Aristotelismo: diferenças entre revisões

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'''Aristotelismo''' é a influência exercida pela filosofia de [[Aristóteles]] ao longo da história do pensamento [[Mundo ocidental |ocidental]]<ref name="autores2003">{{cite book|author=Vários autores|title=Lexicon - dicionário teológico enciclopédico|url=http://books.google.com/books?id=swvCVm-0OWcC&pg=PA50|year=2003|publisher=Loyola|isbn=978-85-15-02487-2|page=50}}</ref>.
 
==História==
===Grécia Antiga===
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Sob o califado de [[Harun al-Rashid]] e seu filho [[Al-Ma'mun]], a [[Casa da Sabedoria]] em [[Bagdá]] floresceu. O estudioso cristão Hunayn ibn Ishaq (809–873) foi encarregado das traduções pelo califa. Durante sua vida Ishaq traduziu 116 obras, incluindo obras de [[Platão]] e Aristóteles, para [[siríaco]] e árabe.<ref name="Opth">Opth: Azmi, Khurshid. "Hunain bin Ishaq on Opthalmic Surgery." Bulletin of the Indian Institute of History of Medicine 26 (1996): 69–74. Web. 29 Oct. 2009 {{en}}</ref><ref name="Lindberg">Lindberg, David C. The Beginnings of Western Science: Islamic Science. Chicago: The [[University of Chicago]], 2007. Print. {{en}}</ref> [[Al-Kindi]] (801–873) foi o primeiro dos filósofos muçulmanos na [[escola peripatética]] e é conhecido por seus esforços de introduzir o [[filosofia grega | grego]] e a filosofia helenística para a [[mundo árabe]].<ref>Klein-Frank, F. ''Al-Kindi''. In Leaman, O & Nasr, H (2001). ''History of Islamic Philosophy''. London: Routledge. p 165 {{en}}</ref> ele incorporou os pensamentos aristotélico e neoplatônico em uma estrutura filosófica islâmica, este foi um fator importante na introdução e popularização da filosofia grega no mundo intelectual muçulmano.<ref>Felix Klein-Frank (2001) ''Al-Kindi'', pages 166–167. In Oliver Leaman & Hossein Nasr. ''History of Islamic Philosophy''. London: Routledge. {{en}}</ref> O filósofo [[Al-Farabi]] (872-950) que teve grande influência sobre a ciência e a filosofia durante diversos séculos, foi amplamente considerado o segundo maior apenas após Aristóteles em conhecimento (a que alude ao título de "O Segundo Professor") em seu tempo. Sua obra, que visa a síntese da filosofia e do [[Sufismo]], abriu caminho para o trabalho de [[Avicena]] (980–1037).<ref>{{cite web | url =http://www.iep.utm.edu/avicenna/| title =Avicenna (Ibn Sina) (c.980–1037)| accessdate =2007-07-13 | publisher =The Internet Encyclopedia of Philosophy}}{{en}}</ref> Avicena foi um dos principais intérpretes de Aristóteles.<ref name="Avicenna Abu Ali Sina">{{cite web|url=http://www.sjsu.edu/depts/Museum/avicen.html |title=Avicenna (Abu Ali Sina) |publisher=Sjsu.edu |date= |accessdate=2010-01-19| archiveurl= http://web.archive.org/web/20100111184611/http://www.sjsu.edu/depts/Museum/avicen.html| archivedate= 11 January 2010 <!--DASHBot-->| deadurl= no}} {{en}}</ref> A escola de pensamento que fundou tornou-se conhecida como [[Avicena|Avicenismo]] e foi construída sobre os ingredientes e conceitos que são em grande parte aristotélicos e neoplatônicos.<ref name="Iranica">{{cite encyclopedia|last= |first= | authorlink= |title=Avicenna |year=| encyclopedia=Encyclopedia Iranica |accessdate=2010-04-14|location=|publisher=|url=http://www.iranicaonline.org/articles/avicenna-iv}} {{en}}</ref>
 
No extremo oeste do [[Mediterrâneo]], durante o reinado de [[Al-Hakam II]] (961-976) em [[Córdoba]], um enorme esforço de tradução foi realizado, e muitos livros foram traduzidos para o árabe. [[Averroes]] (1126–1198), que passou boa parte de sua vida em Córdoba e [[Sevilha]], foi especialmente distinguido como um comentador de Aristóteles. Ele escreveu muitas vezes dois ou três comentários diferentes sobre o mesmo trabalho e cerca de 38 comentários de Averróis sobre as obras de Aristóteles já foram identificados.<ref name="grant30">Edward Grant, (1996), ''The foundations of modern science in the Middle Ages'', page 30. Cambridge University Press</ref> Embora seus escritos tiveram apenas um impacto marginal nos países islâmicos, as suas obras acabaria por ter um enorme impacto no Ocidente de idioma latino,<ref name="grant30"/>e levaria à escola de pensamento conhecida como [[Averroísmo]].
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===Europa===
{{portal-filosofia}}
Apesar de algum conhecimento de Aristóteles parece ter permanecido nos centros eclesiásticos da Europa Ocidental após a queda do Império Romano, por volta do século IX quase tudo o que era conhecido de Aristóteles consistia de comentários de [[Boécio]] sobre o ''[[Organon]]'' e alguns resumos feitos por autores latinos do império em declínio, [[Isidoro de Sevilha]] e Marciano Capella.<ref name="schmolders">Auguste Schmolders, ''History of Arabian Philosophy'' in ''The eclectic magazine of foreign literature, science, and art'', Volume 46. February 1859 {{en}}</ref> A partir desse período até o final do século XI, pouco progresso é evidente sobre o conhecimento aristotélico.<ref name="schmolders"/>
 
O [[renascimento do século XII]] viu uma grande busca por estudiosos europeus para um novo aprendizado. James de Veneza, que provavelmente passou alguns anos em [[Constantinopla]], traduziu o trabalho de Aristóteles ''[[Analíticos Posteriores]]'' do grego para o latim em meados do século XII,<ref>L.D. Reynolds and Nigel G. Wilson, ''Scribes and Scholars,'' Oxford, 1974, p. 106.</ref> o ''Organon'', disponível em latim pela primeira vez. Estudiosos viajaram para áreas da Europa que estavam sob domínio muçulmano e ainda tinha substanciais populações de língua árabe. Do centro da [[Espanha]], que estava sob domínio cristão no século XI, os estudiosos produziram muitas dos traduções latinas do século 12. O mais produtivo desses tradutores foi [[Gerardo de Cremona]],<ref>C. H. Haskins, ''Renaissance of the Twelfth Century,'' p. 287. "more of Arabic science passed into Western Europe at the hands of Gerard of Cremona than in any other way."</ref> (c. 1114–1187), que traduziu 87 livros,<ref>Para obter uma lista das traduções de Gerard de Cremona ver: Edward Grant (1974) ''A Source Book in Medieval Science'', (Cambridge: Harvard Univ. Pr.), pp. 35–8 or Charles Burnett, "The Coherence of the Arabic-Latin Translation Program in Toledo in the Twelfth Century," ''Science in Context'', 14 (2001): at 249-288, at pp. 275–281.{{en}}</ref> que incluiu muitas das obras de Aristóteles como ''[[Analíticos Posteriores]]'', ''[[Física (Aristóteles)|Física ]]'', ''[[Sobre o Céu]]'', ''[[Da Geração e da Corrupção]]'', e ''[[Meteorologia (Aristóteles)|Meteorologia]]''.
 
As obras de Aristóteles começaram a ser discutida abertamente em um momento em que o método de Aristóteles permeava toda a [[teologia]], estes tratados foram suficientes para causar a proibição de [[heterodoxia]] nas Condenações de 1210-1277. <ref name="schmolders"/> Na primeira delas, em [[Paris]], em 1210, foi declarado que "nem os livros de Aristóteles sobre filosofia natural ou seus comentários deem ser lidos em Paris, em público ou em segredo, e isso nós proibimos sob pena de [[excomunhão]]."<ref name="Grant42">Edward Grant, ''A Source Book in Medieval Science'', page 42 (1974). Harvard University Press{{en}}</ref> No entanto, apesar das novas tentativas de restringir o ensino de Aristóteles em 1270, a proibição da filosofia natural de Aristóteles foi ineficaz.<ref>Rubenstein, Richard E. ''Aristotle's Children: How Christians, Muslims, and Jews Rediscovered Ancient Wisdom and Illuminated the Middle Ages'', page 215 (2004). Houghton Mifflin Harcourt {{en}}</ref>
 
William de Moerbeke (c. 1215–1286) empreendeu uma tradução completa das obras de Aristóteles, ou, para algumas partes, uma revisão das traduções existentes. Ele foi o primeiro tradutor de ''[[Política (Aristóteles)|Política]]'' (c. 1260) do grego para o latim. Muitas cópias de Aristóteles em latim, em circulação foram encaradas como tendo sido influenciadas por Averróis, que era suspeito de ser uma fonte de erros filosóficos e teológicos encontrados nas traduções anteriores de Aristóteles. Tais alegações não tinham mérito, no entanto, já que o aristotelismo "alexandrino" de Averróis segiu o "restrito estudo dos textos de Aristóteles, que foi introduzido por Avicena [porque] uma grande quantidade de neoplatonismo tradicional estava incorporado no corpo do aristotelismo tradicional."<ref name="Schmolders1842">{{cite book |last=Schmölders |first=Auguste |editor1-last=Telford |editor1-first=John |editor2-last=Barber |editor2-first=Benjamin Aquila |editor3-last=Watkinson |editor3-first=William Lonsdale |editor4-last=Davison |editor-first4=William Theophilus |title=The London Quarterly Review |volume=11 |year=1859 |publisher=J.A. Sharp |format=full–text/pdf |page=60 |chapter=‘Essai sur les Ecoles Philosophiques chez les Arabes’ par Auguste Schmölders, (Paris 1842) |trans_chapter=Essay on the Schools of Philosophy in Arabia |chapterurl=http://books.google.com/books?id=CnhIAAAAMAAJ&pg=PA60 |quote=Dizemos que o mais interessante e importante das escolas árabes é o que era a simples expressão do aristotelismo alexandrino, a escola de Avicena e Averróis, ou, como os próprios árabes chamavam por excelência, a dos 'filósofos'. Em nenhum ponto material se diferem de seu mestre, e, portanto, uma exposição de suas doutrinas seria inútil para aqueles que sabem alguma coisa sobre a história da filosofia, mas, antes que o estudo rigoroso do texto de Aristóteles, que foi introduzido por Avicena, uma grande quantidade de tradicional neoplatonismo foi constituia juntamente o corpo aristotélico tradicional, de modo a deviá-los às vezes do pensamento de seu mestre.}} {{en}}</ref>
 
[[Albertus Magnus]] (c. 1200–1280) foi um dos primeiros entre os estudiosos medievais a aplicar a filosofia de Aristóteles ao pensamento cristão. Ele produziu paráfrases da maioria das obras de Aristóteles que estavam disponíveis para ele.<ref name="sep-albert">[http://plato.stanford.edu/entries/albert-great/ Standford Encyclopedia of Philosophy - Albertus Magnus]{{en}}</ref> Ele leu, interpretou e sistematizou todas as obras de Aristóteles, recolhidas a partir das traduções latinas e as notas dos comentaristas árabes, em conformidade com a doutrina da Igreja. Seus esforços resultaram na formação de uma recepção cristã de Aristóteles na Europa Ocidental.<ref name="sep-albert"/> [[Tomás Aquino]] (1225–1274), o pupilo de Albertus Magnus, escreveu uma dúzia de comentários sobre as obras de Aristóteles.<ref name="sep-thomas">Markus Fhrer , ''[http://plato.stanford.edu/entries/aquinas/ Stanford Encyclopedia of Philosophy - Saint Thomas Aquinas]'' {{en}}</ref> Tomás foi enfaticamente aristotélico, ele adotou a análise de Aristóteles aos objetos físicos, sua visão de lugar, tempo e movimento, sua prova de força motriz, sua [[cosmologia]], seu relato sobre a percepção sensorial e o conhecimento intelectual e até mesmo partes de sua filosofia moral.<ref name="sep-thomas"/> A escola filosófica que surgiu como um legado da obra de Tomás de Aquino ficou conhecida como [[tomismo]] e foi especialmente influente entre o [[Dominicanos]] e depois, os [[jesuítas]].<ref name="sep-thomas"/>
 
{{referências}}
== {{Ver também}} ==
* [[Filosofia]]
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* [[Lógica formal]]
* [[Silogismo]]
{{Filosofia navegação}}
 
{{esboço-filosofia}}
[[Categoria:Filosofia]]
[[Categoria:Tradições filosóficas]]