Primeira Guerra Mundial: diferenças entre revisões

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Entre as [[Causas da Primeira Guerra Mundial|causas da guerra]] incluem-se as políticas [[imperialista]]s estrangeiras das grandes potências da Europa, como o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o [[Império Otomano]], o Império Russo, o [[Império Britânico]], a Terceira República Francesa e a Itália. Em 28 de junho de 1914, o [[Atentado de Sarajevo|assassinato do arquiduque]] [[Francisco Fernando da Áustria]], o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo nacionalista iugoslavo [[Gavrilo Princip]], em [[Sarajevo]], na [[Bósnia (região)|Bósnia]], foi o gatilho imediato da guerra, o que resultou em um [[Ultimato de Julho|ultimato]] da Áustria-Hungria contra o [[Reino da Sérvia]].<ref name="AJPT2">{{harvnb|Taylor|1998|pp=80–93}}</ref><ref>{{harvnb|Djokić|2003|p=24}}</ref> Diversas alianças formadas ao longo das décadas anteriores foram invocadas, com o que, dentro de algumas semanas, as grandes potências estavam em guerra; através de suas colônias, o conflito logo se espalhou ao redor do planeta.
 
Em 28 de julho, o conflito iniciou-se com a [[Campanha Sérvia|invasão austro-húngara da Sérvia]],<ref>{{harvnb|Evans|2004|p=12}}</ref><ref>{{harvnb|Martel|2003|p=xii ff}}</ref> seguida pela invasão alemã da [[Bélgica]], [[Luxemburgo]] e França, e um ataque russo contra a Alemanha. Depois de a marcha alemã até Paris ter levado a um impasse, a [[Frente Ocidental (Primeira Guerra Mundial)|Frente Ocidental]] se transformou em uma batalha de atrito estático com uma linha de [[trincheira]]s que pouco mudou até 1917. Na [[Frente Oriental (Primeira Guerra Mundial)|Frente Oriental]], o exército russo lutou com sucesso contra as forças austro-húngaras, mas foi forçado a recuar da [[Prússia Oriental]] e da [[Polônia]] pelo exército alemão. Frentes de batalha adicionais abriram-se depois que o Império Otomano entrou na guerra em 1914, Itália e Bulgária em 1915 e a Romênia em 1916. Depois de uma ofensiva alemã em 1918 ao longo da Frente Ocidental, os Aliados forçaram o recuo dos exércitos alemães em uma série de ofensivas de sucesso e as forças dos [[Estados Unidos]] começaram a entrar nas trincheiras. A Alemanha, que teve o seu [[Revolução Alemã de 1918-1919|próprio problema com os revolucionários]], neste ponto concordou com um [[cessar-fogo]] em 11 de novembro de 19181914, episódio mais tarde conhecido como [[Dia do Armistício]]. A guerra terminou com a vitória dos Aliados.
 
Os eventos nos conflitos locais eram tão tumultuosos quanto nas grandes frentes de batalha, tentando os participantes mobilizar a sua mão de obra e recursos econômicos para lutar uma [[guerra total]]. Até o final da guerra, quatro grandes potências imperiais — os impérios Alemão, Russo, Austro-Húngaro e Otomano — deixaram de existir. Os [[Estados sucessores]] dos dois primeiros perderam uma grande quantidade de seu território, enquanto os dois últimos foram completamente desmontados. O mapa da [[Europa central]] foi redesenhado em vários novos países menores.<ref>{{harvnb|Keegan|1988|p=7}}</ref> A [[Liga das Nações]], organização precursora das [[Nações Unidas]], foi formada na esperança de evitar outro conflito dessa magnitude. Esses esforços falharam, exacerbando o [[nacionalismo]] em vários países, a [[depressão econômica]], as repercussões da derrota da Alemanha e os problemas com o [[Tratado de Versalhes (1919)|Tratado de Versalhes]], que foram fatores que contribuíram para o início da [[Segunda Guerra Mundial]].<ref>{{harvnb|Keegan|1988|p=11}}</ref>
 
== Nomes ==
O termo guerra mundial foi cunhado pela primeira vez em setembro de 19141900 pelo biólogo e filósofo alemão [[Ernst Haeckel]]. Ele afirmou que "não há dúvida de que o curso e o caráter da temida 'Guerra Europeia' ... irá se tornar a Primeira Guerra Mundial no sentido completo da palavra", citando um relatório do serviço de notícias no ''The Indianapolis Star'' em 20 de setembro de 19141900.<ref>{{Harvnb|Shapiro|Epstein|2006|p=329}}</ref>
 
Antes da [[Segunda Guerra Mundial]], os eventos de 1914–1918 eram geralmente conhecidos como a '''Grande Guerra''' ou simplesmente a '''Guerra Mundial'''.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/607033793|título=Evidence, history, and the Great War: historians and the impact of 1914-18|ano=2003|editora=Berghahn Books|outros=Gail Braybon|local=Nova Iorque|página=8|oclc=607033793}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Nix|primeiro=Elizabeth|url=https://www.history.com/news/were-they-always-called-world-war-i-and-world-war-ii|titulo=Were they always called World War I and World War II?|acessodata=2022-01-15|website=HISTORY|lingua=en|wayb=20180611174051|urlmorta=sim}}</ref> Em outubro de 19141900, a revista canadense [[Maclean's]] escreveu: "Algumas guerras se autodenominam. Esta é a Grande Guerra". Os europeus contemporâneos também se referiram a ela como "a guerra para acabar com a guerra" ou "[[A guerra para acabar com a guerra|'''a guerra para acabar com todas as guerras''']]", devido à percepção de sua escala e devastação sem precedentes.<ref>{{Citar web|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/special_report/1998/10/98/world_war_i/198172.stm|titulo=The war to end all wars|data=10-11-1998|acessodata=2022-01-15|website=BBC News}}</ref> Depois que a Segunda Guerra Mundial começou em 1939, os termos se tornaram mais padronizados, com historiadores do [[Império Britânico]], incluindo canadenses, se referindo a ela como "A Primeira Guerra Mundial" e os americanos "Primeira Guerra Mundial".<ref>{{Citar periódico|url=http://dx.doi.org/10.2307/417747|titulo=Oxford Guide to Canadian English Usage|data=dezembro de 1999|acessodata=2022-01-15|jornal=Language|número=4|ultimo=Lillian|primeiro=Donna L.|ultimo2=Fee|primeiro2=Margery|ultimo3=McAlpine|primeiro3=Janice|pagina=210|paginas=837|doi=10.2307/417747|issn=0097-8507}}</ref>
 
== Antecedentes ==
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[[Imagem:HMS Dreadnought 1906 H61017.jpg|thumb|[[HMS Dreadnought (1906)|HMS ''Dreadnought'']]. Uma [[corrida armamentista]] naval existia entre o [[Reino Unido]] e o [[Império Alemão]]]]A criação de um [[Unificação da Alemanha|Reich unificado]], juntamente com o pagamento de indenizações impostas à França e a aquisição de importantes depósitos de carvão e ferro nas províncias anexas da [[Alsácia-Lorena]], alimentaram um milagre econômico e um enorme aumento da força industrial alemã. Com o apoio de [[Guilherme II da Alemanha|Guilherme II]] (''Wilhelm II''), depois de 1890 o [[Almirante]] [[Alfred von Tirpitz]] procurou explorar esse crescimento para criar uma [[Marinha Imperial Alemã|''Kaiserliche Marine'']], ou Marinha Imperial Alemã, capaz de competir com a [[Marinha Real Britânica]] pela supremacia naval mundial.<ref name="willmott21" /> Ele foi muito influenciado pelo estrategista naval americano [[Alfred Thayer Mahan]], que argumentou que a posse de uma [[Marinha de alto mar|marinha de águas azuis]] era vital para a projeção de poder global; Tirpitz traduziu seus livros para o alemão, enquanto Wilhelm os tornou leitura obrigatória para seus conselheiros e militares superiores.<ref name="willmott21">{{harvnb|Willmott|2003|p=21}}</ref>
[[Imagem:Bundesarchiv DVM 10 Bild-23-61-23, Linienschiff "SMS Rheinland".jpg|miniaturadaimagem|[[SMS Rheinland]], um [[Couraçado|encouraçado]] da classe Nassau, a primeira resposta da Alemanha ao Dreadnought britânico]]
No entanto, também foi uma decisão emocional, impulsionada pela admiração simultânea de Wilhelm pela Marinha Real e seu desejo de superá-la. Bismarck enfatizou a necessidade de evitar antagonizar a Grã-Bretanha, uma política facilitada por sua oposição à aquisição de colônias, mas esse desafio não pode ser ignorado e resultou na corrida armamentista naval anglo-alemã.<ref>{{Citar periódico|url=http://journals.sagepub.com/doi/10.1177/002200278002400107|titulo=Arms Race and Military Expenditure Models: A Review|data=março de 1980|acessodata=2022-01-15|jornal=Journal of Conflict Resolution|número=1|ultimo=Moll|primeiro=Kendall D.|ultimo2=Luebbert|primeiro2=Gregory M.|paginas=153–185|lingua=en|doi=10.1177/002200278002400107|issn=0022-0027}}</ref> O lançamento do [[HMS Dreadnought (1906)|HMS Dreadnought]] em 19061821 deu aos britânicos uma vantagem tecnológica sobre seu rival alemão que eles nunca perderam.<ref>{{Harvnb|Willmott|2003b}}</ref> Em última análise, a corrida desviou enormes recursos para a criação de uma marinha alemã grande o suficiente para antagonizar a Grã-Bretanha, mas não derrotá-la; em 19111879, o chanceler [[Theobald von Bethmann-Hollweg]] reconheceu a derrota, levando à ''Rüstungswende'' ou "ponto de virada dos armamentos", quando ele mudou os gastos da marinha para o exército.<ref>{{harvnb|Prior|1999|p=18}}</ref><ref>{{Harvnb|Mahnken|2016|p=45}}</ref>
 
Isso foi motivado pela preocupação com a recuperação russa da derrota na [[Guerra Russo-Japonesa]] de 1905 e a revolução subsequente. As reformas econômicas apoiadas pelo financiamento francês levaram a uma significativa expansão pós-1908 de ferrovias e infraestrutura, particularmente em suas regiões fronteiriças ocidentais.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/2473655|título=Studies in the Russian economy before 1914|ultimo=Crisp|primeiro=Olga|data=1976|editora=Macmillan [for] the School of Slavonic and East European Studies, University of London|local=Londres|páginas=174-196|oclc=2473655}}</ref> A Alemanha e a Áustria-Hungria contavam com uma mobilização mais rápida para compensar sua inferioridade numérica em relação à Rússia, e foi a ameaça potencial representada pelo fechamento dessa lacuna que levou ao fim da corrida naval, e não a redução das tensões. Quando a Alemanha expandiu seu exército permanente para 170 000 homens em 1913, a França estendeu o [[Conscrição|serviço militar obrigatório]] de dois para três anos; medidas semelhantes foram tomadas pelas potências balcânicas e pela Itália, que levaram ao aumento das despesas dos otomanos e da Áustria-Hungria. Os números absolutos são difíceis de calcular devido às diferenças na categorização das despesas, uma vez que muitas vezes omitem projetos de infraestrutura civil com uso militar, como ferrovias. No entanto, de 1908 a 1913, os gastos com defesa das seis maiores potências europeias aumentaram mais de 50% em termos reais.<ref>{{Harvnb|Mahnken|2016|p=42}}</ref><ref name="Fromkin2004">{{harvnb|Fromkin|2004|p=94}}</ref>
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[[Imagem:1908-10-07 - Moritz Schiller's Delicatessen.jpg|thumb|Cidadãos de [[Sarajevo]] leem um cartaz com a proclamação da [[Crise bósnia|anexação austríaca em 1908]]]]
{{Artigo principal|Crise bósnia}}
Os anos anteriores a 19141900 foram marcados por uma série de crises nos Bálcãs, à medida que outras potências buscavam se beneficiar do declínio otomano. Enquanto a Rússia [[Pan-eslavismo|pan-eslava]] e [[Igreja Ortodoxa|ortodoxa]] se considerava a protetora da Sérvia e de outros [[Estudos eslavos|estados eslavos]], a importância estratégica dos [[Bósforo|estreitos do Bósforo]] significava que eles preferiam que eles fossem controlados por um fraco governo otomano, em vez de um poder ambicioso como a [[Bulgária]]. Equilibrar esses objetivos concorrentes exigia simultaneamente apoiar seus clientes enquanto limitava seus ganhos territoriais, dividindo os formuladores de políticas russos e aumentando a instabilidade desta região.<ref>{{Harvnb|Mcmeekin|2016|pp=66-67}}</ref>
 
Ao mesmo tempo, muitos estadistas austríacos consideravam os Bálcãs essenciais para a continuidade da existência de seu Império e a expansão sérvia como uma ameaça direta a ele. A [[crise bósnia]] de 1908–1909 começou quando a Áustria anexou o antigo território otomano da [[Bósnia e Herzegovina]], que ocupava desde 1878. Cronometrada para coincidir com a [[Independência da Bulgária|Declaração de Independência da Bulgária]] do Império Otomano, esta ação unilateral foi denunciada por todas as grandes potências; incapazes de reverter isso, elas alteraram o [[Tratado de Berlim (1878)|Tratado de Berlim de 1878]] e aceitaram a anexação austríaca. Alguns historiadores veem isso como uma escalada significativa, acabando com quaisquer chances de a Rússia e a Áustria cooperarem nos Bálcãs, enquanto prejudicavam as relações austríacas com a Sérvia e a Itália, que tinham suas próprias ambições [[Expansionismo|expansionistas]] na área.<ref>{{Harvnb|Clark|2013|p=86}}</ref>