Sobre a Administração Imperial: diferenças entre revisões

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{{Em tradução|:en:De Administrando Imperio|data=novembro de 2012}}
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'''''De Administrando Imperio''''' ("Sobre a Administração do Império") é o nome em {{ling|la}} duma obra originalmente escrita em {{ling|el}} em meados do {{séc|X|l}} pelo [[Império Bizantino|imperador bizantino]] [[Constantino VII|Constantino VII Porfirogénito]]. O título da obra em grego é {{transl2|el||Πρὸς τὸν ἴδιον υἱὸν Ρωμανόν||''Pros ton idion yion Romanon''}} ("Ao nosso próprio filho Romano"). Trata-se dum manual de política doméstica e externa para uso do filho e sucessor de Constantino, o imperador {{Lknb|Romano|II}}, com conselhos sobre o funcionamento do império multi-étnico e sobre a forma de combater os inimigos externos.{{Ntref|name=fr||Trechos baseados no artigo|fr|De Administrando Imperio|79584584}}
 
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Constantino eram imperador-académico, que procurou fomentar a educação e no seu império. Além do ''Administrando'' produziu muitas outras obras, nomeadamente o ''De Ceremoniis'', um tratado sobre etiqueta e procedimentos da corte imperial, e uma biografia do seu avô {{Lknb|Basílio I}} {{nwrap|r.|867|886}}. O ''De Administrando Imperio'' foi escrito entre 948 e 952. Contém conselhos sobre o governo do Império com múltiplas etnias, bem como sobre o combate aos inimigos estrangeiros. A ora combina dois dos tratados anteriroes de Constantino: ''"Sobre a Governação do Estado e as várias Nações"'' {{langp|el|Περί Διοικήσεως τοῦ Κράτους βιβλίον καί τῶν διαφόρων Έθνῶν}}, acerca de histórias e personagens das nações vizinhas do Império, incluindo os [[Povos turcos|Turcos]], [[Pechenegues]], [[Principado de Kiev|Rus' de Kiev]], [[Árabes]], [[Lombardos]], [[Armênios|Arménios]] e [[Georgianos]]; e em ''"Sobre os [[Thema]]ta do Oriente e do Ocidente"'' {{lang|el|Περί θεμάτων Άνατολῆς καί Δύσεως}}, conhecido em latim como ''De Thematibus'', acerca dos eventos recentes nas províncias bizantinas. A esta combinação Constantino juntou as suas próprias instruções políticas para o seu filho romano.{{Ntref|name=en||Trechos baseados no artigo|en|De Administrando Imperio|516093811}}
 
==Conteúdo==
O conteúdo do livro, de acordo com o seu prefácio, divide-se em quatro secções:
#Elementos cruciais da política externa na área mais complicada e perigosa da cena política contemporânea, a região dos povos do noroeste e os [[Citas]].
#Lição sobre a diplomacia a desenvolver para lidar com as nações dessa área.
#Análise histórica e geográfica e exaustiva da maior parte das nações vizinhas.
#Sumário da história interna recete, políticas e organização do Império.
No que concerne à informação histórica e geográfica, a qual é frequentemente confusa e cheia de lendas, a obra é fiável na sua essência.
 
O tratado sobre história e antiguidades que o imperador havia compilado durante a década de 940 está incluido nos capítulos 12 a 40. Este tratado contém histórias tradicionais e lendárias de como os territórios que rodeavam o Império foram ocupados pelas populações que lá viviam no tempo do imperador ([[Sarracenos]], Lombardos, [[Veneza|Venezianos]], [[Eslavos]], [[Magiares]], Pechenegues). Os capítulos 1 a 8 e 10 a 12 explicam a política imperial relacionada com os Pechenegues e Turcos. O capítulo 13 é uma diretiva geral sobre política externa vinda do imperador. Os capítulos 43 a 46 são sobre política contemporânea no nordeste ([[Arménia]] e [[Geórgia]]). Os guias para a incorporação e [[Imposto|taxação]] das novas províncias imperiais e de certas partes da administração civil e naval encontram-se nos capítulos 49 a 52. Estes últimos e o capítulo 53 destinavam-se a dar instruções práticas ao imperador Romano II e provavelmente foramadicionados no ano 951 ou 952, de forma a marcar o 14º aniversário de Romano, em 952.
 
==Língua==
A língua usada por Constantono é um tipo simples de [[Grego medieval|grego alto medieval]], algo mais elaborado do que o dos evangelhos canónicos, e facilmente compreensíveis para um grego moderno culto. A única dificuldade é o uso frequente de termos técnicos que, sendo comuns na época, podem ser complicados de entender para um leitor moderno: por exemplo, escreve acerca da prática regular de enviar ''basilikoí'' (literalmente: "membros da [[família real]]") para terras distantes para negociar, referindo-se a simples "homens do rei", isto é, enviados imperiais que iam como embaixadores numa missão específica. No preâmbulo, o imperador faz questão de salientar que evitou expressões rebuscadas e "[[aticismo]]s pomposos" propositadamente, para tornar tudo simples como a fala comum do dia-a-dia para o seu filho e os oficiais superiores com quem ele pudesse vir a escolher para partilhar a obra. É provavelmente o único texto escrito ainda existente mais próximo do [[vernáculo]] usado pela burocracia palácio imperial da [[Constantinopla]] do {{séc|X}}.
 
==Interpretação==
Devido ao facto do ''De Administrando Imperio'' ser uma das raras [[fontes primárias|fontes primárias]] que descreve a história dos [[Balcãs]], o seu texto tem sido analisado extensivamente por historiadores, que por vezes se concentram apenas em algumas frases.
 
Os historiadores [[J. B. Bury]] em 1906, Gavro Manojlović em 1910 e Ljudmil Hauptmann entre 1931 e 1942 publicaram análises aprofundadas de toda a obra em que demonstraram que foi escrita como uma série de arquivos, cada um deles focado num tópico diferente e datado de épocas distintas, que posteriormente foram redigidos várias vezes, resultando num texto cuja interpretação pode variar significativamente.
 
O três relatos, similares mas diferentes, sobre a chegada dos [[Croatas]] confundiram numerosos historiadores desde o {{séc|XIX}}.
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A historiadora Barbara M. Kreutz descreveu o relato
 
Historian Barbara M. Kreutz described the report found in the De Administrando Imperio that the Byzantines played a major role in the 871 fall of the Emirate of Bari as a probable concoction.[5]
 
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==Manuscritos e edições==
===Edições antigas===
A cópia mais antiga ainda existente (P=''codex Parisinus gr. 2009'') foi feita pelo secretário confidencial de [[João Ducas (césar)|João Ducas]], Miguel, no final do {{séc|XI}}. Este [[manuscrito]] foi copiado em 1509 por {{ilc||António Eparco|Antonios Eparchos}}; esta cópia, conhecida como V=''codex Vaticanus-Palatinus gr. 126'', tem uma série de notas em grego e latim, adicionadas por leitores posteriores. Uma terceira cópia completa, conhecida como F=''codex Parisinus gr.2967'' é uma cópia de V que foi iniciada por Eparco e completada por Miguel Damasceno. Há uma quarta cópia, incompleta, conhecida como M=''codex Mutinensis gr. 179'', que é uma cópia de P feita por Andrea Darmari entre 1560 e 1586. Dois dos manuscritos (P e F) encontram-se atualmente na [[Biblioteca Nacional da França|Biblioteca Nacional]] em [[Paris]], a terceira (V), está na [[Biblioteca do Vaticano]] e a cópia incompleta (M) encontra-se em [[Módena]].
 
O texto grego foi publicado, na sua totalidade, sete vezes. O ''[[editio princeps]]'', baseado em V, foi publicado em 1611 por {{ilc||Johannes Meursius|Johannes van Meurs}}, que lhe deu o título latino pelo qual é atualmente conhecida universalmente. Esta edição foi publicada seis anos depois sem alterações. A edição seguinte, publicada em 1711, é do [[Dubrovnik|ragusano]] [[Anselmo Banduri]] e é uma compilação da primeira edição e do manuscrito P. A edição de Banduri foi reimpressa duas vezes: uma em 1729, na coleção veneziana dos historiadores bizantinos, e em 1864 [[Jacques Paul Migne|Migne]] reeditou o texto de Banduri com algumas correções.
 
Constantino não deu um nome à sua obra, tendo preferido iniciar o texto com a forma formal de saudação padrão: ''«Constantino, em Cristo o Soberano Eterno, Imperador dos Romanos, para [seu] próprio filho Romano, o Imperador coroado de Deus e nascido em púrpura.»''
 
===Edições modernas===
Em 1892, R. Vari planeou editar uma edição criticada da obra e mais tarde [[J.B. Bury]] propôs inclui-la na sua coleção de ''Textos Bizantinos'', mas acabou por desistir de editá-la, entregando o trabalho a Gyula Moravcsik em 1925. A primeira edição moderna do texto grego foi feita por Moravcsik nesse ano. A tradução em {{ling|en}} desta edição (por R. J. H. Jenkins foi publicada em [[Budapeste]] em 1949. A edições seguintes datam de 1962 (Athlone, [[Londres]]), 1967 ([[Dumbarton Oaks]] Research Library and Collection, [[Washington D.C.]]).
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