Angola: diferenças entre revisões

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=== Processo de descolonização ===
{{Artigo principal|Guerra de Independência de Angola|Guerra Colonial Portuguesa}}
[[Ficheiro:Luanda,desfilemilitar (cropped).jpg|thumb|[[Forças Armadas Portuguesas]] marchando em Luanda durante [[Guerra Colonial Portuguesa]] (1961-741961–74).]]
[[Imagem:Sempreatentos...aoperigo!.jpg|thumb|[[Exército de Portugal|Soldados portugueses]] nas matas angolanas durante a [[Guerra de Independência de Angola]] (1961-19741961–1974)]]
 
Alcançada a desejada "ocupação efectiva", Portugal - melhor dito: o regime ditatorial, entretanto instaurado naquele país por [[António de Oliveira Salazar]] - concentrou-se em Angola na consolidação do Estado colonial. Esta meta foi atingida com alguma eficácia. Num lapso de tempo relativamente curto foi edificada uma máquina administrativa dotada de uma capacidade não sem falhas, mas sem dúvida significativa de controle e de gestão. Esta garantiu o funcionamento de uma economia assente em dois pilares: o de uma imigração portuguesa que, em poucas décadas, fez subir a população europeia para mais de {{formatnum:100000}}, com uma forte componente empresarial, e o de uma população africana sem direito à cidadania, na sua maioria - ou seja, com a excepção dos povos (agro-)pastores do Sul - remetida para uma pequena agricultura orientada para os produtos exigidos pelo colonizador (café, milho, sisal), pagando impostos e taxas de vária ordem, e muitas vezes obrigada, por circunstâncias económicas e/ou pressão administrativa, a aceitar trabalhos assalariados geralmente mal pagos.{{Nota de rodapé|A literatura sobre esta matéria é abundante, de modo que bastará remeter para a bibliografia adiante indicada.}}
 
Entre 1939 e 1943, o exército português realizou operações contra os nómadas [[Mucubal]], acusados de rebelião, que levaram à morte de metade de sua população. Os sobreviventes foram encarcerados em campos de trabalho forçado, onde a grande maioria deles pereceu devido à brutalidade do sistema de trabalho, subnutrição e execuções.<ref>{{Citar web|url=https://www.esquerda.net/artigo/pergaminho-negro-fragmentos-da-solucao-final-portuguesa/80670|titulo=Pergaminho Negro: fragmentos da solução final portuguesa|data=2 de Maio de 2022|acessodata=|website=|lingua=pt-pt}}</ref>
 
Nos anos 1950 começou a articular-se uma resistência multifacetada contra a dominação colonial, impulsionada pela descolonização que se havia iniciado no continente africano, depois do fim da [[Segunda Guerra Mundial]], em 1945.<ref>Edmundo Rocha, ''Contribuição ao estudo da génese do nacionalismo moderno angolano (período de 1950-1964'', 2 vol., Luanda: Kilombelombe, 2001</ref> Esta resistência, que visava a transformação da colónia de Angola em país independente, desembocou a partir de 1961 num combate armado contra Portugal que teve três principais protagonistas:
 
* o [[Movimento Popular de Libertação de Angola]] (MPLA), cuja principal base social eram os [[ambundos]] e a população mestiça, bem como partes da inteligência branca, e que tinha laços com partidos comunistas em Portugal e países pertencentes ao então [[Pacto de Varsóvia]];
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* a [[União Nacional para a Independência Total de Angola]] (UNITA), socialmente enraizada entre os [[ovimbundos]] e beneficiária de algum apoio por parte da [[China]].{{Nota de rodapé|O enraizamento social destes três movimentos não esteve desde o começo definido nos termos aqui referidos. Nas suas formas iniciais, a FNLA teve núcleos entre ambundos e ovimbundos, a UNITA incluiu elementos de etnias outras que não os ovimbundos bem como mestiços e brancos, e o MPLA elementos tanto dos congos como dos ovimbundos. Ver as publicações de John Marcum, de Dalila Mateus e de Carlos Pacheco, bem como as da Associação Tchiweka de Documentação em Luanda.}}
 
Logo depois do início do conflito armado, uma "ala liberal" no seio da política portuguesa impôs uma reorientação incisiva da política colonial. Revogando já em 1962 o Estatuto do Indigenato e outras disposições discriminatórias, Portugal concedeu direitos de cidadão a todos os habitantes de Angola{{Nota de rodapé|Isto não impediu que na prática social continuasse a haver, frequentemente, uma discriminação racial por parte dos brancos.}} que de "colónia" passou a "província" e mais tarde a "Estado de Angola". Ao mesmo tempo, expandiu enormemente o sistema de ensino, dando assim à população negra possibilidades inteiramente novas de mobilidade social - pela escolarização e a seguir por empregos na função pública e na economia privada.{{Nota de rodapé|Ver Elisete Marques da Silva, ''O papel societal do sistema de ensino na Angola colonial, 1926-1974'', ''Revista Internacional de Estudos Africanos'' (Lisboa), 16/17, 1992-1994, pp. 103-130 (reimpresso na revista ''Kulonga'' (Luanda), nº especial 2003, pp. 51-82).}}
[[Imagem:FNLA1973.jpg|thumb|esquerda|Membros do FNLA durante treinamentos em 1973]]
[[Imagem:FNLA recruits Zaire2.jpg|thumb|esquerda|Recrutas da FNLA em um [[campo de refugiados]] angolano no [[Zaire]] em 1973]]
A finalidade desta reorientação foi a de ganhar "mentes e corações" das populações angolanas para o modelo de uma Angola multi-racial que continuasse a fazer parte de Portugal, ou ficar estreitamente ligado à "Metrópole". Essa opção foi, no entanto, rejeitada pelos três movimentos de libertação que continuaram a sua luta. Nesta começaram, porém, a registar-se mais retrocessos do que progressos, e nos primeiros anos 1970 as hipóteses de conseguir a independência pelas armas tornaram-se muito fracas.
 
Na maior parte do território a vida continuou com a normalidade colonial. É certo que houve uma série de medidas de segurança, das quais algumas - como controles de circulação, ou o estabelecimento de "aldeias concentradas" em zonas como o Planalto Central, no Cuanza Norte e no Cuanza Sul.{{Nota de rodapé|Esta estratégia consistiu em juntar duas ou mais aldeias em sítios onde o seu controle era mais fácil. O problema grave que daí resultou foi o de colocar os agricultores africanos a distâncias por vezes incomportáveis das suas terras.}} - afectaram a população em grau maior ou menor.
 
A situação alterou-se completamente quando em Abril de 1974 aconteceu em Portugal a [[Revolução dos Cravos]], um golpe militar que pôs fim à ditadura em Portugal. Os novos detentores do poder proclamaram de imediato a sua intenção de permitir sem demora o acesso das colónias portuguesas à independência.<ref>Ver Pedro Pezarat Correio, ''Descolonização de Angola: A jóia da coroa do império português'', Lisboa: Editorial Inquérito, 1991</ref>
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A FNLA entrou em Angola com um exército regular, treinado e equipado pelas [[Forças Armadas Zairenses]], com o apoio dos EUA; o MPLA conseguiu mobilizar rapidamente a intervenção de milhares de soldados cubanos, com o apoio logístico da [[União Soviética]]; e a UNITA obteve o apoio das [[Força de Defesa da África do Sul|forças armadas]] do regime de ''[[apartheid]]'' então vigente na [[África do Sul]]. Esforços do novo regime português para que se constituísse um governo de unidade nacional não tiveram êxito. Entretanto, a luta da liderança do MPLA pelo poder, antes e depois da declaração da independência, causou inúmeras vítimas.<ref>Ver p.ex. Américo Cardoso Botelho, "Holocausto em Angola", Lisboa: Vega, 2007, ISBN 978-072-629-877-8</ref>
 
O conflito armado levou à saída - com destino a Portugal, mas também à África do Sul e ao Brasil - da maior parte dos cerca de 350 000 portugueses que na altura estavam radicados em Angola.<ref>O único cálculo exacto deste número que até hoje existe é dado em Gerald J. Bender & P. Stanley Yoder, "Whites in Angola on the Eve of Independence: The Politics of Numbers", ''Africa Today'', 21 (4), 1974, pp. 23 - 37</ref> Em consequência da política colonial, estes constituíam a maior parte dos quadros do território, o que levou a que a administração pública, a indústria, a agricultura e o comércio caíssem em colapso. Por outro lado, os [[ovimbundos]] que tinham sido recrutados pela administração colonial para trabalhar nas plantações de café e tabaco e nas minas de diamantes do Norte, também decidiram voltar às suas terras de origem no planalto central. A outrora próspera economia angolana caiu assim em decadência.<ref name="The Economist">{{citar web |url=http://www.economist.com/node/12079340?story_id=12079340 |título=Flight from Angola |língua= Inglês}}</ref>
 
No dia 11 de Novembro de 1975 foi proclamada a independência de Angola,<ref name="infopedia">{{citar enciclopédia|ano=2003–2011 |título=Angola |enciclopédia=Infopédia [Em linha] |publicado=Porto Editora |local=Porto }}</ref> pelo MPLA em Luanda, e pela FNLA e UNITA, em conjunto no [[Huambo]]. As forças armadas Portuguesas que ainda permaneciam no território regressaram a Portugal.<ref>[[Franz-Wilhelm Heimer]], ''O processo de descolonização em Angola, 1974-76: Ensaio de sociologia política'', Lisboa: A Regra do Jogo, 1979</ref>
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[[Ficheiro:Cuban_PT-76_Angola.JPG|miniaturadaimagem|Tanque [[PT-76]] nas ruas de [[Luanda]] durante a [[intervenção cubana em Angola]]]]
 
Com a independência de Angola começaram dois processos que se condicionaram mutuamente. Por um lado, o MPLA - que em 1977 adoptou o [[marxismo-leninismo]] como doutrina - estabeleceu um regime político e económico inspirado pelo modelo então em vigor nos países do "bloco socialista", portanto monopartidário e baseado numa economia estatal, de planificação central.<ref name="MPLA">{{citar web|autor=Daniel Deliberali|título=Estado e Poder em Angola: A trajetória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a construção do Estado Angolano (1956-1992)|url=http://dspace.unipampa.edu.br/handle/riu/738|formato=PDF|publicado=Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Santana do Livramento - Relações Internacionais|data=2016|acessodata=26/08/2021}}</ref> Enquanto a componente política deste regime chegou a funcionar dentro dos moldes postulados, embora com um rigor algo menor do que em certos países "socialistas" da Europa. A componente económica foi fortemente prejudicada pela luta armada e, no fundo, só se sustentou graças ao petróleo cuja exploração o regime confiou a companhias petrolíferas americanas.
 
Por outro lado, iniciou-se logo depois da declaração da independência a [[Guerra Civil Angolana]] entre os três movimentos, uma vez que a FNLA e, sobretudo, a UNITA não se conformaram nem com a sua derrota militar, nem com a sua exclusão do sistema político. Esta guerra durou até 2002 e terminou com a morte, em combate, do líder histórico da UNITA, [[Jonas Savimbi]]. Assumindo raramente o carácter de uma guerra "regular", ela consistiu no essencial numa guerra de guerrilha que nos anos 1990 envolveu praticamente o país inteiro.{{Nota de rodapé|A excepção foi apenas a Província do Namibe onde o domínio do governo do MPLA não chegou a ser contestado pelas armas.}} Ela custou milhares de mortos e feridos e destruições de vulto em aldeias, cidades e infraestruturas (estradas, caminhos de ferro, pontes). Uma parte considerável da população rural, especialmente a do Planalto Central e de algumas regiões do Leste, fugiu para as cidades ou para outras regiões, inclusive países vizinhos.
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}}</ref> {{Nota de rodapé|A análise do conhecido constitucionalista português Jorge Miranda chega à conclusão de que a constituição é nem sequer presidencialista, de acordo com as definições aplicáveis p.ex. aos EUA ou à França, mas insere-se tecnicamente na categoria dos sistemas ditos "de governo representativo simples", como vários regimes autoritários africanos. Exemplos históricos referidos como pertencentes a esta categoria são "a monarquia cesarista francesa de Bonaparte, a república corporativa de Salazar segundo a Constituição de 1933, o governo militar brasileiro segundo a Constituição de 1967/1969".<ref>{{Citar periódico|acessodata= |autor=Jorge Miranda |autorlink=Jorge Miranda |titulo=A Constituição de Angola de 2010 |jornal=O Direito |formato=Revista|numero=142|local=Lisboa |data=1 de junho de 2010}}</ref>}}
 
O regime angolano realizou as primeiras Eleições Gerais a {{DataExt|31|8|2012}}, um modelo constitucional novo, que surge na sequência da junção das eleições legislativas com as presidenciais,<ref>{{citar web|url=http://jornaldeangola.sapo.ao/19/46/a_constituicao_e_as_eleicoes_gerais_em_angola|título=A Constituição e as eleições gerais em Angola|publicado=Jornal de Angola|acessodata=4 de setembro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120825080655/http://jornaldeangola.sapo.ao/19/46/a_constituicao_e_as_eleicoes_gerais_em_angola|arquivodata=25 de Agosto de 2012|urlmorta=yes}}</ref> respeitando pela primeira vez o prazo constitucional de 4 anos entre eleições. Para além dos 5 partidos com assento na Assembleia Nacional - MPLA, UNITA, PRS (Partido da Renovação Social), FNLA, ND (Nova Democracia) - existiam mais 67 partidos em princípio habilitados para concorrer.<ref>''Novo Jornal''(Luanda), 2/3/2012</ref> José Eduardo dos Santos anunciou em dado momento a sua intenção de não ser novamente candidato, mas acabou por encabeçar a lista do seu partido. Como o MPLA ganhou novamente as eleições, com cerca de 71% (175 deputados), ele foi automaticamente eleito Presidente, em conformidade com as regras constitucionais em vigor. A UNITA aumentou a sua cota para cerca de 18% (32 deputados), e a Convergência Ampla para a Salvação de Angola (CASA), recentemente fundada por [[Abel Epalanga Chivukuvuku]], obteve 6% (8 deputados). Para além destes três partidos, conseguiram ainda entrar no parlamento, com votações ligeiramente inferiores a 2%, o Partido da Renovação Social (PRS, 3 deputados) e a FNLA (2 deputados).<ref>{{Citar web |url=http://www.eleicoes2012.cne.ao/paginas/paginas/dat99/DLG999999.htm |titulo=Cópia arquivada |acessodata=8 de Setembro de 2012 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120903232012/http://www.eleicoes2012.cne.ao/paginas/paginas/dat99/DLG999999.htm |arquivodata=3 de Setembro de 2012 |urlmorta=yes }}</ref> São muito significativas as disparidades entre regiões, especialmente quanto aos resultados dos partidos da oposição: nas províncias de Cabinda e de Luanda, a oposição obteve p.ex. cerca de 40% dos votos, e a parte da UNITA foi de cerca de 30% no Huambo e em Luanda, e de 36% no Bié.<ref>{{Citar web |url=http://eleicoes2012.cne.ao/inicio.htm |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2012-09-04 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120902181657/http://www.eleicoes2012.cne.ao/inicio.htm |arquivodata=2012-09-02 |urlmorta=yes }}</ref> A taxa de abstenção foi a mais alta verificada desde o início das eleições multipartidárias: 37,2%, contra 12,5% em 2008.
 
=== Relações internacionais ===
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Em Junho de 2014, o Brasil anunciou que apoia a candidatura de Angola a membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU. De acordo com a presidente do Brasil, [[Dilma Rousseff]], "Angola poderá oferecer um olhar atento e alternativas equilibradas aos actuais desafios da paz e segurança internacionais".<ref>{{citar web | url=http://www.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2014/5/25/Brasil-apoia-candidatura-Angola-membro-nao-permanente-Conselho-Seguranca-ONU,abb82a15-e7ea-4b2f-a44d-83d0d3ba646f.html | título=“Brasil apoia candidatura de Angola a membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU”, ANGOP }}</ref><ref>[http://www.brasil.gov.br/governo/2014/06/dilma-anuncia-apoio-brasileiro-a-candidatura-de-angola-no-conselho-de-seguranca-da-onu “Dilma anuncia apoio brasileiro à candidatura de Angola no Conselho de Segurança da ONU”, Portal Brasil]</ref>
[[Imagem:2011-02-11 15-38-53 South Africa - Bonaero Park.jpg|thumb|esquerda|[[Boeing 737-700|Boeing 737–700]] operado pela empresa [[TAAG Linhas Aéreas de Angola]]]]
[[Imagem:HPP_"CAPANDA".jpg|thumb|esquerda|[[Central Hidroelétrica de Capanda]], na bacia do [[rio Cuanza]], no município de [[Cacuso]]]]
 
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Em Setembro de 2014 foi criado por decreto presidencial o Instituto Angolano de Controlo de Câncer (IACC), que vai integrar o Serviço Nacional Saúde de Angola.<ref>{{citar web|url = http://www.noticiasaominuto.com/mundo/273191/novo-instituto-oncologico-de-angola-quer-ser-referencia-em-africa|título = Novo instituto oncológico de Angola quer ser referência em África|data=9 de setembro de 2014|acessodata=19 de setembro de 2014|publicado = Notícias ao Minuto}}</ref> Um instituto oncológico que vai assumir-se como instituição de referência nas regiões central e austral de África.<ref>{{citar web|url = http://www.verangola.net/Artigos/Novo-instituto-oncologico-angolano-quer-ser-instituicao-de-referencia-no-continente=004333|título = Novo instituto oncológico angolano quer ser instituição de referência no continente|data = 11 de Setembro de 2014|publicado = Ver Angola}}</ref> O objectivo deste novo centro é assegurar a assistência médica e medicamentosa em oncologia, a implementação de políticas, programas e planos nacionais de prevenção, bem como o tratamento especializado.<ref>{{citar web|url = http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=728577|título = Novo instituto oncológico de Angola quer ser referência em África|data=9 de setembro de 2014|acessodata=19 de setembro de 2014|publicado = Diário Digital}}</ref>
 
Em 2014, Angola lançou uma campanha nacional de vacinação contra o sarampo, alargada a todas as crianças com menos de 10 anos e que pretende percorrer todas as 18 províncias do País. A medida faz parte do Plano Estratégico de Eliminação do Sarampo 2014-20202014–2020 elaborado pelo Ministério da Saúde angolano e que prevê o reforço da vacinação de rotina e manuseamento correto dos casos de sarampo, campanhas nacionais, a introdução da segunda dose de vacinação contra a doença no calendário nacional de vacinação de rotina e vigilância epidemiológica activa do sarampo. Essa campanha decorreu em paralelo com uma acção de vacinação contra a poliomielite e a administração de vitamina A.<ref>{{citar web|url = http://www.noticiasaominuto.com/mundo/277391/angola-lanca-vacinacao-nacional-contra-sarampo|título = Angola lança vacinação nacional contra sarampo|data = 18 de setembro de 2014|acessadoem = 23 de fevereiro de 2017 |autor = Notícias ao Minuto}}</ref>
 
=== Educação ===
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[[Imagem:Lyceum Salvador Correia in Luanda, Angola.jpg|thumb|[[Magistério Mutu-ya-Kevela]] em [[Luanda]] (antigo Liceu Nacional Salvador Correia)]]
 
Apesar desses avanços, a situação continua até hoje pouco satisfatória. Enquanto na lei, o ensino em Angola é compulsório e gratuito até aos oito anos de idade, o governo reporta que uma percentagem significativa de crianças não está matriculada em escolas por causa da falta de estabelecimentos escolares e de professores.<ref name="ilab">{{citar web|url=http://usinfo.state.gov/infousa/economy/ethics/docs/tda2005.pdf|título=2005 Findings on the Worst Forms of Child Labor|autor=Bureau of International Labor Affairs|data=2006|publicado=U.S. Department of Labor|acessodata=14 de fevereiro de 2011|notas=Este artigo incorpora texto a partir desta fonte, que é de domínio público|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081113134333/http://usinfo.state.gov/infousa/economy/ethics/docs/tda2005.pdf|arquivodata=13 de Novembro de 2008|urlmorta=yes}}</ref> Os estudantes são normalmente responsáveis por pagar despesas adicionais relacionadas com a escola, incluindo livros e alimentação.<ref name="ilab"/> Ainda continua a ser significante as disparidades na matrícula de jovens entre as áreas rural e urbana. Em 1995, 71,2% das crianças com idade entre 7 e 14 anos estavam matriculadas na escola.<ref name="ilab"/> É reportado que uma percentagem maior de rapazes está matriculada na escola em relação às raparigas.<ref name="ilab"/> Durante a [[Guerra Civil Angolana]] (1975-20021975–2002), aproximadamente metade de todas as escolas foi saqueada e destruída, levando o país aos actuais problemas com falta de escolas.<ref name="ilab"/> O Ministro da Educação contratou 20 mil novos professores em 2005 e continua a implementar a formação de professores.<ref name="ilab"/> Os professores tendem a receber um salário baixo, sendo inadequadamente formados e sobrecarregados de trabalho (às vezes ensinando durante dois ou três turnos por dia).<ref name="ilab"/> Professores também reportaram suborno directamente dos seus estudantes.<ref name="ilab"/> Outros factores, como a presença de minas terrestres, falta de recursos e documentos de identidade e a pobre saúde também afastam as crianças de frequentar regularmente a escola.<ref name="ilab"/> Apesar dos recursos alocados para a educação terem crescido em 2004, o sistema educacional da Angola continua a receber recursos muito abaixo do necessário.<ref name="ilab"/> A taxa de alfabetização é muito baixa, com 67,4% da população acima dos 15 anos que sabem ler e escrever português. Em 2001, 82,9% dos homens e 54,2% das mulheres estavam alfabetizados. Desde a independência de [[Portugal]], em 1975, uma quantidade consideráveis de estudantes angolanos continuaram a ir todos os anos para escolas, instituições politécnicas e universidades portuguesas, brasileiras, russas e cubanas através de acordos bilaterais.
 
Por outro lado, verificou-se no ensino superior um crescimento notável. A [[Universidade Agostinho Neto]],<ref>{{citar web|url=http://www.uan-angola.org|título=Universidade Agostinho Neto|acessodata= 14-2-2011}}</ref> pública, herdeira da embrionária "Universidade de Luanda" dos tempos coloniais, chegou a ter cerca de 40 faculdades espalhadas por todo o país; em 2009 foi desmembrada, continuando a existir como tal apenas em Luanda e na Província do Bengo, enquanto se constituíram, a partir das faculdades existentes, seis universidades autónomas, cada uma vocacionada para cobrir determinadas províncias, inclusive pelo sistema dos pólos noutras cidades: em [[Benguela]] a [[Universidade Katyavala Bwila]], em [[Cabinda (município)|Cabinda]] a [[Universidade 11 de Novembro]], no [[Huambo]] a [[Universidade José Eduardo dos Santos]], no [[Lubango]] a [[Universidade Mandume ya Ndemufayo]], em [[Malanje]] (com [[Saurimo]] e [[Luena (Angola)|Luena]]) a [[Universidade Lueji A'Nkonde]]. Além disto existe desde a independência a [[Universidade Católica de Angola]],<ref>{{citar web|url=http://www1.ucan.edu|título=Universidade Católica de Angola|acessodata=14 de fevereiro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20101223170836/http://www1.ucan.edu/|arquivodata=23 de Dezembro de 2010|urlmorta=yes}}</ref> em Luanda. A partir dos anos 1990, fundaram-se toda uma série de universidades privadas, algumas ligadas a universidades portuguesas como a [[Universidade Jean Piaget de Angola]], a [[Universidade Lusófona de Angola]], a [[Universidade Lusíada de Angola]],<ref>{{citar web|url=http://www.ulangola.net|título=Universidade Lusíada de Angola|acessodata=14 de fevereiro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110322162719/http://www.ulangola.net/|arquivodata=22 de Março de 2011|urlmorta=yes}}</ref> e a [[Angola Business School]]<ref>{{citar web|url=http://www.absexecutives.com|título=Angola Business School|acessodata=14 de fevereiro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130525203056/http://absexecutives.com/|arquivodata=25 de Maio de 2013|urlmorta=yes}}</ref> (todas em Luanda), outras resultantes de iniciativas angolanas: a [[Universidade Privada de Angola]] com campus em Luanda e no Lubango, e em Luanda ainda a [[Universidade Metodista de Angola]] e a [[Universidade Técnica de Angola]],<ref>{{citar web|url=http://www.utanga.co.ao/|título=Universidade Técnica de Angola|acessodata=14 de fevereiro de 2011}}</ref> a [[Universidade Independente de Angola]],<ref>{{citar web|url=http://www.unia.ao|título=Universidade Independente de Angola|acessodata=14 de fevereiro de 2011}}</ref> a [[Universidade Metropolitana de Angola]],<ref>{{citar web|url=http://www.unimetroangola.com|título=Universidade Metropolitana de Angola|acessodata=14 de fevereiro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120701042536/http://www.unimetroangola.com/|arquivodata=1 de Julho de 2012|urlmorta=yes}}</ref> a [[Universidade Oscar Ribas]],<ref>{{citar web|url=http://www.uor-ao.com|título=Universidade Oscar Ribas|acessodata=14 de fevereiro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120426193230/http://www.uor-ao.com/|arquivodata=26 de Abril de 2012|urlmorta=yes}}</ref> a [[Universidade Gregório Semedo]]<ref>{{citar web|url=http://www.ugs.ao|título=Universidade Gregório Semedo|acessodata=14 de fevereiro de 2011|datali=janeiro de 2019}}</ref> a [[Universidade de Belas]]<ref>{{citar web|url=http://www.angola.gov.ao/portaiscidadao/universidades/debelas.htm|título=Universidade de Belas|acessodata=14 de fevereiro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110522174629/http://www.angola.gov.ao/portaiscidadao/universidades/debelas.htm|arquivodata=22 de Maio de 2011|urlmorta=yes}}</ref> bem como o [[Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações Internacionais]]. Todos estes estabelecimentos lutam, em grau maior e menor, com problemas de qualidade, e em Luanda alguns começam a ter problemas de procura.<ref>Paulo de Carvalho, Víctor Kajibanga, Franz-Wilhelm Heimer, “Angola”, in: D. Teferra & P. Altbach (orgs.), ''African Higher Education: An International Reference Handbook'', Bloomington & Indianapolis: Indiana University Press, 2003, pp. 162-175</ref>