Samba: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
adicionei no termo "samba urbano carioca" uma sessão, intitulada: "quem samba o que? uma perspectiva racial do samba"
Etiquetas: Revertida Provável parcialidade Editor Visual Verificação de Edições (referências) ativada Verificação de Edições (referências) recusada (outra)
Linha 288:
 
No campo institucional, o [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional|Iphan]] declarou em 2007 o samba urbano carioca e suas matrizes [[samba de terreiro]], [[partido-alto]] e [[samba-enredo]] do samba carioca como patrimônio cultural imaterial brasileiro.{{sfn|Iphan|2014|p=23}}{{sfn|Uchôa|2007}}{{sfn|Figueiredo|2007}}
 
=== Quem Samba o Que? uma perspectiva racial do samba carioca ===
O [[samba carioca]] vai além de música e dança; é uma expressão cultural profundamente ligada à história racial do [[Rio de Janeiro]]. Nascido nas comunidades [[Afro-brasileiros|afro-brasileiras]] do [[século XIX]], o samba reflete as experiências e lutas da população negra na cidade. A escolha do dia 02 de dezembro como Dia do Samba <ref name=":0">{{citar web|url=https://www.gov.br/palmares/pt-br/assuntos/noticias/dois-de-dezembro-dia-nacional-do-samba|titulo=dia nacional do samba|data=02/12/2023|acessodata=23/06/2024|website=fundação cultural palmares}}</ref>, disputado entre [[Rio de Janeiro]] e [[Salvador]], remonta à visita do carioca [[Ary Barroso]] a [[Salvador]], destacando a conexão entre as duas cidades na história do gênero. No entanto, o samba não nasceu como um símbolo nacionalista branco, mas sim como uma expressão autêntica da [[Cultura afro-brasileira|cultura negra]], estigmatizada como algo inferior. Foi nos encontros musicais nas casas das [[Tias Baianas|Tias Baianas,]] figuras de liderança religiosa e cultural, que o samba se desenvolveu, amalgamando ritmos, danças e religião<ref name=":1">{{citar livro|título=Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro|ultimo=Moura|primeiro=Roberto|editora=Todavia|ano=2022|isbn=978-65-5692-334-5}}</ref>.
 
Com o tempo, o samba se integrou ao [[Carnaval]], tornando-se sua trilha sonora e uma forma de celebração popular. No entanto, a história do samba foi marcada por perseguição e marginalização por parte do Estado brasileiro <ref name=":2">{{citar web|url=https://bndigital.bn.gov.br/exposicoes/ai-ai-ai-cem-anos-o-samba-faz/a-marginalizacao-do-samba/|titulo=marginalização do samba|acessodata=23/06/2024|website=biblioteca nacional}}</ref>, que via o gênero como subversivo. No Morro do Estácio, o samba ganhou uma cadência mais picotada e se tornou o berço das [[Escola de samba|primeiras escolas de samba,]] como a Deixa Falar, fundada em 1928 <ref name=":3">{{citar web|url=https://bndigital.bn.gov.br/exposicoes/ai-ai-ai-cem-anos-o-samba-faz/a-importancia-do-carnaval-na-popularizacao-do-samba/|titulo=carnaval no samba|acessodata=23/06/2024|website=biblioteca nacional}}</ref>. Essas iniciativas representaram uma forma de resistência e organização da comunidade negra, em meio a uma sociedade que tentava marginalizá-la.
 
Na [[Década de 1930|década de 1930,]] o [[Estado brasileiro]] passou a incentivar o samba, mas com uma visão embranquecida e nacionalista, favorecendo o chamado "samba de exaltação". Compositores como [[Ary Barroso]] se tornaram símbolos desse movimento, enquanto outros, como [[Cartola (compositor)|Cartola]] e [[Paulo da Portela]], mantiveram o samba ligado às suas raízes e à resistência negra <ref>{{citar periódico |url=chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/28603/3/2009_art_jefurtadofilho.pdf |título=Samba Exaltação: Fantasia de um Brasil brasileiro |data=01/10/2009 |acessodata=23/06/1988 |periódico=Revista Trajetos |publicado=Universidade Federal do Ceará |número=13 |ultimo=Filho |primeiro=João |volume=07}}</ref> <ref>{{Citar periódico |url=https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/muspop/article/view/12874 |título=Entre o trabalho e a orgia: os vaivéns do samba nos anos 1930 e 1940 |data=2012-10-05 |acessodata=2024-06-27 |periódico=Música Popular em Revista |número=1 |ultimo=Paranhos |primeiro=Adalberto |paginas=6–29 |lingua=pt |doi=10.20396/muspop.v1i1.12874 |issn=2316-7858}}</ref>.
 
Na [[década de 2010]], além das tradições históricas, novas formas de expressão surgem, refletindo a vitalidade e [[Cultura afro-brasileira|diversidade da cultura negra]] no [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] <ref name=":4">{{Citar periódico |url=https://bdm.unb.br/handle/10483/37444 |título=Modernidades negras na Pequena África : as Identidades afrodiaspóricas e a criação do samba nas primeiras décadas do século XX |data=2023-12-20 |acessodata=2024-06-27 |ultimo=Pereira |primeiro=Antonio Veras de Assis}}</ref>. [[Roda de samba|Rodas de samba]] exclusivamente de mulheres, como "Samba que Elas Querem" e "Samba Delas", reafirmam o papel das mulheres na cena do samba. Nas comunidades da [[Zona Oeste (Rio de Janeiro)|Zona Oeste]], rodas de [[samba de terreiro]] combinam elementos do [[Samba|samba tradicional]] com as tradições das [[Religião de matriz africana|religiões de matriz africana]], como o [[candomblé]] e a [[Umbanda|umbanda.]]
 
Em regiões históricas como a [[Pequena África]] e [[Pedra do Sal]], o samba continua a ecoar como uma expressão de resistência e afirmação cultural para a comunidade negra. Além disso, nas ruas da cidade, rodas de samba improvisadas destacam a natureza democrática e inclusiva do gênero, que transcende barreiras sociais e une as pessoas em torno de uma expressão comum de alegria e comunidade <ref name=":1" /> <ref name=":4" />.
 
Assim, o [[samba carioca]], desde suas origens na [[Pequena África]] até suas manifestações contemporâneas, é uma poderosa voz da [[Afro-brasileiros|população negra]], contando sua história, celebrando sua identidade e resistindo às injustiças sociais. Em meio às batidas dos [[Tambor|tambores]] e aos acordes das [[Violão brasileiro|violas]], o [[samba]] continua a ecoar, questionando: quem samba o que? A resposta está na sua essência, profundamente enraizada na perspectiva racial do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] <ref name=":1" />.
 
==Instrumentos do samba urbano==