Instituto Butantan: diferenças entre revisões

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==== Vital Brazil e a descoberta da especificidade do soro antiofídico ====
[[Ficheiro:Resgate do Cinema Silencioso Brasileiro - Ciências E Riquezas - O Instituto Butantan - 1920.webm|miniaturadaimagem|Vídeo de 1920 mostra como os soros do Butantan eram produzidos]]Em seus primeiros anos como médico, antes de assumir a direção do Butantan, [[Vital Brazil]] já se dedicava ao combate de doenças infecciosas pelo Serviço Sanitário do Estado de São Paulo.<ref name=":6">{{citar web|url=https://butantan.gov.br/butantan-educa/varias-profissoes-e-salvamento-nos-eua-5-fatos-historicos-sobre-vital-brazil-que-vao-te-surpreender|titulo=Várias profissões e salvamento nos EUA: 5 fatos históricos sobre Vital Brazil que vão te surpreender|data=27/4/2022|acessodata=12/1/2024|website=Portal do Butantan}}</ref> O trabalho acabou lhe rendendo duas infecções de febre amarela, devido à exposição frequente. Em 1895, por insistência da família preocupada com sua segurança, mudou-se para [[Botucatu]], interior de São Paulo, para trabalhar em uma clínica.
[[Ficheiro:Resgate do Cinema Silencioso Brasileiro - Ciências E Riquezas - O Instituto Butantan - 1920.webm|miniaturadaimagem|Vídeo de 1920 sobre o Instituto Butantan]]
[[Ficheiro:Butantan 4818627920 417a496667 o.jpg|thumb|[[Theodore Roosevelt]] em um automóvel no Instituto Butantan em 1914.]]
 
Em seus primeiros anos como médico, antes de assumir a direção do Butantan, [[Vital Brazil]] já se dedicava ao combate de doenças infecciosas pelo Serviço Sanitário do Estado de São Paulo.<ref name=":6">{{citar web|url=https://butantan.gov.br/butantan-educa/varias-profissoes-e-salvamento-nos-eua-5-fatos-historicos-sobre-vital-brazil-que-vao-te-surpreender|titulo=Várias profissões e salvamento nos EUA: 5 fatos históricos sobre Vital Brazil que vão te surpreender|data=27/4/2022|acessodata=12/1/2024|website=Portal do Butantan}}</ref> O trabalho acabou lhe rendendo duas infecções de febre amarela, devido à exposição frequente. Em 1895, por insistência da família preocupada com sua segurança, mudou-se para [[Botucatu]], interior de São Paulo, para trabalhar em uma clínica. Nos atendimentos, se deparava com diversos pacientes acidentados com [[Serpente|serpentes]] peçonhentas.<ref name=":7">{{citar periódico |url=https://periodicos.saude.sp.gov.br/cadernos/article/view/33808/32604 |título=Caso de estudo: Vital Brazil e as mordidas de cobras |data=2017 |acessodata=16/1/2024 |periódico=Cadernos De História Da Ciência |número=13(2) |ultimo=Oliveira, A. D. de, & Ricci, F. P. |pagina=184–232.}}</ref> O número elevado de mortes chamou a atenção do sanitarista – os tratamentos eram ineficientes na maioria dos casos. Assim, o médico decidiu se dedicar aos estudos de acidentes ofídicos.<ref name=":7" />
 
O número elevado de mortes chamou a atenção do sanitarista – os tratamentos eram ineficientes na maioria dos casos. Assim, o médico decidiu se dedicar aos estudos de acidentes ofídicos.<ref name=":7" />
 
Começou com a leitura de artigos do bacteriologista francês [[Albert Calmette|Léon Calmette]], que foi o primeiro a desenvolver um antiveneno para picada de cobra. Calmette acreditava na criação de um soro universal: o soro contra o veneno mais poderoso, o da naja, deveria proteger contra outras serpentes. Então, Vital passou a coletar serpentes para extrair e analisar os venenos.<ref name=":6" /> Com poucos recursos no laboratório de Botucatu, voltou para São Paulo em 1897 e conseguiu uma vaga de assistente no Instituto Bacteriológico.<ref name=":7" />
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Em testes com animais, o médico sanitarista notou que a picada de cada cobra causava sintomas diferentes, e separou os tipos de veneno de acordo com a ação. Em 1898, comprou uma amostra do soro de naja produzido por Calmette e o testou contra o veneno da cascavel. Para sua surpresa, o tratamento não funcionou. Como ele já tinha animais imunizados com peçonha de jararaca e cascavel, decidiu usar os dois tipos de soro contra seu respectivo veneno.<ref name=":7" /> Foi assim que Vital Brazil fez a sua maior descoberta científica: a especificidade do soro,<ref>{{citar web|url=https://publicacoeseducativas.butantan.gov.br/web/soros-vacinas/pages/pdf/soros_vacinas.pdf|titulo=Soros e vacinas do Butantan|data=2018|acessodata=12/1/2024|website=Publicações Educativas Butantan}}</ref> que resultou no livro “A defesa contra o ophidismo”, publicado anos depois, em 1911.<ref>{{citar web|url=https://butantan.gov.br/butantan-educa/livro-que-mudou-a-forma-de-tratar-acidentes-com-cobras-completa-110-anos--tecnicas-criadas-por-vital-brazil-sao-usadas-ate-hoje|titulo=Livro que mudou a forma de tratar acidentes com cobras completa 110 anos; técnicas criadas por Vital Brazil são usadas até hoje|data=7/1/2022|acessodata=17/1/2024|website=Portal do Butantan}}</ref>
 
Em 1901, já na direção do Butantan, Vital deu continuidade aos trabalhos com serpentes e o Instituto foi se tornando referência em herpetologia, produzindo [[Soro antiofídico|soros antiofídicos]], ensinando trabalhadores de campo a se prevenir de acidentes e desmistificando tratamentos populares ineficazes. Em 1902, o sanitarista relatou o primeiro tratamento com soro antibotrópico (contra jararaca) em seres humanos.<ref name=":7" />
 
'''Recepção de animais no Butantan'''
 
Para obter uma quantidade suficiente de soros para tratar os pacientes, Vital Brazil precisava coletar um grande número de serpentes – o que era um desafio em um país do tamanho do Brasil. A solução foi criar um sistema colaborativo com a população local: quem doasse uma cobra viva para o Instituto, receberia de volta um soro com instruções de aplicação.<ref name=":7" /> O material era transportado gratuitamente por empresas ferroviárias parceiras como contribuição à saúde pública, em caixas de madeira especiais desenvolvidas pelo sanitarista. Essa permuta não acontece mais nos dias atuais, mas o Butantan segue recebendo doações de animais peçonhentos para o desenvolvimento de suas pesquisas.
 
=== Expansão e reconhecimento internacional (1910 – 1940) ===
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Em novembro de 1915, durante uma viagem aos Estados Unidos para o Congresso Científico Pan-Americano, Vital Brazil entregou o soro que salvou a vida de um trabalhador do zoológico de [[Nova Iorque|Nova York,]] que havia sido picado por uma cascavel.<ref name=":6" /> A história foi publicada no jornal ''[[The New York Times]]''<ref>{{Citar periódico |url=https://www.nytimes.com/1925/06/14/archives/cures-all-snake-bites.html |título=Cures All Snake Bites. |data=1925-06-14 |acessodata=2024-01-17 |periódico=The New York Times |ultimo=Blunt |primeiro=Henrique |lingua=en-US |issn=0362-4331}}</ref>. Dois anos depois, preocupado em disponibilizar os soros gratuitamente para a população brasileira, Vital decidiu doar a patente da invenção ao governo do [[São Paulo (estado)|Estado de São Paulo]].<ref>{{citar web|url=https://butantan.gov.br/noticias/patente-do-soro-antiofidico-foi-doada-por-vital-brazil-ao-governo-paulista-para-salvar-vidas--conheca-a-historia|titulo=Patente do soro antiofídico foi doada por Vital Brazil ao governo paulista para salvar vidas; conheça a história|data=27/4/2023|acessodata=12/1/2024|website=Portal do Butantan}}</ref> Ao longo dos anos, o trabalho da instituição se estendeu ao desenvolvimento de soros para tratar outros envenenamentos, como o [[Escorpião|antiescorpiônico]] (1916) e o [[Aranha|antiaracnídico]] (1926)<ref name=":5" />, além de doenças infecciosas, como o [[Tétano|antitetânico]] (1915). Na mesma época, o Instituto passou a produzir suas primeiras vacinas: o imunizante contra [[gonorreia]] (1918), [[meningite]] (1920), [[pneumonia]] (1921), a vacina BCG contra [[tuberculose]] (1926) e a contra [[difteria]] (1927).
 
A década de 1930 foi marcada pela contratação de cientistas estrangeiros por instituições brasileiras, acompanhada da criação da [[Universidade de São Paulo]] em 1934, resultando na ampliação das áreas de pesquisa no país. No Instituto Butantan, foram incorporados especialistas em Genética, Fisiopatologia, Endocrinologia, Farmacobiologia, Imunologia, Virologia e Botânica Médica.<ref name=":1">{{citar periódico |url=https://periodicos.saude.sp.gov.br/cadernos/article/view/34248/32968 |título=De Instituto Soroterápico a Centro de Medicina Experimental: institucionalização do Butantan no período de 1920 a 1940 |data=2006 |acessodata=20/6/2024 |periódico=Cadernos De História Da Ciência |número=1 |pagina=77–103. |volume=2}}</ref> Uma das pesquisadoras contratadas foi a alemã Gertrud von Ubisch, da [[Universidade de Heidelberg]], que chefiou a seção de Genética e trouxe melhorias para a produção dos soros hiperimunes. Outro cientista alemão, Henrique Slotta, da Universidade de Breslau, foi responsável por isolar a crotoxina, principal componente do veneno da cascavel.<ref name=":1" />
 
=== Desenvolvimento de novas vacinas e criação do PNI (1940 – 1980) ===