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'''Bandeirantes''' é a denominação dada aos [[sertanistas]] do [[Colonização do Brasil|período colonial]], que, a partir do início do [[século XVI]], penetraram no interior da [[América do Sul]] em busca de riquezas minerais, sobretudo o [[ouro]] e a [[prata]], abundantes na [[América espanhola]], [[indígenas]] para [[escravatura|escravização]] ou extermínio de [[quilombo]]s. Contribuíram, em grande parte, para a expansão territorial do Brasil além dos limites impostos pelo [[Tratado de Tordesilhas]], ocupando o Centro Oeste e o Sul do Brasil.<ref>{{Citar web|url=https://www.academia.edu/23155128/Um_Governo_de_Engon%25C3%25A7os_Metr%25C3%25B3pole_e_Sertanistas_na_Expans%25C3%25A3o_dos_Dom%25C3%25ADnios_Portugueses_aos_Sert%25C3%25B5es_do_Cuiab%25C3%25A1_1721-1728_|titulo=Um Governo de Engonços: Metrópole e Sertanistas na Expansão dos Domínios Portugueses aos Sertões do Cuiabá (1721-1728)|acessodata=2016-03-12|obra=www.academia.edu}}</ref> Também foram os descobridores do ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.<ref>[Relatos Sertanistas, Afonso de E. Taunay, Ed. da Universidade de São Paulo]</ref>
 
Segundo [[Francisco de Assis Carvalho Franco|Carvalho Franco]], a maioria dos bandeirantes era formada por descendentes de primeira e segunda geração de portugueses em São Paulo, sendo os capitães das bandeiras de origens europeias variadas, havendo não só descendentes de portugueses, mas também de [[galegos]], [[castelhanos]] e [[Cristão-novo|cristãos novos]], além de alguns casos de parentescos [[genoveses]], [[bascos]], [[sarracenos]], [[nápoles|napolitanos]] e [[toscana|toscanos]], entre outros.<ref>CARVALHO FRANCO, Francisco de Assis, Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil, Editora Itatiaia Limitada - Editora da Universidade de São Paulo, 1989</ref> Compunham minoritariamente<ref name="ALDEN, Dauril 1750">ALDEN, Dauril. ''The Making of an Enterprise: The Society of Jesus in Portugal, Its Empire, and Beyond, 1540-1750.'' Stanford University Press. 1996.</ref> as tropas segmentos de [[índios]] (escravosescravizados e aliados) e [[caboclos]] (mestiços de índio com branco),<ref name="ALDEN, Dauril 1750"/> normalmente chegando a, no máximo, vinte por cento do contingente total,<ref name="TAUNAY, Afonso d 1950">TAUNAY, Afonso d'Escragnolle, ''História geral das bandeiras paulistas'', 11 volumes, São Paulo, Typ. Ideal, 1924-1950.</ref> e executando as tarefas secundárias da tropa, tal qual a manutenção dos mantimentos e cuidados dos animais de abate.<ref name="TAUNAY, Afonso d 1950"/> Informa [[Afonso d'Escragnolle Taunay]], citando uma carta do [[Companhia de Jesus|jesuíta]] Justo Mancila, que a segunda bandeira, a de [[Nicolau Barreto]], em 1602, foi composta por 270 portugueses, número elevado, considerando que São Paulo tinha poucos habitantes: "No ano de 1602, saiu de São Paulo a buscar e trazer índios, Nicolau Barreto com o pretexto de buscar minas e levou em sua companhia 270 portugueses e três clérigos".<ref>TAUNAY, ''São Paulo nos Primeiros Anos, São Paulo no Século XVI'', página 418, Editora Paz e Terra, 2004.</ref>
 
Para o historiador [[Darcy Ribeiro]], os bandeirantes apresentavam um panorama racial diverso, afirmando que a [[miscigenação]] com os índios era a regra na sociedade da época, inclusive entre a elite, considerados "homens bons". Nos primórdios, a estrutura familiar paulista era patricênica e [[Poligamia|poligâmica]], formada pelo pai, suas mulheres indígenas com suas respectivas proles e os parentes delas. O casamento [[católico]] apenas se firmou mais tarde.<ref name=darcy>{{citar livro |título = O Povo Brasileiro|autor=Darcy Ribeiro|páginas =435–|ano=2003|editora=[[Companhia de Bolso]]}}</ref> A maior bandeira de Manuel Preto e [[Antônio Raposo Tavares]], ocorrida em 1629, era composta por 69 brancos, 900 [[Caboclo|mamelucos]] e 2 mil indígenas, demonstrando o enorme peso demográfico ameríndio naquele ambiente.<ref>[http://revista.fct.unesp.br/index.php/geografiaematos/article/viewFile/243/pdf21 A FORMAÇÃO HISTÓRICA DO OESTE PAULISTA: ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A INTRODUÇÃO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA1]</ref>
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No entanto, os resultados destas expedições foram desastrosos para os povos autóctones, ora reduzidos à servidão, deslocados e descaracterizados na sua identidade cultural, ora dizimados, tanto pela violência dos colonos como pelo contágio de doenças para as quais os seus organismos estavam desprovidos de defesas.<ref>MONTEIRO, John "Os negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo". Ano: 2009 Editora: Cia das Letras.</ref>
 
As reduções organizadas pelos [[jesuítas]] no interior do continente foram, para os paulistas, a solução para seus problemas: reuniam milhares de índios adestrados na agricultura e nos trabalhos manuais, mais valiosos que os ferozes [[tapuias]], de “língua travada” (as Reduções eram espanholas dos “Adelantados” e não eram portugueses). No século XVII, o controle holandês sobre os mercados africanos, no período da ocupação do Nordeste pelos holandeses, interrompeu o tráfico negreiro (Os holandeses ocuparam as colônias portuguesas na África, exatamente para trazerem mais escravosescravizados para o Brasil). Os colonos voltaram-se para a escravização do índio para os trabalhos antes realizados pelos africanos (o Nordeste estava ocupado pelos holandeses e somente após Nassau negociar com os produtores foi possível o retorno agrícola). Com a procura houve elevação nos preços do escravo índio, chamado o “negro da terra”, que custava cinco vezes menos do que os africanos. (O preço equivalente de um escravo na África até 1850 era de um saco de café e era vendido no Brasil por 40 sacos de café). Os paulistas não teriam atacado as missões durante dezenas de anos seguidos se não contassem com o apoio (ostensivo ou velado) das autoridades. Embora não se saiba bem quais as expedições promovidas pela Coroa e quais as de iniciativa particular, sendo também imprecisa a designação de entradas e bandeiras, o traço comum a todas foi a presença, direta ou indireta, do poder público (explicado com Raposo Tavares).{{carece de fontes|Brasil=sim|data=fevereiro de 2016}}
 
A ação dos bandeirantes foi da maior importância na exploração do interior brasileiro, bem como na manutenção da economia da colônia, fosse pelas suas consequências para o comércio, fosse porque a captura de indígenas fornecia mão de obra para a [[agricultura]], principalmente [[cana-de-açúcar]]. Para além disso, não pode deles ser dissociada a descoberta de metais preciosos em vários pontos, metais esses que marcaram o papel do [[Estado do Brasil|Brasil]] no conjunto do [[Império Colonial Português|Império Português]] ao longo do [[século XVIII]].{{carece de fontes|Brasil=sim|data=fevereiro de 2016}}
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Houve três tipos de bandeiras: as de tipo '''apresador''', para a captura de índios (chamado, indistintamente, “o gentio”) para vender como escravos; as de tipo '''prospector''', voltadas para a busca de pedras ou metais preciosos e as de '''sertanismo de contrato''', para combater índios e negros ([[quilombo]]s).{{carece de fontes|Brasil=sim|data=fevereiro de 2016}}
 
De início, eram aprisionados os índios sem contato com o homem branco. Posteriormente, passaram a aprisionar os índios catequizados, reunidos nas [[Missões jesuíticas na América|missões jesuíticas]]. Grandes bandeirantes apresadores foram [[Manuel Preto]] e [[Antônio Raposo Tavares]], que forneciam índios às fazendas do Brasil que utilizavam de mão de obra escrava e que não contavam com suficiente quantidade de escravosescravizados negros.{{carece de fontes|Brasil=sim|data=fevereiro de 2016}}
 
A palavra “paulista”, aliás, segundo comenta o livro [[Ensaios Paulistas]], Editora Anhembi, São Paulo, 1958, página 636, se deve ao [[Visconde de Barbacena]]: “Quer-nos parecer que a este governador-geral se deve o mais longínquo emprego até hoje divulgado do adjetivo ‘paulista’, ocorrente numa ordem expedida em 27 de julho de 1671.” O gentílico deve ter-se generalizado rapidamente. Na documentação municipal de São Paulo aparece pela primeira vez em ata de 27 de janeiro de 1695".{{carece de fontes|Brasil=sim|data=fevereiro de 2016}}