História de Plasencia: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Cueva el Boquiqui.JPG|thumb|230px|Aspeto exterior da [[Gruta de Boquique]], onde foram encontrados numerosos vestígios pré-históricos.]]
A '''história de [[Plasencia]]''', um [[Anexo:Lista de municípios da Espanha|município]] da [[Espanha]] na [[Províncias da Espanha|província]] de [[Cáceres (província)|Cáceres]], [[Comunidades autónomas da Espanha|comunidade autónoma]] da [[ExtremaduraEstremadura (Espanha)|Estremadura]], iniciou-se em [[1186]], quando o rei [[Afonso VIII de Castela]] fundou a cidade na sequência da conquista da área aos [[mouros]] [[almóadas]], mas há diversos indícios de ocupação da área desde a [[Pré-história]].<ref name=flores>{{Citar web|url=http://members.fortunecity.es/atejero/ventana1/colabora.htm#cueva|título=La Cueva de Boquique: Un enclave histórico placentino|data=julho de 2000|acessodata=2010-01-27|publicado=Revista electrónica del Colegio Público Miralvalle (Plasencia)|arquivourl=http://www.webcitation.org/5n5fBDl32|arquivodata=2010-01-27|ultimo=Flores del Manzano|primeiro=Fernando|língua2=es}}</ref> Diversos povos frequentaram e habitaram a região até à chegada dos [[império Romano|romanos]], cujas [[Legião romana|legiões]] ali instalaram um acampamento militar. No tempo do [[Al-Andalus]] (ocupação islâmica da [[Península Ibérica]]), teria existido uma [[alcáçova]] no local onde se encontra hoje a cidade.<ref name=viajar>{{Citar web|url=http://www.viajarporextremadura.com/cubic/ap/cubic.php/doc/Historia-de-la-ciudad-de-Plasencia-302.htm|título=Historia de la ciudad de Plasencia|acessodata=2010-01-08|obra=viajarporextremadura.com|arquivourl=http://www.webcitation.org/5mdqxiqps|arquivodata=2010-01-08|língua2=es}}</ref>{{Ntref|name=esref||A generalidade do texto foi inicialmente baseado|es|Plasencia|32854469}}
 
A cidade prosperou entre os séculos XII e XVII, tendo atingido o seu apogeu no século XVI, como atesta o seu centro histórico e os diversos edifícios civis, militares e religiosos. A partir do final do século XVII, a cidade entrou em declínio, do qual só recuperaria na segunda metade do século XX.
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Durante o período muçulmano, crê-se que existiu uma [[alcáçova]] ([[castelo]]) no local onde se encontra hoje a cidade.<ref name=viajar /><ref name=ayto1>{{Cite web aytoplasencia.es |1=Turismo/default.asp?plant=1&id=1&seccion=151&offset=1 |2=Historia de Plasencia; Edad Media y Renacimiento |3=2010-01-08 |archiveurl=http://www.webcitation.org/5me2i26Ak |archivedate=2010-01-08 |last=Martín |first=Jesús Manuel López}}</ref>
 
A área foi conquistada em 1186 por Afonso VIII de Castela, que fundou a cidade atual, a ''Muy Noble, Leal y Benéfica ciudad de Plasencia'', com o lema ''"Ut placeat Deo et Hominibus"'', que em [[latim]] significa ''"Para que agrade a Deus e aos Homens"''. Nesse mesmo ano iniciou-se a construção das [[muralha]]s. Concebida desde o início como uma fortaleza, ainda hoje se nota um pronunciado caráter militar na parte antiga da cidade, que se estrutura em volta da [[Plaza Mayor (Plasencia)|Plaza Mayor]], da qual partem ruas que se comunicam com as portas da cidade. Os [[Vendedor|mercador]]es e [[artífice]]s agrupavam-se por ramos de atividade, cada um ocupando uma rua ou parte dela.<ref name=ayto1 /><ref name=unex>{{Citar web|url=http://www.unex.es/unex/extremadura/plasencia|título=Plasencia|data=2007-03-27|acessodata=2010-01-08|obra=www.unex.es|publicado=[[Universidade da ExtremaduraEstremadura]]|arquivourl=http://www.webcitation.org/5mdspoRCm|arquivodata=2010-01-08|língua2=es}}</ref>
 
A criação da cidade fazia parte de uma estratégia do rei [[Reino de Castela|castelhano]] de fortalecimento da linha do [[rio Tejo|Tejo]], criando uma base de apoio à [[reconquista]] do sul da [[Península Ibérica]] e restringindo a expansão do Reino de Leão para oeste da Via da Prata, tanto em termos militares e políticos como em termos [[Igreja Católica|eclesiásticos]] — estando a região relativamente próxima de [[Toledo]], então a capital de Castela, a inclusão da área na arquidiocese de [[Toledo]] traduzir-se-ia numa menor influência de Leão, o que foi evitado incluindo Plasencia na arquidiocese de [[Santiago de Compostela]].
 
Em 1195, na sequência da [[Batalha de Alarcos]], Plasencia foi reconquistada pelos [[Almóadas]]. Segundo alguns a tomada da cidade teria sido comandada por Abén Jucef, chefe militar de [[Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur]] ({{Lang-pt|Almançor}}), segundo outros pelo próprio Almançor.<ref name=unex /> Voltaria à posse de Afonso VIII de Castela um ou dois anos depois. Para assegurar a defesa, o rei ordenou que se completassem as muralhas, o que só se concluiria em 1201. As muralhas foram construídas como um sistema de defesa duplo, com um muro de grande espessura e uma [[barbacã]], com um fosso entre eles. A defesa era reforçada pela presença de 70 torreões semicirculares, 4 torres defensivas encostadas à alcáçova, sete portas principais e dois postigos (portas menores).<ref name=ayto1 /><ref name=unex />
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[[Ficheiro:Claustro Plasencia.JPG|thumb|[[Claustro]] da [[Catedral Velha de Plasencia]], construção [[Arquitetura românica|românico]]-[[Estilo gótico|gótica]] do século XIII.]]
[[Ficheiro:Ayuntamiento plasencia.JPG|thumb|[[Plaza Mayor (Plasencia)|Plaza Mayor]] de [[Plasencia]].]]
Em 1188 o [[papa Clemente III]] cria a [[diocese de Plasencia]] e um ano mais tarde foi nomeado o primeiro [[bispo]], Bricio. A [[diocese]] tinha jurisdição sobre [[Béjar]], [[Medellín (Espanha)|Medellín]] e [[Trujillo (Espanha)|Trujillo]].<ref>{{Citar web|url=http://www.diocesisplasencia.org|título=La Diócesis de Plasencia, datos históricos-geográficos|acessodata=2010-01-08|obra=www.diocesisplasencia.org|publicado=[[diocese de Plasencia]]|língua2=es}}</ref> Por iniciativa do bispo e [[cardeal]] [[Juan Carvajal]], a diocese criou em 1446 uns ''Estudos de Humanidades'', que constituíram a primeira escola de âmbito [[Universidade|universitário]] da ExtremaduraEstremadura.
 
=== Século XV ===
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Joana desposou o seu tio [[Afonso V de Portugal]] em Plasencia, mas o casamento não foi reconhecido porque o papa não deu a autorização necessária exigida pelo grau de parentesco. Alguns dias após o casamento, a cidade assistiu à coroação do par como reis de Castela. Joana dirigiu um manifesto a todas as vilas e cidades do reino, no qual lhes comunicava o seu casamento e justificava o seu direito ao trono.<ref>{{Citar web|url=http://www.galeon.com/isabelcatolica/beltraneja.htm|título=Juana la Beltraneja|acessodata=2010-01-08|publicado=www.galeon.com/isabelcatolica|arquivourl=http://www.webcitation.org/5me8pMv3B|arquivodata=2010-01-08|língua2=es}}</ref><ref name=alextur_cat>{{Citar web|url=http://www.alextur.net/Senderos/numero6/catedrales_plasencia/catedrales_plasencia.html|título=Las Catedrales de Plasencia|ano=2000|acessodata=2010-01-08|obra=Senderos de Extremadura|publicado=Proyecto ALEX, Confederación Empresarial de Turismo de Extremadura|arquivourl=http://www.webcitation.org/5me95fExD|arquivodata=2010-01-08|língua2=es}}</ref> Mais tarde, com o avançar do conflito, Álvaro de Zúñiga passou-se para o partido de Isabel, que o recompensou em 1476 com o título de [[duque]] de Plasencia. Após a vitória dos [[Reis Católicos]] em 1479, o duque tornou-se um dos principais [[Nobreza|nobres]] do reino.
 
Em junho de 1488, o duque morreu e sucedeu-lhe o neto, Álvaro de Zúñiga y Pérez de Guzmán. A [[nobreza]] de Plasencia aproveitou o momento para se levantar em armas contra os Zúñiga e assim recuperar o poder que detinham anteriormente na cidade e sobre as [[Arrendamento|rendas]] das terras que dependiam dela.<ref name=mercado>{{Citar web|título=El Mercado Franco de Plasencia.|url=http://www.camaracaceres.es/actividades/publicaciones/libros/completos/11/contenidos/edadmoderna.htm|last=Linares Luján|primeiro=Antonio Miguel|obra={{ISBN|84-87600-11-5}}|publicado=Cámara Oficial de Comercio e Industria de Cáceres|ano=1991|arquivourl=http://www.webcitation.org/5mfZX5Dfv|arquivodata=2010-01-09|accessodata=2010-01-09|língua2=es}}</ref> Os sublevados receberam o apoio dos Reis Católicos, que revogaram a doação de João II, argumentando que tinha sido excessiva e contra a sua vontade.<ref name=colmeiro /> A revolta triunfou e o estatuto de ''{{NT|realengo|realengo}}''{{Ref label2|a}} foi reposto, sendo ratificado em {{Dtext|20|10|1488}} às portas da catedral, com a presença de [[Fernando II de Aragão|Fernando, o Católico]], que jurou defender sempre o {{NT|fueros|foral}}{{Ref label2|b}} e a liberdade de Plasencia.<ref name=alextur_cat /><ref name=mercado />
 
== Idade Moderna ==
[[Ficheiro:Santuario Virgen del Puerto.jpg|thumb|Igreja da Virgem del Puerto, século XV.]]
[[Ficheiro:Retablo plasencia.JPG|thumb|[[Retábulo]] maior da [[Catedral Nova de Plasencia]], uma obra primordial do [[barroco]] espanhol, século XVII.]]
 
=== Século XVI ===
No princípio do século XVI, a maior parte do território da [[ExtremaduraEstremadura (Espanha)|Estremadura]] estava incluído na [[Salamanca (província)|província de Salamanca]], situação que só mudaria em 1653, quando as [[vila]]s de Plasencia, [[Badajoz]], [[Mérida (Espanha)|Mérida]], [[Trujillo (Espanha)|Trujillo]], [[Cáceres (Espanha)|Cáceres]] e [[Alcântara (Espanha)|Alcântara]] se juntam para comprar um voto nas Cortes, formando pela primeira vez a [[Províncias da Espanha|província]] da ExtremaduraEstremadura, à qual se juntariam outros territórios.<ref>{{Citar web|url=http://extremadura.genealogica.net/index.php/component/content/article/35-extremadura/48-extremadura|título=Breve historia de la formación de las provincias de Extremadura|data=2009-02-24|publicado=Extremadura genWeb (extremadura.genealogica.net)|acessodata=2010-01-10|arquivourl=http://www.webcitation.org/5mfiUvC4s|arquivodata=2010-01-10|ultimo=Alfaro de Prado|primeiro=Antonio|língua2=es}}</ref>
 
A prosperidade de Plasencia continuou ao longo do século XVI e parte do século XVII, tendo-se registado um aumento de população assinalável. Datam desta época o edifício renascentista da ''Casa Consistorial'' ([[Paços do Concelho]]), projetada em 1523 por [[Juan de Álava]], a conclusão da [[Catedral Nova de Plasencia|Catedral Nova]], iniciada em 1498 e finalizada em 1578, bem como de numerosos outros monumentos, como o aqueduto e o palácio do [[marquês]] de Mirabel. A cidade chegou a ter escolas universitárias dependentes dos [[Ordem dos Pregadores|dominicanos]] e [[Companhia de Jesus|jesuítas]].<ref name=rutahist>{{Citar web|url=http://www.rutadelaplata.com/es/2549-historia|título=Historia de Plasencia|acessodata=2010-01-12|obra=rutadelaplata.com|publicado=Red de Cooperación de Ciudades en la Ruta de la Plata|arquivourl=http://www.webcitation.org/5mijmMfQr|arquivodata=2010-01-12|língua2=es}}</ref>
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Apesar de tudo houve alguns iniciativas que originaram algum crescimento económico, mas que não foram suficientes para fazer sair a cidade da estagnação. Entre essas iniciativas há a destacar as manifestações artísticas, fundações religiosas e manobras para ganhar mais poder político a nível nacional. São do século XVII o [[retábulo]] maior da [[Catedral Nova de Plasencia|Catedral Nova]], uma obra primordial do [[barroco]] espanhol. No mesmo século foram levadas a cabo obras menores, que se conservam na atualidade, em diferentes estados de conservação — a ermida de [[Teresa de Ávila|Santa Teresa]] na Dehesa de los Caballos, a ermida de [[Helena de Constantinopla|Santa Helena]], igualmente fora das muralhas, a Casa do [[Deão]] e o edifício do Cárcere Real, atualmente ocupado pelo ''{{NT|Ayuntamiento|[[Ayuntamiento]]}}'' ([[câmara municipal (Portugal)|câmara municipal]]). Foram também fundados os conventos das [[Carmelitas Descalças]], o convento das [[Clarissas Capuchinhas|Capuchinhas]] e uma escola pelo ''{{NT|chantre|chantre}}'' (mestre do coro da catedral).<ref name=ayto2 />
 
No século XVIII houve outras iniciativas para melhorar a situação e acabar com a penúria económica, aproveitando as reformas introduzidas pela coroa dos [[Casa de Bourbon|Bourbons]] na segunda metade do século, mas os projetos foram pouco ambiciosos e limitaram-se ao aumento dos ''{{NT|Propios|Propios}}'' (bens de um [[município]] que proporcionam receita por serem arrendados), à reparação de caminhos, à construção de pontes e pouco mais.<ref name=ayto2 /> O projeto reformista mais importante foi a fundação pela [[autarquia]] da ''Sociedad Económica de Amigos del País'' {{Ref label2|c}} na década de 1770, a primeira do género na ExtremaduraEstremadura, mas a sua existência foi breve e as suas realizações escassas.<ref name=ayto2 /> São também de realçar os trabalhos levados a cabo por iniciativa do bispo de Plasencia José González Laso, que esteve à frente da diocese desde 1766 até à sua morte em 1803. A sua obra foi vasta e abarcou vários campos. Na beneficência e saúde, destacou-se a criação de um [[hospital psiquiátrico|hospício]] no antigo colégio dos [[Companhia de Jesus|jesuítas]] e a ampliação do Hospital de Santa Maria; no ensino, destacou-se a reforma dos ''Estudos de Humanidades'' (escola de cariz universitário). No entanto, o aspeto mais conhecido da obra de José González Laso, e que maior impacto causou nos seus contemporâneos, foi o empenho na construção, tendo sido abertos e reparados numerosos caminhos e pontes, o que contribuiu decisivamente para o alívio do problema crónico de vias de comunicação. Mas a atividade do bispo centrou-se ainda mais no urbanismo, reformando o [[paço episcopal]] e construindo novas ruas, para o que foi necessário derrubar parte do recinto muralhado.<ref name=ayto2 />
 
== Idade Contemporânea ==
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=== Democracia ===
O [[Transição Espanhola|período democrático]] iniciou-se na cidade com as primeiras [[eleição|eleições]] [[Autarquia|autárquicas]] [[Democracia|democráticas]]. Desde aí que o governo municipal foi presidido por todos os partidos maioritários que existiram ou ainda (2009) existem em Espanha — [[União de Centro Democrático|UCD]], [[Centro Democrático e Social (Espanha)|CDS]], [[Partido Popular (Espanha)|PP]] e [[Partido Socialista Operário Espanhol|PSOE]] — tendo todas as transferências de poder decorrido com toda a normalidade. O período de 1979 a 2009 caracterizou-se pelo desenvolvimento do setor de serviços (saúde e educação) e pela criação de novos [[Irrigação|regadio]]s no vale dos rios [[Rio Alagón|Alagón]] e [[Rio Tiétar|Tiétar]], que reanimaram a vida da cidade, convertendo-a em ponto de encontro dos municípios vizinhos. Também se desenvolveram as iniciativas turísticas, culturais e de ócio, que contribuem para que a cidade seja um ponto de referência da região extremenhaestremenha.<ref name=ayto4 />
 
{{Divref-ini|Notas}}
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== {{Ligações externas}} ==
{{Commonscat|Plasencia|Plasencia}}
* {{Link fotopedia |Plasencia|de|Plasencia}}
 
{{DEFAULTSORT:Historia Plasencia}}
[[Categoria:História da Extremadura|PlasenciaEstremadura]]
[[Categoria:Plasencia]]