi=10.1177/1073191111402460 |title=On Individual Differences in Person Perception: Raters' Personality Traits Relate to Their Psychopathy Checklist-Revised Scoring Tendencies |year=2011 |last1=Miller |first1=A. K. |last2=Rufino |first2=K. A. |last3=Boccaccini |first3=M. T. |last4=Jackson |first4=R. L. |last5=Murrie |first5=D. C. |journal=Assessment |volume=18 |issue=2 |pages=253–60 |pmid=21393315|s2cid=206655518 }}</ref>
 
====Psychopathic Personality Inventory====
Apesar do ainda controverso tema da existência do [[Agressividade|instinto agressivo]] em nossa espécie, pelo menos entre as teorias psicanalíticas não há dúvidas sobre a natureza da compulsão à repetição e características [[sadomasoquismo|sádicas]] de suas manifestações descritas por [[Sigmund Freud|Freud]] no célebre ensaio: Além do princípio do prazer, 1921.
Ao contrário do PCL, o Psychopathic Personality Inventory (PPI) foi desenvolvido para indexar de forma abrangente os traços de personalidade sem se referir explicitamente aos próprios comportamentos antissociais ou criminosos. É uma escala de autorrelato que foi desenvolvida originalmente para amostras não clínicas (por exemplo, estudantes universitários) em vez de para [[Prisão|prisioneiros]], embora possa ser usada com estes últimos. Foi revisado em 2005 para se tornar o PPI-R e agora é composto por 154 itens organizados em oito subescalas.<ref name="ppi-r">Lilienfeld S. O., Widows M. R. (2005). Psychopathic Personality Inventory—Revised (PPI-R) professional manual. Odessa, FL: Psychological Assessment Resources.</ref> Descobriu-se que as pontuações dos itens se agrupam em dois fatores abrangentes e amplamente separados (ao contrário dos fatores PCL-R), "Dominância Destemida" e "Antissocialidade Impulsiva", além de um terceiro fator, "Coração Frio", que depende amplamente das pontuações dos outros dois.<ref name="gap" /> O fator 1 está associado à eficácia social, enquanto o fator 2 está associado a tendências desadaptativas. Uma pessoa pode pontuar em diferentes níveis nos diferentes fatores, mas a pontuação geral indica a extensão da personalidade psicopática.<ref name="gap" />
 
==== Triarchic Psychopathy Measure ====
 
A Triarchic Psychopathy Measure, também conhecida como TriPM, é uma avaliação de autorrelato de 58 itens que mede a psicopatia dentro dos três traços identificados no modelo [[Triarquia|triárquico]]: ousadia, [[Mal|maldade]] e desinibição. Cada traço é medido em subescalas separadas e somado, resultando em uma pontuação total de psicopatia.<ref>{{Cite web|title=Triarchic Psychopathy Measure - cplabwiki|url=https://patrickcnslab.psy.fsu.edu/wiki/index.php/Triarchic_Psychopathy_Measure|access-date=2022-01-06|website=patrickcnslab.psy.fsu.edu|language=en|archive-date=2022-01-06|archive-url=https://web.archive.org/web/20220106145234/https://patrickcnslab.psy.fsu.edu/wiki/index.php/Triarchic_Psychopathy_Measure|url-status=live}}</ref>
 
O TriPM inclui vários componentes de outras medidas para avaliar a psicopatia, incluindo padrões de [[mesquinhez]] e desinibição dentro da personalidade psicopática. No entanto, existem diferentes abordagens na mensuração do construto ousadia.<ref>{{Cite journal|last1=Drislane|first1=Laura E.|last2=Patrick|first2=Christopher J.|last3=Arsal|first3=Güler|date=2013-12-09|title=Clarifying the content coverage of differing psychopathy inventories through reference to the triarchic psychopathy measure|journal=Psychological Assessment|volume=26|issue=2|pages=350–362|doi=10.1037/a0035152|issn=1939-134X|pmc=4100942|pmid=24320762}}</ref> A construção de ousadia é usada para destacar as implicações sociais e interpessoais da personalidade psicopática.
 
====DSM e ICD====
Existem atualmente dois sistemas amplamente estabelecidos para classificar os transtornos mentais – a ''Classificação Internacional de Doenças'' (CID) produzida pela [[Organização Mundial da Saúde]] (OMS) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (MDE) produzido pela [[Associação Americana de Psiquiatria]] (APA).
 
Ambos os manuais afirmaram que seus diagnósticos foram referidos, ou incluem o que é referido, como psicopatia ou sociopatia, embora nenhum manual de diagnóstico tenha incluído um transtorno oficialmente intitulado como tal.<ref name="gap" /><ref name="Handbook of Psychopathy">{{cite book |last=Patrick |first=Christopher |title=Handbook of Psychopathy |year=2005 |publisher=Guilford Press |isbn=978-1-60623-804-2}}{{page needed|date=September 2013}}</ref><ref name="aspd statement" />
 
====Outras ferramentas====
Existem alguns [[Teste de personalidade|testes de personalidade]] tradicionais que contêm subescalas relacionadas à psicopatia, embora avaliem tendências relativamente inespecíficas para o comportamento antissocial ou criminoso. Estes incluem o [[Minnesota Multiphasic Personality Inventory]] (escala de Desvio Psicopático), o [[California Psychological Inventory]] (escala de Socialização) e a escala de Transtorno de Personalidade Antissocial do [[Millon Clinical Multiaxial Inventory]]. Há também a [[Levenson Self-Report Psychopathy Scale]] (LSRP) e a [[Hare Self-Report Psychopathy Scale]] (HSRP), mas em termos de testes de autorrelato, o PPI/PPI-R tornou-se mais usado do que qualquer um deles na pesquisa moderna de psicopatia em adultos.<ref name="gap" />
 
===Comorbidade===
Estudos sugerem forte [[comorbidade]] entre psicopatia e transtorno de personalidade antissocial. Entre vários estudos, correlações positivas também foram relatadas entre psicopatia e [[Transtorno de personalidade histriônica|transtornos de personalidade histriônica]], [[Narcisismo|narcisista]], ''[[Transtorno de personalidade borderline|borderline]]'', [[Paranoia|paranoide]] e [[Transtorno de personalidade esquizoide|esquizoide]], [[Transtorno de pânico|pânico]] e [[Transtorno obsessivo-compulsivo|transtornos obsessivo-compulsivos]], mas não transtornos [[Neurose|neuróticos]] em geral, [[esquizofrenia]] ou [[Depressão (humor)|depressão]].<ref name="englandandwales2009" /><ref name=BlairMitchellBlair>{{cite book |title=Psychopathy, emotion and the brain |last=Blair |first=J |author2=Mitchel D |author3=Blair K |year=2005 |isbn=978-0-631-23336-7 |publisher=Wiley-Blackwell |pages=25–7 |url=https://www.scribd.com/doc/27005161/The-Psychopath-Emotion-and-the-Brain |url-status=live |archive-url=https://web.archive.org/web/20160306020403/https://www.scribd.com/doc/27005161/The-Psychopath-Emotion-and-the-Brain |archive-date=2016-03-06 }}</ref><ref name=Nioche>{{cite journal |doi=10.1016/j.encep.2009.07.004 |title=Psychopathie et troubles de la personnalité associés : Recherche d'un effet particulier au trouble borderline ? |trans-title=Psychopathy and associated personality disorders: Searching for a particular effect of the borderline personality disorder? |language=fr |year=2010 |last1=Nioche |first1=A. |last2=Pham |first2=T.H. |last3=Ducro |first3=C. |last4=De Beaurepaire |first4=C. |last5=Chudzik |first5=L. |last6=Courtois |first6=R. |last7=Réveillère |first7=C. |journal=L'Encéphale |volume=36 |issue=3 |pages=253–9 |pmid=20620268}}</ref><ref name=Hildebrand>{{cite journal |doi=10.1016/j.ijlp.2004.03.005 |title=PCL-R psychopathy and its relation to DSM-IV Axis I and II disorders in a sample of male forensic psychiatric patients in the Netherlands |year=2004 |last1=Hildebrand |first1=Martin |last2=De Ruiter |first2=Corine |journal=International Journal of Law and Psychiatry |volume=27 |issue=3 |pages=233–48 |pmid=15177992}}</ref><ref name=Nedopil>{{cite book |doi=10.1007/978-94-011-3965-6_12 |chapter=Comorbidity of Psychopathy with Major Mental Disorders |chapter-url=https://books.google.com/books?id=lqMZzZ7p3jIC&pg=PA257 |title=Psychopathy: Theory, Research and Implications for Society |year=1998 |last1=Nedopil |first1=Norbert |last2=Hollweg |first2=Matthias |last3=Hartmann |first3=Julia |last4=Jaser |first4=Robert |isbn=978-0-7923-4920-4 |pages=257–68 |access-date=2016-02-03 |archive-date=2017-04-04 |archive-url=https://web.archive.org/web/20170404052423/https://books.google.com/books?id=lqMZzZ7p3jIC&pg=PA257 |url-status=live }}</ref>
 
Sabe-se que o [[transtorno do déficit de atenção e hiperatividade]] (TDAH) é altamente comórbido com [[Desvio de conduta|transtorno de conduta]] (um precursor teorizado do TPAS) e também pode ocorrer concomitantemente com tendências psicopáticas. Isso pode ser explicado em parte por déficits na função executiva.<ref name="BlairMitchellBlair" /> A psicopatia também está associada a [[Perturbação por uso de substâncias|transtornos por uso de substâncias]].<ref name="neumann1" /><ref name=BlairMitchellBlair/><ref name=Hildebrand/><ref>{{cite journal |doi= 10.1037/0021-843X.99.4.430 |title= Alcohol and drug abuse-dependence disorders in psychopathic and nonpsychopathic criminal offenders |year= 1990 |last1= Smith |first1= Stevens S. |last2= Newman |first2= Joseph P. |journal= Journal of Abnormal Psychology |volume= 99 |issue= 4 |pages= 430–9 |pmid= 2266219}}</ref><ref name=Kantor>{{cite book |last=Kantor |first=Martin |title=The Psychopathy of Everyday Life |isbn=978-0-275-98798-5 |year=2006 |page=107}}</ref>
 
Tem sido sugerido que a psicopatia pode ser comórbida com várias outras condições além dessas,<ref name=Kantor/> mas trabalhos limitados sobre comorbidade foram realizados. Isso pode ser em parte devido às dificuldades em utilizar grupos de pacientes internados de determinadas instituições para avaliar a comorbidade, devido à probabilidade de algum viés na seleção da amostra.<ref name=BlairMitchellBlair/>
 
===Diferenças de sexo===
A pesquisa sobre psicopatia tem sido feita em grande parte em homens e o PCL-R foi desenvolvido usando principalmente amostras criminais masculinas, levantando a questão de quão bem os resultados se aplicam às mulheres. Os homens pontuam mais do que as mulheres tanto no PCL-R quanto no PPI e em ambas as escalas principais. As diferenças tendem a ser um pouco maiores na escala interpessoal-afetiva do que na escala antissocial. A maioria, mas nem todos os estudos encontraram uma [[Análise fatorial|estrutura fatorial]] amplamente semelhante para homens e mulheres.<ref name="gap" />
 
Muitas associações com outros traços de personalidade são semelhantes, embora em um estudo o fator antissocial estivesse mais fortemente relacionado com a impulsividade nos [[Homem|homens]] e mais fortemente relacionado com a [[abertura à experiência]] nas [[Mulher|mulheres]]. Tem sido sugerido que a psicopatia nos homens se manifesta mais como um padrão antissocial, enquanto nas mulheres se manifesta mais como um padrão histriônico. Estudos sobre isso mostraram resultados mistos. Os escores PCL-R podem ser um pouco menos preditivos de violência e reincidência em mulheres. Por outro lado, a psicopatia pode ter uma relação mais forte com o suicídio e possivelmente com sintomas internalizantes em mulheres. Uma sugestão é que a psicopatia se manifesta mais como comportamentos externalizantes nos homens e mais como comportamentos internalizantes nas mulheres.<ref name="gap" /> Além disso, um estudo sugeriu que diferenças substanciais de gênero foram encontradas na [[etiologia]] da psicopatia. Para as meninas, 75% da [[Variância|variação]] em severos [[Traços insensíveis e sem emoção|traços de insensibilidade e falta de emoção]] foi atribuível a fatores ambientais e apenas 0% da variação foi atribuível a fatores [[Genética|genéticos]]. Nos [[Menino|meninos]], a ligação foi invertida.<ref>{{Cite journal|last1=Fontaine|first1=Nathalie M.G.|last2=Rijsdijk|first2=Frühling V.|last3=McCrory|first3=Eamon J.P.|last4=Viding|first4=Essi|title=Etiology of Different Developmental Trajectories of Callous-Unemotional Traits|journal=Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry|year=2010|language=en|volume=49|issue=7|pages=656–664|doi=10.1016/j.jaac.2010.03.014|pmid=20610135}}</ref>
 
Estudos também descobriram que as mulheres na prisão têm uma pontuação significativamente menor em psicopatia do que os homens, com um estudo relatando que apenas 11% das mulheres violentas na prisão preencheram os critérios de psicopatia em comparação com 31% dos homens violentos.<ref>{{Cite journal|title = Psychopathy in women: theoretical and clinical perspectives|journal = International Journal of Women's Health|date = 2012-06-01|issn = 1179-1411|pmc = 3379858|pmid = 22723733|pages = 257–263|volume = 4|doi = 10.2147/IJWH.S25518|first1 = Rolf|last1 = Wynn|first2 = Marita H|last2 = Høiseth|first3 = Gunn|last3 = Pettersen}}</ref> Outros estudos também indicaram que mulheres altamente psicopatas são raras em ambientes forenses.<ref>{{Cite journal|title = [Psychopathic personality in women. Diagnostics and experimental findings in the forensic setting and the business world]|journal = Der Nervenarzt|date = 2014-03-01|issn = 1433-0407|pmid = 24549689|pages = 290, 292–294, 296–297|volume = 85|issue = 3|doi = 10.1007/s00115-013-3902-9|first = H.|last = Eisenbarth|s2cid = 38652290|url = https://eprints.soton.ac.uk/384812/1/A3C2B0E5-0D57-4FD0-8A0D-3FCB87DC92D1.pdf|access-date = 2022-01-25|archive-date = 2020-08-06|archive-url = https://web.archive.org/web/20200806143913/https://eprints.soton.ac.uk/384812/1/A3C2B0E5-0D57-4FD0-8A0D-3FCB87DC92D1.pdf|url-status = live}}</ref>
 
== Tratamento ==
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[[Psicoterapia]]s com pacientes com personalidade violenta em liberdade condicional reduziram os índices de reincidência para 20 e 33% comparado com 40 a 52% dos grupos controles. Os autores concluem que a personalidade dos pacientes não mudou, porém eles aprenderam a controlar melhor seus impulsos e pensarem mais nas consequências de seus atos.<ref>Carney, F. L. (1981) Residential treatment programs for antisocial personality disorders. In The Treatment of Antisocial Syndromes (ed. W. H. Reid). Van Nostrand Reinhold.</ref><ref>Copas, J. B. & Whiteley, S. (1976) Predicting success in the treatment of psychopaths. British Journal of Psychiatry, 129, 388-392.</ref><ref>Cullen, E. (1992) The Grendon reconvictoin study. Unpublished document, Psychology Department, HMP Grendon.</ref><ref>Firestone P, Bradford JM, Greenberg DM, Larose MR (1998). "Homicidal sex offenders: psychological, phallometric, and diagnostic features". The Journal of the American Academy of Psychiatry and the Law 26 (4): 537–52. doi:10.1177/0093854806288176. PMID 9894211.</ref>
 
== CódigoVer Penaltambém ==
Do ponto de vista penal existe o dilema, amplamente discutido, sobre se uma personalidade doente é imputável, especialmente se é de origem psicótica. Mesmo que se trate de uma personalidade doente (exemplos: pessoas [[sadismo|sádicas]], [[violação|violadoras]], etc.) há tendência para sustentar que há uma [[punição]] correspondente, dado que, mesmo doente, a pessoa mantém consciência dos seus atos e pode evitar cometê-los. O direito penal usa como formas de classificar a capacidade mental do agente: entendimento por parte do agente se o ato que ele cometeu é ilegal e se mesmo sabendo que é ilegal, consegue se autodeterminar, ou seja, consegue não cometer o ato.
 
==Ver também==
* [[Psicopatologia]]
* [[Transtorno de personalidade antissocial]]
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* [[Comportamento divergente]]
* [[Desvio de conduta (psicologia)]]
* [[Robert Hare]]
 
{{Referências}}
 
== Bibliografia ==
{{refbegin|40em}}
* {{citar livro|último1=Babiak |primeiro1=Paul |último2=Hare |primeiro2=Robert D. |url=https://archive.org/details/isbn_9780061147890 |citação=snakes in suits. |título=Snakes in Suits: When Psychopaths Go to Work |publicado=HarperCollins |local=New York, NY |isbn=978-0-06-114789-0 |data=2009-10-13 }}
* Black, Will (2014) ''Psychopathic Cultures and Toxic Empires'' Frontline Noir, Edinburgh {{ISBN|978-1904684718}}
* Blair, J. et al. (2005) ''The Psychopath – Emotion and the Brain''. Malden, MA: Blackwell Publishing, {{ISBN|978-0-631-23335-0}}
* {{citar livro|título=The Mask of Sanity |último=Cleckley |primeiro=Hervey |publicado=Emily S. Cleckley |ano=1988 |isbn=0962151904 |local=Augusta, Georgia |língua=en |url=https://archive.org/details/0490-pdf-cleckley-the-mask-of-sanity |edição=5th}}
* [[Kevin Dutton|Dutton, K.]] (2012) ''The Wisdom of Psychopaths'' {{ISBN|978-0-374-70910-5}} (e-book)
* {{citar livro|último=Hare|primeiro=Robert D.|autorlink=Robert D. Hare|título=Without Conscience: The Disturbing World of the Psychopaths Among Us|publicado=Guilford Press|local=New York|ano=1999|isbn=978-1-57230-451-2|url=https://archive.org/details/withoutconscienc00hare}}
* Häkkänen-Nyholm, H. & Nyholm, J-O. (2012). Psychopathy and Law: A Practitioners Guide. Chichester: John Wiley & Sons.
* {{citar livro|último= Kiehl |primeiro= Kent |autorlink=Kent Kiehl|título= The psychopath whisperer: the science of those without a conscience |publicado= Crown Publishers |local= New York |ano= 2014 | isbn = 978-0-7704-3584-4 }}
* [[Barbara Oakley|Oakley, Barbara]], [https://web.archive.org/web/20080323125350/http://www.evilgenes.com/ ''Evil Genes: Why Rome Fell, Hitler Rose, Enron Failed, and My Sister Stole My Mother's Boyfriend.''] Prometheus Books, Amherst, NY, 2007, {{ISBN|1-59102-665-2}}.
* Stone, Michael H., M.D. & Brucato, Gary, Ph.D., The New Evil: Understanding the Emergence of Modern Violent Crime (Amherst, N.Y.: Prometheus Books). {{ISBN|978-1-63388-532-5}}.
* Thiessen, W Slip-ups and the dangerous mind: Seeing through and living beyond the psychopath (2012).
* Thimble, Michael H.F.R.C.P., F.R.C. Psych. ''Psychopathology of Frontal Lobe Syndromes''.
* {{citar livro|último= Widiger|primeiro= Thomas |título= Personality Disorder Interview-IV, Chapter 4: Antisocial Personality Disorder|publicado= Psychological Assessment Resources, Inc.|ano= 1995| isbn = 978-0-911907-21-6 }}
{{refend}}
 
== Ligações externas ==
 
{{Commons category}}
{{Wiktionary}}
{{wikiquote}}
* [https://books.google.com/books/about/Handbook_of_Psychopathy_Second_Edition.html?id=QOZTDwAAQBAJ Manual de Psicopatia, 2.ª Edição (2018)]no Google Books.
* [http://www.cassiopaea.org/cass/sanity_1.PdF A Máscara da Sanidade, 5.ª Edição], PDF do livro de Hervey Cleckley, 1988
* [http://www.hare.org Without Conscience], sítio oficial do Dr. Robert Hare
* [http://philpapers.org/browse/psychopathy/?sort=pubYear&showCategories=on&hideAbstracts=&cn=psychopathy&new=1&limit=50&filterByAreas=&proOnly=on&cId=109956&freeOnly=&newWindow=on&categorizerOn=&onlineOnly=&langFilter=&start=0&sqc=&publishedOnly=&format=html&jlist=&ap_c1=&ap_c2= Philpapers Psychopathy]
* [http://www.all-about-forensic-psychology.com/psychopath.html Understanding The Psychopath: Key Definitions & Research]
* [https://www.psychopathyis.org Sítio do Psychopathy Is]
* {{Link||2=http://www.psychiatrictimes.com/display/article/10168/54411 |3=The Paradox of Psychopathy |4={{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20130415015241/http://www.psychiatrictimes.com/display/article/10168/54411 |date=2013-04-15}} Psychiatric Times, 2007 (nb: acesso inconsistente)}}
* [https://web.archive.org/web/20090320111620/http://www.uiowa.edu/~c036090/abbott.pdf Into the Mind of a Killer] ''Nature'', 2001
* {{citar jornal|url=https://www.npr.org/2011/05/26/136619689/can-a-test-really-tell-whos-a-psychopath|título=Can A Test Really Tell Who's A Psychopath?|website=npr.org|publicado=[[NPR]]|citação=áudio, texto e relatório do painel de especialistas da NPR, 2011}}
* [http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=what-psychopaths-teach-us-about-how-to-succeed ''What Psychopaths Teach Us about How to Succeed''] ''[[Scientific American]]'', outubro de 2012
* [https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2017/06/when-your-child-is-a-psychopath/524502/ "When Your Child is a Psychopath"] no ''The Atlantic''
 
{{DEFAULTSORT:Antissocial}}