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O infinitivo [[língua grega antiga|grego]] ''einai'' foi traduzido para o [[latim]] como ''esse'', cujo equivalente na Língua[[língua portuguesa]] é o verbo ''ser''. O particípio presente do emsmomesmo verbo grego "on", corresponde ao latino ''ens'', traduzido por "ente", na língua portuguesa. Nas demais línguas neolatinas, como o italiano, a correspondência etimológica entre os dois termos foi mantida ao longo dos séculos ([[língua italiana|italiano]]: ''ente'' e ''essere''), enquanto em outras, como o [[língua inglesa|inglês]] ou [[língua francesa|francês]], utiliza-se um só verbo para ambas as palavras, o que, nos últimos decênios foi alterado, com a introdução de neologismos[[neologismo]]s (Ex:- como por exemplo "''étant''" e "''essente''", no francês) -, principalmente devido ásàs noções heideggereanas de filosofia[[Martin Heidegger]] na [[Filosofia]].
 
A distinção entre ''Ser'' e ''Ente'', contudo, para a maioria dos filósofos sempre foi de extrema dificuldade, sobretudo quando se situa o problema para além da análise linguística. Pode-se dizer que, em sua acepção mais radical, ente é Tudo aquilo que existe, uma vez que o método clássico de definição por gênero próximo e diferença específica é inaplicável ao ente, que é a mais universal de todas as noções, mormente, tudo que existe pode ser categorizado como "ente", inclusive figuras abstratas como as virtudes[[virtude]]s, os sentimentos[[sentimento]]s, e os números[[número]]s, ou ainda noções coletivas, como [[Estado]], [[Sociedade]], etc. (EnteEntes de razão). Em sentido ainda mais acurado, em contraposição ao Ser, o ente pode ser descrito como o ser determinado, uma vez que a filosofia clássica situa as determinações ( ou acidentes) como não apenas aquilo que constitui uma, ou várias, propriedades ou atributos do sujeito (mesmo que não lhe sejam essenciais), mas também como ''Limitação'', cuja existência só pode ser definida em função de outro ser (nesta caso, a [[substância]]). Neste aspecto, as [[categorias]] são atributos, ou acidentes, do ente substancial, e o ente é definido como '''Ser determinado''', uma vez que não pode possuir todos os acidentes da mesma forma e ao mesmo tempo.
 
Inúmeros filósofos atuais insistem na necessidade da distinção entre ser"Ser" e "Ente", dentre eles, [[Martin Heidegger]], que mais recentemente, destacou as diferenças entre a problemática do ente (ôntico) e a problemática do ser (ontológica), justificando ainda que a [[ontologia]] clássica não é aplicável ao ser ("Sein und Zett", § 1), uma vez que o ser ("Sein") é prévio aos entes ("Seienden"). Assim, apenas a análise existencial do ente, que pergunta pelo Ser- (o ''Dasein'') pode realmente compreender em seu âmago o sentido do ser.
 
Contrariamente à visão de Heidegger, [[Nicolai Hartmann]] vai na via inversa, e assegura que " ''O ser e o ente se distinguem da mesma maneira que se distinguem a verdade e o verdadeiro, a realidade do real''" ("Zur Grundlegung der Ontologie", 1935, pág. 40). O ''ens'' no sentido da ontologia tradicional é o  objeto da [[metafísica]], enquanto que o ser é objeto da Ontologia, sendo certo que " ''é praticamente impossível referir-se ao ser sem investigar o ente''" (op. cit., pág. 41), embora ambos sejam distintos mentalmente.
 
[[Categoria:Ontologia]]
 
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O infinitivo grego ''einai'' foi traduzido para o latim como ''esse'', cujo equivalente na Língua portuguesa é o verbo ''ser''. O particípio presente do emsmo verbo grego "on", corresponde ao latino ''ens'', traduzido por "ente", na língua portuguesa. Nas demais línguas neolatinas, como o italiano, a correspondência etimológica entre os dois termos foi mantida ao longo dos séculos (italiano: ''ente'' e ''essere''), enquanto em outras, como o inglês ou francês, utiliza-se um só verbo para ambas as palavras, o que, nos últimos decênios foi alterado, com a introdução de neologismos (Ex: ''étant'' e ''essente'', no francês), principalmente devido ás noções heideggereanas de filosofia.
 
A distinção entre ''Ser'' e ''Ente'', contudo, para a maioria dos filósofos sempre foi de extrema dificuldade, sobretudo quando se situa o problema para além da análise linguística. Pode-se dizer que, em sua acepção mais radical, ente é Tudo aquilo que existe, uma vez que o método clássico de definição por gênero próximo e diferença específica é inaplicável ao ente, que é a mais universal de todas as noções, mormente, tudo que existe pode ser categorizado como "ente", inclusive figuras abstratas como as virtudes, os sentimentos, e os números, ou ainda noções coletivas, como Estado, Sociedade, etc (Ente de razão).Em sentido ainda mais acurado, em contraposição ao Ser, o ente pode ser descrito como o ser determinado, uma vez que a filosofia clássica situa as determinações ( ou acidentes) como não só aquilo que constitui uma, ou várias, propriedades ou atributos do sujeito (mesmo que não lhe sejam essenciais), mas também como ''Limitação'', cuja existência só pode ser definida em função de outro ser (nesta caso, a [[substância]]). Neste aspecto, as [[categorias]] são atributos, ou acidentes, do ente substancial, e o ente é definido como '''Ser determinado''', uma vez que não pode possuir todos os acidentes da mesma forma e ao mesmo tempo.
 
Inúmeros filósofos atuais insistem na necessidade da distinção entre ser e Ente, dentre eles, [[Martin Heidegger]], mais recentemente, destacou as diferenças entre a problemática do ente (ôntico) e a problemática do ser (ontológica), justificando ainda que a ontologia clássica não é aplicável ao ser(Sein und Zett, § 1), uma vez que o ser (Sein) é prévio aos entes (Seienden). Assim, apenas a análise existencial do ente, que pergunta pelo Ser- o ''Dasein'' pode realmente compreender em seu âmago o sentido do ser.
 
Contrariamente à visão de Heidegger, Nicolai Hartmann vai na via inversa, e assegura que " O ser e o ente se distinguem da mesma maneira que se distinguem a verdade e o verdadeiro, a realidade do real (Zur Grundlegung der Ontologie, 1935, pág. 40). O ''ens'' no sentido da ontologia tradicional é o  objeto da metafísica, enquanto que o ser é objeto da Ontologia, sendo certo que " é praticamente impossível referir-se ao ser sem investigar o ente (op. cit.,pág. 41), embora ambos sejam distintos mentalmente.