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{{Info/Biografia
|nome = Martin Bugreiro
|nome_completo = Martinho Marcelino de Jesus
|imagem = Martin bugreiro.jpg
|imagem_tamanho = 310x310px
|legenda = “Meu nome, Martin Bugreiro, assim me chamam os da terra. Nascido de Bom Retiro, vivente de mar e serra. Ciência tenho de tiro e minha arma não emperra” -Martinho Marcelino de Jesus <ref name=":0">{{citar livro|título=Memórias de Bom Retiro|ultimo=SILVA|primeiro=Bruno Mariano da|editora=Impregraf|ano=|local=|páginas=|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://wp.clicrbs.com.br/blogueiros/2013/04/19/meu-nome-e-martin-bugreiro-por-leticia-weigert/|titulo=Blogueiros do Continente » Arquivo » “Meu nome é Martin Bugreiro”, por Letícia Weigert|acessodata=2018-05-15|obra=wp.clicrbs.com.br|lingua=pt-BR}}</ref>
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|morte_data = {{morte|||19371936|||1876|lang=ptbr}}
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}}
 
'''Martinho Marcelino de Jesus''' ([[TijucasBom Retiro]], [[18691876]] — [[Bom Retiro]], [[19371936]])<ref name=":1">{{citar livro|título=Bom Retiro Resgata sua História|ultimo=JUSTINO|primeiro=Selene Momm|editora=Nova Letra|ano=2013|local=|páginas=114 - 118|acessodata=}}</ref>, mais conhecido como '''Martin Bugreiro''', ou ainda, '''Martinho Bugreiro''', foi um [[bugreiro]] que atuou no estado de [[Santa Catarina]].
 
== História ==
NascidoNasceu emno 9ano de fevereiro1876 deno [[1869]]<ref>{{Citarmunicípio web|url=https://www.familysearch.org/tree/person/details/G6B3-WSD|acessodata=2023-09-05|website=www.familysearch.org}}</ref>de emBom [[SãoRetiro Joãoe Batistamuitas (Santahistórias Catarina)|Sãoe Joãolendas Batista]],cercam noa valepersonalidade do rio Tijucas, em Santa Catarina, foi o maior matador de indígenas[[índios]] da região. Segundo relatos, principalmenteele daviveu etniaos [[Xoclengues|xoclengue]].primeiros Suaanos personalidadede ésua cercadavida deem históriassua ecidade lendas.natal Segundoe relatoslogo cedo, eleaos começou18 aanos matarjá matava indígenas. Dedicava-se aosa 18criação anosde gado, quandofoi aindanessa viviacondição emde suapequeno cidadefazendeiro natal,que atendendocomeçou aosa atender pedidos da população e do governo para matar e afugentar os nativos. Comandou diversas expedições no [[Mesorregião do Vale do Itajaí|Vale do Itajaí]]. Para dar segurança aos colonos que se fixaram em [[Ituporanga]] e [[Alfredo Wagner]], foi nomeado gerente da [[Companhia Colonizadora de Santa Catarina]], pelo diretor Coronel Carlos Poeta. <ref name=":1" />, para dar segurança aos colonos que se fixaram em [[Ituporanga]] e [[Alfredo Wagner]].
 
O ataque aos índios pelo bando de Martinho era feito sempre da mesma maneira. Perseguia-se o grupo a que se desejava exterminar, depois de encontrá-lo, os [[Bugreiro|bugreiros]] ficavam esperando o momento exato para surpreender os índios, geralmente atacavam na madrugada. Primeiro cortavam as cordas dos [[Arco (arma)|arcos]], depois iniciavam as execuções. Cortavam as orelhas dos mortos – pois a recompensa era paga por cada par delas.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Tríscele|data=2012-01-03|titulo=Martinho Bugreiro: "eu não matei 100, matei 1.000" {{!}} Portal do Rancho|url=https://www.portaldorancho.com.br/portal/martinho-bugreiro-eu-nao-matei-100-matei-1-000|jornal=Portal do Rancho|lingua=pt-BR}}</ref>
 
Martinho teve conflitos com [[Eduardo de Lima e Silva Hoerhann]], responsável pelo contato pacífico com os índios [[Xoclengues]] e pela criação da área indígena [[Ibirama-La Klãnõ]].<ref name=":0" /> Em um encontro em 1916, Hoerhann teria dito: ''“Martinho, uma coisa eu vou te pedir, não mate mais índios, porque o governo já proibiu esta matança. Tu bem sabes disso. Já te escapastes da mão do tenente José. Mas se tu matares, só mais um índio e eu souber, venho a tua procura, e sabes que te encontro. Podes pensar o que vais te acontecer? Vou te buscar nem que seja no inferno. Acho que estás bem avisado!”''. Segundo Horerhann, o último ataque que se teve conhecido teria ocorrido no ano seguinte, mas a chacina dos 19 indígenas teria sido praticado por outro grupo.
 
Participou da [[Revolução Constitucionalista de 1932]], lutando contra os revolucionários. Morreu em 19371936, aos 60 anos, vítima da [[febre paratifoide]].
 
== Bando de Martin Bugreiro ==
[[Ficheiro:Bando de martin bugreiro.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|207.997x207.997px|Bando de Martin Bugreiro]]
Martin Bugreiro era líder de um bando com cerca de 25 integrantes<ref name=":0" />, os membros eram pessoas que tinham ligações afetivas com Martinho, seja de parentesco ou de amizade. Perseguiam os indígenas durante vários dias, não acendiam fogo para não serem descobertos, passavam meses em meio à mata virgem, orientando-se apenas pelos [[Corpo celeste|astros]]<ref name=":1" />. Sob a orientação de Martin, sabiam a hora certa de atacar.
Martin Bugreiro era líder de um bando com cerca de 25 integrantes<ref name=":0" />, formada por parentes e amigos seus, todos caboclos, como ele. Eles eram exímios conhecedores do sertão e raramente convocavam outros indivíduos. Os companheiros mais constantes de Martinho na atividade de caça aos indígenas eram: José Rodrigues Marcelino, apelidado de José Bolantim; Jacinto José de Souza, também conhecido como Jacinto Inácio Marcelino; Inácio Castanheiro; Antonio Castanheiro; José Castanheiro; Manoel (Neco) Castanheiro; João Faustino da Motta; Leodoro Faustino e José Faustino da Motta<ref>{{Citar web|url=https://www.familysearch.org/tree/person/details/GH6L-5CZ|acessodata=2023-09-05|website=www.familysearch.org}}</ref>. A ligação entre esses homens era muito forte, sendo que uma das filhas de Martinho, Irinesia, era casada com Inocêncio Faustino da Motta<ref>{{Citar web|url=https://www.familysearch.org/tree/person/details/GH6G-4CG|acessodata=2023-09-05|website=www.familysearch.org}}</ref>. Além disso, alguns descendentes de Martinho são também parentes dos Castanheiro<ref>{{Citar web|url=https://ident.familysearch.org/cis-web/oauth2/v3/authorization?client_secret=dAOho2r1gNchsn%2FjBiMFizwtsuar1QnbSj05UTmyclDZpv6JgQUoE09Cfp3uP5hn1o9FIwOMOOF4dVVIPIpKxG7mDn8jXosoxfbV1WGcj2MH2ltpZoHO%2ByfZauXShTnAas1K3BWdldKwf2F2IOoLprBb7eNix1zBtMjN9FnbkT6gigeScvIiqmWctLw0Ek2VAsgA46HE25%2BaK7PChkAN%2B9Lu7aI3WNHS%2BjFHfQl3%2Bz4OIrPhuCzoFwY9JbGJtCGRjFJwbNkNNlRNpRJ5NvAIQP4LVtFAF5ZL6dQm2m6m9O669mWKZ3wGuXEwgH%2FROyDRnpGe292wNNNpoE2De%2FTvpQ%3D%3D&display=tree&response_type=code&redirect_uri=https%3A%2F%2Fwww.familysearch.org%2Fauth%2Ffamilysearch%2Fcallback&state=https%3A%2F%2Fwww.familysearch.org%2Ftree%2Fpedigree%2FG6B3-WSD&client_id=3Z3L-Z4GK-J7ZS-YT3Z-Q4KY-YN66-ZX5K-176R|acessodata=2023-09-05|website=ident.familysearch.org}}</ref>.
 
Perseguiam os indígenas durante vários dias, não acendiam fogo para não serem descobertos, passavam meses em meio à mata virgem, orientando-se apenas pelos [[Corpo celeste|astros]]<ref name=":1" />. Sob a orientação de Martin, sabiam a hora certa de atacar.
 
Segundo Manoel Castanheiro - um dos integrantes do bando - em uma das perseguições, fizeram uma [[emboscada]] e traiçoeiramente mataram 45 indígenas e pouparam a vida de oito, com idade entre 4 e 6 anos. Nesse massacre escapou um homem que ficou em perseguição ao grupo de caçadores. Três dias depois, o índio conseguiu alvejar com uma [[flecha]] a [[coluna vertebral]] de um dos caçadores, que acabou perdendo a vida. Com isso, Martin Bugreiro ficou furioso e ordenou que matassem os indiozinhos, mas por insistência de um companheiro - Eduard Deucher - foi poupada a vida de uma menina e dois meninos, que foram chamados inicialmente de Luca Moa, Nelo e Tenente, respectivamente. Nelo e Tenente ficaram com a família Deucher até a adolescência, onde partiram à procura de trabalho nas fazendas da região. Luca Moa foi educada na cultura germânica, aprendendo a falar a [[língua alemã]]. Foi batizada na Igreja de Confissão Luterana no dia [[3 de agosto|03 de agosto]] de [[1893]], recebendo o nome de Caroline, porém era mais conhecida pelo seu apelido, Calina.<ref name=":0" /><ref name=":1" />
[[Ficheiro:Calina.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|"Luca Moa", batizada como Caroline, mais conhecida como Calina|331x331px]]
[[Ficheiro:Índio Nelo.jpg|nenhum|miniaturadaimagem|Nelo, criado pela família Deucher|329x329px]]
 
== Vida pessoal ==
Martinho Marcelino de Jesus era filho de Marcelino José de Jesus<ref>{{Citar web|url=https://www.familysearch.org/tree/person/details/GHK9-4FZ|acessodata=2023-09-05|website=www.familysearch.org}}</ref>, natural de [[Pernambuco]], e de Anna Maria Venera<ref>{{Citar web|url=https://www.familysearch.org/tree/person/details/GHKS-WBX|acessodata=2023-09-05|website=www.familysearch.org}}</ref>, catarinense descendente de açorianos. Ele tinha pelo menos cinco irmãos: dois mais velhos e três mais novos<ref>{{Citar web|url=https://www.familysearch.org/tree/person/details/GHK9-4FZ|acessodata=2023-09-05|website=www.familysearch.org}}</ref>.
 
Martinho trabalhou em fazendas desde jovem. Ele viveu em Taquaras e depois em [[Bom Retiro]], onde atuou como domador. Ele não tinha uma moradia fixa, mas se mudava de acordo com as oportunidades. Foi na fazenda do Major Generoso Oliveira, em Bom Retiro, que ele se estabeleceu por um tempo. Talvez tenha sido nesse período que ele começou a caçar indígenas, mas não há certeza.
 
Martinho se casou com Maria dos Prazeres Serafim em 1902 ou 1903<ref>{{Citar web|url=https://www.familysearch.org/tree/person/details/GWZC-DDL|acessodata=2023-09-05|website=www.familysearch.org}}</ref>, mas na época ele já tinha três filhos, dois com Bárbara Maria de Abreu: Irinésia Maria de Abreu e Valêncio Marcelino de Jesus, que tinham entre dez e doze anos na época do casamento e uma filha nascida em 1887 de nome Prudência<ref>{{Citar web|url=https://www.familysearch.org/tree/person/details/GNL7-HBR|acessodata=2023-09-05|website=www.familysearch.org}}</ref> tida com uma certa Nascimenta. A esposa de Martinho era filha adotiva de um próspero fazendeiro e comerciante dos campos da serra da Boa Vista. Tiveram vários filhos, alguns dos quais adotivos que na realidade eram crianças indígenas que haviam tido os pais assassinados pelo próprio Martinho: José Martinho, Mathilde, João, Manoel, Martinho Filho, Martina, Ana Maria, Maria, Ambrozina e Pedro.<ref>{{Citar web|url=https://www.familysearch.org/tree/person/details/G6B3-WSD|acessodata=2023-09-05|website=www.familysearch.org}}</ref>
 
Martinho morou com os sogros até o nascimento do seu quarto filho. Depois, ele resolveu morar no lugar Caeté (município de [[Alfredo Wagner]]) e, em seguida, no lugar Figueredo (distrito de Catuira, Bom Retiro). Ele se dedicava à criação de gado, mas não era um grande proprietário. Ele era conhecido como criador. Foi nessa atividade que Martinho passou a se dedicar ao extermínio de indígenas. Ele viajava com sua gente, atendendo aos chamados de vários lugares. Ele ia muito a [[Florianópolis]], prestar contas às autoridades do seu “trabalho”. E mesmo depois que [[Eduardo de Lima e Silva Hoerhann|Eduardo Hoerhann]] pacificou os [[Xoclengues|Xokleng]] em [[Ibirama]] (1914), Martinho continuou a ser requisitado.
 
 
Segundo Manoel Castanheiro - um dos integrantes do bando - em uma das perseguições, fizeram uma [[emboscada]] e traiçoeiramente mataram 45 indígenas e pouparam a vida de oito, com idade entre 4 e 6 anos., Nessenesse massacre escapou um homem que ficou em perseguição ao grupo de caçadores. Três dias depois, o índio conseguiu alvejar com uma [[flecha]] a [[coluna vertebral]] de um dos caçadores, que acabou perdendo a vida. Com isso, Martin Bugreiro ficou furioso e ordenou que matassem os indiozinhos, mas por insistência de um companheiro - Eduard Deucher - foi poupada a vida de uma menina e dois meninos, que foram chamados inicialmente de Luca Moa, Nelo e Tenente, respectivamente. Nelo e Tenente ficaram com a família Deucher até a adolescência, onde partiram à procura de trabalho nas fazendas da região. Luca Moa foi educada na cultura germânica, aprendendo a falar a [[língua alemã]]. Foi batizada na Igreja de Confissão Luterana no dia [[3 de agosto|03 de agosto]] de [[1893]], recebendo o nome de Caroline, porém era mais conhecida pelo seu apelido, Calina.<ref name=":0" /><ref name=":1" />
[[Ficheiro:Calina.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|321.989x321.989px|"Luca Moa", batizada como Caroline, mais conhecida como Calina|331x331px]]
[[Ficheiro:Índio Nelo.jpg|nenhum|miniaturadaimagem|411.989x411.989px|Nelo, criado pela família Deucher|329x329px]]
 
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