Estevão Vasques Filipe

Navegação no histórico de edições: ← ver edição anterior (dif) ver edição seguinte → (dif) ver última edição → (dif)

Estêvão Vasques Filipe foi um militar ao serviço dos reis D. Fernando I de Portugal e D. João I de Portugal e seu anadel-mor .

n Bibliografia

O seu “baptismo de fogo” militar deu-se durante os dois meses e meio que durou a resistência de Ciudad Rodrigo (primeiro trimestre de 1370) face ao cerco imposto pelas tropas castelhanas de D. Enrique II de Castela. Apesar das forças– muito superiores às portuguesas.

Em 20 de Janeiro de 1372, o rei D. Fernando agraciou-o com a doação de um quarto da Quinta de Vale de Freiras, herdades, possessões, pertenças e direitos dela no reguengo de Sacavém, propriedades essas que já tinha – embora não se saiba desde quando – em regime de préstamo. Nessa altura encontrava-se já casado com Beatriz Eanes, pois a carta régia de doação é dirigida a ambos.

Encontramos-lo na qualidade de patrão de uma das galés que partiram do Restelo em direcção a Saltes, onde defrontaram na Batalha da ilha de Saltes em Julho de 1381, naquela que foi a principal operação naval da Terceira Guerra Fernandina, onde a armada castelhana sai vencedora e onde ele foi aprisionado.

O infante D. João (filho de D. Pedro I e de D. Inês de Castro), que na altura se encontrava exilado em Castela na sequência de desentendimentos com a rainha D. Leonor Teles, força Estêvão Vasques e a os outros patrões aprisionados a acompanhá-lo na sua viagem até Lisboa. No entanto, a operação naval não teve qualquer sucesso, acabando a frota castelhana por ter que voltar para trás.

Regressa a capital portuguesa, em 1383, e o concelho designa-o como meirinho da cidade.

No início da chamada Crise de 1383–1385, devido à sua vassalagem para com D. Fernando e o conde Barcelos parece-nos que talvez tivesse uma maior inclinação para o “partido” de Leonor Teles. Todavia, após a rendição do castelo de Lisboa– eventualmente desiludido com o posicionamento político-militar deles, cada vez mais próximos do rei de Castela, rapidamente se decidiu por dar o seu apoio ao Mestre de Avis. Recebendo dele, em 1384, a doação da terra e julgado de Paiva, em Riba Douro que pertencia antes a João Gonçalves de Teixeira que tinha seguido o partido do rei castelhano.

Esteve presente nas cortes de Coimbra de 1385, onde foi nomeado anadel-mor dos besteiros do conto do reino, um dos cargos mais importantes da hierarquia militar.

E terá sido na qualidade militar, na estrutura de comando da hoste portuguesa, que se encontrou no campo de batalha de Aljubarrota em 14 de Agosto de 1385, e onde foi armado cavaleiro[1].

Durante o trajecto entre Lisboa e Chaves, na campanha de 1386 para se encontrar com o rei, Estêvão Vasques Filipe chefiava a milícia de Lisboa e tinha cerca de 700 homens sob as suas ordens: 210 lanças; 250 besteiros do conto; 200 homens de pé, dois ferradores, dois correeiros, dois seleiros, dois alveitares, alguns trombetas, diversos tabeliães e um jogral. O contingente era ainda acompanhado por diversos carros e carroças onde seriam transportados, sobretudo, mantimentos, armamento e munições. Tomada esta então vila, toda a hoste seguiu por Torre de Moncorvo, Valariça, Castelo Rodrigo e Almeida. Depois, esta dividiu-se em três e seguiu o comando de Martim Vasques da Cunha. O alvo seguinte era o cerco à vila de Coria, já em território castelhano, local onde a hoste se voltou a reagrupar. E como o resultado prático foi nulo para as forças sitiantes estas acabaram por retirar para Penamacor, onde terminou essa campanha, que foi a sua última.

Recebeu ainda do rei, em Junho de 1393, uns pardieiros em Coimbra, localizados junto de Banhos Secos.

Dados genealógicos

Era filho de Vasco Esteves Filipe e neto de Estêvão Domingues Filipe, cujo pai é identificado em 1321 como mercador de Lisboa ao serviço de D. Dinis de Portugal e a quem este rei quitou o foro de uma casa na “capital”, a par da , em 22 de Maio desse ano. A documentação menciona-o também como representante do concelho de Lisboa na assinatura das pazes entre Afonso IV de Portugal e o infante D. Pedro, pazes essas firmadas em 1356.

Teve três filhos:

De sua mulher Beatriz Eanes, filha de João Esteves[2]:

De Leonor Gonçalves, solteira

De Margarida Lourenço, solteira:

  • Vasco Filipe, legitimado em Julho de 1427, criado de D. João I e escudeiro, nomeado em Maio de 1426, como juiz dos órfãos e dos judeus de Lisboa.

Notas

  1. Entre os agraciados com essa “promoção” nesse dia encontravam-se João Vasques de Almada, Antão Vasques de Almada, Pedro Eanes Lobato, Estêvão Vasques de Góis e Rui Vasques de Castelo Branco
  2. O casamento terá dura-do até à data da morte de Estêvão Vasques, ocorrida entre inícios de 1394 e Junho de1395. A sua viúva terá vivido ainda mais alguns anos, pelo menos, até 1399, última refer-ência documental que a menciona como estando viva

Bibliografia