Pré-história da Península Ibérica: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
corr. links; recicl utilizando AWB
Linha 1:
{{História PT-ES|imagem=[[Ficheiro:Rock Art Foz Coa 01.jpg|300px|center]]|legenda=Representação rupestre de gado (cavalo e cabras) no [[Sítios de arte rupestre do Vale do Côa|complexo de gravuras rupestres]] de [[Vila Nova de Foz Côa]]}}
A '''pré-História da Península Ibérica''' iniciou-se com a chegada dos primeiros [[hominídeos]] à [[península Ibérica]] há cerca de 1,2 milhões de anos e durou até o início das [[guerras Púnicas]], quando o território entrou no domínio da história escrita. Neste período alguns dos marcos notáveis são:
* Ter sido o último reduto do homem [[neandertal]] antes da sua extinção;{{semcarece de fontes}}
* Registar alguns dos mais impressionantes exemplos de [[arte paleolítica]] à par da França;
* Acolher as mais antigas civilizações da [[Europa ocidental]] {{semcarece de fontes}}
, sendo um apetecível território a que afluiram vários povos, pela posição estratégica e as muitas riquezas minerais.
 
Linha 47:
As regiões que sofreram maiores efeitos das [[glaciação|glaciações]] tiveram Mesolíticos mais evidentes. Na península Ibérica, menos afectada pelas glaciações, não se fez sentir com intensidade.
 
O final do Paleolítico dá lugar ao aparecimento da cultura ''[[Aziliense]]'' na zona [[Pirenéus|pirenaica]], com extensão pela zona [[Cantábria|cantábrica]] da [[Península Ibérica]], cultura de transição sem grandes novidades e que continua as antigas técnicas paleolíticas. Maior importância adquirem os [[concheiros]] portugueses das margens do [[Rio Tejo|Tejo]], como os [[Concheiros de Muge]] onde está assente uma população que vai evoluindo lentamente e na qual aparecem já muitos elementos raciais mistos. Os principais jazigos são Cabeço da Amoreira, Cova da Onça e Fonte do Padre Pedro. A este ciclo cultural pertencem também as oficinas de trabalho manual de [[sílex]], ao ar livre, que existem na região [[tarraconense]].
 
== Neolítico ==
Linha 76:
[[Ficheiro:Vaso Campaniforme Ciempozuelos.jpg|thumb|Vaso campaniforme da [[Cultura de Los Millares]], Espanha.]]
[[Ficheiro:Idolo de Granja de Céspedes.png|thumb|[[Ídolo]], Granja de Céspedes.]]
O [[Idade do Cobre|Calcolítico ou Idade do Cobre]] marca o início da [[metalurgia]]. Esta fase caracteriza-se pelo aumento da [[Estratificação social|complexidade e estratificação sociais]], bem como, no caso ibérico, pelo aparecimento das primeiras [[civilizações]] e de extensas [[Rede social|redes]] de [[Escambo|troca]] e [[comércio]] que vão do [[Norte de África]] até ao [[Mar Báltico]], com relevo para as [[Ilhas Britânicas]].<ref name="F. Jordá Cerdá 1986">F. Jordá Cerdá et al. (1986), ''Historia de España I: Prehistoria''.</ref>
 
No sudoeste ibérico afloram os chapéus-de-ferro, formações [[geologia|geológicas]] ricas em [[cobre]], [[ouro]] e [[prata]], facilmente exploráveis por uma tecnologia metalúrgica primitiva. Estes metais começaram então a ser [[mineração|minerados]] e trabalhados, embora fossem demasiado macios para substituir a maioria das ferramentas de pedra.
Linha 107:
A [[Idade do Bronze]] foi o período no qual ocorreu o desenvolvimento desta [[liga metálica]], resultante da mistura de [[cobre]] com [[estanho]], permitindo o fabrico de ferramentas capazes de substituir os artefactos em pedra. A data de adopção do [[bronze]] variou segundo as diferentes culturas.
 
O centro tecnológico da Idade do Bronze na península Ibérica foi o sudoeste a partir de c.[[1800 a.C.{{AC|1800 a.C.]].|nl}}<ref name="F. Jordá Cerdá 1986"/> Aí, nas regiões de Almeria, Granada e Múrcia, a [[Cultura de Los Millares]] foi substituída pela de [[El Argar]] com o aparecimento gradual de ferramentas de bronze e de povoados fortificados de grande dimensão. Afirma-se o poder político acima dos clãs e famílias primordiais, e muda bruscamente a organização social, nascendo uma vida urbana mais próxima da actual. Deste centro a tecnologia do bronze estendeu-se a outras regiões, constituindo o substrato onde viria a desenvolver-se a cultura [[Iberos|Ibera]] e mais tarde os [[Tartessos]]. A rede de relações e comunicações criada por estes povos entre si viria a permanecer quase intacta até à chegada dos romanos à península.
 
Além de El Argar, algumas das mais notáveis culturas do bronze inicial da península são:
Linha 114:
* As culturas pastoricias de Cogotas I são unificadas pela primeira vez, como testemunha a cerâmica troncocónica característica. Algumas áreas, como a [[Castro de Vila Nova de São Pedro|civilização de Vila Nova]] mantiveram-se isoladas da expansão da tecnologia de bronze, permanecendo tecnicamente no [[Calcolítico]] por séculos.
 
No Bronze intermédio, o norte de Portugal e a Galiza, regiões possuidoras das maiores reservas de estanho da Europa{{semcarece de fontes}}, indispensável à fabricação de bronze, tornaram-se um centro mineiro aderindo então à tecnologia do bronze, como testemunham os seus machados em bronze característicos (Grupo de Montelavar).
 
No bronze final, cerca de 1300 a.C. deram-se várias grandes mudanças na península. A cultura calcolítica de Vila Nova desaparece, possivelmente devido ao açoreamento do canal que ligava a cidade de Zambujal ao mar.<ref>[http://www.dainst.org/index.php?id=595 Deutsches Archälogisches Institut: Zambujal, Torres Vedras] {{en}}</ref> A cultura unificada de El Argar também desaparece, restando diversas cidades fortificadas dispersas. Os primeiros [[celtas]], da [[Cultura dos Campos de Urnas]] surgem a partir de noroeste, conquistando toda a Catalunha e algumas áreas vizinhas. O vale do Guadalquivir assiste ao nascimento da sua primeira cultura diferenciada que poderá estar relacionada com os míticos [[Tartessos]].
Linha 129:
[[Ficheiro:Celts 800-400BC.PNG|thumb|esquerda|Expansão dos [[Celtas]], c. 400 a.C..]]
 
Desde finais do {{AC|século VIII antes de Cristo|nl}}, a [[cultura dos Campos de Urnas]] do nordeste da península começa a incorporar a metalurgia do ferro e, por fim, elementos da cultura de Hallstatt. Neste período verifica-se uma clara expansão orientada para montante do rio Ebro, chegando à Rioja e a Alava, com algumas ramificações nos montes do sistema ibérico, que podem ter sido o prelúdio da formação dos [[Celtiberos]].
 
Neste período há uma visível diferenciação social com testemunhos da existência de chefias locais e uma elite de cavaleiros.
Linha 137:
Destas estações no [[Ebro]] e [[Sistema Ibérico]], a cultura celta expandiu-se na [[Meseta Central]] e na costa atlântica, em vários agrupamentos.
 
* O agrupamento de Bernorio-Miraveche (a norte das regiões de [[Burgos]] e [[Palencia]], que influenciaria os povos do extremo norte.
* O grupo do Douro, provavel percursor dos [[Vaccei]].
* A cultura dos Cogotas II, provavel percursor dos [[Vetões]], dedicada à pastorícia e que gradualmente se expandiria para sul, até à Extremadura[[Estremadura (Espanha)|Estremadura]].
* A cultura castreja lusitana, no centro de Portugal, precursora dos [[Lusitanos]].
* A cultura castreja do norte de Portugal e da Galiza, relacionada com a anterior, mas com um carácter próprio bem vincado devido à forte persistência do bronze atlântico.
Linha 145:
Todos estes grupos indo-europeus têm elementos em comum, como a cerâmica e o armamento.
 
A partir de cerca de [[600 a.C.]] a cultura do campo das urnas é substituída pela cultura Ibera, num processo que só terminaria no século {{séc|IV}} a.C.. A separação física dos celta ibéricos dos seus semelhantes continentais faria com que os celtas da península Ibérica nunca recebessem a influência da [[Cultura de La Tène]].
 
=== Influência Fenícia ===
Fenícios, gregos e cartagineses, todos colonizaram partes da península Ibérica, estabelecendo postos comerciais.
 
No século {{séc|X}} a.C. estabeleceram-se os primeiros contactos fenícios na Ibéria, ao longo da costa mediterrânica, com a emergência de diversas cidades e povoados no litural sul.
 
Os fenícios fundaram a colónia de Gadir (actual [[Cádis]]), próximo de Tartessos, o que fez desta a mais antiga cidade com uma ocupação contínua da europa ocidental, tradicionalmente datada de [[1104 a.C.]]. Ao longo de séculos os fenícios fizeram da cidade o posto comercial, deixando uma vasta herança de artefactos, como notáveis sarcófagos. ao contrário do que por vezes se afirma, não há registo de colónias fenícias a oeste do Algarve ( nomedamente Tavira), embora possam ter havido viagens de exploração fenícia, e a influência que estes tiveram no território do actual Portugal foi feita a partir de trocas comerciais e culturais com Tartessos.
 
No século {{séc|IX}} a.C. os fenícios da [[cidade-estado]] de [[Tiro]](Líbano) fundaram Cartago. Neste século os fenícios teriam uma grande influência na península com a introdução da metalurgia e uso do ferro, da [[roda de oleiro]], a produção de [[azeite]] e [[vinho]]. Foram também responsáveis pelas primeiras formas de [[Escritas paleohispânicas|escrita ibérica]], influenciaram a religião e aceleraram o desenvolvimento urbano. Há contudo falta de provas da fundação fenícia de Lisboa em 1300 a.C., sob o nome Alis Ubo ( porto seguro), embora neste período datem assentamentos em Olissipona com claras influências mediterrânicas.
 
Houve uma forte influência e presença fenícia na cidade de [[Balsa]] (actual Tavira) no {{AC|século VIII a.C.|nl}}, que seria violentamente destruída no século {{séc|VI}}. Com o declinar da colonização fenícia na costa mediterrânica muitas das colónias foram abandonadas, sendo substituídos pelo domínio da poderosa Cartago.
 
{{Referências}}